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psicanálise e behaviorismo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A psicologia é um campo de conhecimento que possui múltiplas
escolas, as quais estão inseridas em diferentes matrizes de
pensamento, cada qual com concepções diferenciadas sobre o ser
humano e seu objeto e método de estudo. Entre as várias escolas que
constituem esse campo, destacam-se a psicanálise e o behaviorismo.
Essas duas escolas desenvolveram-se entre o fim do século XIX e o
início do XX. Contudo, elas possuem compreensões díspares sobre o
objeto da psicologia: enquanto a primeira foca no mundo interno, a
segunda ocupou-se do comportamento observável.
Neste capítulo, você estudará a psicanálise a partir da sua
formação, com Freud, e do seu desdobramento, com Klein e Lacan.
Além disso, estudará sobre o behaviorismo e seus desdobramentos, a
fim de compreender a importância da análise experimental para o
desenvolvimento do estudo do comportamento.
1 Psicanálise: de Freud a Lacan
A psicanálise teve origem no fim do século XIX, a partir do trabalho do
neurologista Freud, que apresentou uma outra concepção de sujeito,
considerando o debate sobre psicologia como ciência realizada nesse período.
À época, a psicanálise era direcionada para compreender o comportamento
patológico de pacientes históricos, a partir da observação clínica. Essa ênfase
possibilitou o desenvolvimento do estudo do inconsciente, ao demonstrar que
os sintomas desses pacientes, bem como suas inibições e hesitações sensoriais
e motoras, não tinham a ver com a biologia, mas sim com o psiquismo
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
A partir do desenvolvimento desse conceito, fundamental para essa escola,
houve uma compreensão de que a subjetividade é perpassada pela geração de
símbolos, que podem ser compreendidos a partir de um processo de
interpretação dos fenômenos psíquicos por meio da escuta clínica. Portanto, a
psicanálise possui uma dimensão hermenêutica. De acordo com Figueiredo
(2008), a introdução do inconsciente colocou por terra a ideia de um “eu”
consciente, ao dar destaque a uma vida interior, produzida a partir da
experiência e da história de vida do sujeito.
Freud teve inúmeros seguidores que desenvolveram escolas, entre eles
Melanie Klein e Jacques Lacan, cada um com concepções diferenciadas de
sujeito que se desdobraram a partir do desenvolvimento teórico dado por
Freud. Couto (2017) aponta que a noção de sujeito de Freud está relacionada
com a pulsão sexual e as formas de desenvolvimento infantil, que se dão a
partir da busca por satisfação libidinal por meio das zonas erógenas. Esse
processo ocorre por meio do corpo, que é tomado como referência para a
obtenção do prazer.
Ao caracterizar a vida psíquica infantil, Freud apontou quatro fases do
desenvolvimento: oral, anal, fálica e genital, que culminam na constituição do
sujeito a partir da organização das pulsões, fragmentadas na vida infantil em
um domínio genital na vida adulta. Tal processo resulta na compreensão, na
fase genital, por meio do complexo de Édipo, da diferença sexual e do
complexo de castração a partir do falo enquanto símbolo de completude e
poder. Rubin (1975) destaca que o complexo de Édipo exacerbaria no plano
do inconsciente a diferença sexual, pois é uma etapa em que as crianças
passariam por um reconhecimento da diferença anatômica.
2 Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo
2 Behaviorismo
O behaviorismo, por se tratar de um campo múltiplo, formado por diversas
perspectivas, recebeu diferentes avaliações, como reducionista, mecanicista,
positivista, entre outros. Contudo, considerando-se que os diferentes
pesquisadores que compuseram esse campo construíram diferentes corpus
teórico-metodológicos, é preciso considerar qual behaviorismo se está
Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo 5
Essa ciência do comportamento idealizada por Watson não usaria qualquer dos
termos tradicionais referentes à mente e consciência, evitaria a subjetividade
da introspecção e as analogias entre o animal e o humano, e estudaria apenas
o comportamento objetivamente observável [...] (BAUM, 2006, p. 24).
Desse modo, Watson propunha uma ciência que emergia em oposição a
duas perspectivas: o estruturalismo e o funcionalismo. Consequentemente, o
método de introspecção também é abandonado, em prol de estudos
experimentais sobre o comportamento observado (VIEGA;
VANDENBERGHE, 2001).
Figueiredo (2008) afirma que, embora se opusesse a algumas correntes da
psicologia, as bases do behaviorismo eram compartilhadas com essas
correntes, mas avançava abandonando a auto-observação como método e o
problema da unidade psíquica, uma vez que não haveria necessidade de
6 Escolas da psicologia: psicanálise e behaviorismo