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Iago Becker.
3. Para Smith, os produtos a serem comercializados (atento que aqui estamos nos
referindo ao período pré-capitalista) têm seu valor diretamente proporcional ao trabalho
aplicado na matéria prima ou no meio de produção da matéria. Conceito retirado da
seguinte frase escrita pelo economista clássico:
“O trabalho era o primeiro preço, o dinheiro da compra inicial que era pago por
todas as coisas. Não foi com o ouro nem com a prata, mas com o trabalho, que
toda a riqueza do mundo foi inicialmente comprada”.
Da teoria valor trabalho de Smith, promovida também por Ricardo, que surge a
principal discordância entre os dois economistas. Para Say, o valor não estava
proporcionalmente ligado ao trabalho aplicado ao produto, mas sim na utilidade do
produto para o comprador. Explicou ainda que é impossível aumentar a utilidade de um
produto somente aumentando seu preço. Para Say, “[...] o valor de troca, ou preço, é um
índice da utilidade reconhecida de certa mercadoria.”
A Lei de Say, cujo aspectos já haviam sido abordados por Smith e Ricardo e que
posteriormente seria criticada por demais economistas, consiste em dizer que no Laissez
Faire, os fatores de produção, a demanda, a oferta e o desemprego, todos tendem a um
equilíbrio que traz o bem-estar econômico. Essa concepção ainda tem como conteúdo a
ideia de que a oferta de um produto cria uma demanda da mesma magnitude, pois
argumentava Say que numa economia de mercado era uma economia em que produtores
especializados trocavam seus produtos e essa disposição levaria a economia ao
equilíbrio. Para discordar desta tese, basta analisarmos a história econômica. A maior
crise econômica dos EUA, o crash de 29, teve como um dos principais fatores uma crise
de superprodução e alto desemprego, tudo isso em meio a uma economia
demasiadamente livre
4. “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem
sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente,
legadas e transmitidas pelo passado”
Essa frase de Marx escrita no livro 18 de brumário carrega consigo parte da ideia
de materialismo dialético, visto que imputa a ideia de que apesar dos homens poderem
construir o mundo e mudar a realidade, tudo que fazem tem influência direta da
realidade pré-existente aos seus atos. Desse contexto é que conseguimos aplicar o
conceito na realidade econômica, pois de nada adianta você ter uma nação com uma
cultura comunista enquanto a realidade das trocas entre as camadas da sociedade
perpetua uma relação capitalista. A lógica é que os fatos sociais da realidade
influenciam os ideais da sociedade e não o contrário. Essa concepção é o motivo pelo
qual chamamos Marx de materialista.
Para Marx, o valor de troca e o valor de uso de uma determinada mercadoria,
eram dissociáveis a partir do ponto que visavam termos diferentes. Enquanto o valor de
uso tinha como característica fundamental termos qualitativos de uso e bem-estar,
devido ao fato de que o valor de uso tem relação direta entre a coisa material e as
pessoas, diferentemente do que é estabelecido no valor de troca, visto que é uma análise
onde termos qualitativos não são levados em conta, mas sim aspectos quantitativos de
troca, conforme diz Marx:
“Como valores de uso, as mercadorias são, acima de tudo, de diferentes qualidades,
mas, como valores de troca, são meramente quantidades diferentes”
Sendo assim, o valor de uso não poderia ser a base do valor de troca, pois não
eram diretamente comparáveis por não refletirem as relações sociais da sociedade
capitalista.