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do Valor-Trabalho
A Teoria Marxista do
Valor-Trabalho
H. W.B. JOSEPH
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
Horace William Brindley Joseph
Alta Linguagem Editora e Editora Konkin
Acompanhamento editorial
Vitor Gomes Calado, Daniel Miorim de Morais, Claudio
Henrique Tancredo
Tradução:
José Aldemar Santos, Erick Ottoni Kerbes
Direitos autorais
Domínio público, esta obra está livre de direitos de autor e
conexos
Sumário
Prefácio ............................................................... 1
I.Introdução .......................................................... 3
1
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
2
I- INTRODUÇÃO
Talvez seja verdade dizer que existem três elementos notáveis na
doutrina econômica de Karl Marx. Uma é a interpretação econômica da
história, a visão de que a verdadeira pista para a explicação do curso
dos eventos na história de toda a humanidade deve ser encontrada nas
condições econômicas sob as quais os homens vivem. 1
Uma é sua análise do curso e crescimento reais da indústria capi-
talista moderna, especialmente na Inglaterra, e a afirmação de que ela
se move inevitavelmente em direção ao seu próprio colapso e substitui-
ção por um estado comunista; embora sobre se a transição virá por meio
de um interlúdio de revolução sangrenta ou por um desenvolvimento
relativamente pacífico, seus discípulos não estejam de acordo.
A terceira é sua teoria do valor—que o valor de troca das merca-
dorias surge e deve ser medido pelo trabalho colocado nelas, e que os
trabalhadores sob o sistema capitalista são explorados, porque as mer-
cadorias que eles recebem em troca de seu trabalho incorporam menos
trabalho do que o que eles exercem e, portanto, são de menor valor do
que o que eles criaram.
Com as duas primeiras dessas doutrinas, o presente livro não está
preocupado. Pode ser que Marx tenha subestimado o papel que a ambi-
ção, o medo, o sentimento, a boa vontade, a razão e a religião
1
Para um esboço brilhante de algumas das maneiras pelas quais os fatos
econômicos determinam o amplo curso da história, cf. Professor J. L.
Myres, Dawn of History, na Home University Library.
3
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
2
§ 37-
3
§ 46, cf. §§ 50, 184.
4
§ 40.
4
Introdução
5
§ 42.
6
§ 43.
7
§ 50. Pode valer a pena notar que Aristóteles, Ética a Nicômaco, V. v.
II, 1133ª 25-31, encontra na demanda ou necessidade a verdadeira fonte
de valor de troca.
5
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
Não foi pelo ouro ou pela prata, mas pelo trabalho, que
toda a riqueza do mundo foi originalmente comprada; e seu va-
lor, para aqueles que o possuem e que querem trocá-lo por al-
gumas novas produções, é precisamente igual à quantidade de
trabalho que pode capacitá-los a comprar ou controlar.
6
Introdução
8
Cf. abaixo, p. 135.
7
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
9
Principles of Political Economy, pp. 66-72.
10
Political Economy, ed. 1850, p. 24.
8
Introdução
11
A segunda parte desta resposta parece ter mais peso do que a primeira,
na qual Sênior exagera seu caso. Como será visto no Capítulo V abaixo,
a razão pela qual o trabalho confere valor a seus produtos é o fato de
que seus produtos são desejados, portanto, o trabalho que os produzirá
também o é.
9
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
12
3ª ed., p. 234. Esta conferência foi publicada pela primeira vez em 1832.
Os itálicos são do autor.
10
Introdução
Como o preço natural das mercadorias deve ser medido pelo tra-
balho necessário para produzi-las, o preço do trabalho deve ser medido
pelo trabalho necessário para produzi-lo, isto é, para produzir ‘‘os ali-
mentos, artigos de primeira necessidade e conveniências necessárias
para o sustento do trabalhador e sua família’’. “É quando o preço de
mercado excede o preço natural, que a condição do trabalhador é flo-
rescente e feliz’’; mas, também nesse caso, pela ação da concorrência,
quando a oferta de trabalho excede a demanda, ela trabalha para trazer
o preço de mercado para o preço natural, ou mesmo, por vezes, abaixo
dele. 13
Foi essa parte da doutrina de Ricardo que deu a Marx a oportuni-
dade de associar à doutrina de que o valor é criado pelo trabalho a de-
dução de que, em uma sociedade capitalista, o trabalhador é defraudado
do valor que cria. É difícil distinguir um preço natural de um preço de
mercado sem sugerir, pelos termos da antítese, que, por mais que o
preço de mercado possa prevalecer por um acaso das circunstâncias, o
preço natural é aquele que deveria prevalecer.
Mas, para o próprio trabalho, esse preço ‘‘natural’’, como Ricardo
o definiu, parecia ser, para Marx, um preço fraudulento. É tudo menos
autoevidente que os trabalhadores não devam receber mais do que o
necessário para prover os ‘‘alimentos, necessidades e conveniências’’
necessários para o sustento deles próprios e de suas famílias, se é o tra-
balho deles que produz o valor das mercadorias que o empregador
vende por muito mais do que tais salários.
13
Political Economy and Taxation, ch. v.
11
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
14
Como recentemente pelo Sr. F. R. Salter, Karl Marx e Modern Socia-
lism Macmillan & Co., 1921), capítulos v e vi. Cf. também abaixo, p.
79, n. 1.
12
Introdução
15
Pp.73, 79, 141.
13
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
16
The Times, 24 de outubro de 1919, relatando uma conferência do dia
anterior.
17
Embora o Partido Trabalhista, ao admitir em seu quadro de membros,
há alguns anos, aqueles que pertenciam ao 'Salariado', tenha reconhe-
cido que outros tipos de trabalho, além do manual, ajudam a criar valor,
ele não repudiou os fundamentos da teoria de Marx. O próprio Marx,
em alguns lugares, reconheceu o mesmo.
14
Introdução
18
Carta ao The Times, 19 de janeiro de 1921.
19
Escrito em 1917: publicado por George Allen & Unwin.
15
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
determinar que parte da riqueza total criada cada um deve ter, vale a
pena tentar demonstrar isso.
Persuadir pelo menos alguns daqueles que a teoria de Marx cati-
vou de sua falsidade é a esperança deste livro. Como a apresentação de
Marx é muito obscura, sua exposição argumentativa não pode ser total-
mente fácil, e pode ser mais fácil seguir a linha dos capítulos subse-
quentes se um breve esboço do argumento for apresentado primeiro.
Todos sabem que as coisas que são compradas e vendidas são tro-
cadas por quantidade, peso ou medida, tanto de uma por tanto de outra.
O vendedor muitas vezes pensa que deve receber mais do que recebe
pela quantidade do que dá; o comprador muitas vezes pensa que deve
se desfazer de menos do que dá pela quantidade do que recebe.
As proporções nas quais as coisas são trocadas são o que tornam
as trocas lucrativas ou não lucrativas, ou desigualmente lucrativas, para
diferentes partes; como as proporções são comumente expressas em di-
nheiro, dizemos que são os preços que desempenham esse papel.
Em particular, para uma parte muito grande da população nas co-
munidades industriais modernas, é a proporção na qual o trabalho pode
ser trocado por mercadorias, o preço do trabalho ou a taxa de salários,
que torna seu trabalho lucrativo ou não lucrativo para eles, que torna as
condições materiais de sua vida confortáveis, toleráveis, duras ou mi-
seráveis.
O fato de que, por uma coisa, um homem pode garantir outras em
troca, chamamos de valor de troca, ou simplesmente o valor, dessa
coisa; e o valor de qualquer coisa é medido pela quantidade de outras
16
Introdução
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
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Introdução
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
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Introdução
vezes, até certo ponto, os mesmos fatos podem ser deduzidos de teorias
conflitantes. Mas se os fatos não são o que pode ser deduzido como
consequência da teoria, a teoria certamente é falsa.
Segundo Marx, um capitalista obtém lucro pagando a seus traba-
lhadores menos do que o valor real de seu trabalho. Ele paga por outras
coisas além do trabalho—por matéria-prima e máquinas; mas ele paga
o valor total por isso e não lucra com elas. O capital gasto na compra
desses produtos, Marx chama de capital constante; o capital gasto em
salários, de capital variável; sua soma é o capital total.
Como todo lucro vem, conforme a teoria, do uso do capital vari-
ável, duas consequências se seguem:
(i) Um capitalista deve diminuir seu lucro, outras coisas
sendo iguais, ao diminuir sua folha de pagamentos de sa-
lários.
(ii) As taxas de lucro de diferentes capitalistas devem variar,
outras coisas sendo iguais, conforme a maior proporção
entre seus capitais variável e constante—suas folhas de
pagamentos em relação às suas outras despesas.
Nenhuma dessas consequências ocorre.
Marx não era ignorante quanto a essas discrepâncias. Mas, em vez
de, portanto, abandonar a teoria que levou a elas, tentou mostrar como
eram consistentes com ela. Ele sustentava que, em uma sociedade pré-
capitalista, os valores dos produtos do trabalho de trabalhadores inde-
pendentes eram proporcionais ao tempo de trabalho incorporado a eles,
e que esses valores foram transformados pela influência posterior do
capitalismo em “preços de produção”, que não são assim proporcionais,
21
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
22
Introdução
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
24
Introdução
25
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
da mesma coisa para pessoas diferentes é tão distinto que pode parecer
que elas deveriam dar preços diferentes por ela.
Há, no entanto, tanto razões morais que fazem parecer certo de
que os preços sejam fixados quanto razões econômicas para fixá-los; e
há causas definidas na conduta de compra e venda que levam à sua fi-
xação. E embora daí resulte uma maior igualdade de sacrifício e satis-
fação, se diferentes transações da mesma mercadoria fossem realizadas
a preços diferentes, desde que aqueles que pudessem aceitar um preço
mais baixo fossem postos em contato com aqueles que tivessem menos
condições de dar um preço mais elevado, e aqueles que precisassem
mais de um preço mais alto com aqueles que pudessem oferecê-lo,
ainda assim seria impossível garantir esse emparelhamento harmoni-
oso.
Devemos, então, concordar com preços únicos que envolvem sa-
crifícios e satisfações muito desiguais para aqueles que os dão ou rece-
bem; e não há valor de troca absoluto ou objetivo expresso pelo preço.
Tampouco os preços que correspondem às exigências de produção po-
dem expressar qualquer valor real ou absoluto. O valor não é absoluto,
porque os desejos variam em sua intensidade positiva e comparativa de
pessoa para pessoa, e se baseia no fato dos desejos das pessoas, combi-
nado com algum grau de escassez daquilo que os satisfará.
É verdade que as pessoas sentem um sacrifício ao se separarem
do que querem, e, portanto, não pode haver valor de troca sem sacrifí-
cios e desejos. Mas os fatores primários são os desejos e a escassez; e
mesmo que se pudesse dizer que o valor de uma coisa surge tanto do
sacrifício necessário para produzi-la quanto do desejo por ela, isso ainda
não mostraria que advém o valor do trabalho. Pois trabalhar é apenas
26
Introdução
27
II- ENUNCIADO DA TEORIA DO
VALOR DE MARX
A PRINCIPAL OBRA DE MARX, Das Kapital, ou O Capital, está em
três volumes, dos quais apenas o primeiro foi publicado em sua vida.
Uma tradução em inglês deste volume não apareceu até 1886, três anos
após a morte do autor; e, do terceiro volume, não apareceu até 1894. A
obra é dedicada a uma análise do modo de produção capitalista que ele
considerou predominante especialmente na Europa Ocidental e nos Es-
tados Unidos da América.
No modo de produção capitalista, os materiais e instrumentos de
produção estão concentrados nas mãos de comparativamente poucos,
enquanto o trabalho real de manusear os materiais e usar os instrumen-
tos é realizado por pessoas que trabalham por um salário. Por mais fa-
miliarizados que estejamos com esse sistema, não é o que sempre pre-
valeceu, nem o que prevalece em todos os lugares agora.
O sapateiro ou ferreiro de alguma aldeia, o pequeno agricultor que
cultiva sua própria terra com a ajuda de seus filhos, o grupo de pesca-
dores que possui um barco e equipamentos, não são, no sentido de
Marx, capitalistas, embora possuam instrumentos e materiais de produ-
ção; não há capitalismo na comunidade de aldeia na Índia rural 20 ou na
Arábia.
20
Exceto pelas atividades do bunnia, ou emprestador de dinheiro.
29
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
30
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
21
Para algumas evidências contra este veredicto, cf. Industry and Trade,
do Professor Alfred Marshall, p. 73 (Macmillan & Co., 1919).
22
“A troca não cria valor.” Sr. H. M. Hyndman, carta ao The Times, 19
de janeiro de 1921.
31
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
vendedor pagar juros sobre seu dinheiro a um homem que empresta para
fins de produção ou comércio?
Essas são perguntas que podem ser facilmente feitas em uma so-
ciedade onde cultivadores e artesãos trabalham para si mesmos e não
para um empregador, possuindo os meios de produção com os quais
‘‘misturam seu trabalho’’ e compram e vendem entre si sem qualquer
desenvolvimento elaborado das atividades de intermediários. A maioria
deles pode ser questionada onde o meio de produção, a distribuição e a
troca estão nas mãos da comunidade.
A teoria do valor e do mais-valor destina-se, por Marx, a explicar
imediatamente as relações de troca entre diferentes tipos de mercado-
rias, o verdadeiro valor, e, portanto, o preço justo de uma mercadoria, a
fonte do aumento do valor do estoque de mercadorias em um país, e o
método pelo qual a classe capitalista se apropria desse aumento, nas
formas de renda, juros e lucro.
Segundo a teoria, todo valor em uma coisa é derivado do trabalho
nela incorporado; as relações de troca das coisas são uma expressão de
seus valores relativos em trabalho; o aumento do valor na totalidade das
coisas é possível, visto que um trabalhador pode exercer mais força de
trabalho em um dia do que foi empregado na produção das coisas que
ele deve consumir para sustentar-se durante o esforço; mas o valor que
esse mais-trabalho incorpora em mercadorias é apropriado pelo capita-
lista, que paga o trabalhador, na forma de salários, uma quantia que in-
corpora menos trabalho do que o trabalhador emprega enquanto traba-
lha e, portanto, tem menos valor do que o trabalhador produz.
Essa é a teoria que vamos examinar. Marx, de fato, até onde eu
sei, não dá nenhuma explicação filosófica geral da noção de valor. Ele
32
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
23
Aristóteles, Ética a Nicômaco, I. xii. 2-4, 1101b 12-27.
33
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
mera relação com outras coisas. Mas ‘‘bom’’ é a palavra que melhor
sugere esse caráter autojustificador nas coisas que desejamos indicar.
Em um tratamento filosófico da noção de valor, seria necessário
considerar se existe algo bom e, em caso afirmativo, o quê, intrinseca-
mente; e independentemente do valor que os homens possam atribuir a
isso. Mas a teoria de Marx implica que o valor de troca é algo tão in-
trínseco a uma mercadoria que o possui quanto tal bondade o seria.
É como se alguém olhasse para alguma obra estupenda do traba-
lho humano, como a Grande Pirâmide ou a Grande Muralha da China,
e dissesse: Há aqui tanto trabalho humano incorporado e mantido firme
que, quer seja de alguma utilidade para qualquer pessoa ou não, 24 quer
as pessoas tenham consciência disso e tenham prazer em contemplá-la
ou não, ela tem valor.
No entanto, ele continua a pensar no valor (pois identifica o valor
de troca com o valor simplesmente) como algo essencialmente relativo.
O valor de troca é assim. Mas—e é isso que ele não consegue enxer-
gar—o valor, incorporado em uma única coisa, seria primariamente não
relativo, embora, tendo magnitude ou grau, fosse a base das relações.
24
Marx, como eu disse, sustentava que nada tem valor de troca que não
tenha também algum valor de uso; mas uma vez que ele também sus-
tentava que o valor de troca não é de forma alguma uma função do valor
de uso, e uma vez que o trabalho que confere valor de troca foi igual-
mente despendido em uma coisa, quer tenha ou não valor de uso, sua
teoria realmente implica o que é dito aqui. O fato de ele ter hesitado
mostra apenas a fraqueza especulativa de sua posição.
34
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
25
O Capital, I, p. 4.
35
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
simplesmente valor; e ele considera esse valor em uma coisa como algo
inerente ou intrínseco; algo de que se poderia dizer que realmente há
tanto numa determinada coisa, quer o troquemos por algo que contenha
a mesma quantidade ou não. Mas o que dá às coisas esse valor? Diz ele:
26
O Capital, I, p. 4.
36
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
27
O Capital, I, p. 6. Isso, é claro, não é realmente consistente com a ad-
missão de que nada tem valor em troca, a menos que seja de alguma
forma útil.
37
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
28
Ibidem, I, p. 5.
38
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
29
Ibidem, I, p. 182. Observe que, nessa passagem, Marx assume tacita-
mente (ele diz que nós vemos) o que é realmente a coisa a ser provada,
ou seja, que há valores iguais adicionados a mercadorias de diferentes
tipos por trabalhos de diferentes tipos e com igual duração.
39
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
30
Ibidem., I, p. 23.
31
Mais adiante, será demonstrado que a noção de trabalho humano em
abstrato é fundamentalmente infundada, portanto, nada pode adquirir
valor a partir desse trabalho: ver abaixo, cap. iv.
40
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
32
Ibidem., I, p. 33.
33
Ibidem, I, p. 5.
41
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
34
Talvez nenhum trabalho seja totalmente não qualificado. O problema
de Marx, é claro, surge igualmente para diferentes graus de habilidade.
42
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
35
Ibidem, p. 6. O argumento de Marx não funciona. Se o valor deve ser
derivado do tempo de trabalho médio, os processos mais lentos dos te-
celões de tear manual devem elevar o valor, como fazem com a média;
no entanto, ele não supõe que eles o façam.
43
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
36
Ibidem, I, p. 11. Para um exame desta resposta, ver abaixo, cap. iv.
44
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
37
Ibidem., I, p. 18
38
Ibidem, I, p. 12. Esse ponto é importante. É essencial para o argumento
de Marx mostrar que a redução pode ser feita sem considerar os preços
das mercadorias; mas ele não é capaz de mostrar isso
45
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
39
Marx está certo ao aplicar a mesma teoria ao ouro e a outros produtos.
As mesmas causas que determinam as flutuações no valor de outras
commodities em relação ao ouro, se afetarem a produção de ouro, farão
seu valor flutuar em relação a outras commodities. E, na medida em que
é verdade que os custos do trabalho determinam os valores, é verdade
para o ouro. Os custos do trabalho são um elemento na determinação
do valor, como veremos (abaixo, pp. 133-5), mas apenas na medida em
que o próprio trabalho tem que ser pago, e assim tenha um valor medido
em termos de outra coisa que não o trabalho. O fato, portanto, não prova
que é o trabalho em uma coisa que lhe dá valor, como Marx argumenta.
40
Marx geralmente assume um dia de dez horas; neste e em outros deta-
lhes, onde o argumento não é afetado, tomei números ilustrativas mais
próximos dos fatos de hoje.
46
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
não são pagos. Ele cria valor, mas em parte para o benefício do capita-
lista, não de si mesmo.
Isso é o mais-valor, isto é, valor que o capitalista recebe em bens
produzidos, além e acima do equivalente pelo qual ele paga em outros
bens. Do mais-valor vêm a renda, os juros e os lucros. A divisão do
mais-valor nessas três partes é uma questão menor; todos são derivados
do trabalho pelo qual o trabalhador não é pago, e surgem por sua explo-
ração.
Aqui reside a injustiça fundamental do sistema capitalista. Uma
troca só é justa quando as coisas trocadas incorporam quantidades
iguais de trabalho humano. 41 Quando, em troca de algo que incorpora
tantas horas de trabalho humano, é dado algo que incorpora menos ho-
ras desse trabalho, a troca é injusta.
Há, sem dúvida, muitas outras trocas injustas, mas a forma cons-
tante e onipresente disso em uma sociedade capitalista está no paga-
mento de salários. O empregador tira do assalariado, nos materiais com
os quais o assalariado trabalha, mais trabalho, e, portanto, mais valor
do que ele lhe dá em seu salário ou nas mercadorias às quais o trabalho
do assalariado é equivalente. Assim, o capitalista acumula mais-valor;
ele se torna mais rico injustamente por mera troca.
41
Nunca é demais insistir, no entanto, que esse trabalho é considerado o
trabalho humano homogêneo socialmente necessário; e que os princí-
pios pelos quais o trabalho é desconsiderado como não socialmente ne-
cessário, ou o trabalho especial e qualificado reduzido a termos de tra-
balho homogêneo, estão em conflito direto com a teoria principal.
47
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
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Enunciado da Teoria do Valor de Marx
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
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Enunciado da Teoria do Valor de Marx
42
Marx não está considerando as transações de um mero intermediário,
cujos lucros, ou seja, o que quer que ultrapasse o valor de seu trabalho
no aumento do preço, seriam injustos. Ele também não está conside-
rando as flutuações do mercado. Além disso, se o cobre, digamos, custa
£70 a tonelada, e eu compro mais do que quero, só posso vendê-lo no-
vamente por £70.
51
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
43
Observe que o capitalista realmente considera sua taxa de lucro em ter-
mos de dinheiro, não de qualquer 'valor' em mercadorias distintas do
dinheiro. Na declaração acima, portanto, Marx assume que o valor do
produto do capitalista é o que ele obtém em dinheiro. Mas toda a sua
alegação é que o valor é outra coisa, o trabalho incorporado; e que uma
relação entre os preços monetários só é justa quando está em conformi-
dade com a relação entre os valores laborativos das mercadorias; como
ele aqui sustenta, isso acontece nos preços de venda finais, embora uma
parte do que deveria ir para o trabalhador vá para o capitalista. Mas até
que ele tenha provado isso (e ele nunca prova), ele não tem o direito de
falar como se o que é verdade para os valores monetários fosse verdade
para os números que expressam 'valor'.
52
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
53
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
44
Se y = o montante da economia efetuada em sua folha de salários, sua
𝑠𝑠
taxa de lucro terá aumentado de para s/(C-y).
𝐶𝐶
54
Enunciado da Teoria do Valor de Marx
dessa mercadoria cairá, sua fração cairá, a queda será expressa em uma
diminuição do preço, e sua taxa de lucro cairá, mesmo que o lucro agre-
gado seja mantido pelo aumento da produção.
A outra consequência é que, entre duas linhas de produção, a que
deve sempre produzir a maior taxa de lucro é aquela em que o capital
variável é em maior proporção ao capital constante ou, na frase de
Marx, em que a composição orgânica do capital é menor. Assim, um
capitalista deve preferir um negócio em que seu principal gasto seja
com salários a um em que seja com instalações e materiais. Mas isso
notoriamente não é verdade.
Aqui, novamente, Marx invoca, para resolver a dificuldade, a in-
fluência do cálculo da média, mas do cálculo da média do lucro agora
não sobre as diferentes partes do estoque de mercadorias de um tipo,
mas sobre diferentes tipos. Através da concorrência, as diferentes taxas
de lucro que surgem na produção de determinados tipos de mercadorias
são convertidas em uma taxa média de lucro.
A explicação dessa mudança é dada no terceiro volume de O Ca-
pital, que só apareceu após a morte de Marx. No intervalo, foi apontado
que toda a doutrina de que os valores de troca dependem do trabalho
incorporado nas mercadorias e do lucro do mais-trabalho não pago em
salários estava ameaçada pela ausência de qualquer correspondência
entre a taxa de lucro em um negócio e a razão entre o salário e suas
outras despesas; e Engels, em seu Prefácio ao segundo volume, se refe-
riu à crítica e desafiou o público a descobrir a solução de Marx.
Considerando que o argumento que Marx oferece como solução
falha totalmente em remover a dificuldade, não é de surpreender que
Engels tenha ficado insatisfeito com a resposta ao seu desafio. O
55
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
56
III- A INCONSISTÊNCIA ENTRE AS
CONSEQUÊNCIAS DA TEORIA DE
MARX E OS FATOS
NO último capítulo, nos esforçamos para expor a doutrina de
Marx, que afirma que o que determina os valores de troca das merca-
dorias é o trabalho despendido ao produzi-las, e que o capitalista obtém
seu lucro a partir da porção de valor criado por seus trabalhadores pela
qual ele não lhes paga de maneira equivalente.
Agora temos que perguntar até que ponto essa doutrina é verda-
deira. Vimos que o próprio Marx admitiu que certos fatos parecem, à
primeira vista, estar em conflito com ela. As mercadorias são, de fato,
trocadas na proporção do trabalho despendido em sua produção? E os
lucros dos capitalistas correspondem, de fato, às diferenças entre os va-
lores totais do trabalho de seus trabalhadores e os montantes que eles
pagam em forma de salários? Encontraremos como resposta um “não”
para ambas as perguntas.
É verdade que Marx oferece uma explicação para o fato de que
qualquer capitalista em particular obtém uma taxa de lucro que não é
determinada pelo mais-trabalho ou trabalho não pago que ele induz seus
próprios trabalhadores a exercer. Mas isso equivale a admitir que agora
ao menos os preços não estão em conformidade com sua lei do valor.
Poderia ser argumentado, assim como Marx alega, que os preços
originalmente estavam em conformidade com sua teoria; porém, ele não
consegue sustentar tal alegação. Também poderia ser argumentado que,
57
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
45
Ver abaixo, cap. iv.
46
Ver abaixo, ib. pp. 96-100.
58
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
47
Capital, III, p. 181.
48
É claro que, se um homem faz circular seu capital duas vezes por ano,
sua taxa anual de lucro será o dobro do que teria sido se ele o tivesse
circulado apenas uma vez. Mas a fonte de seu lucro ainda será a mesma;
se a taxa de lucro com uma única circulação for determinada pela com-
posição orgânica de seu capital, também o será com uma dupla circula-
ção; e, caso contrário, não.
59
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
49
Esta parte da doutrina é examinada abaixo, pp. 82-5.
60
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
Mas ele ainda preferirá investir seu capital em uma linha de ne-
gócios na qual as despesas necessárias com salários tenham a maior
proporção possível em relação às despesas necessárias com outras coi-
sas, como, por exemplo, na mineração de carvão, em vez de na fundi-
ção. Infelizmente, o capitalista não exibe tal preferência e, exceto na
medida em que acolhe positivamente as máquinas que economizam tra-
balho, é indiferente à composição orgânica de seu capital.
Marx explica que essa discrepância entre teoria e fato surge por-
que, sob a influência da concorrência, uma taxa média de lucro passa a
ser substituída por taxas que variam com a composição orgânica dos
capitais; de modo que as mercadorias, em vez de serem trocadas de
acordo com seus valores, passam a ser trocadas de acordo com seus
preços de produção.
Por preço de produção, ele se refere a um preço que restitui ao
capitalista o que foi gasto em materiais e instrumentos de produção,
bem como em salários, e que lhe rende, além disso, um lucro à taxa
média sobre seu capital total. Assim, suponha que com £1.000 um ca-
pitalista possa comprar couro, linha, pregos, maquinário etc., para 500
pares de botas, e pagar aos trabalhadores para fazê-las (presume-se, é
claro, nessa ilustração, que o maquinário é totalmente consumido na
produção dos 500 pares, ou apenas uma fração de seu custo é pago com
as £ 1.000, correspondente ao que é consumido de sua vida útil durante
a fabricação).
Suponha também que a taxa média de lucro seja de 10 por cento.
Em seguida, o preço de produção dos 500 pares de botas é de £1.100, e
o de cada, par 44 xelins: o preço de custo do lote é de £1.000 e o de
61
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
50
Capital, III, p. 189.
62
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
variáveis, sua teoria ainda poderia ser salva. Isso é o que ele professa
realizar. Diz Marx:
51
Ibid., III., p. 205.
63
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
52
Ibidem, pp. 207-8.
53
Marx não explica como essa compensação deve ser calculada; é claro
que não é mais realmente possível do que a redução das diferenças de
intensidade de prazer a diferenças de duração.
54
Capital, III, p. 207. É claro que eles não recebem salários, mas se esti-
vessem trabalhando para um empregador, receberiam salários que co-
brissem as necessidades básicas da vida, e é explicado que por salários
aqui se entende o valor dessas necessidades.
64
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
65
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
dizer até agora é que, se dois homens pensam que seus trabalhos são de
igual valor, eles trocarão quantidades iguais deles, conforme incorpora-
das no que executam ou produzem. Isso está muito longe de mostrar
que todas as mercadorias, em uma era pré-capitalista, seriam trocadas
de acordo com as quantidades de trabalho incorporadas nelas.
Mas suponha que os produtos tenham seu valor expresso em ter-
mos de uma medida comum, e assim sejam precificados; e Marx im-
plica que esse estágio tenha sido alcançado, quando ele diz que as pes-
soas teriam, em seus respectivos produtos, além do valor adicionado
por seu próprio trabalho,
55
Capital, III, p. 207; itálico meu.
66
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
eles consideram seu próprio trabalho como algo cujo valor deve ser me-
dido em termos de outra coisa.
O valor que Marx supõe que o tempo de trabalho confere ou cons-
titui é concebido por ele como algo absoluto, algo alojado em uma mer-
cadoria como a água poderia ser; de modo que uma troca de mercado-
rias que não ocorra de acordo com os trabalhos nela incorporados é ma-
nifestamente injusta, em desacordo com seus valores. Que todo o traba-
lho deve ser igualmente recompensado por tempos iguais é uma propo-
sição ética, que nem pode receber apoio de fatos econômicos, nem re-
solve qualquer problema econômico.
O próprio Marx não aceita tal proposição sem ressalvas, pois diz
que o trabalho não socialmente necessário não confere valor; um ho-
mem que executa um trabalho de forma mais demorada do que outro na
fabricação do mesmo artigo porque é desajeitado ou adere a métodos
antiquados não deve, ele pensa, por esse motivo, receber mais; embora
seu trabalho não deixe de ser trabalho por causa disso.
Mas que o valor na troca é “tempo de trabalho solidificado”, Marx
apresenta como uma verdade econômica, à qual ele dá uma aparência
de significado ético, tornando o valor algo intrínseco e, ao mesmo
tempo, expressando-o em dinheiro. Pois ele argumenta que se, depois
de eu ter trabalhado por um dia em algum material, o material adquiriu
um valor adicional expresso por 15 xelins, e eu recebo apenas 10 xelins,
alguém está me roubando um terço do valor que eu, ao depositar meu
trabalho no material, criei; enquanto, sob um sistema sistema pré-capi-
talista, eu não apenas, como agora, crio o valor, como também deveria
retê-lo todo.
67
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
56
Na teoria de Marx, valor e preço são heterogêneos: o valor é tempo de
trabalho congelado, o preço é uma quantia de dinheiro; e embora as
relações de preço devam concordar, e uma vez concordaram, com as
relações de valor, elas não precisam concordar, e agora não concordam.
No entanto, ele constantemente desliza em seu argumento de um para o
outro, ou fala como se conhecer um valor fosse o mesmo que conhecer
um preço. Assim, na p. 207, ele primeiro fala dos valores dos 'vários
instrumentos de trabalho e matérias-primas' de seus dois produtores di-
ferentes e, em seguida, de cada um tendo em seu produto um equiva-
lente ao preço de custo dos meios de produção consumidos 'por seu
trabalho', bem como quantidades iguais de novo valor criado por ele.
Aparentemente, não há consciência de que uma substituição importante
foi feita sem qualquer justificativa apresentada. E é claro que você não
pode realmente adicionar um valor e um preço a um total homogêneo,
se valor é o que Marx diz que é.
68
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
69
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
70
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
pagos, até que essa aproximação das taxas seja removida pela elevação
das deles também. 57
Isso ocorre porque eles acham que seu trabalho é mais valioso por
tempos iguais, não porque acham que ele contém, durante tempos
iguais, quantidades maiores de simples trabalho. É verdade que o sen-
timento igualitário às vezes opera para igualar as taxas horárias de sa-
lário; no entanto, essa influência de uma teoria do que deveria ser não
demonstra que originalmente era dessa forma, nem que realmente assim
deveria ser.
Contudo, pode-se insistir que a aparente desproporção, mesmo
em uma era pré-capitalista, entre as relações de troca, ou taxas de paga-
mento, e as quantidades de trabalho pagas ou incorporadas nas merca-
dorias trocadas, desapareceria, se reduzíssemos esses trabalhos qualita-
tivamente diferentes a termos de simples trabalho homogêneo.
Em resposta a isso, deve-se apontar, em primeiro lugar, que Marx
escreve como se a conformidade dos fatos com sua lei do valor fosse
clara sob um sistema pré-capitalista; e se tal conformidade é invisível
até que essa redução seja efetuada, isso não é verdade. E em segundo
lugar, como a redução deve ser efetuada? Por quais meios devemos de-
terminar quantas horas do trabalho simples de um fabricante de feixes
estão contidas em uma hora de trabalho de um entalhador ou marce-
neiro?
57 1
Cf. a história dos notórios 12 por cento de aumento em 1917.
2
71
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
Só podemos fazer isso a partir das diferentes somas que eles co-
bram pelo tempo ou adicionam por hora aos preços de custo dos mate-
riais em que trabalham. E determiná-las assim é, para Marx, argumentar
em um círculo. Pois ele tem que mostrar que as relações de troca ex-
pressas nos preços das coisas produzidas por trabalhadores independen-
tes são determinadas por seus valores no tempo de trabalho. Para mos-
trar isso, ele deve mostrar que tempos iguais de trabalho aplicados aos
materiais resultam em incrementos iguais em seus preços.
Para este fim, os trabalhos qualitativamente diferentes para os
quais isso não é verdadeiro devem ser reduzidos a quantidades quanti-
tativamente diferentes de trabalho de uma denominação comum. Mas
se usarmos os preços para fazer essa redução, primeiro assumimos que
as diferenças de preço expressam diferenças nas quantidades de traba-
lho homogêneo, a fim de mostrar que a quantidade ou duração desse
trabalho homogêneo é o que determina os preços.
Se, então, nunca houve um momento em que as mercadorias fos-
sem trocadas por seus ‘‘valores’’, e em que os lucros fossem proporci-
onais ao mais-trabalho, o suposto processo pelo qual as mercadorias
foram levadas à troca por seus preços de produção, e os lucros se torna-
ram proporcionais ao capital total, nunca poderia ter ocorrido. No en-
tanto, uma consideração do relato de Marx sobre o processo ilustrará
ainda mais a confusão em que sua teoria o mergulha.
Os preços de produção são tais que cobrirão os custos de produ-
ção e garantirão, além disso, uma taxa de lucro aproximadamente a
mesma para todas as esferas de produção, em vez de as taxas variarem
com a composição orgânica dos capitais em diferentes esferas.
72
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
58
Capital, III, p. 185. 'Os preços que surgem pelo cálculo da média das
várias taxas de lucro nas diferentes esferas de produção e adicionando
essa média aos preços de custo das diferentes esferas de produção, são
os preços de produção. Eles estão condicionados à existência de uma
taxa média de lucro, e isso, novamente, repousa na premissa de que as
taxas de lucro em todas as esferas de produção, consideradas por si só,
foram previamente reduzidas a tantas taxas médias de lucro'.
73
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
59
Ver nota, acima, p. 65.
60
Capital, III, p. 186. 'Essas diferentes taxas de lucro são equalizadas por
meio da concorrência em uma taxa geral de lucro, que é a média de
todas essas taxas especiais de lucro.’ [Itálicos meus].
61
Ver nota, acima, p. 65.
74
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
62
Capital, III, p. 186.
75
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
76
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
77
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
78
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
79
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
80
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
63
Capital, III, cap. iv (escrito por Engels), p. 90.
64
Ibidem, Ill, p. 213.
65
Ibidem, Ill, p. 218.
81
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
preço, e que pode haver vários preços diferentes nos quais o equilíbrio
pode ser alcançado, sendo que apenas um deles, em qualquer caso, pode
corresponder ao valor de mercado. Marx ignora isso.
A média que estabelece um único valor de mercado é efetuada,
segundo nos dizem, pela concorrência entre os produtores. Mas isso não
faz sentido. Uma média é determinada por meio da aritmética; e se os
valores individuais fossem conhecidos, ela poderia ser estabelecida sem
concorrência; caso contrário, não poderia ser resolvida de forma al-
guma.
Agora, os valores individuais não são conhecidos, sendo uma fun-
ção do tempo de trabalho incorporado em cada unidade de uma merca-
doria, que não é conhecido. E a concorrência só pode agir sobre os pre-
ços, não sobre os valores, e não necessariamente, quando a mesma mer-
cadoria é oferecida a preços diferentes, tende a substituir estes por sua
média.
Se houver mais compradores no preço mais alto do que o estoque
oferecido fornecerá, ela substituirá o preço mais alto; e se houver mais
vendedores prontos para aceitar o preço mais baixo do que a demanda
esgotará, ela substituirá o preço mais baixo; e o preço comum pode cair
em qualquer posição entre estes. A suposta explicação de Marx do
efeito da concorrência sobre os valores de mercado é, então, uma ex-
plicação imprecisa de seu efeito sobre os preços de mercado, que ela
unifica, mas não calcula a média.
Tendo dado esse relato impossível do estabelecimento de valores
de mercado únicos, em que o valor de mercado é realmente outro nome
para o preço de mercado, Marx passa a declarar as condições sob as
quais os preços de mercado corresponderão aproximadamente a esses
82
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
66
Capital, III, p. 209.
67
Capital, III, p. 229.
83
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
68
Ibidem, Ill, p. 228.
69
Ibidem, Ill, p. 228. Mas pode ser devido a outras causas, por exemplo,
diminuição do desperdício, a descoberta de um meio de utilizar subpro-
dutos ou corte de taxas salariais.
84
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
Esse processo não tem nada a ver com valores no tempo de traba-
lho, e o preço único não é alcançado pela média de valores individuais
ou preços individuais. Os valores individuais, calculados no tempo de
trabalho, ninguém leva em consideração; e os preços de mercado não
têm relação com eles; eles têm relação com a quantidade de trabalho
pela qual os salários devem ser pagos, mas isso é trabalho específico, e
o salário que o exigirá dependerá não de sua equivalência a uma quan-
tidade de simples trabalho homogêneo, mas dos padrões de vida atuais,
da demanda e da oferta, combinação e concorrência, mínima legislati-
vos e assim por diante.
Além disso, os preços individuais não são calculados em média
no preço do mercado único. Novamente, a descrição do processo pelo
qual os valores de mercado são substituídos pelos preços de produção é
algo que nunca ocorre; pois nunca houve um tempo em que os valores
de mercado existissem rendendo, em diferentes linhas de produção, lu-
cros proporcionais ao seu capital variável.
O movimento do capital de linhas de produção menos lucrativas
para linhas de produção mais lucrativas, que supostamente ‘‘transfor-
mam’’ os valores de mercado em preços de produção, é realmente ape-
nas a agência que mantém os preços de mercado próximos do custo de
produção; aqui, valor de mercado é outro nome para preço de mercado;
e quando mais tarde se diz que o chamado valor de mercado é o centro
para o qual os preços de mercado gravitam, é apenas outro nome para
preço de produção.
Além disso, se refletirmos, descobrimos que o processo de média,
que Marx supõe que a concorrência exerceu sobre os diferentes valores
de mercado, de modo a produzir preços que proporcionem uma taxa
85
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
70
Uma média das taxas de lucro é, naturalmente, inteligível; mas embora,
no início, Marx diga que a taxa uniforme de lucro é alcançada ‘‘calcu-
lando a média das várias taxas de lucro nas diferentes esferas de produ-
ção’’ (Capital, III, p. 185), em sua exposição subsequente, ele fala da
média dos valores de mercado.
86
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
71
Vide pp. 49, 50, acima.
87
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
a fonte de seu lucro, descobre, no entanto, que seu lucro é assim aumen-
tado.
Podemos examinar um pouco mais a solução oferecida para esta
última discrepância. A princípio, a solução dada, como vimos, é que ele
ainda obtém a parcela média do mais-valor, derivada do trabalho médio
em mercadorias do tipo que ele produz, e constituindo seu valor social
ou valor de mercado único.
Foi mostrado que essa concepção é insustentável; um capitalista
economizando na produção, seja em seu salário ou de outra forma, au-
menta seu lucro porque ele ainda vende ao preço do mercado único, que
não é uma personificação do tempo de trabalho médio. Mas no terceiro
volume Marx vai mais longe.
72
Capital, III, p. 201. Itálicos meus.
88
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
73
Agora não consigo encontrar minha fonte original para essa referência.
A crítica, no entanto, será encontrada totalmente desenvolvida em seu
Karl Marx and the Close of his System, E. T., pp. 68 sq. (T. Fisher
Unwin, 1898), uma obra que, lamento dizer, só veio ao meu conheci-
mento enquanto eu procurava minha fonte durante a revisão das provas.
89
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
74
Capital, III, pp. 211—12.
90
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
75
A crítica acima pode ser expressa de forma bastante geral. Seja M algo
que exibe quantidades variáveis de dois caracteres mensuráveis, A e B;
e haja qualquer número n de M 's; e sejam as quantidades agregadas dos
dois caracteres A e B em todos os M's x e y, respectivamente; então
haverá uma razão das quantidades médias de A e B neles e, claro, uma
𝑥𝑥 𝑦𝑦
única razão, a saber, ; . Mas as proporções das quantidades particu-
𝑛𝑛 𝑛𝑛
lares de A e B podem, no entanto, ser diferentes para cada M. Assim,
seja M uma mercadoria, e n, o número de mercadorias, seja 4; seja A
lucro e B mais-valor; e seja x o lucro agregado, e y o mais-valor agre-
gada, nas 4 mercadorias. Segue-se que a razão entre o lucro médio e o
𝑥𝑥 𝑦𝑦
mais-valor médio será : ; e se x=y, o lucro médio será igual ao mais-
4 4
valor médio (embora, obviamente, a razão de x para y não tenha nada a
ver com a unicidade da razão média). Mas as quantias particulares de
lucro em cada uma das 4 mercadorias podem estar relacionadas como
2 3 7 13
, , , ; enquanto as quantias particulares correspondentes do
25 25 25 25
1 5 8 11
mais-valor nelas podem estar relacionadas , , , ; e as razões de
25 25 25 25
lucro para mais-valor nas várias mercadorias, a saber, 2:1, 3:5, 7:8,
13:11, são todos desiguais para a razão x: y dos agregados e entre si.
91
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
devemos então ter boas razões para suspeitar de uma conexão entre os
dois elementos.
Ou novamente, quando temos que tomar uma ação em relação a
um número de indivíduos, que se baseia em algum elemento presente
em todos, mas presente em força ou magnitude variável, então, onde os
efeitos de erros contrários se neutralizarão, um conhecimento da força
ou magnitude média desse elemento pode servir em vez de um conhe-
cimento dos detalhes de cada caso.
Assim, uma empresa de seguros de vida pode agir com segurança
com base no conhecimento da expectativa média de vida de seus clien-
tes em cada idade; embora para um segurador, interessado apenas em
seu próprio caso, o problema seja diferente; se ele quiser saber se fará
um bom negócio assegurando sua vida, ele deve saber quanto tempo ele
mesmo viverá.
Mas onde nenhuma dessas condições é realizada — em que nem
diferentes médias sejam tomadas para grupos distintos, nem que, se
uma única média for tomada, os efeitos de erros contrários se neutrali-
zam — uma média é inútil. Um oculista que prescrevesse para todos os
seus pacientes óculos adequados ao desvio míope médio beneficiaria
muito poucos deles; e um engenheiro de irrigação que construísse seus
reservatórios e comportas para se adequar à precipitação média seria
inútil. E muito menos, se eu quiser provar uma conexão entre dois ele-
mentos ao longo de suas flutuações em uma série de casos individuais,
posso fazer qualquer coisa encontrando as médias de cada elemento
para toda a série.
Entretanto, Marx não parece entender os limites adequados para
o uso do apelo às médias. Ele a usa indevidamente não apenas no caso
92
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
93
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
76
Na verdade, não é necessário haver nenhum par de botas nas quais tenha
sido colocado precisamente o número médio de horas de trabalho por
par.
94
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
95
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
Assim, como foi dito acima 77, a ressalva de que o trabalho que
constitui o valor de um artigo é o trabalho socialmente necessário nele
é irreconciliável com a doutrina principal. Para evitar a contradição que
estaria envolvida em dizer que é injusto fazer o comprador pagar o
preço justo de um artigo, Marx modifica a doutrina de um valor criado
pelo trabalho por uma qualificação baseada em uma concepção confli-
tante. Se o valor surge do trabalho incorporado, a demanda não pode
afetar o verdadeiro valor.
Poderia ser dito por aqueles preparados para admitir um elemento
de verdade em ambos os apelos, tanto do produtor que vende quanto do
desejante que compra, que o único sistema sob o qual ambos podem ser
satisfeitos é o comunista. Marx observa, em outra conexão 78, que so-
mente quando a sociedade pré-arranja e controla a produção, a quanti-
dade de tempo de trabalho social empregado na produção de um deter-
minado artigo será ajustada à demanda da sociedade por esse artigo.
Se o controle da produção estivesse nas mãos da sociedade — o
que significa, na prática, que ela esteja nas mãos de alguns funcionários
agindo em nome de toda a comunidade — e se o mesmo Tesouro que
pagou os custos de toda a produção recebesse o produto de todas as
vendas, os fabricantes de botas poderiam ser pagos a taxas diferentes
por par, de acordo com a quantidade de tempo que gastaram em fazê-
las, enquanto as botas eram vendidas a um preço médio para cada qua-
lidade.
77
Ch. II, p. 43, n. 1.
78
Capital, III, p. 221.
96
A Inconsistência entre as Consequências da Teoria de Marx e os Fatos
97
IV- TRABALHO HUMANO HOMOGÊNEO
O empreendimento de uma teoria é explicar os fatos observados,
e nenhuma teoria pode ser verdadeira ao mesmo tempo em que impli-
que consequências em conflito com os fatos. Para salvá-la, deve-se
mostrar que os fatos não são tal como alegados, ou que o argumento
que deduz as consequências conflitantes é defeituoso. Caso contrário, a
teoria deve ser modificada ou abandonada.
A teoria newtoniana da gravitação foi modificada, e até mesmo
os axiomas de Euclides foram abandonados por alguns, em obediência
a esse princípio lógico. Agora não podemos questionar os fatos cuja
discrepância com as consequências implicadas pela teoria de Marx foi
apontada no final do Capítulo II; e, como vimos no Capítulo III, ele não
consegue mostrar que sua teoria não implica essas consequências, e
suas tentativas de modificá-la não são consistentes com ela. O que, en-
tão, devemos fazer além de abandoná-la?
Não chegamos, no entanto, ao fim do erro e da confusão envolvi-
dos nele e, portanto, devemos um exame mais aprofundado. As dificul-
dades envolvidas em tornar o trabalho que confere valor a um artigo o
trabalho socialmente necessário são grandes, mas aquelas que cercam a
concepção de trabalho humano homogêneo são maiores. Em seu es-
forço para apoiar essa concepção, Marx argumenta de forma circular;
ele faz um apelo a fatos que os fatos rejeitam; e a redução dos diferentes
tipos de trabalho específico a trabalho humano homogêneo é viciosa em
princípio.
99
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
79
Acima, p. 64.
80
Capital, I, pp. 11-12.
100
Trabalho Humano Homogêneo
81
Capital, I, p. 44.
101
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
82
Ibid., I, p. 45. Itálicos meus.
102
Trabalho Humano Homogêneo
103
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
104
Trabalho Humano Homogêneo
105
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
106
Trabalho Humano Homogêneo
107
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
Portanto:
83
Capital, I, p. 179.
84
Marx assimila a educação do trabalhador, como o custo de produção de
seu trabalho, ao custo de implementos, materiais e salários na produção
de uma mercadoria. Mas o trabalhador formado pode colocar seu pró-
prio preço em seus serviços; a mercadoria acabada não pode; embora o
proprietário dela às vezes possa colocar um preço à parte de toda rela-
ção com o custo de produzi-la.
108
Trabalho Humano Homogêneo
109
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
85
Capital, I, pp. 4, 5.
110
Trabalho Humano Homogêneo
86
Ibidem, I, p. 5.
87
Ibid., p. 44; cf. acima, p. 88.
111
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
112
Trabalho Humano Homogêneo
113
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
114
Trabalho Humano Homogêneo
115
V- A RELATIVIDADE INDIVIDUAL DO
TRABALHO
Encontramos razões para pensar que a equação dos trabalhos qua-
litativamente diferentes, em vez de ser pressuposta pela fixação de seus
respectivos preços, é efetuada através dela. Nesse caso, não precisa ha-
ver um elemento comum em todas as mercadorias para que os preços
sejam medidos, como Marx concebeu o trabalho humano homogêneo
nelas incorporado.
Os preços em si certamente não são assim; e se sendo trocados
em certas quantidades definidas um contra o outro, ou, mais comu-
mente, sendo precificados os produtos se tornam mercadorias, isto é,
em coisas com valores de troca, nenhum elemento comum neles será
necessário. Marx, no entanto, argumenta o contrário. 88
Porque eu posso equiparar em troca quaisquer duas mercadorias,
deve haver, ele pensa, alguma medida comum; esta não pode ser o di-
nheiro, uma vez que a troca de mercadorias é possível sem usar o di-
nheiro como medida de suas relações; portanto, deve ser algo igual em
todos eles, e para isso ele recorre ao trabalho. Mas há um erro nesse
argumento de algum interesse filosófico geral. Supõe-se que nenhuma
escolha é possível entre as coisas na medida em que elas são heterogê-
neas; que se eu prefiro a ao invés de b, isso só pode ser porque a contém
mais de algo igual em ambos.
88
Capital I, p. 3.
117
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
89
E.g., Dr. H. Rashdall, Theory of Good and Evil.
118
A Relatividade Individual do Trabalho
quanto em todas essas coisas; o que certamente não poderia ser o traba-
lho.
Se é dito que, em última análise, encontraremos, envolvida, uma
consideração sobre como obter a maior quantidade de prazer, ou de al-
gum bem homogêneo, ao menos esse bem homogêneo não será intrín-
seco a todas as mercadorias. Possuí-los pode ser um meio de obter mais
dele; mas a noção de que o fato de serem preferidos e adiados um contra
o outro exige algo igual neles é uma mera ilusão.
Na determinação desse problema mais amplo, podemos começar
considerando a escolha entre prazeres. Argumenta-se que, a menos que
os prazeres sejam homogêneos, e a diferença seja de quantidade, não
podemos afirmar que achamos, ou esperamos achar, uma coisa mais
agradável do que outra.
Mas, se eu me pergunto o que quero dizer ao dizer que uma é mais
agradável que a outra, descubro que posso querer dizer que o prazer
proporcionado por uma é mais intenso do que o proporcionado pela ou-
tra, ou simplesmente que eu o prefiro; e posso preferi-lo por algum ou-
tro motivo que não seja o de ser do mesmo tipo, mas mais intenso.
Aqueles que questionam isso o fazem porque acham que deve ha-
ver um motivo para minha preferência; e nesse ponto, eles pensam cor-
retamente. Mas o erro deles é pensar que precisa haver algum outro
motivo para preferir A a B, além de que um é A e o outro é B.
Mesmo quando as alternativas são do mesmo tipo, como quando
alguém diz que prefere carne bovina a carne de carneiro, é suficiente
que uma tenha um gosto para ele, e a outra tenha outro gosto. Mesmo
no sentido de “prazer” em que ele se refere a um certo tipo de sensação,
119
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
120
A Relatividade Individual do Trabalho
121
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
122
A Relatividade Individual do Trabalho
123
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
90
Cf., supra, p. 13
124
A Relatividade Individual do Trabalho
parece melhor dizer que o que tem valor de troca deve satisfazer uma
necessidade, do que dizer que servir a um uso.
Mas o que se quer dizer por ter valor de uso é satisfazer uma von-
tade; e Marx admite que as mercadorias devem ter valor de uso se qui-
serem ter valor de troca. Aquecedores de cama caíram em desuso; mas
se as pessoas ainda os compram para pendurá-los ociosamente em uma
parede, eles retêm um uso no sentido econômico. E se olharmos para a
vontade sentida por uma coisa, não para o que terceiros podem julgar
ser a importância dos serviços que a coisa prestará, veremos por que às
vezes ocorrem trocas que a maioria das pessoas considera tolas.
Marx em toda parte leva muito pouco em consideração a influên-
cia da vontade ou dos desejos das pessoas. Ele de fato a admite, como
quando diz que relações incomuns de oferta e demanda farão com que
os preços de mercado divirjam dos valores de mercado, e de fato modi-
fiquem a relação entre valor de mercado e valores individuais. Mas ele
não reconhece seu papel completo. Caso contrário, ele não diria que as
mercadorias, como valores de troca, não contêm um átomo de valor de
uso. 91
Podemos abstrair tanto quanto quisermos de uma consideração
dos serviços particulares que um aquecedor de cama providenciará–
seja aquecer uma cama, ou adornar uma parede, ou hipnotizar a pessoa
que olha para ele; mas não podemos, se vamos explicar seu valor, abs-
trair-nos do fato de que ele é desejado, e que ele tem uma utilidade que
91
Capital, I, p. 4.
125
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
126
A Relatividade Individual do Trabalho
“ser uma fonte não somente de valor, mas de mais valor do que
ele mesmo possui”, 92
ou que
92
Capital, I, p. 175.
93
Vide Engels no Prefácio ao Vol. II de Capital, p. 20.
94
Ibid., p, 174.
127
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
95
Nicomachean Ethics, V., v. 11, 1133a, 26-8.
128
A Relatividade Individual do Trabalho
129
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
96
E, portanto, entre elas a relação de desejos consistindo no fato de que A
e C, cada um por si, e não sendo guiados por preços outrora fixados,
ficariam igualmente contentes em trocar ¼ de libra de pão por ½ lata de
cerveja.
130
A Relatividade Individual do Trabalho
131
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
132
A Relatividade Individual do Trabalho
base o pão custava 6d. por quarto (4 libras), o bacon 9d. por libra e o
açúcar 4,5d. por libra; e que na nova data eles subiram para 1s., 2s. 3d.
e 6d., respectivamente. Então, o pão subiu 100%, o bacon 200%, o açú-
car 33,3%, e a média de aumento é de 111,1%.
Mas, para fins práticos, devemos considerar não apenas a taxa de
aumento em cada mercadoria, mas as quantidades relativas sobre as
quais cada taxa atua; e se 4 libras de pão, 1 libra de bacon e 1 libra de
açúcar receberem peso igual na determinação do índice numérico, o au-
mento total será de 116%, e o novo índice numérico será 216, ou seja,
as mesmas mercadorias custarão 2,16 vezes o que custavam antes, e o
poder de compra de £1 será apenas £0,46 ou 46,29% do que era. Mas a
mudança real no poder de compra do dinheiro para cada pessoa depen-
derá de suas necessidades.
Se dois homens, A e B, na data base tivessem cada um uma renda
de £1 por semana e a gastassem da seguinte forma:
A:
qt Produto s
d. . .
2 Quartos de pão
9,5 4
6 Libras de bacon 4
133
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
2 Libras de açúcar
B:
qt Produto s
d. . .
3 Quartos de pão
4 7
3, Libras de bacon 2
5 ,5
1 Libra de açúcar
,5
134
A Relatividade Individual do Trabalho
135
VI- A ILUSÃO DOS VALORES
ABSOLUTOS
Vimos que as coisas têm valor porque as pessoas as desejam; isso,
e não o trabalho nelas, é o fato fundamental; e como diferentes pessoas
desejam coisas diferentes e desejam as mesmas coisas em ordens de
preferência diferentes, não existe valor absoluto. A ilusão de que existe
surge da expressão das relações de valor em preços em dinheiro, e da
fixação de um único preço para as diversas partes iguais do estoque de
qualquer mercadoria em um mercado, sob a influência da competição
entre compradores e vendedores.
Se olharmos um pouco mais de perto o processo pelo qual não o
valor real, mas o poder de compra das coisas é fixado, estaremos em
uma posição melhor para abordar uma pergunta que até agora não fize-
mos, ou seja, como os fatos sobre o valor se relacionam com conside-
rações de justiça e injustiça.
Pode ser útil lembrar que, quando se diz que a vontade gera valor,
algo específico é entendido pela palavra "vontade" que só existe quando
alguém a sente. Dizemos, de fato, que um campo precisa de adubo; mas
esse fato não conferiria valor ao adubo, a menos que alguém desejasse
as colheitas que não poderiam ser cultivadas sem ele. O poder das ne-
cessidades dos homens em gerar valor nas coisas desejadas também não
é afetado pela convicção de outros homens de que essas coisas não são
necessárias, mesmo para aqueles que as desejam.
Da mesma forma, um artigo não adquire valor por seu poder de
satisfazer as necessidades dos homens, mesmo aquelas que desejam
137
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
138
A Ilusão dos Valores Absolutos
Suas propriedades podem permitir que ela faça isso de duas ma-
neiras, seja diretamente e imediatamente, como um fogo nos aquece,
seja indiretamente e mediatamente, como o carvão faz fogo. No pri-
meiro caso, pode parecer indiferente se dizemos que uma coisa é valiosa
por causa de sua qualidade específica ou porque satisfaz uma vontade;
já que a qualidade em questão é precisamente aquela que satisfaz à von-
tade, podemos dizer tanto que a qualidade da coisa quanto que a vontade
pela coisa é o que lhe dá valor.
No segundo caso, a vontade por outra coisa confere valor à coisa,
mas apenas criando uma vontade dela como meio para a outra; de modo
que o sentimento de vontade das pessoas é, novamente, o fato funda-
mental. Falamos de maneira perfeitamente correta quando dizemos que
uma pessoa "atribui valor" a uma coisa.
Como então, diante da variedade infinita das avaliações que dife-
rentes pessoas fazem da importância relativa para elas de coisas dife-
rentes, elas chegam a supor que as coisas têm um valor absoluto, ou
“real”? As razões parecem ser em parte econômicas, mas também em
parte morais. Podemos tratar primeiro das últimas.
97
Capital, I, p. 1.
139
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
140
A Ilusão dos Valores Absolutos
98
Cf., Böhm-Bawerk, Positive Theory of Capital, L. III, cap. ii.
141
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
ele poderia ter comprado com ela, por exemplo, sua comida para a se-
mana; mas da coisa da qual ele teria que abrir mão por estar privado
dela, e isso pode, mas não precisa, ser a mesma coisa.
E assim, um copo de água, onde outro pode ser obtido sem es-
forço, não tem valor, embora o saciar da sede tenha; e a porção de en-
sopado que Jacó deu a Esaú não tinha valor para Jacó. O valor que uma
coisa deriva não da importância do desejo que ela é usada para satisfa-
zer, mas daquele que ficaria insatisfeito sem ela, é chamado pelos eco-
nomistas de 'valor marginal'; e em uma barganha difícil, os valores mar-
ginais das coisas trocadas são muito diferentes.
Novamente (2), poderia ser dito que princípios muito diferentes
se aplicam na troca ou venda de algo especial e favorito, como um qua-
dro ou um livro raro, e na produção em massa para o mercado. Se um
homem quer o primeiro, posso razoavelmente recusar-me a dá-lo a me-
nos que ele ofereça um preço que me seduza, seja dinheiro ou alguma
outra coisa; e o que eu dei por ele, ou o tempo que levei para pintar ou
escrever, não é relevante.
Mas quando os homens fabricam coisas diferentes em massa com
o objetivo de trocá-las, eles esperam obter um retorno ou recompensa
por seu trabalho; e se o retorno de cada homem pela contribuição que
ele faz à vida econômica da sociedade estivesse sujeito a todas as chan-
ces incalculáveis de barganhas sem preços fixos, eles não aceitariam de
bom grado o sistema. O valor é, afinal, como Marx o chamou, um fato
social.
Supondo que cada pessoa produza principalmente para si mesmo,
e que a troca seja apenas um incidente ocasional, as pessoas acumula-
riam, no geral, coisas úteis proporcionalmente a sua habilidade e
142
A Ilusão dos Valores Absolutos
143
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
99
Essa regra será escrutinada em seguida, pp. 155[adequar a esta edição]
et seq.
144
A Ilusão dos Valores Absolutos
100
Cf., para págs. 124-8[adequar a esta edição], Böhm-Bawerk, Positive
Theory of Capital, L. IV, cap. Iv.
145
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
limite inferior para o qual o preço pode se deslocar será a cifra do ven-
dedor disposto a aceitar a menor quantia.
Se o estoque dele for tudo o que o comprador quer, o preço ficará
entre a cifra dele (que ele não revelará, é claro, esperando por um preço
melhor) e a do vendedor cujo mínimo está imediatamente acima do dele.
Onde exatamente o preço ficará entre esses limites dependerá da habi-
lidade de barganha das partes.
Mas se o comprador quiser todo o estoque no mercado, a menos
que ele possa dividir suas negociações e fechar com os vendedores me-
nos exigentes antes que saibam que ele vai comprar o restante, ele terá
que pagar por tudo, se não for seu máximo particular, pelo menos o mí-
nimo particular mais alto de qualquer um dos vendedores de quem ele
compra. Pois por que os outros, que estavam dispostos a aceitar menos
se necessário, o fariam quando não é necessário? O comprador mostrou
que pagará a cifra mais alta, e eles farão com que ele a pague a eles.
Da mesma forma, quando há muitos compradores e apenas um
vendedor, se o vendedor não tiver mais para vender do que deseja o
comprador que está disposto a pagar mais que os outros, ele poderá ob-
ter um preço entre o máximo particular desse comprador e o do próximo
licitante mais alto.
Mas se a demanda total não exceder o estoque oferecido, a menos
que cada negociação possa ser mantida sem influência do restante, ele
não obterá um preço mais alto do que o mínimo dos máximos particu-
lares dos compradores. Pois por que qualquer outro comprador daria
mais, mesmo que estivesse preparado para fazê-lo, se souber que o ven-
dedor preferiria aceitar essa cifra a não vender?
146
A Ilusão dos Valores Absolutos
£ £
147
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
P2 65 E2 60
P3 75 E3 63
P4 80 E4 70
E5 78
E6 85
148
A Ilusão dos Valores Absolutos
149
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
150
A Ilusão dos Valores Absolutos
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
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A Ilusão dos Valores Absolutos
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
154
A Ilusão dos Valores Absolutos
155
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
101
Böhm-Bawerk, Positive Theory of Capital, L. III, cap. I.
156
A Ilusão dos Valores Absolutos
157
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
158
A Ilusão dos Valores Absolutos
102
Lucro aqui significa lucro de gerenciamento, não o lucro do acionista
dorminhoco que só empresta capital; embora seja verdade que há taxa
de lucro aqui também, variando de acordo com os riscos envolvidos,
sobre os quais o homem não será tentado a poupar seu dinheiro para
empreendimentos produtivos.
159
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
160
A Ilusão dos Valores Absolutos
161
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
162
A Ilusão dos Valores Absolutos
103
E.g., Marshall, Principles of Economics, L. V, cap. II, §1 (4th ed, p.
408).
104
Não há necessidade de proporção constante entre as forças dos diferen-
tes desejos e os graus de satisfação sentidos quando eles são supridos.
Mas é mais o grau de satisfação antecipado àquele finalmente realizado
que determina que sacrifício deve ser feito para suprir um desejo; e se
ele realizado se prova menos que o que é antecipado, menos sacrifício
seria feito outra vez. A desproporção, portanto, deve ser ignorada em
uma visão geral.
163
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
105
Os homens querem fazer, bem como ter. A importância desse fato é
bem insistida por John Grote, em seu Treatise on the Moral Ideals; ele
chama o desejo de fazer coisas de “atuação” [acturience].
164
A Ilusão dos Valores Absolutos
106
Veja Hobbes, Leviathan, cap. XV.
165
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
166
A Ilusão dos Valores Absolutos
correlação necessária entre o grau de seu desejo pelo que ela obtém na
troca e o grau de seu sacrifício ao dar o que ela dá; e ainda menos entre
o grau de sacrifício que um homem faz ao abrir mão de uma coisa e a
intensidade do desejo que outro satisfaz ao obtê-la.
Considere a relação entre o grau em que um homem quer o que
obtém, ao fazer uma troca, e o grau do sacrifício feito por ele para obtê-
lo; é claro que nas compras no varejo ele não precisa pensar, ao comprar
o que quer, que sacrifício faz gastando o dinheiro com o qual poderia,
de outra forma, ter satisfeito algum outro desejo; os homens nem sem-
pre gastam seu dinheiro com um olho atento para satisfações marginais.
E nas transações no atacado mais cuidadosamente pesadas dos grandes
negócios, uma parte geralmente estaria preparada para aceitar menos ou
pagar mais do que o preço acordado. Isso não passa de dizer novamente
que os valores não são absolutos.
Desde que não haveria valores de troca se as coisas trocadas não
fossem desejadas, em alguma medida ou por alguma razão, por ambas
as partes, e desde que renunciar ao que se deseja é sacrifício, sacrifício
e satisfação ambos existem para ambas as partes e são ambos insepará-
veis do valor.
Mas a satisfação obtida por qualquer das partes no que ela obtém
e o sacrifício feito por essa parte no que ela dá não precisam ter uma
relação fixa; apenas o sacrifício que ela faria ao abrir mão do que ela
obtém e a satisfação que ela ganha ao obtê-lo, o sacrifício que ela faz
ao abrir mão do que ela dá e o desejo que ela satisfaria ao retê-lo, têm
tal relação fixa e podem ser considerados como lados opostos do mesmo
fato; e mesmo aqui a satisfação do desejo é a concepção anterior; não
haveria sacrifício se a coisa não satisfizesse nenhum desejo.
167
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
168
A Ilusão dos Valores Absolutos
169
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
107
Assumiu-se no argumento anterior que em toda troca há tanto sacrifício
quanto satisfação em ambos os lados. Mas seria isso necessário? Se um
milionário não faz sacrifício algum quando ele dá meia-coroa a uma
pedinte, faria ele algum caso ele a usasse para comprar um cigarro? E
se eu vender a um colecionador uma foto que eu estava para jogar fora,
faço eu algum sacrifício?
Na medida em que os homens querem mais do que eles possuem, a
resposta é sim. No exemplo da foto, embora, na medida em que eu a
considero sem valor, eu não a queria, e não devo ter feito sacrifício al-
gum em partilhá-la, ainda se eu quisesse mais que eu possuo, eu qui-
sesse dinheiro, que dá poder para satisfazer desejos por outras coisas;
portanto a descoberta de que dinheiro poderia ser ganho pela foto criou
um desejo dela. Tornou-se, portanto, um sacrifício partilhar do que eu
agora soube que poderia assegurar-me alguma satisfação dos meus de-
sejos; embora eu não contemplasse sacrifício algum ao jogá-la fora, na
medida em que eu pensava que eu não poderia conseguir coisa alguma
com ela.
Mas um homem sempre e necessariamente quer mais do que possui?
Há homens cujos desejos por riqueza não são ilimitados. Aristóteles,
em uma passagem da Política que, diga o que quiserem os economistas
sobre a economia presente na obra, mostra profunda inteligência nas
170
questões morais que tocam a economia, ensina que a riqueza possui um
limite natural; é uma suficiência, ou completa quantidade, de instru-
mentos para uso doméstico e do estado (órgánan plêthos oìkonomikôn
kaì politikôn, Pol. I, viii. 15, 1256b 36). Mas ele admite também que os
homens concebem um desejo ilimitado pelo que eles chamam de ri-
queza, i.e., não pelos instrumentos eu eles requerem para uso doméstico
ou do estado, viver o tipo de vida que mais a pena vale viver, mas pelo
dinheiro, que comprará aqueles instrumentos, considerado em si mesmo
e não em relação ao custo da riqueza já definida, não há limite natural
Há um sentido no qual todo homem está insaciado; daquilo que ele
pensa ser absolutamente bom não há medida exagerada. E se ele pensa
que esse bem consiste nas coisas que o dinheiro comprará, e assim (em
virtude delas) no dinheiro, não haverá limite em seu desejo por dinheiro.
Ele então pode ser dito, independente do quanto ele possua, que faz
algum sacrifício em abdicar dele na quantidade que for.
Ainda assim o sacrifício pode ser inapreciável. E se um homem rico
não pensa que o que é bom para ele resida no possuir ilimitado, ele não
fará sacrifício algum em partilhar sua superfluidade, exceto na medida
em que o uso do dinheiro para ajudar alguém cause que ele pro tanto
reduza seu poder de ajudar os outros. Isso, também, é algum sacrifício,
mas pode também ser inapreciável; e em questões de prática, o que é
inapreciável deve ser tratado como nil. Digamos então que não há, em
toda troca, tanto sacrifício quanto satisfação em ambos os lados. A co-
nexão do valor de troca com o sacrifício, todavia, não é, por isso, abo-
lida. Pois se não o é para o homem que rende algo, para o homem que
recebe o que é rendido, o que é rendido tem valor; de outro modo ele
não teria dado coisa alguma pela coisa; e assim ele ao menos faria um
sacrifício em partilhá-la. Que uma coisa deva ser tal de modo que os
homens na maioria das vezes fariam um sacrifício em rendê-la, à me-
dida em que na maioria das vezes os homens a desejariam, é suficiente
171
para ela ter valor de troca. Os casos excepcionais seriam extremos ou
casos limitantes da relatividade individual do valor, no qual a coisa está
tão relacionada com a pessoa que para ela o valor dela desaparece.
172
VII- UM POUCO DE MORALIDADE E
UMA CONCLUSÃO
173
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
174
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
175
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
176
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
178
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
179
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
de acordo com ela os casos que ela abrange. Mas não podemos deduzir
dessa fórmula que homens e mulheres, ao desempenharem o mesmo
trabalho, devem ser igualmente remunerados, ou que todo adulto deve
ter um voto e nada mais. Essas podem ser boas ou más regras. Se ou
onde são boas, devemos adotá-las; e se as adotamos, é injusto aplicá-
las de maneira desigual. Mas o que não é uma violação de uma regra
que deve ser seguida não é injusto.
Se tudo isso é verdade, um preço ou salário não é injusto onde
nenhuma não se pode apresentar uma regra que ela infrinja. E, na au-
sência de acordos ou decretos definitivos, não podemos produzir uma
regra de aplicação universal, à qual os pagamentos de salários devem
se conformar.
Que um salário deve conter, ou comprar o que contém, uma quan-
tidade de trabalho igual àquele pelo qual é pago, é uma regra que, em-
bora implícita pela teoria de Marx, não pode ser defendida com sucesso.
Que deve ser um salário pelo qual se possa viver é uma regra de inter-
pretação duvidosa; e quando foi interpretada em termos de dinheiro,
teremos um valor inferior ao que o trabalho de alguns homens vale e
superior ao que o trabalho de outros homens economicamente valem.
Como pode ser injusto não pagar a um homem por seu trabalho o
que seu trabalho não vale? Se, apesar desse fato, ele deveria ter o di-
nheiro, não se pode dizer que deveria ser dado a ele por um empregador
que estará no prejuízo ao dá-lo; será a comunidade que é responsável, e
o pagamento então deixará de ser um salário.
Pode, de fato, ser dito que a comunidade é realmente responsável;
que todos somos parceiros na tarefa social total de produção ou, se al-
guns de nós estão atualmente ociosos, pelo menos todos deveríamos
180
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
181
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
si mesma, requer uma regra. Qual será a nossa regra, como ela será
aplicada e quais serão os efeitos de aplicá-la? Se, porque todos somos
parceiros na tarefa, devemos compartilhar o produto igualmente, deve
haver uma autoridade central para a qual o controle do produto passa e
que ordena sua distribuição. Mas as pessoas ficarão satisfeitas com a
regra da distribuição igual? O Sr. G. D. H. Cole é a favor dela.
Que o trabalho por peça, ou “pagamento por resultados, possui
uma equidade superior ao trabalho por tempo, em que realmente garante
que um trabalhador que produz mais receberá mais dinheiro”, parece-
lhe “pura moralidade capitalista. Por que”, pergunta ele, “um homem
que produz mais deveria ser pago mais?
É verdade que os trabalhadores às vezes concordaram que o que
eles querem é uma parcela maior na riqueza que produzem, e a elimi-
nação da mais-valia atualmente embolsada pelo capitalista tem sido
confundida com a apropriação dessa mais-valia por cada trabalhador
produtivo individual ou grupo de trabalhadores. Mas certamente o que
buscamos não é que cada homem assegure integralmente o fruto de seu
próprio trabalho, mas que os frutos do trabalho comum sejam equitati-
vamente compartilhados por todos.
O argumento de Bernard Shaw pela igualdade de renda parece ao
presente escritor ser convincente quando claramente compreendido.
Muitas vezes é mal-entendido e descrito erroneamente como um apelo
à igualdade de ‘remuneração’, enquanto todo o ponto de Bernard Shaw
é que a ideia de remuneração é em si errada, que as pessoas não deve-
riam ser remuneradas pelo trabalho que fazem, mas deveriam ter asse-
gurada uma renda por meio de sua cidadania ou em virtude do fato de
que são seres humanos. A igualdade de renda (não remuneração) não é,
182
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
108
The Payment of Wages, pp. 112-13, Fabian Research Dept., 1919.
109
The Right to the Whole Produce of Labour, E.T., p. 160.
183
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
184
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
185
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
186
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
187
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
110
The Times, 15 de set., 1913.
188
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
111
The Times, I, junho de 1921.
189
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
190
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
Mas ele logo descobriu que agora tinha duas regras que poderiam
entrar em conflito em sua aplicação; pois (supondo que possamos con-
siderar de maneira inteligente as felicidades desfrutadas pelos vários
membros de uma sociedade como um agregado, capaz de ser aumen-
tado ou diminuído), poderíamos aumentar concebivelmente a felicidade
agregada atendendo aos interesses de um número menor. Devemos nos
importar mais em aumentar o total ou equalizar o dividendo?
“Igualdade de oportunidades” é outro princípio sugerido. É im-
possível que esse ideal seja completamente realizado em uma sociedade
grande e complicada por meio de quaisquer medidas que não envolvam
tirar todas as crianças de suas casas e criá-las juntas em creches e insti-
tuições estatais. Mas vamos assumir que algo menos que isso é o que é
pretendido; até que idade as oportunidades fornecidas devem ser iguais?
E após essa idade, as pessoas devem arcar com as consequências de
suas ações e erros? Se assim for, as forças econômicas se imporão como
fazem agora.
Ou diremos que os homens devem ser recompensados proporcio-
nalmente à sua capacidade, ou à necessidade dos outros de seus servi-
ços? Disse o Sr. James Larkin a um modelador durante o interrogatório,
na época da Greve dos Docas de Dublin
191
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
192
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
para isso; 112 ainda assim, ser igualmente indispensável não é ser igual.
E mesmo que fosse, o apelo à indispensabilidade, como fundamento
para exigir um certo salário ou pagamento, é um apelo à necessidade
dos serviços prestados; e nós realmente voltamos ao modo de determi-
nar o valor econômico, pelo qual estávamos tentando substituir algo
melhor.
Esse modo prevaleceu não apenas desde a revolução industrial,
mas onde quer que tenha havido mercados e trocas livres. Ele nasce das
valorações que os homens atribuem a coisas diferentes, e estas não são
justas nem injustas. Ele funciona sem propósito, mas não sem leis.
Ele não resulta em uma distribuição de renda igual aos valores
que cada indivíduo cria, mas não deve ser condenado por isso; pois é
impróprio falar do valor que cada indivíduo cria, uma vez que o valor é
criado principalmente pelo desejo sentido por coisas, não pelo trabalho
gasto nelas; e embora os trabalhos das pessoas, assim como as opera-
ções da natureza, geralmente sejam necessários para tornar as coisas
como no que queremos que sejam, geralmente é impossível estimar
quantitativamente a parcela de qualquer trabalhador na produção das
mudanças físicas que contribuem para a existência de um produto ter-
minado.
Se condenarmos, então, esse modo de determinação do valor eco-
nômico, deve ser por alguma outra falha em sua influência sobre a dis-
tribuição de renda do que sua incapacidade de realizar a tarefa
112
E, portanto, é impossível dizer qual é o produto total de qualquer traba-
lho humano na indústria moderna.
193
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
194
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
195
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
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Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
197
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
113
A verdade disso parece ter sido ilustrada na Rússia sob o governo Bol-
chevique.
198
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
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A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
200
Um Pouco de Moralidade e uma Conclusão
201
A Teoria Marxista do Valor-Trabalho
do que os governos são agora, ou que terá alguma regra de justiça para
iluminar seu caminho. Ele terá que fazer o que parecer, para ele ou para
aqueles que o administram, mais desejável no todo, diante da oposição
de pessoas ainda dispostas a suportar os males da oposição presente em
prol de algo que consideram mais vantajoso ou mais justo, e sob a ori-
entação de um número de máximas, nenhuma delas absoluta, e todas
capazes de conflito entre si.
Tal conclusão pode desagradar, mas não adianta fingir que os fa-
tos são diferentes do que são.
202