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Raquel Gomes Valadares – RA 772237

Economia Política – Ciências Sociais

Nos cinco primeiros capítulos da obra de Adam Smith, A Riqueza das Nações, é
possível acompanhar como o teórico busca estabelecer conceitos e definições basilares
da Teoria Econômica elaborada. Entender como ocorre a divisão do trabalho é o
primeiro argumento apresentado. Por meio dos exemplos, Smith indica que por uma
questão de funcionalidade, ou até mesmo disposição espacial, ocorre a divisão
rudimentar das atividades laborais. Complexificando as ilustrações abordadas, é
possível inferir que por meio da divisão do trabalho alcança-se uma produção final
eficiente: maior quantidade e melhor qualidade do produto, em menor tempo dispendido.
O exemplo do primeiro capítulo é uma fábrica de alfinetes; embora descrito de uma
forma bastante simples, ajuda a compreender os efeitos e as vantagens da divisão
laboral. Smith afirmava que a agricultura (para o período descrito) não comportava
tantas subdivisões do trabalho, sendo este um estágio anterior ao comércio no
desenvolvimento econômico, antecedido pela caça e o pastoreio.
A nível de produção nacional, a distinção de quantidade, qualidade e tempo de produção
entre produtos manufaturados e agrícolas acarretaria na competição de mercados. De
certo, algumas nações atenderiam melhor às características produtivas por melhor
adequação de clima, produção e prática laboral.
Segundo Smith, a divisão do trabalho repercute: no aprimoramento das destrezas; na
economia de tempo, mantendo o foco produtivo; e na utilização de maquinário
adequado, que facilita o trabalho. Sobre a utilização de máquinas e o manuseio das
mesmas, Smith afirma que há uma capacidade inventiva ou de adequação do uso das
máquinas pelo operariado, que busca executar suas funções com rapidez e facilidade.
A origem da divisão do trabalho, ou o princípio da divisão do trabalho, decorre da
necessidade das trocas entre as partes, do acordo mútuo de vantagens. A divisão do
trabalho deriva da troca de necessidades ou permuta de vontades e serviços, e as
habilidades dos trabalhadores fariam naturalmente a separação das atividades.
Ponto que se tornou confuso, ou pelo menos com a compreensão obscurecida, está no
terceiro capítulo ao mencionar sobre a extensão do mercado. É compreensível o
princípio de que se o mercado está reduzido não há estímulo para trocas; Smith
exemplifica com a diferença de oportunidades de troca entre trabalhadores de uma
aldeia e de uma cidade grande. Em diferentes tipos de organização espacial as
oportunidades de troca serão distintas; entretanto, não houve clareza ao expor o
transporte marítimo ou fluvial com extensor desse mercado, neste aspecto restou
dúvidas.
Como o dinheiro auxilia as trocas e os acordos comerciais foi abordado pelo autor no
quarto capítulo, em que fez um repertório histórico interessante sobre os modos
utilizados como meio de troca de mercadorias e serviços. Citou o gado, sal, conchas,
pele, couro, açúcar, bacalhau seco, fumo e até mesmo pregos como maneira de facilitar
as trocas entre negociantes. Os metais tornaram-se o meio mais fácil pelo manuseio,
transporte e que não é suscetível ao perecimento, no entanto, houve a necessidade de
um padrão de pesagem, cunhagem e gravação, rastreando a origem e averiguando a
veracidade das informações. Smith apresentou o entendimento de valor de uso e valor
de troca com a metáfora da água e do diamante e indicou que nos próximos capítulos,
a começar do quinto, abordaria sobre como podem ser mensurados os valores do
trabalho.
Os comentários de Hunt e Lautzenheiser (2013) ajudam a entender o que Smith abordou
em sua construção teórica. O panorama apresentado, com um pouco da biografia do
autor e o contexto histórico do período, permite um alinhamento do que era discutido e
a percepção do teórico. Desde elementos simples como o número de patentes
registradas no período, a intensidade inventiva, até a analise da mudança espacial das
indústrias e do aspecto das cidades, os comentaristas procuram destrinchar as
inovações e contradições em Smith.
As categorias funcionais da renda, os conflitos de classe, os estágios para o
desenvolvimento econômico e social teorizados por Smith, foram sistematizados por
Hunt e Lautzenheiser (2013), de modo que se torna claro o que o autor buscava
enfatizar.
Embora não esteja clarividente nos primeiros capítulos de Smith, Hunt e Lautzenheiser
(2013) apresenta o conceito de “mão invisível” do mercado, como regulador natural,
como uma contradição na obra de Smith. Além disso, para os comentaristas, a tentativa
de demonstrar como o trabalho incorporado à produção determinava o valor de troca
não fica tão claro em Smith.

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