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Erickson (modelo holístico)

- Defendeu uma perspectiva holística, foi o 1º psicanalista a preocupar-se com o


desenvolvimento do nascimento à morte. Utilizou o jogo (elemento central do
desenvolvimento infantil) e estudou-os de modo a poder observar como é que uma
criança se desenvolvia.
No início a criança funciona sobretudo através de um mecanismo que
Erickson considerou de espiação/expulsão, em que a criança colocaria no exterior a
sua raiva e depois ficaria muito arrependida de a ter exteriorizado por causa das
consequências que esta acarreta.
Expulsão é tudo aquilo que a criança coloca para fora: raiva, medo…
Espiação é tentar espiar, reparar o dano que provocou ao expulsar o seu
sentimento.

O jogo no início era uma coisa banal, só no início do séc XX é que se deu real
valor ao jogo.
O autor propõe 3 grandes modalidades de jogo com características que
cumpriam etapas desenvolvimentais.

1ª etapa: auto esférica ou auto cósmica


- a criança brinca com as suas mãos, com o seu corpo, fazendo uma interacção do
mesmo.
 ”Consiste o princípio da exploração por repetição ou percepções sensuais de
sensações cinestésicas de vocalizações, etc“

 Também pode ”fazer excursões experimentais no corpo da mãe e nas saliências


e orifícios do seu rosto, esta é a primeira geografia da criança e os mapas básicos
adquiridos nessa interacção com a mãe ficam sendo sem dúvida os guias para a
primeira orientação do ego no mundo.

 Tem haver com a ideia da integração do corpo, com a integração de si no outro,


o corpo dele no corpo materno, nesta altura e após esta a criança alarga-o.

2ª etapa:

 a micro esfera: é nesta altura que a criança percorre a casa, tem o ser quarto e
percorre toda a casa em reconhecimento. Quando se aborrece com os pais vai para
o seu quarto e transfere os pais para os seus bonecos e vinga-se nestes.

 ”É o abrigo que a criança organiza para a ele se recolher toda a vez que precisar
de submeter o seu ego a um exame meticuloso“, no entanto a microesfera pode
desencaminhar a criança para uma expressão irreflectida de temas e atitudes
perigosas que despertam ansiedade e conduzem a uma súbita desagregação do jogo
quando a microesfera o assusta ou o percepciona a criança pode regredir à
autoesfera, à fantasia, à succção do polegar, à masturbação, ou pode por outro lado
ser orientada convenientemente e deste modo ”o primeiro uso do mundo das coisas
tem êxito“. O prazer de controlar os brinquedos associa-se ao domínio dos traumas
que nele se projectaram e ao prestígio alcançado através desse domínio.

 O autor atribui ao jogo na microesfera um papel fundamental na constituição do


ego da criança (se a criança souber lidar com a sua angústia projectá-la no jogo e
dominá-la constrói um ego mais forte e é mais capaz de enfrentar a realiadde).

Depois de a criança ter ensaiado a sua relação com o mundo passa a outra
etapa que é a macroesfera.
3ª etapa: macroesfera

 A criança vai para a escola e o jogo entende-se aos colegas, o prazer lúdico
invade o mundo da criança e esta passa a partilhá-lo com os outros, brincando,
jogando, fazendo jogos, contando histórias.

 Podemos então dizer que a criança à medida que vai interiorizando o mundo vai-
se identificando com algo, vai assumindo uma identidade (aquilo que nos distingue
dos outros) vai sendo construída progressivamente através de um somatório de
identificações parciais, e vai rejeitando aquilo que não quer na sua identidade.

Identidade é a ideia central da obra de Erickson e verificou que é na adolescência


que se formula a maior parte da identidade.

Primeiras etapas de desenvolvimento:

1ª Confiança básica versus desconfiança básica:


- tem como característica fundamental a construção de uma confiança
básica relativamente aos seus cuidadores e ao mundo circundante da criança.
Considera que uma demonstração de confiança social da criança é a facilidade da
sua alimentação, a profundidade do seu sono e relaxamento dos seus instintos.

”a primeira realização social é a sua voluntária disposição em deixar a mãe


de lado sem demasiada ansiedade ou raiva por ela se ter convertido numa certeza
interior assim como numa predizibilidade exterior, essa persistência continuidade
e uniformidade da experiência proporcionam um sentimento rudimentar de
identidade do ego que depende do reconhecimento de que há uma população interna
de sensações e imagens lembradas e antecipadas que estão firmemente
correlacionadas com a população exterior das coisas e pessoas, familiares e……..
“ (pág. 227)

Para as mães transmitirem confiança à criança é fundamental que as mães


combinem os seguintes aspectos:
- um cuidado sensível das necessidades individuais da criança
- um firme sentimento de fidedignidade pessoal.
”Portanto há poucas frustrações nesta ou nas etapas seguintes que a criança
não possa suportar, contanto que a frustração conduza a experiência sempre
renovada de uma maior uniformidade e de uma maior continuidade mais acentuada
do desenvolvimento no sentido de uma integração final no ciclo de vida individual
com uma mais ampla pertença significativa, as crianças não ficam neuróticas por
causa das frustrações mas da falta ou da perda de significado social nessas
frustrações.“

A confiança passa pela segurança e fidedignidade da mãe para com o bebé e


quando isso não se verifica a criança consegue sentir e põe em risco o seu
desenvolvimento, não criando confiança em quem o cria. A criança tolera todas as
situações de medo a que estas permitam o desenvolvimento, mesmo as frustrações,
desde que estas permitam uma integração complexa.

Os estádios de desenvolvimento Psicossocial de Erickson

1ª etapa: Confiança versus desconfiança


Após a etapa de confiança versus desconfiança via-se que a criança ficava mais
confiante no seu papel central, a mãe tinha um papel central. A criança ficava com
mais iniciativa e exploração do mundo circundante.

Segundo Melson a criança vê o mundo pelos olhos da mãe, se a mãe mostra


raiva, o mundo parece-lhe mau, se a mãe se mostra carinhosa o mundo parece
carinhoso…

A 2ª etapa Autonomia Versus Vergonha e Dúvida


- a dúvida tem sempre haver com alguma coisa que está atrás de nós, é algo
pulsional.
Quando temos dúvida temos medo de falhar, de fazer papel de ridículo, é
importante então que nós tenhamos atenção à problemática da dúvida da sua fase
pulsional, do medo que provoca. Na vida tem que se ter certezas básicas e essas
dúvidas que surgem são impeditivas de ser, impedem o indivíduo de avançar para o
mundo. Quando há separações vai-se verificar uma dificuldade de exploração da
Natureza. Ter dúvidas é natural, agora quando esta se torna impedida e
sistemática aí já é uma situação preocupante.
Mahler nesta fase pensa e afirma que a criança pensa que domina tudo e por
vezes esta autoridade é abalada e a criança fica receosa e vê que tem que se
basear sempre na mãe.
O temor da dúvida, tem haver com o temor da falha.
Para se ser autónomo é necessário que esteja alguém connosco. Autonomia
não é o mesmo que ser independente, para se ser independente pode-se ser
sozinho. Na autonomia o indivíduo faz os alicerces do seu mundo, mas tem sempre o
apoio de alguém, o indivíduo sabe que tem sempre a mãe ou o pai para o ajudar a
formar-se. Se deixarmos alguém a construir ou a trabalhar um processo de
autonomia o mais provável é que a vergonha e a dúvida dominem e se instalem.
Quanto mais envergonhado se é mais se é exibicionista, pois exibe-se a
vergonha e acaba-se por se dar ”mais nas vistas“.

3ª etapa: Iniciativa versus culpa


- a quem seja mais capaz de tomar iniciativa do que outros que não conseguem
tomar iniciativa.
Ter iniciativa é ser capaz de criar, desenvolver, juntar objectos que dantes
não estavam juntos, por vezes podemos não conseguir e sentimo-nos castrados por
alguém, por um olhar, por uma frase dita e assim sentimo-nos inferiorizados.

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