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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CURITIBA

EMILLY BECKER (R.A1092020023) ISADORA BITTENCOURT RIBEIRO


(R.A1092020004) WILLIAN ROBERTO TUSSET HERMANN (R.A1092020028)

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO I: INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

QUADRO COMPARATIVO RELACIONADO À CONSTRUÇÃO E FUNÇÕES


EGÓICA SEGUNDO,ANNA FREUD, MELANIE KLEIN E DONALD WINNICOTT.

CURITIBA 2020
QUADRO COMPARATIVO

ANNA FREUD 1895- MELANIE KLEIN 1882- DONALD WOODS


1982 1960 WINNICOTT
1896-1971

Quando na psicanálise, através das três dimensões psíquicas trabalhadas por


Freud, observamos a instância do ID e percebemos o quanto a mesma, tem total
relevância sobre os impulsos de vida ou de morte na vida do indivíduo, impulsos esses
disparados constantemente, satisfazer os anseios do id seria a forma mais primordial
dum suposto eu, que com o decorrer das fases da infância, as necessidades antes
ponderadas pela mãe que por sua vez fazia o papel de ego até um determinado
momento, agora tornam-se através da não gratificação, a noção do eu na criança. O
momento em que se depara com o desenvolvimento da construção do ego, ou seja,
a partir de um determinado ponto, as funções do eu são fundamentais para o
desenvolvimento completo do indivíduo como ser em todas as esferas. A realidade
nos traz mais não gratificações desses impulsos, então cria-se uma parte da nossa
personalidade, que os limites já impostos, ponderam o senso de gratificação, nesse
momento, quando há essa percepção da realidade nasce os primeiros indícios que
podem separar o ego. Além de todas as satisfações não correspondidas, o meio
também pode ser trazido para a formação do ego.

As instâncias que polarizam os dois lados do ego (ID e Superego), são por sua
vez as responsáveis pelo período da eclosão do ego, já que não se pode satisfazer
todos os impulsos do id, quando há então o superego influenciando o eu, quanto às
normas éticas sociais que o indivíduo presencia em seu meio ; Ego, etimologicamente
palavra latina que significa “eu” seria a formação da identidade do indivíduo, pelo qual
foi aprimorada por grande nomes da psicanálise, desenvolvendo o conceito
Freudiano. Segundo Freud a consciência é a superfície do aparelho mental, assim
partimos do pressuposto que o ego é quem circula entre o senso real e os impulsos
instintivos do id, e assim a função do ego é de ponderar as duas instâncias movendo-
se entre elas, para assim desenvolvermos nosso eu.

Seguindo o pressuposto de seu pai Anna Freud (1895 /1982) aprimora dentro
da psicanálise as funções egóicas relacionadas às crianças; observa e analisa as
funções e métodos envolvidos no desenvolvimento dessa instância, levando em
consideração que Anna Freud além de psicanalista no atendimento de crianças era
também professora.
Anna não se afasta do conceito já desenvolvido por Sigmund Freud, contudo
visa as funções dinâmicas do ego e suas funcionalidades, assim como, converge na
teoria do desenvolvimento do mesmo, defendendo que a criança nasce com ego e se
desenvolve até os cinco anos de idade. Para a autora a funcionalidade egóica seria
decorrente da capacidade da criança de lidar com a perda e a separação da mãe,
variando de acordo com cada fase e assim com o senso de realidade que é revelado
pelas frustrações e de resistência aos impulsos do id. O ego seria um processo
psíquico inconsciente que circula entre as outras duas instâncias, e assim, torna-se
um alívio do estado intrusivo do id e o superego ameaçador, assim como as fortes
pressões vindas da realidade externa. Para Anna, sem a funcionalidade do ego, não
poderíamos aprender nada quanto à instância do id, assim como vezes o superego
tornar-se-á perceptível quando construímos pelo ego um sentimento de culpa.

O ego então, seria como o meio pelo qual obtemos as imagens, mensagens e
lições dispostas do ID e do superego, que faz o eu, estar em equilíbrio sobre o meio.
Devemos também levar em consideração que o ego para a autora assim como para
Freud, possui por sua vez impulsos: é uma espécie de guardião das mensagens e
instintos (que serão expressados ou reprimidos) no qual o ego tomará noção, gerando
então todos os mecanismos que o defendem, cada qual como mecanismo subjetivo
de como o ego observa e luta quanto às mensagens do inconsciente e as funções
dele na realidade.

O pensamento Kleiniano, indaga que o ego se desenvolve com suas


determinadas funções, no decorrer na vida do bebê, já que para Melanie Klein o ego
é demasiadamente desorganizado, primitivo, ansioso e o mesmo constitui-se a partir
da relação objetal primária mãe-bebê. Essa concepção de Klein, subdivide o ego;
primeiramente entre o “eu bom” que surge quando a criança sente-se alimentada ,
nutrida, cuidada ou seja, gratificada, e também o “eu mau” surgindo da fome, do
desamparo e das frustrações; com essas dinâmicas correlacionadas, o
desenvolvimento da criança e suas percepções acerca do mundo tornam-se mais
realistas e o ego passa a se unificar e integrar como verdadeiro, e também com o
meio de forma gradativamente autônoma.

Devemos ressaltar quanto ao pensamento de Melanie Klein, que sua teoria nos
estabelece que: mesmo sem a separação entre si mesmo e a mãe, o aparelho
psíquico do bebê já consta desde seu nascimento, e o ego primitivo é construído sob
suas experiências durante a amamentação - o ponto de partida. Para além da nutrição
em si, o ato de amamentar gera a sensação de cuidado, amor e segurança; e quando,
os chamados do bebê não são atendidos (ou quando se percebe que a mãe não o
gratifica) a criança sente-se parte não íntegra da mãe, sente-se desamparado, faminto
e não gratificado; são justamente esses sentimentos contrários e conflitantes que são
toda a realidade do recém -nascido ainda em seus primeiros meses.

Toda essa experiência vivida pela frustração e gratificação do bebê, é


conceituada como função do desenvolvimento egóico, denominada pela autora como,
“ seio bom” e “ seio mau”, ressaltando então, esse universo de sensações vivenciadas,
associando respectivamente as duas metáforas dos seios. Para que o bebê consiga
lidar com a coexistência tanto de experiências desagradáveis, quanto as agradáveis,
dentro e fora de si, o ego entra em cena para ponderar as frustrações, e subdivide-se
em o “eu bom” e o “eu mau”, representando os aspectos positivos e negativos da
realidade.

Com isso, Klein teoriza que, a subdivisão egóica primitiva, faz-se


extremamente necessária para que o ego por sua vez, integre-se futuramente no
desenvolvimento da criança, o que a autora categoriza como clivagem. Em suma para
Klein, é perceptível a primazia da realidade psíquica sobre a realidade exterior, para
assim desenvolver o ego e suas respectivas funções. O ego está em constante
engajamento, num contexto de pulsão, bom ou mau, e o mesmo integra e visa se
integrar na busca das gratificações, uma dicotomia infantil, pendulando e organizando
a experiência com o meio, através da mãe.
Quando analisamos o ego pelo viés de Donald Winnicott, vemos um conjunto
de pulsões, instintos e capacidades na criança, de maneira frágil e também
dependente da mãe, não somente como fonte de gratificação, mas também como um
ambiente em si. Winnicott nos ensina que as bases do ego seriam resultados de quem
cuida da criança, ou seja, a mãe seria o ego bebê, ele considera também o ego como
uma parte da personalidade humana que se desenvolve rumo ao verdadeiro self. A
integração primeiramente com a mãe-ambiente e posteriormente o ambiente real,
seriam um dos fatores do desenvolvimento do ego. Para que o ego aconteça em sua
função de eu, deve se levar em conta o papel fundamental da mãe enquanto ego,
sem isso a criança não desenvolve essa instância de forma satisfatória.
Após o suporte egóico da unidade do ego da mãe ensinar e auxiliar o
desenvolvimento, a criança agora desenvolve-se através da integração com suas
relações objetais e no meio. Primeiro o ambiente fornece o suporte, em seguida a
frustração seria o caminho do desenvolvimento do ego. Todos apresentamos um grau
de dependência, e quando se reproduz o fracasso, o caráter destrutivo faz-se valer
para desenvolver o eu (que antes era de responsabilidade do tutor ou da mãe). Dar-
se-á um processo transicional que se passa dentro do indivíduo, com as funções do
ego já dispostas na sociabilização do mesmo com seu meio. Entre o primeiro e
terceiro ano de idade, decorrente da dissociação egóica materna do que realmente
seria o verdadeiro self, antes representado e dependente exclusivamente de quem
desempenha o papel da mãe, aos poucos, constitui a autoconfiança da criança,
percebendo-se de certa maneira só. E assim, entre as vitórias e derrotas, cria-se a
noção do eu, levando o desenvolvimento como um sucesso adaptativo, marcado
pelas intensidades dos acontecimentos.
O ego tem suas vertentes e adaptações conforme seus teóricos, contudo
podemos observar sempre, o ego como uma instância em movimento, ensinando seja
de forma associativa ou dissociativa do id, as maneiras adaptativas do indivíduo nas
relações consigo e com o ambiente, de forma a atuarmos como seres humanos,
racionais e coletivos, sem a função egóica seja qual for seu viés, estaríamos nós
ainda, como animais, satisfazendo nossos impulsos instintivos e tentando uma
socialização sem ética ou moral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

FREUD,Sig. O ego e o Id e outros trabalhos. XIX. (1923-1925) Imago RJ


FREUD, Anna. O ego e os mecanismo de defesa. 4ed (1977) Editora Civilização
Brasileira

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