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Até Adam Smith não se tinha a economia como uma ciência separada das demais, e embora se
tivessem algumas tentativas de postular princípios, como dos Fisiocratas, foi Smith que fundou
a economia como disciplina, com seus princípios inovadores em A Riqueza das Nações. David
Ricardo tentou construir em cima dessa disciplina, com algumas inferências no comércio
internacional, defendendo o livre comércio para o crescimento baseado nas vantagens
comparativas e na exploração da mão de obra assalariada.
Sua descrição rompia com a crendice dos mercantilistas que riqueza era o acúmulo de ouro, e
estabelecia que a riqueza das nações eram os produtos e serviços que se conseguiria obter
com ele, uma espécie de revolução copérnica em torno da produtividade humana em
detrimento do acúmulo de capital.
Ricardo, fazendo uma divisão em classes, estabelece uma nova perspectiva para o papel dos
capitalistas em relação aos pensadores fisiocratas, que agora ao invés de serem vistos como
“parasitas” têm um papel importante na estrutura social- uma visão mais modernizada
adequada à Revolução Industrial; Ricardo ainda inovou postulando que a dívida pública não
afeta a atividade econômica, que seria resgatado pelos keynesianos, e ainda mostrou que a
agricultura obedecia ao que anos mais tarde seria chamado de Utilidade Marginal
Decrescente, porque as terras exauriam seus nutrientes com a produção em massa. Essa teoria
agro também foi bastante inspiradora para Marx.
As Leis de Cereais foram uma medida protecionista (pode-se dizer paternalista) que impunham
barreiras alfandegárias para a importação de milho e davam poder de mercado aos produtores
locais, aumentando os preços do milho naturalmente para o consumidor.
Para entender o porquê de eles terem tomado posições com relação às Corn Laws precisamos
primeiro passar pelo pensamento de cada um desses pensadores. Malthus tinha uma
perspectiva bem pessimista da humanidade, acreditando que a reprodução humana era
superior à sua capacidade de gerar recursos. A contribuição de Malthus foi importante para o
desenvolvimento da História Econômica, uma vez que durante praticamente toda a história da
humanidade não se observou grandes aumentos da renda per capita, uma vez que as pessoas
se reproduziam mais quando se tinha acesso a mais recursos e assim a qualidade de vida não
tinha grandes melhoras. Ironicamente no tempo de Malthus foi a exceção conhecida como
“Grande Divergência” (Pomeranz), uma vez que na Revolução Industrial se observou um
considerável aumento do bem estar, contrário às suas previsões. Outro ponto importante no
pensamento de Malthus era que ele criticava duramente a chamada Lei de Say tão cara aos
autores clássicos, que em suma postulava que os preços de uns bens deveriam ser medidos em
outros bens, mas Malthus apontava que se isso fosse verdade se teria uma superprodução,
que não acontecia na realidade. Assim, quando se trata das CORN LAWS, Malthus se
posicionou a favor, porque em sua visão se desse mais poder de consumo ao pobre ele iria
gastar com bens supérfluos e ainda estimularia uma maior reprodução sexual da população,
levando a um ciclo de empobrecimento da população. Malthus ainda tinha uma noção
primitiva de poupança agregada, e acreditava que o poder de mercado dos agricultores
poderia fazer com que eles aquecessem a economia numa situação de recessão, caso tivessem
poupança.
Ricardo, por outro lado, era contrário a essa lei. Isso porque a teoria de Ricardo girava em
torno de gerar vantagens comparativas para permitir o crescimento econômico. Na visão dele,
o camponês deveria ganhar um salário suficiente apenas para a sua subsistência, então assim o
camponês iria ganhar um salário menor e possibilitar maiores lucros aos proprietários, que
pela lei das vantagens comparativas seria maior com mais liberdade econômica. Para Ricardo
os detentores de capital tenderiam a reinvestir o excedente obtido, então seria “ótimo” que
eles se apropriassem desse excedente, por mais absurdo que isso pareça hoje em dia.
3) Entre 1871 e 1874, Jevons, Menger e Walras escreveram, de maneira quase independente
um do outro, suas principais obras econômicas, consideradas fundantes da abordagem
marginalista. Apresente os principais elementos desta escola de pensamento, no que
concerne à definição do objeto e ao método de análise. Descreva sucintamente de que
maneira cada autor estabelece a relação entre valor e utilidade. (4 pontos)