Você está na página 1de 11

Um dos insights mais preciosos que poderia emergir desse livro nos é dado por

Gray. A teoria de Marx não é sobre pobres e ricos, ela não está preocupada
fundamentalmente no ganho psíquico e material concreto que um indivíduo pode vir
a adquirir ou com o processo de enriquecimento que nós tratamos acima, por
exemplo.

Ela está preocupada com a relação empregador-empregado e a toma como sendo


apócrifa da natureza humana. Suas considerações não começam pelas bases
fundamentais que levam as pessoas a tomarem decisões de tipo X ou Y, mas com
as mercadorias na sociedade.

Sua análise ao não retomar às coisas nelas mesmas já carrega consigo uma série
de preconceitos e problemas epistêmicos significativos. Por exemplo, Marx trata o
trabalho em termos de um potencial humano do sujeito para a criação de coisas
úteis para a vida humana.

O verdadeiro engodo envolvido na teoria marxista de valor é que se credita ao


indivíduo isolado algo que ele jamais poderia fazer.

Os marxistas não reparam que a crítica intermitente que é feita por eles contra os
economistas de suas abstrações com Robinson Crusoé não é justa e que essas
abstrações na verdade são uma forma de tentar demonstrar como os sistemas que
nós temos são algo que precisou ser criado, que precisou de um processo de
produção envolvendo trabalho, escolhas, tempo e recursos naturais.

O homem isolado ou até mesmo a reunião de todos os trabalhadores do mundo


não é capaz de replicar o status atual de produção e informação que a sociedade
abstraiu até aqui. Seriam necessárias gerações de trabalhadores mesmo com o
conhecimento técnico adquirido para replicar a atual medida de riqueza da
sociedade.

Nesse sentido, não há como falar em roubo dos trabalhadores pois a capacidade de
reinventarem a sociedade só existe na mente vazia de Marx, no plano concreto e
real das coisas existem inclusive razões que levaram os homens do passado a
recorrerem a mecanismos como o financiamento burguês e ao trabalho assalariado.
Essas preferências foram atos concretos de razão e de personalidade desses
sujeitos e é esse conjunto de preferências que deve ser preservado na teia social.

Assim, quando vê a transação entre o trabalhador e o burguês, este não enxerga


ela nem sequer como um verdadeiro materialista, não enxerga ela em torno da
concreção de atos prévios que carregava impressões, intuições e opiniões de cada
um dos agentes em torno do futuro de todos.

Não é capaz de enxergar que os dois só conseguem fazer uma transação porque o
produto que os dois recebem na transação possui mais valor para eles do que o
valor do produto que possuem naquele momento, sendo assim impossível que
sejam feitas equivalências entre esses bens, um erro incrivelmente simples, mas
vital para qualquer teoria do valor.

Toda sua formulação é infantil e sem propósito e já carrega consigo todas as


conclusões que tenta esconder por meio de argumentos longos, intrincados e que
precisam ser revistos, redefinidos e recolocados sistematicamente ao longo de seu
próprio texto.

Comecemos pelo Trabalho. Marx diz que a utilização da força de trabalho é o


próprio trabalho. Esse é, sem sombras de dúvidas, o erro mais grosseiro de Marx.
Além de ser essa uma abordagem circular porque você não pode dizer que a
respiração é o ato de respirar e acreditar ter definido respiração, essa consideração
está tratando o trabalho apenas em termos do dispêndio de energia dos sujeitos e
isso não poderia estar mais longe da verdade.

O trabalho é a escolha do uso de um determinado conjunto de meios sob uma certa


matéria prima para a consecução de um dado fim. O fato de trocarmos dinheiro por
alguns dos dispêndios que os outros exercem por nós na sociedade não pode
fundamentar o trabalho em termos desse dispêndio pelo qual existe a troca.

Ao considerarmos trabalho dessa forma muito mais ampla, rapidamente temos que
uma série gigantesca de trabalho que nós exercemos nunca é remunerado por
ninguém e absolutamente ninguém acredita que foi explorado pela sua própria
realidade.
Para aqueles que cismarem e que disserem que é preciso estar numa relação entre
duas pessoas para essa faceta do trabalho “aparecer” é fácil formular um
contraexemplo. Vou lhe dar um conselho, vá para a praça da sua cidade e alimente
os passarinhos por exatamente 1 hora e meia e alguém lhe dará 50 dólares.

Agora, caso você não receba nada, dirá que eu estou lhe expropriando? E se você
receber a mais, irá me devolver o dinheiro? Ou irá tentar redefinir o trabalho
estritamente em termos de contratos de trabalho e repensará ele inteiramente pelos
seus componentes físicos tais como fez Marx? Completamente circular.

Tome por exemplo o Trabalho Socialmente Necessário. O que é dizer que algo é
necessário? É dizer que algo configura o termo de necessidades estabelecidas em
dado momento de alguém. Não existem bens absolutamente necessários, pois se
houvessem não haveria nenhuma diminuição na utilidade de produzir esse bem
infinitamente.

Bens são sempre relativamente necessários, relativos a pessoas, situações,


quantidades e tempos. Definir um trabalho socialmente necessário é tentar
estabelecer uma média social para um fenômeno intrinsicamente privado.

Tome por exemplo as atividades artesanais. Usemos como exemplo uma fictícia
doceria chamada MuuMuu Doceria. O “trabalho socialmente necessário” para
produzir doces de tipo artesanal e o trabalho socialmente necessário para produzir
doces de tipo artesanal da MuuMuu Doceria não são os mesmos, não representam
a mesma quantidade de tempo e não se estabelecem na mente daquele que é
comprador dessa magnânima doceria.

Para seus compradores, o fato de a MuuMuu Doceria passar mais tempo se


dedicando aos doces representa um diferencial em relação às outras docerias
artesanais e indica um cuidado significativo.

O fato disso poder ser feito com uma série de outras atividades e com uma
amplificação em torno de mais ou menos tempo podendo ser pensada (nem
tocamos no assunto junk food que poderia sozinho equivaler horas de discussão na
matéria) já faz com que o pensamento marxista de uma abstração chamada
Trabalho Socialmente Necessário que definiria absolutamente para um dado
período de tempo toda aquela esfera de produção seja não apenas um erro crasso,
mas uma panaceia usada para substituir uma análise rígida e minuciosa.

Mas, não apenas o Trabalho Socialmente Necessário é uma formulação estranha


por si só, como seu uso é um ótimo exemplo de como não criar e usar um conceito
até que ele se torne um grande Deus Ex Machina, o que Eric Voegelin chamaria de
fé metastática. Para ilustrar, Gray nos ajuda:

In pursuance of this train of reasoning, we must, however, cease to think of labour,


as being the labour of a joiner or a mason; we must train ourselves to think in terms
of that elusive abstraction, the element in labour, which is common to all labour, or
'human labour in the abstract' whatever that may be.

One further reservation is necessary at this stage: labour may be inefficient or


unskillful, and a bungling worker, by expending more of his bungling labour or by
working with primitive tools, clearly does not thereby increase the value of his
product. The labour that determines value is therefore the labour that is socially
necessary in the conditions of production of the time.

But, apart from the question of normal efficiency, it may further be said that all labour
is not effective. It is possible to labour and produce nothing that anybody wants. In
such a case, the labour does not count as labour, whatever else it may count as.

So, also, more labour than is socially necessary may be devoted to the production of
a commodity, so that a glut arises. In that case, the labour is not to be counted as
labour to the full extent. In short, though of course Marx does not so express it,
labour is to be' graded up or down until the right answer is obtained.[1]

Ademais, usar o termo socialmente necessário não explica muita coisa. Por
exemplo, quando alguém trabalha mais lentamente, a média de tempo socialmente
necessário aumenta e isso deveria aumentar o valor trabalho e não diminuir ele,
mas algo que demorou mais que o normal aumentar o valor é, no mínimo,
contraintuitivo.[2]
Além de todas as brincadeiras que ele faz com o trabalho socialmente necessário,
Marx passa por inúmeras dificuldades para tratar com o trabalho qualificado.
Novamente, Gray nos ajuda a ver o ridículo da situação:

If you want to find the appropriate multiplier which will put the work of a skilled
engineer and a charwoman on an equality, you can only consult the market and find
out what happens there. In order (apparently) to explain the situation in the market,
you get from the market the multiplier which, when appropriately used, will give a
satisfactory explanation of the behavior of the market.

Subject to these rather far-reaching embroideries, the value of a commodity is


nothing more than the labour embodied in it.[3]

Supostamente, seria possível trabalhar com o tal “simples trabalho homogêneo”


através de multiplicadores econômicos encontrados no mercado, uma fantasia que
seria redescoberta por Keynes. Mas, se precisamos ir ao mercado para explicar o
fenômeno de mercado, então não existe aí um modelo real de explicação.

Como aponta Gray:

But a theory designed to explain what takes place in the market cannot appeal to the
market to provide a varying formula which, when applied to the theory, will make the
theory tally with the facts. But this is what Marx does throughout. Labour determines
value; but to extent to which it is misapplied or applied in excess, it “does not count
as labour,” or requires to be graded down.

Por meio de uma abstração sem fundamento que não é capaz de identificar sequer
que existe um componente de analiticidade no próprio ato de definir algo como “o
trabalho da secretária” que impede essas equivalências sem que a própria
expressão perca seu poder explicativo. Afinal, parece que abstrair suas diferenças e
somar quantidades de tempo de trabalho (a tal da magnitude do valor) não seja nem
remotamente próximo a um meio de equivalência e comparação efetivo.

E o pior é que a expressão força de trabalho não sumirá por meio minuto que seja,
voltando na fórmula anterior de Marx: trabalho da secretária é utilização da força de
trabalho da secretária. Profundamente pedagógico, como podem perceber.
Substituam por uma formulação devida do conceito de trabalho e vejam a mágica
acontecer. O trabalho de uma secretária é a escolha de usar de um determinado
conjunto de meios sob uma certa matéria prima para a consecução da atividade do
secretariado. Basta não colapsar todas as distinções das suas definições que você
não fica com o problema claro de não ter meios para transformar as situações e
diferenças em proposições.

Marx não usa a categoria de força de trabalho à toa. Ele a utiliza baseado nas lições
de David Ricardo, pois para ele a força de trabalho equivale ao custo de produção
do trabalho de Ricardo e a tal exploração nada mais é do que a diferença entre o
custo de produção do trabalho e o preço do trabalho, um truque com as palavras
para dizer a velha verborragia que sob o capitalismo o trabalhador oferece seu
trabalho e recebe apenas a parte da força de trabalho, seus meios de subsistência
básicos na proporção considerada necessária.

Mas, não apenas esse é um tipo de truque retórico quanto todo custo é
essencialmente um preço, o que impede qualquer possibilidade de enxergarmos o
processo de compra unido ao processo de venda, uma vez que a venda sob o
regime de livre mercado é sempre incerta.

Não só isso, mas empregar inclusive o trabalho das esposas e dos filhos seria uma
forma de aumentar a mais valia com o valor de sustento da família já pago para o
homem, mas ao burguês não é dado não precisar pagar a esposa e os filhos pelo
serviço.

Marx avança e define o capital em dois termos distintos. Ele define o capital
constante como sendo o maquinário que não carrega a mais valia e que transfere
apenas o valor já gasto nela para a mercadoria e o capital variável como sendo a
parte correspondente a sua folha de pagamentos. Para Marx, a única forma que o
burguês tem para expandir sua riqueza é através do aumento da extração de mais
valia.

A taxa de proporção entre capital constante e capital variável é a chamada


composição orgânica do capital e quanto maior a taxa de composição orgânica,
maior o lucro. Mas, aqui uma das objeções mais incômodas aparece, pois diminuir a
folha de pagamentos muitas vezes significa um aumento no lucro e não uma
diminuição, ainda que a mais valia extraída seja menor.

A mais valia relativa é aquela que se origina do ganho de produtividade e a mais


valia absoluta é aquela que aumenta o número de horas de trabalho.

Dessa forma, aumentar a proporção de máquinas não deveria ser uma forma de
aumentar o valor porque você estaria trocando literalmente algo que carrega valor
por uma coisa que não carrega, não podendo gerar riqueza dessa forma, mas
novamente não é isso que acontece.

Não só isso, entre as mais diversas áreas temos taxas de lucro muito próximas de
uma uniformidade geral na taxa de lucro, não há uma enorme taxa de lucro
esperando para ser buscada nas indústrias que possuem capital variável muitíssimo
maior e uma diminuta taxa de lucro para aquelas que usam pouquíssimo capital
variável.

A solução de Marx é recorrer à competição para dizer que a taxa média de lucro é
substituída por taxas variantes de acordo com a sua composição orgânica de capital
e passam a ser trocados de acordo por seus preços de produção.

Só que Marx, por não estar atento ao fato de que tentar transformar valor trabalho
em preços de produção, acabou perdendo de vista uma das suas falas mais
emblemáticas. Como bem diz H.W.B Stephen:

Para retornar, entretanto, para a sua discussão entre a distinção entre valor de troca
e valor de uso: ele aponta que o valor de uso de qualquer coisa advém de sua
qualidade ou natureza específica; enquanto isso é diferente com o valor de troca.

Uma coisa não pode ter valor de troca a não ser que tenha algum valor de uso; mas
o valor de troca não depende de qualidades particulares que dão ao bem valor de
uso (isto é, de fato, usabilidade) ou pela qual o bem é trocado. Pois o valor de troca
é expresso numa relação, tanto de trigo vale tanto de ouro, ou algodão, ou lã.

Mas, não são as qualidades peculiares de usabilidade do algodão que o faz ser
trocável por dada quantidade de lã, uma vez que a lã, que não possui as qualidades
do algodão, também tem valor de troca, e tanto de lã é equivalente a tanto de
algodão. Pela paridade do raciocínio, não é sobre as qualidades de usabilidade do
algodão ou da lã.

E já que nós podemos equivaler uma porção de uma coisa com outra porção de
outra coisa, deve haver algo nelas que seja do mesmo tipo e igual em quantidade,
para que seja distinguível de suas diferenças qualitativas.

“Como valor de uso, mercadorias são, acima de tudo, de diferentes qualidades, mas
como valor de troca, elas são meramente quantidades diferentes e portanto não
possuem um átomo sequer de valor de uso”

Marx chama aquilo que é qualitativamente o mesmo em coisas trocáveis e aquilo


pelo qual variações quantitativas tornam possível igualar a eles simplesmente de
Valor; e ele trata esse valor em uma coisa como algo inerente ou intrínseco; algo
que alguém poderia dizer que de fato há tal quantidade em uma dada coisa,
troquemos nós essa coisa por outra que contém a mesma quantidade disso ou não.
[4]

Outra alternativa é a do Cole, autor do famoso livro: What Marx Really Meant, que
em seu título já indica quão compreensivo fora Marx:

Mas, então a resposta de Marx é inteiramente insatisfatória. Pois o valor trabalho


não pode ser transformado em preços de produção a não ser que já se tratasse de
uma teoria de preços desde o início. Afinal, não há determinação do valor de troca
em termos do valor trabalho. Essa é inclusive apenas uma das muitas dezenas de
refutações que Stephen leva a cabo em seu livro.

E mais, a ideia de que o valor de dada mercadoria no mercado possa ter correlação
com seu custo não ensaia a própria situação de incerteza do mercado. Pois para
cada momento do mercado, para cada transação de um fornecedor para outro
capitalista, aquele não sabe se aquele produto poderá ser vendido e o mercado não
liga para seus custos, não importa o quão grandes tenham sido.

Outra coisa que é por demasiado confusa no pensamento de Marx é como funciona
a ligação da questão da exploração com o âmbito de relações trabalhistas. Afinal, o
que de especial existe nas relações patrão-empregado para que elas sejam
especialmente insatisfatórias para o trabalhador?

David Gordon nos ajuda a perceber a hipocrisia do caso:

Why does a worker have more autonomy if he follows the directives of a Central
Planning Board than if he works for a capitalist?[5]

Continuando com Gray, ele ataca a ideia marxista absurda de que capital só se
torna capital se o capitalista puder viver do trabalho de seus empregados. Hoje,
essa ideia é por demasiado estranha tendo em vista a infinidade de automações
que permitem o acúmulo de capital sem que sequer um empregado seja contratado,
os famosos “one-man business”. Mas, já na época de Gray, uma parábola ajudou
ele a identificar a incoerência do tribunal marxista:

If, by one of the devices familiar in the pages of Hans Andersen and Grimm, an
industrious apprentice could invent a machine capable of doing all the work of
Lancashire, then if only he could work it himself, he might corner the cotton of the
world and hold humanity to ransom, but he would apparently leave the Marxian court
with clean hands, so far as surplus value is concerned.[6]

Naquela época, a automação era menos regular e os ganhos de capital dessa forma
eram capazes apenas de serem imaginados, mas hoje falamos e vemos
habitualmente aqueles que possuem meios de automação como calculadoras,
games, websites e até mesmo inteligências artificiais que todas as suas operações
são geridas inteiramente pelo dono que faz o trabalho de dezenas de trabalhadores.
Esse homem não tem capital?

Não só isso, como nós passamos de um mercado dominado predominantemente


por mercadorias para um com extrema importância dos serviços, se torna
profundamente estranho pensar na forma de Marx de tratar os empregados. Afinal,
como seria a reinvindicação de um sindicato de músicos?

Outra ideia absurda (e geralmente usada como objeção para as respostas acima) é
a de que o “roubo de mais valia” seja considerado nulo se o próprio capitalista
trabalha na empresa e a empresa é pequena.
Roubo é uma expressão qualitativa que não deixa de valer quando o roubo é de
menor monta, a situação permanece fundamentalmente a mesma, ainda mais com
a regularidade geral que as empresas funcionam.

Afinal, é possível dizer que um homem que roubou para comer possui uma escusa
moral decente, mas aquele que rouba sistematicamente durante meses e anos para
comer só pode ser um ladrão.

Como explica Gray:

The implications here are curious: if surplus value is a species of theft, apparently it
becomes reprehensible only if enough is taken to put the robber at his ease j if he is
obliged to eke out his plunder by doing some work of his own, he escapes
condemnation, apparently under the happy dispensation of de minimis.[7]

Mas, de novo, a resposta que teríamos seria que a palavra roubo não é de fato
usada em um sentido concreto, mas num sentido abstrato. E talvez esse seja o
maior problema de Marx. Com Marx nunca sabemos se estamos diante de uma
abstração ou de um fato concreto.

Aquele que discorda terá certo trabalho com os próprios comentadores de Marx.
Croce diz:

Capital, we are told, is an abstract investigation, concerned with 'an ideal. and formal
society, deduced from certain hypotheses, which could indeed never have occurred
as actual facts in the course of history.[8]

Aqui, o aspecto da abstração geral funciona inteiramente para classificar a teoria


marxista como uma especulação ampla e final do ideal capitalista e seus aspectos
concretos são meramente uma inspiração que não precisa ser submetida ao crivo
geral da racionalidade, apenas aos termos gerais de validade interna que qualquer
conjunto de hipóteses elenca.

Outra saída dos comentadores foi a de Sandie Lindsay que segundo Gray assume a
tese marxista como explicando uma sociedade onde o trabalho estivesse
desempenhando uma função adequada:
Lindsay at least realizes that some definition of the elusive 'value' is required, and he
suggests that 'intrinsic exchange value is for Marx the value which a commodity
would have in a properly organized society where labor was performing its proper
function.'[9]

Outra alternativa é a do Cole, autor do famoso livro: What Marx Really Meant que
em seu título já indica quão compreensivo fora Marx:

It is to Mr. Cole that we owe the alluring and confident title: What Marx Really Meant.
On the immediate question, he argues- and rightly, if regard is to be had to the third
Volume-that the Marxian theory of value is somewhat unique in not being a theory of
prices; indeed, as he adds, it is doubtful whether in the end it has any point of
contact at all with prices.

As to the elusive Marxian' value, 'we are told that in Marx's writings, 'value' came to
mean what commodities were really worth in consequence of the amounts of labour
incorporated in them, as something quite distinct from the prices which they actually
fetched, or tended to fetch, in the market.’

'Why,' Mr. Cole asks, 'why does Marx, in the first Volume of das Kapital, so often
speak as if commodities did tend to sell at their values, whereas such a view is
plainly inconsistent with his case, and he makes it abundantly clear later on in his
book that they do not?[10]

Não fique triste Mr. Cole, nós também não entendemos o porquê.

Você também pode gostar