Você está na página 1de 16

JOHN BOWLBY

Formação e Rompimento
dos Laços Afetivos
Profa. Ludmila Carvalho
@ludmilapsicologa
Aula 1

Introdução;
Psicanálise e cuidados com
a criança
CAPÍTULOS
Prefácio
1. Psicanálise e cuidados com a criança
2. Abordagem etológica da pesquisa sobre desenvolvimnto
infantil
3. O luto na infância e suas implicações para a psiquiatria
4. Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um
vínculo afetivo
5. Separação e perda na família
6. Autoconfiança e algumas condições que a promovem
7. Formação e rompimento de vínculos afetivos
Introdução ao autor

◦John Bowlby (1907-1990) foi um psicanalista e psiquiatra britânico


(Londres).
◦Estudou Medicina em Cambridge e se especializou em psiquiatria
infantil durante seus estudos de pós-graduação.
◦A influência da teoria psicanalítica de Freud e as observações clínicas
em crianças foram fundamentais para o desenvolvimento de suas
próprias teorias sobre o apego.
◦Suas contribuições são muito importantes para a psicologia,
especialmente na área do desenvolvimento infantil, e continuam a ser
fundamentais em diversos campos.
◦Principal contribuição: formulação da Teoria do Apego, que revolucionou a
compreensão das relações emocionais entre crianças e cuidadores.
Principais Pontos da Teoria do Apego:
1.Apego como Necessidade Biológica:
Bowlby argumentou que o apego é uma necessidade biológica fundamental para a
sobrevivência e o desenvolvimento saudável da criança.
2.Modelo Interno de Trabalho:
Introduziu este conceito, sugerindo que as experiências iniciais de apego moldam a
visão que a criança tem de si mesma, dos outros e do mundo.
3.Estilos de Apego:
Identificou diferentes estilos de apego, como seguro, evitativo e ansioso-ambivalente,
influenciados pela sensibilidade e responsividade dos cuidadores.
4.Efeitos a Longo Prazo:
Destacou a importância das relações iniciais na formação da personalidade e no
funcionamento emocional ao longo da vida.
5.Romper e Restaurar:
Também examinou o processo de rompimento dos laços afetivos, argumentando que a
capacidade de se recuperar de perdas emocionais é crucial para o bem-estar mental
Contexto histórico e social de grandes mudanças e descobertas significativas no século XX

1. Pós-Segunda Guerra Mundial


Período de reconstrução e redefinição social: as consequências da guerra, como a separação de famílias e as experiências traumáticas
de crianças evacuadas, despertaram um interesse renovado na compreensão do impacto das relações familiares na saúde mental.
2. Psicanálise e Freud
Inicialmente treinado na tradição psicanalítica de Freud, mas começou a questionar algumas ideias, especialmente as que
minimizavam a importância das relações emocionais iniciais.
3. Estudos Etnológicos
Observações de comportamentos parentais em animais e sociedades não ocidentais forneceram insights sobre padrões de apego
observáveis em diferentes contextos culturais.
4. Psicologia do Desenvolvimento
Crescente ênfase na infância como um período crucial para o desenvolvimento humano contribuiu para a receptividade das ideias de
Bowlby.
5. A Revolução Cognitiva
Ênfase nos processos mentais internos e a consideração destes na formação dos laços afetivos.
6. Mudanças na Dinâmica Familiar
Mudanças sociais, como o aumento das mães que entravam no mercado de trabalho, levaram a uma reavaliação das dinâmicas
familiares e do papel dos cuidadores na vida das crianças.
7. Desenvolvimento da Psicologia Infantil
Ênfase no estudo das crianças e suas necessidades específicas.
"Formação e Rompimento dos Laços Afetivos"

Prefácio

◦Seleção de algumas conferências e simpósios


◦Editadas no formato original, acrescida de um parágrafo introdutório
que descreve a ocasião e o público
Cap. 1 – Psicanálise e cuidados com a criança
 Influência de Freud  Cuidados com a criança
◦ Explorou de modo sistemático a ligação entre acontecimentos dos primeiros anos de vida e a estrutura e

funcionamento da personalidade adulta


◦ Recebeu forte oposição na época, mas hoje é amplamente aceito

 Ambivalência e sua regulação

(ambivalência = ficar com raiva/ódio da pessoa querida/amada)


o Winnicot discutiu o papel fundamental, no desenvolvimento humano, de uma capacidade saudável de sentir culpa

o Melanie Klein: grande importância ao papel da ambivalência

o Freud
o Conflito intrapsíquico (instintos sexuais e do ego)
o Instintos de vida e morte
 O problema clínico e teórico crucial, para Freud, estaria em compreender como o

conflito entre amor e ódio chega a ser satisfatoriamente regulado ou não


 Formulações foram variando ao longo do tempo

 Medo e culpa provenientes desse conflito estão subjacentes a muitas doenças

psicológicas
 Incapacidade de enfrentá-los está subentendida em muitos distúrbios de caráter, incluindo delinquência

 Capacidade de sentir culpa implica que a ambivalência seja tolerada e que haja uma

aceitação da responsabilidade pelo nosso amor e pelo nosso ódio


Regulação da ambivalência
◦ Caminho favorável: ansiedade e culpa suportáveis
(criança cresce consciente de que existem, em seu íntimo, impulsos contraditórios, mas que está apta

a dirigi-los e controlá-los)

◦ Caminho menos favorável: ansiedade aguda com relação à segurança das pessoas que ama;

teme o revide
(criança tem impulsos sobre os quais sente não ter controle ou ter controle inadequado)

o Perigo de a personalidade recorrer a manobras, criando mais dificuldades, que

resolvendo (por ex. o ataque é a melhor defesa; repressão do ódio ou do amor; todos eles

são a negação da existência do conflito)


Exemplos da capacidade de regular o amor e o ódio de modo desfavorável
o Medo da punição que é esperada como resultado de atos, ou intuitos hostis – gera
frequentemente mais agressão: Criança agressiva age baseada em que o ataque é a melhor defesa
o Culpa pode levar a uma exigência compulsiva de demonstrações de amor que a tranquilizem.
Quando não satisfeitas essas exigências, surgem sentimentos de ódio, e por consequência, mais
culpa, resultando num círculo vicioso
o Criança pequena que não tem confiança em sua aptidão para controlar seus impulsos
ameaçadores, pode acabar recorrendo a um ou mais mecanismos psíquicos primitivos (e
ineficazes) para proteger seus entes queridos de danos e a si mesma da dor do conflito que
parece insolúvel

 Repressão de um ou dos dois componentes do conflito (amor, ódio); deslocamento; projeção;


supercompensação, entre outros
Antes de seguirmos, uma pausa...

Conflito é uma condição normal!

◦ Tipo tomar decisões, abrir mão de algo.

◦ Situações semelhantes são encontradas no meio animal (não humanos)


Condições que geram dificuldades
o Magnitude de seus componentes (impulso muito forte dificulta a regulação do conflito)

o Aparentemente, crianças criadas com carinho e afeto crescem sem a pressão exagerada de anseios
libidinais e sem propensão irresistível a odiar

o O bebê estará procurando constantemente amor e afeição e será continuamente propenso a odiar
aqueles que não conseguem (ou parecem não conseguir) dar-lhe o afeto que deseja

[parênteses sobre a dificuldade das mulheres, entrando no mercado de trabalho]

◦ Refere-se às leitoras que possivelmente conhecem as exigências conflitantes entre família e carreira

◦ Solução não é fácil, mas “esperamos que no decorrer do tempo a nossas sociedade, ainda organizada
segundo as conveniências dos homens e pais, se ajuste às necessidades das mulheres e mães, e que as
tradições sociais evoluam de modo a guiar os indivíduos num rumo esclarecido de ação” p.23
O que ocorre quando as necessidades do bebê não são suficientemente satisfeitas no momento certo?
o Investigação dos efeitos nocivos que acompanham a separação das crianças pequenas de suas mães, depois que se
formaram relações emocionais (ex. internação em hospital ou instituição residencial)
o Relatos de como a separação da mãe provoca intensa necessidade libidinal  conflito de ambivalência

o Crianças rejeitam suas mães quando voltam a vê-la pela primeira vez, e as acusam por terem a abandonado
o Sentimentos de desamor, abandono e rejeição
o Importante tolerar explosões das crianças: não tememos, confiamos que essas manifestações podem ser controladas e
propiciamos atmosfera de tolerância e compreensão para desenvolvimento do autocontrole.

o Ineficácia da punição como método (castigo ou provocar culpa)

Então nunca podemos frustrar a criança?

o Crianças necessitam de amor, segurança e tolerância. As frustrações realmente importantes são as que dizem
respeito a essas necessidades (por parte dos pais).

o Desde que essas necessidades estejam satisfeitas, outras frustrações importam muito pouco
Problemas emocionais dos pais
◦ Pais e mães também sentem raiva, ciúme. Também não conseguem se regular; explosão seguida de
sentimento de culpa, por ex.

[parênteses: calúnias sobre pais e mães não criarem bem seus filhos ou mimarem demais]

◦ Dificuldades para regular suas próprias ambivalências em relação aos filhos

◦ Pais e mães que não aprenderam nas suas próprias infâncias a regularem suas ambivalências, ou não
aprenderam métodos melhores de lidar com isso

◦ Pode ser importante uma ajuda especializada aos pais nos meses críticos [1º. s meses e anos após o
nascimento: período crítico no desenvolvimento de uma mãe e pai]

◦ Antes e depois do nascimento, e nos primeiros anos de vida, pode ser extremamente importante para
ajuda-los a desenvolver as relações afetivas e compreensivas que quase todos eles desejam
Conflito extra e intra psíquico
◦ Ponto de vista que Bowlby defende é de que muita infelicidade e enfermidade mental se
devem a influências ambientais: está ao nosso alcance mudá-las

◦ Discussões sobre: hereditariedade X aprendizagem

inato X aprendido

 Em que medida, ou de que forma o ambiente (conflito extra psíquico) desenvolve o conflito
intra psíquico

Você também pode gostar