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Identidades, sujeitos e sociedade

Raquel Gomes Valadares – RA. 772237

DAVIS, Madeleine; WALLBRIDGE, David. Limite e espaço: uma introdução à obra


de D.W. Winnicott. Rio de Janeiro: Imago, 1982

- Os autores fazem uma análise preliminar da obra de Winnicott;


- Para Winnicott: “Não é possível ser original a não ser baseando-se na tradição”;
- Influenciado por Freud, Klein, psicólogos do ego em evidência, filósofos e poetas da
nossa civilização.

1- Pressupostos básicos – o conceito do eu


- Parte da análise de Freud e a experiência impulsionada pelo Id;
- A necessidade do instinto e não ser dominado por ele;
- Eu: inseparável da anatomia, fisiologia e biologia, conceito necessário numa avaliação
completa do que se quer por saúde do ser humano;
- Delineamento do eu a partir da autoconsciência;

* Realidade interna
- Elaboração imaginativa muito simples de parte, sentimentos e funções somáticas;
- Não é a mesma coisa que o eu;
- Eu central: núcleo da personalidade, é o potencial hereditário que está vivenciando
uma continuidade do ser e adquirindo à sua própria maneira e na sua própria velocidade,
uma realidade psíquica pessoal e um esquema corporal pessoal;
- Psique, fantasia e realidade interna: palavras usadas como sinônimo em Winnicott.
Aspecto amplo do eu.

* O fato da dependência
- Um bebê é essencialmente parte de uma relação;
- Estudos sobre a função maternal atrelados aos processos psíquicos da infância;
- Ambiente e cuidado formam uma unidade junto com o bebê;
- Dependência em três etapas: absoluta, relativa e caminhando em direção à
independência.
- Não há independência absoluta;
- Indivíduo e ambiente interdependentes;
2- Funcionamento psíquico precoce
- Três realizações principais, não necessariamente consecutivas: integração/ não-
integração, personalização e relações objetais primitivas e a experiência da onipotência;

* Integração/ não-integração
- O que existe é um conjunto anatômico e fisiológico acrescido de um potencial para
desenvolvimento de uma personalidade humana;
- Integração do ego tem como fundamento a continuidade da linha da vida. Experiência
do “continuar-a-ser”;
- “Eu sou”: reunião dos núcleos do ego só pode ocorrer no ambiente oferecido pela mãe
suficientemente boa;
- Suporte: o ego imaturo fortalecido pelo “apoio egóico” que a mãe é capaz de dar;
- Não-integração é a experiência precursora da capacidade adulta de relaxar, apreciar
ficar a sós. Importante sinal de maturidade emocional;
- Paradoxo: Ficar sozinho mesmo na presença de outra pessoa.

* Personalização
- A psique que reside na soma. Uma membrana limitadora, equiparando à superfície da
pele;
- Uma realização entre o “eu” e o “não-eu”;
- Corpo e vida do corpo;
- O controle, a extensão e os movimento do corpo são percebidos pelo bebê como algo
fascinante, um experimento;
- É a descoberta da psique na extensão do corpo.

* Relações objetais primitivas e a experiência da onipotência


- “Objeto” oposto de “sujeito”;
- Relação objetal veicula a ideia de relação pessoal;
- A fantasia e a realidade são uma só e o bebê se torna “onipotente criador do mundo”;
- Apresentação de objeto suprimentos maternos que facilita as primeiras relações
objetais.
* Imposição e trauma
- Imposição: contato criativo com o mundo pela sensibilidade da mãe;
- O ambiente agindo sobre o bebê;
- Falta de apoio egóico ou falta de proteção obrigando o bebê a reagir e interrompendo
a continuidade do ser;
- A partir da imposição define-se o trauma: imposição do ambiente e exigência de uma
reação do indivíduo ao ambiente que ocorre antes que haja um desenvolvimento dos
mecanismos individuais que torna previsível o imprevisível;
- Agonias primitivas: despedaçar-se, cair sem parar, não ter relação com o corpo, não
ter orientação, isolamento completo (sem meios de comunicação).

Fracasso ambiental precoce resultam:


* Auto-defesa
- Etiologia da doença psicótica é encontrada em um fracasso da adaptação ao ambiente
na etapa da dependência absoluta;
- Organização na direção da invulnerabilidade.
* Falso eu
- A partir da incapacidade da mãe de intuir as necessidades do seu filho;
- O bebê constrói um conjunto falso de relações;
*Intelecto e falso eu
- O bebê se torna cônscio dos detalhes do cuidado materno;
- Falso eu: enganar com muita facilidade para ser bem sucedido na satisfação da sua
vontade;
*Expectativa da perseguição
- Afirmação do eu traz consigo uma expectativa de perseguição da coisa nova;
- Um rompimento no apoio resulta perda da integração.

3- Adaptação à realidade compartilhada


- Transição da dependência absoluta para dependência relativa; necessidade do bebê
satisfeitas pelo ambiente satisfatoriamente boa;
- O “não-eu” se separa do “eu”;

* A área da ilusão
- Transição potencialmente dolorosa;
- Princípio de realidade: é o fato da existência do mundo, quer o bebê o crie ou não;
- Ilusão da onipotência factual passa a ser algo com que o bebê pode defrontar e lidar.

* Objetos transacionais e fenômenos transicionais


- A primeira posse “não-eu”
- Posse de objetos, carícias denominados de fenômenos transicionais;
- Estabelece um significado para o bebê: “não entra para dentro” “nem saiu de dentro
do bebê.
* O brincar
- Extensão dos fenômenos transicionais;
- Aspecto importante no ato de brincar: preocupação (concentração), manipulação dos
fenômenos externos, evolução direta dos fenômenos transicionais, confiança no
ambiente, implica o corpo, essencialmente satisfatório, atinge o seu próprio ponto de
satisfação, excitante e precário, estabelece amizade e inimizade;
- Jogo simbólico e a imitação, conceitos em Piaget que se aproximam da concepção do
brincar em Winnicott.

* O espaço potencial
- É a área de toda experiência satisfatória (brincar) mediante a qual ele pode alcançar
sensações intensas que pertencem aos anos precoces;
- Onde ocorre a comunicação significativa;
- Onde o brincar se desenrola;
- Capacidade criativa;
- Ação espontânea.

* O uso de uma objeto e as raízes da agressividade


- Trabalha a permanência dos objetos;
- Agressividade quase sinônima da atividade;
- O objeto que sobrevive à destruição adquire qualidade de permanência;
- Sobreviver significa não retaliar.

* Moralidade inata e a capacidade para a preocupação e a reparação


- Existe uma moralidade inata;
- Ela é mais severa na primeira infância;
- A relação mãe e ambiente / destruição e sobrevivência transforma num sentimento de
ansiedade e medo de perde-la (mãe) transforma-se num sentimento de culpa.
* A tendência anti-social
- Atrelado ao resultado do fracasso ambiental na etapa da dependência relativa, envolve
privação;
- Privação: ambiente suficientemente bom, vivenciado e perdido;
- É possível recuperar do trauma;
- Se não é oferecida nenhuma ajuda no ato anti-social é possível que os próprios atos
adquiram importância adicional.

*Adolescência
- Época de nova etapa de adaptação;
- Há sempre “a morte de alguém”;
- Problemas giram em torno do “Eu sou” e “Quem sou eu?”;
- Rebeldia, desafio, dependência são características da adolescência;
- A imaturidade é uma parte preciosa;
- Caminha-se para a maturidade;
- Busca maneiras de sentir-se real;
- Agrega-se pela identidade dos gostos.

4- As previsões Ambientais
- O ambiente concreto no estágio da dependência absoluta;
- O laço de cuidado e não de parentesco que define a relação de segurança.

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