Psicanalítica Redescobrindo a psicodinâmica ESBOÇO DE FIGURAS ORIENTADORAS
Jill e David Scharff são
expoentes importantes da terapia familiar das relações objetais. A maioria dos terapeutas familiares vê a família como uma unidade, mas os terapeutas psicanalíticos estão menos preocupados com o funcionamento do todo do que com os mundos internos dos membros da família e os passados que lhes deram forma. FORMULAÇÕES TEÓRICAS A essência do tratamento psicanalítico é descobrir e interpretar impulsos inconscientes e defesas contra eles. Não é uma questão de analisar indivíduos em vez de interações familiares: é saber onde olhar para descobrir os desejos e medos básicos que impedem esses indivíduos de interagir de maneira madura. Como atores, talvez nos levemos a sério demais; como observadores, não levamos outras pessoas suficientemente a sério. Como terapeutas familiares, vemos as ações de nossos clientes como produto de suas interações. Sim, as pessoas são conectadas, mas essa conexão não deve obscurecer o fato de que a natureza de suas interações é parcialmente ditada por uma organização psíquica de profundidade e complexidade insuspeitadas.
ESTUDOS DE CASO p. 227
Reconhecer que as pessoas são mais complicadas do que bolas de bilhar significa que nós, às vezes, temos de mergulhar mais fundo em suas experiências. A teoria psicanalítica se torna tão complexa quando entramos nos aspectos específicos que é fácil se perder.
Aqui está o básico.
A psicologia freudiana da pulsão
No âmago da natureza humana, segundo Freud, estão as pulsões –
sexuais e agressivas.
O conflito mental surge quando as crianças aprendem, e aprendem
erroneamente, que agir em função desses impulsos pode levar à punição. O conflito resultante é sinalizado por afetos desagradáveis: a ansiedade é desprazer associado à idéia (em geral inconsciente) de que seremos punidos por agir em função de um determinado impulso – por exemplo, a raiva que somos tentados a expressar pode fazer com que nosso parceiro deixe de nos amar. A depressão é desprazer mais a idéia (em geral inconsciente) de que a calamidade temida já aconteceu – por exemplo, a raiva que sentimos de nossa mãe há muito tempo fez com que ela deixasse de nos amar; de fato, ninguém nos ama. O equilíbrio do conflito pode ser alterado por uma de duas maneiras: podemos fortalecer as defesas contra os próprios impulsos ou relaxá-las para permitir certa gratificação. A psicologia do self
A essência da psicologia do self (Kohut, 1971, 1977) é que todo ser
humano anseia ser apreciado. Se, quando somos jovens, nossos pais demonstram sua apreciação, internalizamos essa aceitação na forma de uma personalidade forte, autoconfiante. Contudo, na extensão em que nossos pais são apáticos, não responsivos ou retraídos, nosso anseio por apreciação é mantido de uma maneira arcaica.
Quando adultos, nós alternadamente suprimimos o desejo de
atenção e então permitimos que ele irrompa sempre que estamos na presença de uma audiência receptiva. A criança que teve a sorte suficiente de crescer com pais apreciativos será segura, capaz de se manter sozinha no centro da iniciativa, e capaz de amar. A criança infeliz, privada da afirmação amorosa, seguirá pela vida ansiando pela atenção que lhe foi negada. A teoria das relações objetais
A psicanálise é o estudo do indivíduo e de seus motivos mais
profundos (pulsões e a necessidade de apego); a terapia familiar é o estudo dos relacionamentos sociais. A ponte entre elas é a teoria das relações objetais. Embora os detalhes da teoria das relações objetais possam ser complicados, sua essência é simples: nós nos relacionamentos com os outros com base em expectativas criadas pelas experiências iniciais. O resíduo desses relacionamentos iniciais deixa como legado objetos internos – imagens mentais do self e dos outros, construídas por experiências e expectativas. O mundo interno das relações objetais nunca corresponde exatamente ao mundo verdadeiro das pessoas reais. É uma aproximação, fortemente influenciada pelas primeiras imagens objetais, introjeções e identificações. Este mundo interno gradualmente amadurece e se desenvolve, tornando-se progressivamente sintetizado e mais próximo da realidade. A capacidade interna do indivíduo de lidar com conflito e fracasso está relacionada à profundidade e maturidade do mundo interno de relações objetais. A confiança em si mesmo e na bondade dos outros baseia-se na confirmação do amor de objetos bons internalizados. DESENVOLVIMENTO FAMILIAR NORMAL O apego inicial entre a mãe e a criança se mostrou um aspecto crucial do desenvolvimento sadio (Bowlby, 1969).
O bebê precisa de um estado de total fusão e identificação com a
mãe, como base para o futuro desenvolvimento de um self pessoal solidamente constituído. Se o relacionamento inicial com a mãe for seguro e amoroso, o bebê, gradualmente, será capaz de desistir dela, ainda mantendo seu apoio amoroso na forma de um bom objeto interno.
No processo, a maioria das crianças pequenas adota um objeto
transicional (Winnicott, 1965b) para aliviar a perda – um brinquedo ou um cobertor macio, ao qual a criança se agarra quando começa a perceber que a mãe é um objeto separado e pode partir. Depois de passar pelas fases normais autista e simbiótica, a criança entra em um longo período de separação-individuação, de aproximadamente seis meses (Mahler, Pine e Bergman, 1975).
Ex. esconde-esconde, engatinhar
Segundo Kernberg (1966), as primeiras introjeções ocorrem no
processo de separar-se da mãe. Se a separação for bem-sucedida e negociada com segurança, a criança se estabelece como um ser independente. A criança com uma reserva de boas relações objetais amadurece com a capacidade de tolerar tanto a proximidade quanto a separação.
Para a criança muito jovem, os pais não são exatamente indivíduos
separados; eles são, nos termos de Kohut (1971, 1977), self-objetos, experienciados como parte do self. Na psicologia do self, duas qualidades de parenteamento são consideradas essenciais para o desenvolvimento de um self seguro e coeso. A primeira é o espelhamento – entendimento mais aceitação. Os pais atentos transmitem uma profunda apreciação de como os filhos se sentem. Seu implícito “eu sei como você se sente” valida a experiência interna da criança. Os pais também fornecem modelos de idealização. A criança pequena capaz de acreditar que “minha mãe (ou pai) é sensacional e eu sou parte dela (ou dele)” tem uma base segura de auto-estima. Na melhor das circunstâncias, a criança, já basicamente segura em si mesma, recebe uma força adicional por se identificar com o poder e a força dos pais. Segundo Kohut, as crianças começam a vida com fantasias de um self grandioso e pais ideais. Conforme a criança se desenvolve, essas ilusões são abrandadas e integradas a uma personalidade madura. A grandiosidade dá lugar à auto-estima; a idealização dos pais se torna a base dos nossos valores. Todavia, se ocorrer trauma, a versão mais primitiva do self persiste. O self grandioso não é subjugado, e o resultado é o que Kohut chamou de transtorno de personalidade narcisista. DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS DE COMPORTAMENTO Segundo a teoria psicanalítica clássica, os sintomas são tentativas de lidar com conflitos inconscientes relativos ao sexo e à agressão. À medida que a ênfase psicanalítica passou dos instintos para as relações objetais, a dependência infantil e o desenvolvimento incompleto do ego substituíram o complexo edípico e os instintos reprimidos como os problemas centrais no desenvolvimento. A fuga das relações objetais, ditada pelo medo, que começa na infância inicial, é agora considerada a raiz mais profunda dos problemas psicológicos. Uma razão importante para os problemas de relacionamento é que as crianças distorcem suas percepções ao atribuir as qualidades de uma pessoa à outra. Freud (1905) descobriu esse fenômeno e o chamou de transferência quando sua paciente Dora deslocou para ele sentimentos que nutria pelo pai e terminou de forma abrupta o tratamento, exatamente quando ele estava no limiar do sucesso.
Melanie Klein: Identificação projetiva
OBJETIVOS DA TERAPIA
O objetivo da terapia familiar psicanalítica é libertar os membros da
família de limitações inconscientes, para que possam interagir como indivíduos sadios. É fácil dizer que o objetivo da terapia psicanalítica é a mudança de personalidade, bem mais difícil é especificar precisamente o que queremos dizer com isso. O objetivo mais comum é descrito como separação-individuação (Katz, 1981) ou diferenciação (Skynner, 1981); ambos os termos enfatizam a autonomia. O seguinte exemplo ilustra como os objetivos da terapia familiar psicanalítica foram implementados com uma família específica.
Ler estudo de caso
Na terapia contextual de Boszormenyi- Nagy, o objetivo é um equilíbrio imparcial entre os encargos e os benefícios da vida adulta.
O bem-estar do indivíduo é visto como incluir o dar e o receber. Os
membros da família são ajudados a superar a culpa irracional e improdutiva e a reivindicar seus direitos. CONDIÇÕES PARA A MUDANÇA DE COMPORTAMENTO A terapia psicanalítica funciona por meio do insight, mas a idéia de que o insight cura é um mito. O insight pode ser necessário, porém não é suficiente para um tratamento analítico bem-sucedido.
Na terapia familiar psicanalítica, os membros da família aumentam
seu insight aprendendo que sua vida psicológica é maior do que a experiência consciente e passando a aceitar partes reprimidas de sua personalidade. No entanto, sejam quais forem os insights atingidos, eles precisam ser elaborados (Greenson, 1967) – isto é, traduzidos em maneiras novas e mais produtivas de interação.
A maioria dos terapeutas trabalha buscando ambas as coisas – isto
é, estimulam o insight e encorajam as pessoas a aceitar quem são (Ackerman, 1958). TERAPIA Avaliação
Bentovim e Kinston, (1991) sugerem uma estratégia de cinco passos
para se formular uma hipótese focal:
1. Como a família interage em torno do sintoma, e como as interações
familiares afetam o sintoma?
2. Qual é a função do sintoma atual?
3. Que desastre é temido pela família que a impede de enfrentar seus conflitos mais diretamente?
4. De que maneira a situação atual está ligada a traumas passados?
5. Como o terapeuta resumiria o conflito focal em uma afirmação
curta, memorável? Técnicas Terapêuticas
Há quatro técnicas básicas: escuta, empatia, interpretação e
neutralidade analítica.
Os terapeutas psicanalíticos de casal organizam suas investigações
em quatro canais:
1. a experiência interna;
2. a história dessa experiência;
3. como o parceiro desencadeia essa experiência e, finalmente;
4. como o contexto da sessão e o input do terapeuta poderiam
contribuir para o que está acontecendo entre os parceiros.
Ler estudo de caso para ilustração
Depois que os conflitos familiares forem descobertos, são feitas interpretações sobre como os membros da família continuam reencenando imagens passadas e, muitas vezes, distorcidas, da infância. Os dados para essas interpretações vêm de reações transferenciais com o terapeuta ou outros membros da família e de memórias reais da infância. Os terapeutas familiares psicanalíticos enfatizam que muito do que está oculto nos diálogos familiares não é escondido conscientemente, mas está reprimido no inconsciente. O acesso a este material é protegido pela resistência, em geral manifesta na forma de transferência. A seguinte vinheta ilustra a interpretação da resistência. Modificar pensamento e sentimento é a tarefa essencial da terapia psicanalítica, mas os terapeutas familiares também se preocupam em supervisionar e analisar mudanças de comportamento. RESUMO
Inteligencia Emocional: La Guía Definitiva para Aprender a Gestionar las Emociones y Los Impulsos con Autodisciplina, Aumentando la Autoestima y la Confianza
As poderosas ferramentas de gestão da emoção para relacionamentos saudáveis: Manual de psicologia aplicada para casais, pais e filhos, empresários e colaboradores