Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ecologia Política:
uma perspectiva latino-americana
1- Introdução
Para toda área de pesquisa científica existe uma metodologia que orienta a base das
discussões, Leff (2013) vai trazer então o Anarquismo Cooperativo Dialético, de Peter
Kropotkin, e o Materialismo Histórico Dialético, de Marx e Engels, enquanto a dupla
metodológica possui esse papel de orientação. Do Anarquismo Cooperativo Dialético será
apropriada a crítica ao Darwinismo Social enquanto ferramenta para justificar a estrutura
social e a distribuição de riquezas vigentes; por sua vez, o Materialismo Histórico Dialético
será usado em sua essência para a formulação do campo da Ecologia Política.
O Materialismo Histórico Dialético foi usado por Marx e Engels para analisar a
sociedade capitalista partindo da investigação do campo concreto para atingir o campo
abstrato, contrapondo uma Tese (afirmação concreta) à uma Antítese a fim de chegar em
uma nova tese, a Síntese. Para compreender com maior clareza como o método de Marx e
Engels é usado na Ecologia Política, é interessante destrinchar o termo, esclarecendo seu
significado e aplicando-o na área do conhecimento em questão. Dito isso, o Materialismo
apresenta-se - de acordo com os estudos do sociólogo brasileiro Octavio Ianni - enquanto
uma linha de pensamento que identifica na matéria e em seu movimento, a realidade
fundamental do universo, ou seja, a utilização das bases reais enquanto objetos de análise
será peça fundamental para compreender a sociedade e suas mutações, tanto no campo
concreto, quanto no campo abstrato; no caso da Ecologia Política, as bases naturais de
análise correspondem à exploração da natureza, as lutas sociais, a diversidade cultural, a
geopolítica, entre outras. O termo Histórico, por sua vez e também segundo Ianni, é quase
auto-explicativo, pois se fundamenta no tempo histórico e nas mudanças que ele sofre a partir
das modificações humanas das bases naturais; na Ecologia Política é o tempo histórico da
exploração da natureza e da submissão de culturas ao capitalismo. Por último, mas não
menos importante, o conceito Dialético irá operar pela elaboração - como já citado
anteriormente - de uma síntese a partir da contraposição entre duas ideias, sendo, na
Ecologia Política, as controvérsias sobre as formas de compreender as relações entre
humanidade e natureza no sistema capitalista.
Leff (2013) dá ênfase também à importância da multidisciplinaridade da Ecologia
Política, que abrange áreas como, geografia, ecologia cultural, etnobiologia, economia
política, sociologia ambiental, entre outras; contudo, por essa pluralidade de temas, a área
sempre foi acompanhada de debates acerca do seu status científico enquanto disciplina, e
por este motivo, ainda passa por processos de delimitação de abordagens e de investigação
- como fronteiras e alianças com outras disciplinas, genealogias teóricas, contornos
epistemológicos, estratégias práticas, entre outros - para sua plena consolidação.
No início dos anos sessenta e setenta, os escritores Murray Bookchin, Hans Magnus
Enzensberger e André Gorz, contribuíram para o pioneirismo da abordagem temática acerca
da ecologia política. Foram os precursores a dedicar-se a esse novo campo de investigação
e conflito social, gerado pela crise ambiental, onde usufruíram do neo-marxismo para
considerar a interação da pessoa humana com a natureza (LEEF, 2013).
Considerado o autor mais abrangente, radical e polêmico, Murray Bookchin, foi
fundador do movimento da ecologia social baseado no socialismo libertário, ecológico e no
anarquismo, no início da década de 70. Para Bookchin, a ecologia tem naturalmente poder
crítico e político, que estabelece o equilíbrio entre natureza e potencialidades da humanidade,
libertando as pessoas de limitações para uma sociedade libertária. Portanto a ecologia
política é uma ciência integradora e reconstrutiva (LEEF, 2013).
Na década de 70, mais precisamente em 1974, Hans Magnus Enzensberger ressaltou
em suas obras, o modo de produção capitalista como responsável pela crise ambiental.
Enfatizou a ecologia política como ferramenta a ser utilizada, para perceber o quanto alguns
discursos ecológicos escondem intenções, que visam objetivos capitalistas classistas (LEEF,
2013).
Para o autor André Gorz, em meados da década de 90, a origem da ecologia política
é a crítica ao pensamento econômico, ou seja, toda a destruição e devastação do meio
natural, que é a fonte para toda a vida na Terra, incluindo a humana, é resultado dos meios
de produção que visam apenas o maior lucro possível. Para Gorz, as "tecnologias de
parafuso" devem ser substituídas pelas “tecnologias abertas”, que incentivam a comunicação,
cooperação e interação (LEEF, 2013). Portanto, estes autores foram os primeiros a apontar
o quanto o desenvolvimento humano tecnológico capitalista devasta a natureza e,
consequentemente prejudica todo equilíbrio na Terra, incluindo a própria humanidade.
5.1 Sustentabilidade
Referências
GRUBACIC, David. Kropotkin, 100 anos. Outras Palavras, 2021. Disponível em:
https://outraspalavras.net/pos-capitalismo/kropotkin-100-anos/
IANNI, Octávio. Karl Marx: Sociologia. 4 ed. São Paulo: Ática, 1984.
STOODI. Movimento Hippie: entenda tudo sobre a contracultura de 1960. Stoodi, 2021.
Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/historia/movimento-hippie/