Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
por
Lucas Rafael de Andrade
Rio de Janeiro
(2022)
1
2
"Declaro ser o único autor do presente projeto do trabalho de conclusão do curso que
refere-se ao plano de trabalho a ser executado para continuidade do trabalho de
conclusão de curso e ressalto que não recorri a qualquer forma de colaboração ou
auxílio de terceiros para realizá-lo a não ser nos casos e para os fins autorizados pelo
professor orientador".
_______________________________
Lucas Rafael de Andrade
Rio de Janeiro
(2022)
_______________________________________________________
Professor Orientador: Edson Daniel Lopes Gonçalves
Escola Brasileira de Economia e Finanças
Fundação Getúlio Vargas
RESUMO
Esse é um Projeto de Tese destinado a propor a construção de um survey paper com o
objetivo de expor a história e situação atual da literatura sobre as disciplinas em torno da
metodologia das Ciências Atuariais. Serão enunciadas aqui quais as obras que pretende-se
consultar como base para o survey, de forma ainda muito seminal e compacta, porém precisa e
ordenada.
ABSTRACT
This is a Thesis Project aimed at proposing the construction of a research article with
the objective of exposing the history and current situation of literature as disciplines around
the methodology of Actuarial Sciences. They will be listed here as works that are intended to
be consulted as a basis for the survey, in a very seminal and compact, yet precise and orderly
manner.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6
PESQUISA EXPLORATÓRIA 7
DESENVOLVIMENTO 13
METODOLOGIA 14
BIBLIOGRAFIA 15
INTRODUÇÃO
A carreira de atuário é vista em muitos lugares como uma “profissão do futuro”, sendo
que nos Estados Unidos é considerada por muitos uma dos 20 melhores trabalhos, com uma
média salarial de USD 110 000/ano (segundo usnews.com). Enquanto isso, no Brasil a
profissão é pesadamente regulamentada pelo Susep através do Decreto-Lei nº806/69, o que
cria uma barreira de entrada muito grande para o ingresso de profissionais no mercado. A
situação da academia é ainda mais lamentável: há apenas cerca de 16 Universidades que
lecionam o curso de Ciências Atuariais e nenhum programa de pós graduação strictu sensu.
Esta proposta de artigo pretende estabelecer em primeiro lugar um trabalho de
divulgação científica para estimular a investigação dos diletantes. Em segundo lugar se
pretende criar um artigo de referência confiável e extensivo que possa ser utilizado por muitos
anos ainda, de forma que mesmo um estudante de graduação que nunca tenha tido contato
com as Ciências Atuariais consiga finalizar o artigo tendo uma noção razoável do campo sem
que precise recorrer a outras fontes.
fazer o mesmo. Ainda segundo Hald(1990), essa competição entre os autores fez com que
importantes ferramentas matemáticas atuariais, embora o único tipo de seguros que eles
tratassem fosse o de anuidades.
Segundo Haueter (2017) apesar desses avanços na teorização matemática dos seguros,
a sua adoção foi lenta e gradual, uma vez que várias formas de seguros tinham valores
arbitrários, se assemelhando muito mais a apostas do que a instrumentos financeiros.
James Dodson(1755), enfurecido por ter tido seu seguro recusado por uma seguradora,
desenvolveu aplicações para outros tipos de seguros fora o de anuidades, demonstrando por
exemplo que um seguro de vida permanente poderia ser operado de forma que o segurado
fosse taxado progressivamente conforme fosse envelhecendo. Essa obra foi de grande impacto
e passou a ser aplicada no mercado de seguros, sendo Dodson considerado por muitos o “pai
dos seguros modernos6”. Richard Price(1771) também teve uma obra de grande impacto nesse
mercado, uma vez que expôs alguns esquemas fraudulentos e mostrou que algumas
seguradoras estavam com portfólios insustentáveis, levando a algumas sociedades a fecharem
as portas (Haberman, 1996).
Em 1772 William Dale introduz a ideia de Função de Comutação, que consiste na
ideia de uma função que simplifica o trabalho de fazer contas manualmente, ideia muito
importante numa época em que não haviam computadores e calculadoras. Essas funções
foram melhor desenvolvidas por Johannes Tetens(1785), mas esses trabalhos ainda eram
muito teóricos- foi Griffith Davies(1825) quem trouxe um guia de aplicações dessas funções
no mercado de seguros.
_________________________________________________________
Em 1825 um artigo revolucionário foi publicado por Benjamin Gompertz (On the
Nature of the Function Expressive of the Law of Human Mortality), que introduziu a noção de
força de mortalidade, que seria a taxa de mortalidade instantânea numa idade x, representado
pela letra µ7, que é obtida como uma diferenciação do tamanho populacional . Esse artigo foi
6
Foi no final século 18 que Edward Rowe Mores cunhou o termo “atuário” para a profissão de quem trabalha
com seguros, e a partir do final desse século que importantes estudos começaram a serem publicados e os
negócios se tornaram cada vez mais relacionados com o desenvolvimento teórico.
7
Segundo Haberman(1996) ele não usava a notação padrão, e sim em notação de fluxions, por respeito a Isaac
Newton.
8
Cabe aqui citar algumas contribuições importantes. Em 1826 Thomas Young introduziu a ideia de
representação da função de morte dx(quantidade de mortes entre x e x+1), e em 1838 Augustus de Morgan,
descendente de J. Dodson, introduziu a ideia de variabilidade da Tábua de Vida
9
Em 1868 um resultado importante foi publicado por Hattendorf: ele provava que a variância das perdas num
período é aproximadamente a soma das variâncias das perdas de cada ano, mais tarde isso viria a formar a
Teoria do Risco(Ruin Theory)
financeiro. Outro trabalho de extrema importância foi o de Markowitz (1952) que trouxe a
Teoria do Portfólio Ótimo, que trouxe uma nova perspectiva sobre a gerência de risco, por dar
atenção à covariância dos erros e sua independência (Müller, 2014). Temos ainda o trabalho
de Black(1973) introduzindo o modelo de precificação de opções11.
Segundo Frees(1990), a união dos métodos estocásticos atuariais desenvolvidos com a
teoria financeira desenvolvida até então possibilitou a emergência de campos novos
envolvendo a Ciência de Dados e Inteligência Artificial. Um artigo que merece destaque foi
escrito por Hinton em 2016, que utiliza de uma técnica de treinamento de redes neurais não
supervisionadas para o redes “deep”(chamada RBF-SVM); outro paper revolucionário
publicado por Hilton em 2012, em que os autores utilizaram da técnica de CNN para formular
a arquitetura AlexNet(de acordo com Richman, 2018). Um estudo feito por SNS Telecom
(2018) aponta que a tendência é de as seguradoras utilizem cada vez mais das técnicas vindas
das Ciências de Dados, levando a um aumento na detecção de fraudes de até 60%, e uma
redução de custos de até 70%. Esse futuro promissor das ciências de dados aplicadas às
ciências atuariais faz com que cada vez mais uma formação acadêmica na área de Ciência de
Dados seja atrativa para aqueles que pretendem estudar as Ciências Atuariais
significado das letras e símbolos das Tábuas de Mortalidade, como por exemplo,
representa uma série de pagamentos por n períodos, várias outros signos são exclusividades
das Ciências Atuariais. Outro passo importante na escrita desse artigo é a verificação das
informações retiradas por exemplo de websites; ficou claro que enquanto pesquisava alguns
documentos fatos factivelmente imprecisos eram encontrados, como por exemplo quando
Haueter (2017) implica que James Dodson foi o único responsável por trazer a matematização
ao mercado de seguros, porém se observa que outros nomes como Richard Price também
tiveram um impacto muito grande. Também é importante notar que algumas obras acabam
passando desapercebidas na formulação da metanarrativa da história das ideias, como a que
não se encontra nas referências acima, a de Euler “A General Investigation into the Mortality
and Multiplication of Human Species”, pelo simples fato de ser difícil conseguie encaixar
todos os artigos numa narrativa sólida. Um dos maiores desafios na escrita desse survey será
na parte de Data Science, por 2 motivos:1)É difícil explicar os avanços nesse campo sem
entrar em detalhes muito técnicos. 2)Existe uma quantidade muito grande de artigos sendo
publicados no século XXI, e escolher quais os mais importantes acaba gerando um Paradoxo
da Escolha. O que se pretende além do que foi descrito na introdução é
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS
BAILEY, A.-. Credibility Procedures, Laplace's Generalization of Bayes' Rule, and the
Combination of Collateral Knowledge with the Observed Data. Proceedings of the Casualty
Actuarial Society, Vol 37, pp 7-23, 1950
BAILEY, A. The Mathematical Theory of Infectious Diseases and its Applications,
Griffin, 2ª Ed; 1975
BENJAMIN, S. Simulating mortality fluctuations, Transactions of the 17th International
Congress of Actuaries, Vol 3, 1964
BOERMEESTER, J.M. Frequency distribution of mortality costs, Transactions of the
Society of Actuaries Vol. 8, pp. 1–9, 1956
BLACK, F. & SCHOLES, M. The Pricing of Options and Corporate Liabilities, Journal of
Political Economy Vol. 8, 637–654, 1973
COUTTS, C.R.V. The Origin and Early History of Insurance. By C.F. Trenerry. The
Economic Journal, Vol. 36, No. 144, pp. 620-623, 1926
CUSCÓ, P. Risk Quantification of an Option Portfolio Through the Introduction of the
Fuzzy Black-Scholes Formula. Ed. Universitat de Barcelona. Barcelona, 2019
CRAMER H. On the Mathematical Theory of Risk. Skandia Jubilee Volume, Estocolmo,
1930
DE MOIVRE, A. Annuities on Lives or the Valuation of Annuities Upon any Number of
Lives as Also of Reversions, Londres, 1738
FREES, E.W. Stochastic Life Contingencies with Solvency Considerations. Trans. Soc.
Actuar. Vol 42, pp. 91-148, 1990.
HALLEY, E. An Estimate of the Degrees of the Mortality of Mankind, 1693. Disponível
em: <http://www.pierre-marteau.com/editions/1693-mortality.html>
HAI-FENG, Y. New Method to Option Pricing for the General Black-Scholes Model- An
Actuarial Approach, Appl Math Mech Vol. 24, pp. 826-835, 2003
HASSANI, H. Big Data and Actuarial Science. Big Data and Cognitive Computing, Vol 4,
Iss 40, p 40, 2020
HABERMAN. S. Landmarks in the History of Actuarial Science (up to 1919). Actuarial
Research Paper No. 84, 1996
HALD A. A History of Probability and Statistics and Their Applications Before 1750
John Wiley and Sons, Nova York, 1990.
HENDRIKS, F. Life Contingencies, with a Restoration of the Grand Pensionary De Wit's
Treatise on Life Annuities. The Assurance Magazine Vol. 2, No. 2, pp. 121-150, 1852.
HOLDSWORTH, L. The Early History of the Contract of Insurance. Columbia Law Review
Vol. XVII, No. 2, pp. 85-113.
HICKMAN, J. History of Actuarial Profession. Encyclopedia of Actuarial Science, 2004
HINTON, G. Imagenet classification with deep convolutional neural networks, Advances in
Neural Information Processing Systems. Pp. 1097-1105, 2012.
HOEM J.M. Markov Chain Models in Life Insurance. Blatter der Dcutschen Gesellschaft
fiir Versicherungsmathematik, Vol 9, pp. 91-107, 1969
KATZ, L. (1965). Unified treatment of a broad class of discrete probability distributions.
Classical and Contagious Discrete Distributions, pp. 175–182, 1965
IZQUIERDO, L. Techniques to Understand Computer Simulations: Markov Chain Analysis.
Journal of Artificial Societies and Social Simulation Vol. 12, no. 16, 2009
MÜLLER, H. Modern Portfolio Theory: Some Main Results. ASTIN Bulletin: The Journal
of the IAA, Vol. 19 , Issue S1, pp. 9-27, 1989.
MATTMÜLLER, M. The difficult birth of stochastics: Jacob Bernoulli's Ars Conjectandi
(1713). Historia Mathematica Vol. 41, Issue 3, pp. 277-290, 2014.
SIMPSON, T. The Doctrine of Annuities and Reversions Deduced from General and
Evident Principles, I Nourse, Londres, 1742.
PRICE, R. Observations on Reversionary Payments; on Schemes for Providing Annuities for
Widows and for Persons in Old Age; on the Method of Calculating the Values of
Assurances on Lives, T Cadell, 1771.
DALE, W. Calculations Deduced from First Principles in the Most Familiar Manner
by Plain. Arithmetic, for the Use of the Societies Instituted for the Benefit of Old Age, ,J
Ridley, Londres, 1772
DAVIES, G. Tables of Life Contingencies: Containing the Rate of Mortality Among
Members of the Equitable Society and the Values of Life Annuities, Reversions, etc.
Computed Therefrom, Longman and Co, Londres, 1825
GERBER, H.U. Indicator Function and Hattendorff's Theorem. North American Actuarial
Journal, Vol. 7, No. 1. pp. 41-42.
HATTENDORF, K. The Risk with Life Assurance. In Rundschau der Versicherungen
(Review of Insurances) by E A Masius, Leipzig, 1868
GOMPERTZ, B. On the Nature of the Function Expressive of the Law of Human
Mortality, and on. a New Mode of Determining the Value of Life Contingencies. In a letter to
Francis Baily. Philosophical Transactions of Royal Society, vol 115, pp 513-583, 1825