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ALCIDES BRUGNERA
CHARLINE BARBOSA P IRES
EDITORA UNISINOS
2011
APRESENTAÇÃO
SOBRE OS AUTORES
CAPÍTULO 1
Os usuários das informações geradas pela contabilidade, então, podem ser todos
aqueles, internos ou externos a ela, que têm algum interesse no seu desempenho
econômico e na sua saúde financeira. Desta forma, além dos administradores e
gestores, são exemplos de usuários da informação contábil os proprietários,
fornecedores, clientes e funcionários (REEVE et al., 2009).
Neste contexto, o Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual
para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, emitido pelo Comitê
de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e aprovado pela Resolução CFC n°. 1.212/08,
identifica os usuários das demonstrações contábeis, classificando-os conforme descrito
no Quadro 1.
TERMOS -CHAVE
Contabilidade de custos – subsistema da contabilidade que acumula, organiza e interpreta os dados
relacionados às atividades da empresa, produzindo informações de custos com finalidade contábil
(contabilidade geral ou financeira) e gerencial.
Contabilidade geral ou financeira – deve observar, necessariamente, as normas contábeis e a
legislação vigente. Elabora as demonstrações contábeis voltadas, principalmente, para os usuários
externos.
Contabilidade gerencial – não regulada. Fornece relatórios voltados às necessidades dos
gestores/administradores da organização.
Objetivo da contabilidade – gerar informações sobre o patrimônio de uma entidade e suas mutações,
subsidiando o processo decisório de seus usuários, sejam eles internos e externos à empresa.
Usuários ex ternos na informação contábil – são aqueles que não participam da gestão da empresa,
mas que têm interesse na sua situação econômica e financeira. Por exemplo, investidores, clientes,
fornecedores, credores, entre outros.
Usuários internos da informação contábil – são, basicamente, os gestores/administradores da
organização.
REFERÊNCIAS
ATKINSON, Anthony A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
BEULKE, Rolando: BERTÓ, Dálvio J. Gestão de custos. São Paulo: Saraiva, 2005.
BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos. São Paulo: Atlas, 2002.
CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Conceitual Básico. Estrutura
Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Pronunciamento
aprovado em 11/01/2008. Disponível em: <www.cpc.org.br>. Acesso em: 05 mar. 2011.
FREZATTI, Fábio. Controle gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto
econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009.
HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Contabilidade de custos. 9. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2000.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; et al. Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, Sério de; MARION, José C. Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas
de administração, direito e engenharia. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LEONE George S. G. Curso de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
OTT, Ernani; PIRES, Charline B. Conceito e Objetivos da Contabilidade. In: José Francisco Ribeiro
Filho; Jorge Lopes; Marcleide Pederneiras (Org.). Estudando Teoria da Contabilidade. 1 ed. São
Paulo: Atlas, 2009, p. 57-74.
REEVE, James M. et al. Fundamentos de contabilidade: princípios. São Paulo: Cengage Learning,
2009.
RIBEIRO, Osni M. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009.
WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
CAPÍTULO 2
TERMINOLOGIAS E CLASSIFICAÇÃO
DE CUSTOS
Desembolso
M artins (2003, p. 25) explica que um desembolso pode ser entendido como o
“pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço”, podendo acontecer durante (à
vista) ou após (no caso de compras a prazo) a entrada da utilidade comprada.
Para Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 16), desembolso refere-se a “saída de
dinheiro do caixa ou do banco”. Os desembolsos ocorrem devido ao pagamento de uma
compra efetuada à vista ou de uma obrigação assumida anteriormente.
São exemplos de desembolsos: a compra de matéria-prima à vista, o pagamento
de salário aos funcionários, o pagamento de fornecedores referente a compras
efetuadas a prazo, o pagamento de um empréstimo obtido, entre outros.
Investimento
M artins (2003, p. 25) define investimento como “gasto ativado em função de
sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s)”. O autor explica que
todos os sacrifícios ocorridos em função da aquisição de bens ou serviços que são
“estocados” no Ativo da empresa e que serão baixados no momento da sua venda,
consumo, desaparecimento ou desvalorização são chamados de investimentos.
São exemplos de investimentos a aquisição de máquinas e equipamentos para
uso, a aquisição de matérias-primas e a aquisição de prédio para uso próprio.
A matéria-prima, enquanto estiver no estoque da empresa, é considerada um
investimento, sendo que passará a representar um gasto no momento em que for
consumida, ou seja, utilizada na fabricação dos produtos que serão vendidos.
As máquinas e o prédio, por sua vez, são considerados investimentos e são
“consumidos” na medida em que são depreciados, ou seja, na medida em que a
empresa reconhece que eles estão perdendo valor em função do uso, do passar do
tempo, da ação da natureza ou da obsolescência.
Gasto
Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 16) definem o gasto como o “consumo
genérico de bens e serviços” que ocorrem a todo momento em uma empresa.
Os autores chamam atenção para o fato de que o gasto não deve ser confundido
com desembolso e afirmam que “Frequentemente, ouvimos as pessoas dizerem
‘Gastei muito dinheiro’. Na realidade, o dinheiro não é gasto, ele é desembolsado. O
que é gasto, ou seja, consumido, são os bens e serviços obtidos por meio do
desembolso imediato ou futuro”.
Considerando os conceitos apresentados, os seguintes itens podem ser
classificados como gastos:
consumo de matéria-prima no processo produtivo (adquirida à vista ou
a prazo);
contratação e utilização de serviços de vigilância;
consumo de energia elétrica;
contabilização da folha de pagamento referente à mão de obra utilizada
no período.
Assim, pode-se afirmar que, numa empresa industrial, custos são todos os
recursos consumidos na fabricação dos produtos. Os custos são contabilizados nas
contas de estoques (de produto em elaboração e de produto pronto) e são
reconhecidos na conta de resultado como custo do produto vendido (CPV) quando
ocorre a venda.
Despesa:
Dutra (2009) explica que a despesa é a parcela do gasto que não tem relação com
a atividade de elaboração de bens e serviços.
As despesas são os “gastos relativos aos bens ou serviços consumidos no
processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. […] A
empresa tem despesas para gerar receitas e não para produzir seus bens e serviços”
(PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2003, p. 16).
As despesas podem ser:
Administrativas: são as despesas relacionadas à administração do
negócio. Por exemplo, aluguel, ordenados dos funcionários da
administração, depreciação de móveis e utensílios utilizados no
escritório, energia elétrica, água e telefone utilizados no departamento
administrativo, material de escritório consumido etc.
Comerciais ou com Vendas: são as despesas ligadas à atividade de
venda dos produtos ou serviços. Por exemplo, gastos com promoção,
colocação e distribuição de mercadorias, propaganda e marketing,
ordenados dos vendedores, perdas com títulos incobráveis, brindes,
etc.
Financeiras: juros pagos em função de empréstimos para capital de
giro ou investimentos, despesas bancárias, descontos financeiros
concedidos aos clientes etc.
Perdas
Souza e Diehl (2009, p. 11) definem perdas “como o consumo de recursos acima
do que é necessário para a efetivação do produto”, podendo ocorrer de forma normal
ou anormal.
A s perdas normais estão relacionadas ao consumo de recursos inerentes ao
processo de fabricação, são previsíveis e ocorrem em processos como corte,
tratamento térmico, evaporação, reações químicas etc. (SOUZA; DIEHL, 2009).
Cabe destacar que, no caso de perdas normais, o custo do material perdido faz
parte do custo do produto elaborado.
Desperdício
Perez Jr., Oliveira e Costa (2003, p. 17), definem desperdícios como os “gastos
incorridos no processo produtivo ou de geração de receitas que possam ser eliminados
sem prejuízo da qualidade ou quantidade dos bens, serviços ou receitas geradas”.
São exemplos de desperdício o retrabalho para correção de defeitos, estocagem e
movimentações desnecessárias e relatórios financeiros, administrativos e contábeis
desnecessários (PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 2003).
Bornia (2002, p. 41) explica que se pode considerar um desperdício o esforço
econômico que não é capaz de agregar valor aos produtos ou que não está relacionado
às atividades da empresa. Para o autor, o conceito de “desperdício” é mais amplo do
que o de “perdas”, pois engloba as perdas normais do processo produtivo. “Se, por
exemplo, um processo trabalha comumente com um índice de 1% de peças defeituosas
e, em um dado período, 5% dos itens produzidos forem defeituosos, a perda normal
equivale a 4%, enquanto os desperdícios totalizam 5%.
Ganhos
Um ganho, segundo o CRC-SP (1992, p. 31), é o “resultado líquido favorável
resultante de transações ou eventos não relacionados às atividades normais da
entidade”. Assim, pode-se entender que os ganhos estão relacionados às transações
que geram resultado positivo, mas que não decorrem da atividade fim da empresa.
São classificados como ganhos, por exemplo, as receitas com juros e descontos
recebidos, as variações monetárias positivas, as receitas como comissões e a venda de
um ativo imobilizado (bem de uso próprio) por um valor superior ao valor contábil.
Quando existem impostos recuperáveis a empresa pode se creditar (recuperar) dos tributos que
incidiram sobre as compras realizadas.
Isso significa que, no momento do pagamento dos impostos incidentes sobre suas vendas, a
empresa pode abater os impostos a recuperar do valor devido. Por esta razão, os impostos são
considerados um ativo para a empresa e não um custo (perda).
Custo de produção
Para Perez Jr., Oliveira e Costa (2003), o custo de produção, em uma empresa
industrial, inclui o custo dos materiais consumidos, acrescido dos demais gastos
incorridos na produção, tais como:
custo dos materiais diretos e indiretos;
mão de obra direta;
mão de obra indireta;
energia elétrica;
manutenção;
depreciação; entre outros.
Verificam-se, na Figura 2, os principais elementos que formam o Custo de
Produção em uma empresa industrial.
Custeio
Para o CRC-SP (2000), custeio é o processo pelo qual se efetua a apropriação
dos custos aos produtos.
A filosofia de custeio utilizada pela empresa define os critérios pelos quais os
custos serão atribuídos aos produtos (objetos de custos). De acordo com os critérios
adotados, determinados custos farão ou não parte do custo de produção.
Em função disto, o sistema de custeio afeta basicamente:
Nos próximos capítulos estudaremos, de forma detalhada, cada um dos métodos de custeio.
o custo dos produtos fabricados e que ainda não foram vendidos pela
empresa, ou seja, que estão em estoque;
o custo dos produtos que foram vendidos (CPV) e que, portanto,
contribuirão para formar o resultado (lucro/prejuízo) apresentado pela
empresa em um determinado momento.
Existem diversas filosofias de custeio, entre as quais se destacam: (a) absorção
integral ou total; (b) absorção ideal ou parcial; (c) variável ou direto; (d) por
atividades.
No que diz respeito às diferentes filosofias de custeio, é importante mencionar
que a empresa pode optar por aquela que atenda as suas necessidades, sem
desconsiderar, contudo, o que prevê a legislação aplicável.
A despesa, por sua vez, pode ser classificada quanto à sua relação com as
receitas da empresa como direta ou indireta. Além disso, pode ser classificada quanto
ao seu comportamento em relação ao volume de vendas como fixa ou variável (Figura
4).
Figura 4 – Classificação das despesas.
Fonte: elaborada pelos autores.
Custos diretos
Os custos são classificados como diretos quando podem ser diretamente
identificados e apropriados aos produtos ou serviços utilizando-se de uma unidade de
medida (litros, quilogramas, metro, horas etc.).
Assim, todos os itens de custos cujo consumo é medido em cada produto são
apropriados de forma direta, ou seja, tem-se a quantidade consumida multiplicada pelo
custo unitário daquele item.
Como exemplos podem ser citados o custo com matéria-prima, mão de obra
direta, embalagens, entre outros, pois nestes casos é possível identificar, de forma
direta, quanto foi gasto/consumido na produção de cada unidade.
Critério de rateio “ são os critérios utilizados para distribuição dos gastos indiretos aos produtos,
centros de custos, centros de receitas ou receitas geradas” (PEREZ JR.; OLIVEIRA, COSTA,
2003).
Custos indiretos
São classificados como custos indiretos os itens de custos cujo consumo para
cada unidade produzida não pode ser identificado de forma objetiva, sendo que a
alocação (distribuição) aos produtos terá que ser feita de forma estimada, ou seja, por
meio de rateios.
Despesas diretas
As despesas diretas são aquelas que podem ser quantificadas e apropriadas em
relação às receitas de vendas e prestação de serviços.
Como exemplo de despesa direta tem-se:
Impostos sobre as vendas (IPI, ICM S, PIS, COFINS, ISS);
Comissão sobre as vendas.
Despesas indiretas
As despesas indiretas são aquelas não identificáveis de forma direta com as
receitas geradas.
São exemplos de despesas indiretas o salário dos vendedores, as despesas com o
setor de contabilidade, o aluguel do prédio utilizado pela área de vendas, entre outras,
uma vez que o valor gasto só pode ser distribuído para cada unidade vendida se a
empresa definir um critério para alocação desta despesa.
Custos variáveis
Os custos variáveis são aqueles que mantêm uma relação direta com os volumes
produzidos, ou seja, aumentam ou diminuem na proporção da oscilação da produção.
São exemplos de custos variáveis: matéria-prima e embalagens.
As principais características dos custos variáveis, segundo Perez Jr., Oliveira e
Costa (2003), são:
seu valor total varia na proporção direta do volume de produção;
o valor é constante por unidade, independentemente da quantidade
produzida.
Sendo assim, pode-se afirmar que o custo variável tem o seguinte
comportamento:
O custo variável unitário é estável por unidade produzida. Por
exemplo, a empresa gasta R$ 10,00 de matéria-prima para produzir 1
unidade do produto “x” e este valor é constante por unidade (Gráfico
1).
Gráfico 1 – Comportamento do custo variável unitário.
Fonte: elaborado pelos autores.
O custo variável total aumenta na medida em que aumenta a
quantidade produzida. Se para cada unidade do produto “x” a empresa
gasta R$ 10,00 com matéria-prima, se ela produzir 3 unidades gastará
R$ 30,00 e assim sucessivamente, conforme ilustra o Gráfico 2.
Observa-se que o custo fixo total não varia em função do volume de produção,
ou seja, permanece fixo no período, independentemente do número de unidades que a
empresa conseguiu produzir. O custo fixo unitário, por outro lado, diminui na medida
em que a produção aumenta.
Em função disto, o ideal é que a empresa consiga produzir o máximo de unidades
possíveis utilizando a mesma estrutura de custos fixos, pois assim ela poderá
distribuir os custos fixos em uma maior quantidade de unidades produzidas, o que
reduz seu custo por unidade, conforme ilustra o Gráfico 4.
Despesas variáveis
Despesas variáveis são aquelas que oscilam de forma diretamente proporcional
ao volume de vendas, ou seja, quanto maior o volume de vendas maiores serão as
despesas variáveis.
As comissões sobre as vendas são um exemplo de despesa variável, uma vez que
se a empresa vender uma unidade pagará R$ 1,00 de comissão, se vender duas pagará
R$ 2,00. Por outro lado, se não forem realizadas vendas no período, a despesa não
ocorre.
TERMOS -CHAVE
Critérios de rateio – são os critérios utilizados para a distribuição dos gastos indiretos aos
produtos/serviços (custos indiretos) e às receitas geradas (despesas indiretas).
Custo – consumo de bens ou serviços para a produção de outros bens/serviços.
Custo direto – são os custos diretamente identificados com os produtos/serviços, tais como matéria-
prima, material de embalagem e mão de obra direta.
Custo fix o – não varia em função do volume de produção. Os custos fixos totais são constantes em
relação à quantidade produzida, dentro do limite de capacidade instalada. Por exemplo, aluguel do
prédio da fábrica, depreciação das máquinas e equipamentos, salário (e encargos) do supervisor de
produção.
Custo indireto – custo que não pode ser identificado de forma direta e objetiva com o produto/serviço,
tais como aluguel do prédio da fábrica e salário (e encargos) do supervisor de produção.
Custo variável – tem relação direta com o volume produzido. O custo variável total aumenta ou
diminui na proporção em que a produção aumenta ou diminui. Por exemplo, matéria-prima e
embalagem.
Despesa – consumo de bens ou serviços em atividades não relacionadas à produção, mas sim ligadas à
geração de receitas e à manutenção/administração do negócio. As despesas classificam-se, basicamente,
em administrativas, com vendas e financeiras.
Despesa direta – são aquelas que estão diretamente relacionadas com a receita de vendas. Por
exemplo, comissão e impostos incidentes sobre vendas.
Despesa fix a – são aquelas que permanecem constantes em relação ao volume de vendas como salário
dos funcionários da contabilidade, despesa com água, luz, telefone.
Despesa indireta – são as despesas que não podem ser identificadas de forma direta com a receita
gerada. Por exemplo, honorários pagos ao contador, aluguel do prédio administrativo, despesa com
água, luz, telefone.
Despesa variável – as despesas variáveis são aquelas que oscilam de forma diretamente proporcional
ao volume de vendas, como, por exemplo, comissão dos vendedores.
Gasto – consumo de um bem ou serviço obtido por meio de desembolso imediato (compra à vista) ou
futuro (compra a prazo).
REFERÊNCIAS
BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos. São Paulo: Atlas, 2002.
CRC-SP. Curso sobre contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1992.
CRC–SP. Custos: ferramenta de gestão. São Paulo: Atlas, 2000.
DUTRA, René G. Custos: uma abordagem prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003.
PEREZ JR., José Hernandez, OLIVEIRA, Luiz Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão
estratégica de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SOUZA, Marcos Antônio; DIEHL, Carlos Alberto. Gestão de custos. São Paulo: Atlas, 2009.
CAPÍTULO 3
O comércio opera com mercadorias e a indústria com produtos. Por exemplo, o sapato é um
produto da fábrica de calçados e é uma mercadoria da loja do shopping que o comercializa.
Em alguns casos, os impostos podem gerar créditos tributários, ou seja, a empresa pode compensar
o valor destes impostos pagos na entrada de mercadorias para revenda, ou para industrialização, com
aqueles que ela vai apurar na saída de mercadorias ou produtos de seu estabelecimento.
Por exemplo: a empresa pode ter adquirido a matéria--prima “ A” no dia 01 jan. por R$ 30,00 e no
dia 15 jan. por R$ 32,00.
Se as últimas mercadorias adquiridas são as primeiras a serem vendidas, o estoque é formado pelas
mercadorias mais antigas.
O estoque final, por sua vez, é composto pelas mercadorias mais antigas, ou
seja, pelas 50 unidades que já faziam parte do estoque no início do período.
* O custo médio é obtido a partir da divisão do valor total de matéria-prima pela quantidade.
** As matérias-primas que saem do estoque (são consumidas) são avaliadas pelo seu custo médio.
Fonte: elaborada pelos autores.
Martins (2003) menciona que ainda que seja possível medir a mão de obra direta, mas a empresa
opte por não fazê-lo, por razões econômicas ou pela complexidade do processo, esta deve ser tratada
como indireta, uma vez que precisará ser distribuída aos produtos com base em critérios estimados.
Além dos valores incorridos pela empresa com as verbas salariais, devem ser
considerados na equação de custos com mão de obra, direta ou indireta, os seguintes
itens:
encargos sociais de conta da empresa, tais como a contribuição ao
INSS, contribuição a terceiros e FGTS
provisão mensal das férias, décimo terceiro salário e adicional férias
vale refeição, vale transportes etc.
Os principais encargos sociais e provisões incidentes sobre a folha de pagamento
são apresentados no Quadro 12.
Neste ponto, cabe destacar que a alíquota referente ao S.A.T. pode oscilar em
função do Fator Previdenciário de Prevenção (FAP). Estabelecido pelo Decreto nº.
6.042 de 12 de fevereiro de 2007, o FAP é um índice aplicado sobre o S.A.T. que
pode resultar em uma redução de até 50% desta contribuição ou um aumento de até
100%, conforme o desempenho da empresa em relação ao número de acidentes de
trabalho e benefícios concedidos por esta razão, entre outros aspectos.
A provisão de férias corresponde a 30 dias de férias após o funcionário
completar 12 meses de trabalho na empresa. Este valor deve ser apropriado como um
custo mensal com mão de obra, mesmo que pago uma vez por ano. Calcula-se com
base em 1/12 × 100, uma vez que a cada 12 meses o funcionário tem um mês de férias,
gerando um custo de 8,33% no mês.
O décimo terceiro salário (13º) deve ser calculado considerando-se que a
empresa paga ao funcionário um salário adicional por ano. Ainda que o valor relativo
ao 13º salário não seja pago mensalmente, o funcionário, a cada mês trabalhado, terá
direito a receber a parcela de 13º salário referente a este mês trabalhado. Logo, este
valor deve ser apropriado como custo mensal, sendo que o cálculo do 13º salário é
feito na base de 1/12 × 100, resultando em um acréscimo no custo de 8,33% por mês.
O adicional de férias, por sua vez, corresponde a um terço do salário que o
funcionário recebe quando goza o período de férias e também deve ser apropriado
como um custo mensal, mesmo que pago uma vez por ano. Calcula-se da seguinte
forma: (1/3)/12 × 100, ou seja, 1 salário dividido por 3 = 33,33% (um terço) que será
pago ao funcionário no momento das férias. Para definir a parcela de custo mensal
divide-se 33,33% por 12, o que resulta em 2,78% por mês.
Finalmente, os encargos sobre décimo terceiro e férias são definidos
considerando-se que sobre o valor mensal de 13º e adicional de férias provisionado
(8,33% + 8,33% + 2,78% =19,44%) a empresa paga também todos os encargos –
desde o INSS até o FGTS (36,8%). Desta forma, como um cálculo direto, a empresa
incorre em mais 7,16% mensais (19,44% × 36,8%).
Desta forma, considerando os cálculos apresentados, a empresa tem um
acréscimo sobre a folha de pagamento de 63,40% (encargos sociais de 36,80%,
provisões de 19,44% e encargos sobre as provisões de 7,16%), que deverá ser
adicionado à equação de custos com a mão de obra.
Se, por exemplo, o funcionário recebe R$ 1.000,00 por mês, o custo com
encargos sociais e provisões, que também devem ser contabilizados como custo com
mão de obra, é calculado conforme apresentado na Tabela 10.
Neste ponto, cabe destacar que, para fins gerenciais, o custo com mão de obra
direta pode ser apurado levando-se em conta o total de horas em que o empregado
efetivamente esteve à disposição da empresa, o que significa que devem ser
considerados aspectos relacionados ao regime de trabalho, dias de descanso
remunerados (domingos e feriados), bem como faltas abonadas, para que seja possível
estimar o número máximo de horas que o trabalhador pode oferecer à empresa.
Para fins de exemplificação, considera-se que o funcionário tem uma remuneração
mensal de R$ 1.000,00 e que os encargos sociais e provisões somam R$ 634,00,
conforme apresentado na Tabela 10, bem como as seguintes informações:
Com base nestas informações, o custo anual com mão de obra é apurado na
Tabela 11.
Especificação
Número de dias no ano 365
(–) Dias de férias 30
(–) Domingos (52 domingos ao ano menos 4 de período de férias) 48
(–) Sábados (52 ao ano menos 4 de período de férias) 48
(–) Feriados 12
(–) Faltas abonadas 2
(=) Dias úteis no ano 225
(×) Horas trabalhadas por dia 8,8
(=) Total de horas trabalhadas no ano 1.980
Fonte: elaborada pelos autores.
Considerando-se o custo anual com mão de obra de R$ 18.240,00 (Tabela 11) e
que o número efetivo de horas trabalhadas totaliza 1.980 (Tabela 12), o custo efetivo
da mão de obra direta é de R$ 9,21 (R$ 18.240,00/1.980 horas).
Verifica-se, portanto, que os encargos sociais e provisões provocaram um
acréscimo de 102,67% sobre o salário-hora contratado de R$ 4,55 (R$ 1.000/220
horas), sendo que, gerencialmente, o valor de R$ 9,21 é o mais adequado para ser
atribuído ao valor da hora trabalhada.
Ainda com relação ao custo da mão de obra, M artins (2003) chama atenção para
o fato de que cada empresa deve elaborar seus próprios cálculos, tendo em vista que
alterações podem ocorrer em função de cláusulas definidas em acordos coletivos de
determinadas categorias, tempo de dispensa durante o aviso prévio, indenização
compensatória ou multa do FGTS no caso de desligamento, entre outros.
Outra questão que deve ser observada diz respeito às empresas tributadas pelo
Simples Nacional, uma vez que, nestes casos, a incidência de encargos sociais difere
das demais empresas.
TERMOS -CHAVE
Custo de aquisição dos MD – é formado pelo valor da compra, ao qual são somados os gastos para
disponibilizar os bens e deduzidos os créditos tributários (impostos a recuperar).
Custo com mão de obra – composto pelas verbas salariais, somados os encargos sociais, provisões e
outros benefícios concedidos pela empresa (vale refeição, vale transporte etc.)
Mão de obra direta (MOD) – mão de obra do pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em
elaboração e que pode ser atribuída a ele sem a necessidade de rateio.
Mão de obra indireta – relativa ao pessoal que não trabalha diretamente sobre o produto, sendo
distribuída mediante a adoção de critérios de rateio.
Materiais diretos (MD) – matéria-prima, componentes adquiridos prontos, embalagens, entre outros,
aplicados na produção.
Método custo médio ponderado variável – método de valorização dos estoques pelo qual as baixas
são realizadas considerando-se o valor médio das mercadorias/matérias-primas estocadas.
Método FIFO ou PEPS – Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair. Método de valorização dos estoques
pelo qual as baixas (saídas) são valorizadas pelas primeiras entradas remanescentes.
Método LIFO ou UEPS – Último a Entrar, Primeiro a Sair. Método de valorização dos estoques
pelo qual as baixas são valorizadas pelas últimas entradas remanescentes.
REFERÊNCIAS
FABRETTI, Láudio C. Contabilidade tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003.
OLIVEIRA, Gustavo P. de. Contabilidade tributária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
CAPÍTULO 4
FILOSOFIAS DE CUSTEIO
O custeio por absorção total ou integral distribui os custos entre as unidades produzidas, sem levar
em consideração a existência de capacidade ociosa, ou seja, de estrutura fixa não aproveitada no
período.
A Figura 5 apresenta o fluxo dos custos e despesas no custeio por absorção total
ou integral.
Figura 5 – Custeio por absorção total ou integral – Fluxo dos custos e despesas.
Fonte: Peres JR; Oliveira; Costa. (2003, p. 69).
Custos e Despesas R$
Custo da Matéria-prima (por unidade) 20,00
Outros custos variáveis (por unidade) 8,00
Custos fixos (total do período) 110.000,00
Despesas administrativas (total do período) 40.000,00
Despesas com vendas (por unidade) 6,00
* Este valor é contabilizado no estoque, que, no final do período, passa a ser formado por 20.000
unidades que custaram para a empresa R$ 670.000,00.
Fonte: elaborada pelos autores.
No custeio por absorção total ou integral, para apuração do custo unitário devem ser consideradas as
unidades produzidas no período.
Neste método, o valor unitário é obtido a partir da divisão do valor total dos estoques pela
quantidade.
Assim como no custeio por absorção total ou integral, no custeio por absorção
ideal ou parcial os produtos fabricados absorvem todos os custos, sejam eles diretos
ou indiretos, sendo estes últimos distribuídos aos produtos por meio de rateio. Porém,
os custos fixos são atribuídos aos produtos levando-se em consideração a quantidade
ideal produzida e não a quantidade real, o que permite que a empresa identifique o seu
custo com ociosidade, que deve ser descontado do resultado do próprio mês.
No custeio por absorção ideal ou parcial o custo com OCIOSIDADE (capacidade produtiva não
aproveitada) deve ser identificado e contabilizado como um encargo do período.
* Observe que para cálculo dos custos variáveis consideram-se as quantidades produzidas no período.
Fonte: elaborada pelos autores.
Tabela 19 – Custo por unidade produzida (Custeio por absorção ideal ou parcial)
* Cada unidade produzida é lançada no estoque a R$ 33,00. Desta forma, adotando-se esta filosofia de
custeio, o estoque total é de R$ 660.000,00.
Fonte: elaborada pelos autores.
Observe que o custo unitário total cai de R$ 33,50 (custeio por absorção total ou
integral) para R$ 33,00. Isto ocorre justamente em função dos custos fixos atribuídos
aos produtos.
Enquanto no custeio por absorção total ou integral o custo fixo unitário é de R$
5,50 (R$ 110.000/20.000 – unidades produzidas), no custeio por absorção ideal ou
parcial é de R$ 5,00. Isto significa que o fato de a empresa não estar conseguindo
aproveitar a sua capacidade produtiva instalada (estrutura fixa) está onerando o seu
produto em R$ 0,50.
Custo da ociosidade
Como já explicado, pelo custeio por absorção parcial ou integral é possível
apurar o custo da fábrica parada (ociosidade). Neste caso, se a fábrica está operando
abaixo da capacidade instalada, parte dos custos fixos referentes à produção não
realizada será isolada e lançada como despesa do exercício.
Como se apresenta na Tabela 22, para apurar o custo da ociosidade, toma-se a
quantidade que a empresa deixou de produzir (produção planejada – produção
realizada) e multiplica-se pelo custo fixo unitário.
Resultado da empresa
No custeio por absorção ideal ou parcial, a ociosidade será deduzida diretamente
do resultado do período, conforme segue:
Para melhor compreensão da filosófica de custeio ABC, com base nos dados
apresentados na seção anterior, a seguir apresenta-se o cálculo do custo total de
produção do período, o custo por unidade produzida, o custo do produto vendido
(CPV), o valor do estoque final e o resultado da empresa, mediante a adoção desta
filosofia de custeio.
No custeio por atividades, para apuração do custo unitário, devem ser consideradas as unidades
produzidas no período.
Neste método, o valor unitário é obtido a partir da divisão do valor total dos estoques pela
quantidade.
Resultado da empresa
Para calcular o resultado da empresa, adota-se a estrutura básica da DRE já
apresentada.
TERMOS -CHAVE
Custeio – método de apropriação dos custos aos produtos.
Custeio ABC (Custeio baseado em atividades) – filosofia de custeio na qual os custos indiretos são
distribuídos primeiramente às atividades e, na sequência, atribuídos aos produtos, serviços e clientes.
Custeio por absorção ideal ou parcial – nesta filosofia de custeio todos os custos incorridos são
alocados aos produtos/serviços, considerando-se o volume de produção ideal. É utilizado para fins
gerenciais.
Custeio por absorção total ou integral – filosofia de custeio na qual todos os custos incorridos no
período são associados aos produtos/serviços, tomando-se como base a produção realizada.
Custeio variável – filosofia de custeio na qual somente os custos variáveis são alocados aos produtos,
sendo que os custos fixos são considerados encargos do período. É utilizado para fins gerenciais e
trabalha com o conceito de margem de contribuição.
Margem de contribuição – é a diferença entre o preço de venda e os custos e despesas variáveis. A
MC indica quanto cada produto contribui para cobrir os custos e despesas fixos e para formar o
resultado da empresa.
REFERÊNCIAS
BORNIA, Antônio Cezar. Análise gerencial de custos. São Paulo: Atlas, 2002.
CRC-SP. Curso de contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1993.
CRC-SP. Curso sobre contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1992.
DUTRA, René G. Custos: uma abordagem prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LEONE George S. G. Curso de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003.
NAKAGAWA, Masayuki. ABC: Custeio Baseado em Atividades. São Paulo: Atlas, 1994.
PEREZ JR., José Hernandez, OLIVEIRA, Luiz Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão
estratégica de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SOUZA, Marcos Antônio; DIEHL, Carlos Alberto. Gestão de custos. São Paulo: Atlas, 2009.
WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
1 Para aprofundar seus estudos sobre este tema sugere-se a leitura da obra:
NAKAGAWA, M a-sayuki. ABC: Custeio Baseado em Atividades. São Paulo:
Atlas, 1994.
CAPÍTULO 5
Observe, então, que apenas os custos dos departamentos PRODUTIVOS são distribuídos
diretamente aos produtos.
Considerando-se que os gastos são indiretos, para calcular o custo total de cada
departamento é necessário fazer o rateio dos custos comuns, que são: depreciação das
máquinas, energia elétrica e o aluguel do prédio. Os dados estatísticos, que servem
como base para realização do rateio dos gastos, são os seguintes:
Tabela 38 – Bases de rateio dos gastos indiretos do período – Indústria BRP S.A.
Fonte: elaborada pelos autores.
ATENÇÃO: deve-se escolher a base de rateio adequada, ou seja, que representa da melhor forma
possível a relação causa e efeito.
* O custo de pessoal e encargos não precisou ser rateado, pois embora este seja um custo indireto aos
produtos, pode ser identificado de forma direta com cada departamento.
A mesma coisa acontece com os gastos gerais.
** Observe que todos os gastos indiretos do período foram distribuídos aos departamentos.
Fonte: elaborada pelos autores.
Uma vez apurados os gastos totais da empresa, os valores atribuídos aos centros
produtivos, que são gastos da fábrica (custos), devem ser alocados aos produtos
fabricados no período e os valores atribuídos aos centros administrativos e de vendas
são despesas que devem ser lançadas diretamente contra o resultado do exercício.
Assim, o próximo passo é calcular quanto cada produto consumiu de horas de
trabalho de cada centro produtivo, levando-se em conta o tipo de produto.
Para este exemplo, o cálculo das horas trabalhadas por produto e por setor da
empresa é apresentado na Tabela 48.
Tabela 50 – Rateio do custo indireto para a camisa polo – Indústria BRP S.A.
Fonte: elaborada pelos autores.
Tabela 51 – Rateio do custo indireto para a camisa esporte – Indústria BRP S.A.
Verifica-se que cada camisa polo consome 1,4 metro de tecido a um custo de R$
8,00 o metro, e mais 6 metros de linha a um custo de R$ 0,20 por metro. Logo, para
conhecer os custos dos materiais diretos utilizados, basta multiplicar o consumo
unitário (1,40 metros) pela quantidade produzida (10.000 unidades). Chega-se no
consumo de 14.000 metros de tecido a um custo de R$ 8,00 por metro, o que totaliza
R$ 112.000,00. Procede-se da mesma forma para os demais itens de materiais diretos.
Tabela 53 – Custo dos materiais diretos camisa polo – Indústria BRP S.A.
O mesmo procedimento deve ser adotado para apuração dos custos dos
materiais diretos consumidos na fabricação da camisa esporte, como mostra a Tabela
54.
Tabela 54 – Custo dos materiais diretos camisa esporte – Indústria BRP S.A.
Fonte: elaborada pelos autores.
Tabela 55 – Custo total de produção e custo por unidade – Indústria BRP S.A.
TERMOS -CHAVE
Departamentalização ou setorização de custos – apropriação dos custos aos produtos/serviços por
meio da utilização da estrutura organizacional da empresa.
Departamentos administrativos – departamentos responsáveis pela administração da empresa e pela
comercialização dos produtos.
Departamentos aux iliares, de apoio ou de serviços – departamentos que não atuam diretamente na
produção e têm como finalidade prestar serviços aos departamentos produtivos.
Departamentos produtivos – departamentos que atuam sobre a produção, transformando matéria-
prima em produto pronto.
Mapa de localização de custos – quadro demonstrativo que permite a distribuição dos custos
indiretos aos setores.
REFERÊNCIAS
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003.
PEREZ JR., José Hernandez, OLIVEIRA, Luiz Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão
estratégica de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, Osni M. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009.
SOUZA, Marcos Antônio; DIEHL, Carlos Alberto. Gestão de custos. São Paulo: Atlas, 2009.
CAPÍTULO 6
Atenção: os itens que compõem o mark-up podem variar em função do método utilizado para a
formação do preço de venda.
A formação do preço de vendas a partir do método com base nos custos totais
ou plenos consiste na adição de uma margem fixa a um custo base. Essa margem fixa é
denominada de MARK-UP, que é representado por um índice, que tem por objetivo
cobrir os seguintes itens:
impostos sobre vendas;
despesas variáveis sobre vendas;
imposto de renda e contribuição social sobre o lucro;
lucro.
Na definição de Santos (2008), o mark-up é um índice aplicado sobre o custo de
um produto, mercadoria ou serviço para a formação do preço de venda.
Assim, a formação do preço de venda por este método tem como ponto de
partida o custo do produto ou serviço, sendo que, além do custo, devem ser
adicionados os demais gastos ainda não computados, tais como as despesas fixas da
área administrativa e vendas e variáveis (impostos, comissão e outras), bem como uma
margem de lucro líquido desejada, pois o preço final terá que cobrir todos os gastos e
gerar o lucro planejado.
Tabela 56 – Cálculo da despesa fixa por unidade da camisa polo – Indústria BRP S.A.
Logo, os gastos totais (custos e despesas) para cada unidade de Camisa Polo
produzida no período foram os seguintes:
A partir do gasto total, para cálculo do preço de venda deve-se utilizar a seguinte
fórmula.
Descrição R$
Preço de venda com IPI 30,02
(–) Valor do IPI 2,48
(=) Preço de venda sem IPI 27,54
(–) Impostos sobre vendas (26,25%*) 7,23
(=) Receita líquida 20,31
(–) Custo produto vendido 15,86
(=) Lucro bruto 4,45
(–) Despesas fixas 0,87
(–) Despesas variáveis (3% – comissões sobre vendas) 0,83**
(=) Lucro por unidade (R$) 2,75
(=) Lucro por unidade (%) 10%***
* Impostos sobre vendas – % aplicado sobre o PV sem IPI
** Despesas variáveis – % aplicado sobre o PV sem IPI
*** Lucro % = (Lucro unitário/Preço vendas/IPI) × 100 =
Fonte: elaborada pelos autores.
O Preço de Venda com base nos custos totais também pode ser calculado
partindo-se da seguinte fórmula:
Onde:
DDV% despesas diretas com vendas em percentual (% Impostos sobre vendas + % impostos
sobre comissões + % inadimplência)
ML% = % margem de lucro sobre o preço de venda.
IPI% alíquota do IPI incidente sobre o produto
Ainda com base nos dados do exemplo apresentado anteriormente, o preço de
venda pode ser calculado conforme se segue:
Verifica-se, portanto, que para cobrir todos os custos fixos e variáveis e gerar
uma margem de lucro de 10%, cada unidade do produto deve ser vendida por R$
30,02.
Neste ponto, cabe destacar que a margem de lucro de 10% é o lucro obtido antes
da incidência dos impostos que incidem sobre o resultado (impostos de renda e
contribuição social).
Por esta razão, se a empresa deseja auferir um lucro líquido (após o pagamento
do IR e contribuição social) de 10,00% sobre as vendas, deve calcular qual é a margem
de lucro desejada antes dos impostos, partindo da seguinte fórmula:
Onde:
Lucro líquido% = Margem de lucro desejada após o desconto dos impostos que incidem sobre o
resultado (Imposto de renda e contribuição social).
Alíquota de IR% e CS% = Alíquota de imposto de renda (mais adicional de IR, se for o caso) e
contribuição social.
Assim, se, por exemplo, a empresa deseja obter um lucro líquido (após IR e CS)
de 10% sobre as vendas e a alíquota de IR e CS totaliza 28%, a M L% a ser
considerada é de:
Descrição R$
Preço de venda com IPI 32,07
(–) Valor do IPI 2,65
(=) Preço de venda sem IPI 29,42
(–) Impostos sobre vendas (26,25%) 7,72
(=) Receita líquida 21,70
(–) Custo produto vendido 15,86
(=) Lucro bruto 5,84
(–) Despesas fixas 0,87
(–) Despesas variáveis 0,88
(=) Lucro por unidade 4,08
(–) IR e CS (28%) 1,14
(=) Lucro líquido por unidade 2,94*
(=) Lucro por unidade (%) 10%**
* O IR e CS incidem sobre o lucro por unidade.
** Lucro % = (lucro unitário/preço vendas/IPI) × 100 =
Fonte: elaborada pelos autores.
Como já mencionado, este preço de venda (R$ 32,07) é o preço base, ou seja,
uma referência, sujeito a ajustes. Desta forma, é importante que o preço seja criticado
levando-se em consideração as condições de mercado e as negociações específicas com
cada cliente (M ARTINS, 2003).
Desta forma, para auferir um lucro de 10% sobre o preço de venda, a empresa
deve comercializar cada unidade de produto a R$ 50,16. O resultado é apresentado na
Tabela 61.
Descrição R$
Preço de venda com IPI 50,16
(–) Valor do IPI 3,28
(=) Preço de venda sem IPI 46,88
(–) Impostos sobre Vendas (25%) 11,72
(=) Receita líquida 35,16
(–) Custos variáveis 15,00
(–) Custos fixos (26% do preço de venda) 11,25
(=) Lucro bruto 8,91
(–) Despesas fixas (4% do preço de venda) 2,81
(–) Despesas variáveis (3% do preço de venda) 1,41
(=) Lucro por unidade 4,69
(=) Lucro por unidade (%) 10%
Fonte: elaborada pelos autores.
Cabe lembrar que se a empresa desejar obter uma margem de lucro de 10% após
os impostos incidentes sobre o resultado, a margem de lucro utilizada no cálculo deve
ser calculada conforme apresentado no tópico anterior.
Onde:
CTu = custo total por unidade em R$
DTu = despesa total por unidade em R$
Lucro por unidade = lucro desejado por unidade em R$
DDV% = despesas diretas com vendas em percentual (% impostos sobre vendas + % impostos
sobre comissões + % inadimplência)
IPI% = alíquota do IPI incidente sobre o produto
Para melhor compreensão do cálculo do preço de venda com base no retorno do
capital investido apresenta-se o seguinte exemplo:
Custo total unitário = R$ 20,00
Despesa total unitária = R$ 10,00
Impostos sobre vendas = 25%
Comissões sobre vendas = 3%
Alíquota IPI = 7%
Além disso, considerando-se que a empresa tem um investimento fixo total de
R$ 625.000,00, que o volume previsto de vendas é de 20.000 unidades por ano e que
o acionista espera obter um retorno de 80% do seu investimento em 5 anos, o preço
de venda pode ser calculado da seguinte maneira:
Cálculo do lucro por unidade:
Descrição R$
Preço de venda com IPI 52,01
(–) Valor do IPI 3,40
(=) Preço de venda sem IPI 48,61
(–) Impostos sobre vendas (25%) 12,15
(=) Receita líquida 36,46
(–) Custo produto vendido 20,00
(=) Lucro bruto 16,46
(–) Despesas fixas 10,00
(–) Despesas variáveis 1,46
(+) Lucro por unidade 5,00
Fonte: elaborada pelos autores.
Assim como nos exemplos anteriores, destaca-se que se a empresa desejar obter
um retorno de R$ 5,00 por unidade após os impostos incidentes sobre o resultado, o
IR e a CS deverão ser considerados no cálculo do retorno desejado.
TERMOS -CHAVE
Mark-up – índice aplicado sobre os custos para formação do preço de venda. Tem por objetivo cobrir,
entre outros itens, impostos sobre vendas, despesas variáveis, IR e CSLL, bem como gerar a margem
de lucro desejada.
Método com base no retorno do capital investido – método no qual o preço de venda é estabelecido
considerando-se o retorno esperado (R$/unidade) capaz de garantir a recuperação do capital investido.
Método com base nos custos totais ou plenos – consiste na adição de um mark-up a uma base de
cálculo formada pela totalidade de custos e despesas incorridas.
Método com base nos custos variáveis – consiste na aplicação de um mark-up aos custos e despesas
variáveis. Os custos e despesas fixas são definidos como um percentual do preço de vendas e incluídos
no cálculo do mark-up.
REFERÊNCIAS
COGAN, S. Custos e preços: formação e análise. São Paulo: Ed. Pioneira, 1999. MARTINS, Eliseu.
Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003.
SANTOS, Joel J. Fundamentos de custos: para formação do preço e do lucro. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
SARDINHA, José Carlos. Formação de preço: a arte do negócio. São Paulo: Makron Books, 1995.
WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
CAPÍTULO 7
Verifica-se, portanto, que a empresa terá que produzir e vender 6.000 unidades
para atingir o ponto de equilíbrio contábil, sendo que neste nível de operação o
resultado auferido será igual à zero, ou seja, não haverá lucro ou prejuízo, conforme
mostra a Tabela 63.
Descrição R$
Receita de vendas (6.000 unid. R$ 100,00) 600.000,00
(–) Custo variável (6.000 unid. R$ 50,00) 300.000,00
(–) Despesa variável (6.000 unid. R$ 30,00) 180.000,00
(=) Margem de contribuição 120.000,00
(–) Custo fixo total 100.000,00
(–) Despesa fixa total 20.000,00
(=) Resultado operacional 0,00
Fonte: elaborada pelos autores.
Onde:
A empresa terá que produzir e vender 7.250 unidades para atingir o ponto de
equilíbrio econômico, ou seja, cobrir todos os custos e despesa e gerar lucro planejado
de R$ 25.000,00, conforme se segue:
Descrição R$
Receita de vendas (7.250 unid.× R$ 100,00) 725.000,00
(–) Custo variável (7.250 unid. × R$ 50,00) 362.500,00
(–) Despesa variável (7.250 unid. × R$ 30,00) 217.500,00
(=) Margem de contribuição 145.000,00
(–) Custo fixo total 100.000,00
(–) Despesa fixa total 20.000,00
(=) Resultado operacional 25.000,00
Fonte: elaborada pelos autores.
ou
Onde:
Descrição R$
(+) Recebimentos
Receita de vendas (6.500 unid. R$ 100,00) 650.000,00
(–) Desembolsos
(–) Custo variável (6.500 unid. R$ 50,00) 325.000,00
(–) Despesa variável (6.500 unid. R$ 30,00) 195.000,00
(–) Custo fixo total – Depreciação 85.000,00
(–) Despesa fixa total 20.000,00
(–) Financiamentos 25.000,00
(=) Saldo de caix a 0,00
Fonte: elaborada pelos autores com base em Warren, Reeve e Fess (2003).
Descrição R$
Receita de vendas (30.000 unid. × 35,00 cada) 1.050.000,00
(–) Custos e despesas variáveis (30.000 unid. × R$ 15,00) 450.000,00
(=) Margem de contribuição 600.000,00
(–) Custos + Despesas fixas 472.500,00
(=) Lucro operacional 127.500,00
Fonte: elaborada pelos autores.
Descrição R$
Receita de vendas (31.500 unid. × 35,00 cada) 1.102.500,00
(–) Custos e despesas variáveis (31.500 unid. × R$ 15,00) 472.500,00
(=) Margem de contribuição 630.000,00
(–) Custos + Despesas fixas 472.500,00
(=) Lucro operacional 157.500,00
Fonte: elaborada pelos autores.
Verifica-se que um aumento de 5% nas vendas (de 30.000 unidades para 31.500)
causa um aumento de R$ 30.000,00 do lucro operacional, que corresponde a 23,53%
do lucro operacional apresentado inicialmente (R$ 127.500,00).
TERMOS -CHAVE
Alavancagem operacional (AO) – índice que indica o efeito que uma variação nas vendas provoca no
resultado operacional.
Margem de segurança operacional (MSO) – diferença entre as vendas totais e as vendas no ponto de
equilíbrio. Indica a queda que pode ocorrer nas vendas sem que a empresa apresente prejuízo.
Ponto de equilíbrio contábil (PEC) – volume de vendas necessário para que o resultado contábil seja
igual a zero (Receita de vendas = Custos totais + Despesas totais)
Ponto de equilíbrio econômico (PEE) – volume de vendas necessário para que a empresa cubra os
custos e despesas totais e atinja o lucro pretendido.
Ponto de equilíbrio financeiro (PEF) – volume de receitas necessário para pagar todos os custos e
despesas desembolsáveis, bem como outras dívidas que a empresa tenha que saldar no período.
REFERÊNCIAS
LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2000.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo, Atlas, 2003.
PEREZ JR., José Hernandez, OLIVEIRA, Luiz Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão
estratégica de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PINTO, Alfredo A. G. et al. Gestão de custos. Rio de Janeiro: FGV Management, 2010.
SANTOS, Joel J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 2000.
WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003.
WERNKE, Rodney. Gestão de custos: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2001.
ALCIDES BRUNERA
M estre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Bacharel em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de Passo Fundo.
Professor de Contabilidade e Custos do curso de Ciências Contábeis da UNISINOS.
Reitor
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Vice-reitor
Pe. José Ivo Follmann, SJ
E DITORA UNISINOS
Diretor
Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ
CDD 657.42
CDU 657.4
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Acompanhamento editorial
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