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8º semestre

Teorias e técnicas psicoterápicas especiais

AULA 2

Estudo de teorias psicoterápicas

- Conceitos sobre a Teoria de Winnicott


- Introdução à Terapia Interpessoal

Profª Larissa Bueno Alencar


Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Donald Woods Winnicott (1896 – 1971)


• Médico pediatra e psicanalista inglês
• Dedicou-se a falar sobre a psicanálise dos bebês e da infância e publicou diversas obras
• “Da pediatria à psicanálise” (1958)
• “O brincar a realidade” (1975)
• “O ambiente e os processos de maturação” (1965)
• Conceitos Fundamentais
• Os indivíduos têm uma tendência inata à integração (união dos processos psíquicos aos
corporais – Psique-Soma)
• O ambiente exerce demasiada importância no processo de amadurecimento
• Ambiente: Pessoa que dá à criança a sustentação que torna possível o seu
desenvolvimento, para tanto, deve, viabilizar cuidados humanizados e
proporcionar confiança (Holding)
• Amadurecimento: evolução do ego e do self, bem como de todos os elementos que
os compõem
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Conceitos Fundamentais
• O ego é observado a partir do nascimento do indivíduo, um potencial herdado que tende a
integrar-se
• Já o self, é a pessoa que se é, o eu, o todo, o conjunto de experiências, de continuidades e
descontinuidades
• Fases iniciais do desenvolvimento para Winnicott
• 0 a 4 meses - Dependência Absoluta
• Bebê não reconhece a existência de uma realidade que não seja ele em si. Para ele,
todo objeto que ele precisa, surge de suas próprias necessidades
• Ilusão de onipotência
• Existindo uma sustentação por parte do ambiente, o bebê começa a obter noção
de tempo, espaço, experiências pessoais e associações sobre o que acontece com
o seu corpo
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Conceitos Fundamentais

• Fases iniciais do desenvolvimento para Winnicott

• 6 meses a 3 anos - Dependência Relativa

• Bebê começa a reconhecer gradualmente a existência de uma realidade externa e


enfrentar as desilusões

• Cabe então à mãe proteger o bebê para que ele descubra o ambiente de forma
espontânea, provocando assim o sentimento de onipotência e o exercício de sua
criatividade originária a partir do gesto espontâneo

• A primeira desilusão enfrentada pelo bebê é no momento do desmame, pois com


isso vem a separação da mãe e a conquista do self autônomo. Tal processo habilita
o bebê a lidar com outras separações vindouras
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Conceitos Fundamentais

• Estes processos ocorridos nas fases iniciais do desenvolvimento, alimentam a Criatividade


Originária e se forem repetidas vezes, permite o surgimento da crença de que o mundo (o
ambiente) é digno de confiança e que ele é alguém criativo, que pode criar o mundo que
precisa

• A mãe que é “suficientemente boa” permite que o bebê vá ampliando sua relação com
objetos externos

• Já a mãe que não é suficientemente boa, falha quando substitui o gesto espontâneo do
bebê pelo seu próprio gesto
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Conceitos Fundamentais

• Ocorrendo o primeiro caso descrito, o bebê alcançará o self verdadeiro e se manifestará a


partir do gesto espontâneo, sua ideia pessoal em referência à criatividade e iniciativa

• No segundo caso, origina-se um falso self, um estado de submissão, que visa encobrir e
proteger o self verdadeiro das invasões ambientais

• Portanto, se o verdadeiro self se manifesta a partir do gesto espontâneo do indivíduo, o falso


self é uma reação defensiva às falhas ambientais, é um modo submisso de ser e se relacionar
com o ambiente

• De acordo com os diferentes graus de falso self, temos aquele que se aproxima mais da
normalidade e aquele mais patológico
• Falso self operativo - Mediante as necessidades de adaptação social
• Falso self cindido - Quando não há o domínio do self na existência do indivíduo
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Conceitos Fundamentais

• Esta Criatividade Originária existe enquanto potência, mas só poderá ser exercida
mediante um ambiente suficientemente bom

• Se há alguém tentando promover um ambiente facilitador para esse tipo de potência, o


indivíduo pode voltar a se desenvolver de forma espontânea e criativa rumo à
integração:

• Para Winnicott, mesmo um ambiente invasivo pode, a partir de certas condições, deixar
de sê-lo e novamente facilitar o processo de amadurecimento do indivíduo (papel do
terapeuta também)

Experiência com as oficinas terapêuticas no Hospital-Dia


Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Após o nascimento, os bebês vão amadurecendo e passam a querer satisfazer os instintos da zona
erógena oral, dessa forma, tendem a levar as mãos até a boca

• Com o passar do tempo, as mães apresentam algum objeto desejando que seus filhos se afeiçoem
por eles. Esta é a primeira posse “não eu” da criança e este período configura a ocorrência do que o
autor chama de Objetos e Fenômenos Transicionais

• O objeto transicional tem caráter de intermediação entre o mundo externo e o interno. Constitui
uma terceira área da experiência, elencada como intermediária, por não fazer parte nem do interno
e nem do externo

• Trata-se de um objeto que a criança tenha domínio sobre tal, podendo desfrutar dos mais diversos
sentimentos sobre este, como por exemplo, o urso de pelúcia ao qual a criança se apega e atribui
significado

• Esta terceira área é a área da brincadeira e da experiência


Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Área da brincadeira e da experiência

• É desenvolvida no viver criativo e cultural do indivíduo

• Espaço potencial, que é singular para cada indivíduo, ao contrário da realidade interna,
que é determinada biologicamente e da realidade externa que é uma propriedade comum

• Os fenômenos e objetos transicionais tem um papel amortecedor no choque ocasionado


pela conscientização da existência de uma realidade externa

• O espaço potencial persistirá por toda a vida, sendo ao longo dela ocupado por atividades
lúdicas e criativas diferentes, portanto, precisa ser estimulado também na vida adulta, tal
como vimos na experiência com as oficinas terapêuticas
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• As crianças têm prazer em todas as experiências de brincadeira, física e emocional

• O brincar é sempre uma experiência criativa que necessita de espaço e tempo para o seu
desenvolvimento

• Quando a criança brinca está procurando maneiras de existir

• De modo que brincar é também criar e criar é sinônimo de saúde

• Quanto menor a criança, mais ela se expressa em angústias e ansiedades

• O último estádio em que a criança passa é o permitir do brincar conjunto, quando ela consegue
brincar primeiramente com a mãe e posteriormente desenvolver seu próprio repertório

• Em meio a todo este processo a mãe desempenha papel de extrema importância, pois poderá ou
não permitir a vivência dos Acontecimentos Totais (experiências com início, meio e fim, que
habilitam o bebê a dominar o tempo)
Conceitos sobre a
teoria winnicottiana

• Em termos de psicopatologia, o limite entre saúde e doença deve ser adotado cuidadosamente,
pois todas as pessoas passam por descontinuidades, quebras, ou rupturas, na vida. O que definirá
um estado patológico é a incapacitação do indivíduo frente às angústias

• Indivíduos que amadureceram x Indivíduos que não amadureceram


• Pessoa que se integrou e se formou por inteiro (neurose)
• Pessoa que recém integrou-se (deprimidos)
• Pessoa que não se integrou (psicose)

• Para Winnicott, saúde não se trata de ausência de doença, mas sim um estado em que a pessoa
consegue sentir que sua vida é real e pessoal na relação com os outros e com a vida cultural, sem
deixar de lado sua espontaneidade. Já a doença está entrelaçada à imaturidade. O indivíduo
doente não encontra sentido na vida e percebe a vida que vive como não lhe sendo própria

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xrN-DQy56e4
Terapia Interpessoal

• Desenvolvida em 1970 por:


• Gerard Klerman (psiquiatra e pesquisador americano)
• Mirna Weissman (pesquisadora americana e professora de epidemiologia em
psiquiatria da família

• Basearam-se em outros teóricos:


• Adolf Meyer (psiquiatra suíço) e Harry Stack Sullivan (psicanalista americano)
• Ambos produziam estudos com enfoque interpessoal e psicossocial
• A relação do paciente com o grupo social e as pessoas mais próximas são
determinantes para os problemas de ordem mental
• John Bowlby
• Teoria do apego
Teoria do apego

• Conceitua explicações sobre a importância do vínculo entre o bebê e o seu provedor


de segurança e conforto para a formação da personalidade e dos relacionamentos
humanos
• Entende-se que a necessidade de sobrevivência dos filhos para com os pais afeta não
somente a vida biológica, mas também a psicológica
• Desenvolvida por John Bowlby, que foi influenciado por Konrad Lorenz e Harry Harlow
• Konrad Lorenz (estudos com patos e gansos nos anos 50)
• Apego é inato e tem um valor de sobrevivência
• Bebê produz cptos inatos de “liberação social” (ex: chorar e sorrir), que
estimulam o cuidado dos adultos, logo, o fator determinante para o apego é
o cuidado e a capacidade de resposta deste adulto
Teoria do apego

• Harry Harlow (experimentos com macacos no século XX)


• Conclusão dos estudos: A necessidade de contato e carinho dos pais é essencial
para desenvolver a personalidade saudável
• Experimento em 3 fases:
• Fase 1
• Macacos Rhesus
• Separou um grupo de filhotes de suas mães
• Deixou uma mamadeira e um boneco de pelúcia parecido com um macaco
adulto
• Depois de um tempo, os filhotes escolhiam o macaco de pelúcia em
detrimento da mamadeira e não soltavam mais
Teoria do apego

• Experimento em 3 fases:
• Fase 2
• Outros macacos deixou sozinho em jaulas menores e mudaram seu cpto com
consequências graves
• Parados olhando para o nada
• Andando em círculos
• Automutilação
• Não se relacionavam com outros macacos na vida adulta
• Grande parte deixou de comer
• Fase 3
• Inseminação em algumas destas fêmeas isoladas na infância
• Não conseguiam conviver com seus filhotes
• Não os alimentavam
• Ignoravam completamente
Teoria do apego

• Bowlby desenvolveu esta teoria após a Segunda Guerra Mundial quando a ONU
pediu que escrevesse sobre a temática dos problemas que vinham ocorrendo com
órfãos e crianças em situação de rua

• Ele associava estes problemas à questão da privação materna


• Separação ou perda da mãe
• Falta de uma figura de apego

• A Teoria pontua que existem 3 Fases do Apego:


• Estabelecimento do laço principal
• Cuidados Contínuos
• Formação do comportamento e dos valores
Teoria do apego

• 3 Fases do Apego
• 1. Estabelecimento do Laço Principal (durante a gestação)
• Formado com a mãe biológica durante a gestação
• Monotropia
• Uma criança tem a necessidade inata de se unir a uma figura principal de
apego
• 2. Cuidados Contínuos (6 meses a 2 anos)
• O contato da mãe com o filho deve ser contínuo
• Se ela se separar do seu filho por um longo período e voltar a cuidar (mesmo
enquanto bebê), problemas graves podem ser gerados, inclusive na vida
adulta: Depressão, agressividade, delinquência, déficits na inteligência
• A separação da figura de apego leva à angústia, e esta, passa por 3 etapas
progressivas
Teoria do apego

• 3 Fases do Apego
• 2. Cuidados Contínuos (6 meses a 2 anos)
• 3 etapas progressivas da angústia
• Protesto
• A criança chora, grita e protesta com raiva quando a figura de apego a deixa. Ela
tenta se prender à pessoa para que ela não vá
• Desespero
• Os protestos começam a diminuir e parecem ficar mais tranquilos, mesmo que
ainda sejam irritantes. A criança não aceita as tentativas de promover conforto dos
demais e frequentemente parece desinteressada por qualquer coisa
• Desapego
• Se a separação continuar, a criança começará a interagir com outras pessoas
novamente. Ela vai rejeitar seu cuidador quando este voltar e mostrará fortes
sinais de raiva
Teoria do apego

• 3 Fases do Apego
• 3. Fase da formação do comportamento e dos valores (A partir dos 2 anos)
• Após os 2 anos inicia-se a fase da formação do imaginário, a partir da qual
a pessoa projetará a sua vida diante do que ela entender ser a sua
realização
• Se o exemplo recebido for bom, a pessoa cresce confiante. Caso
contrário, cresce insegura e com dificuldade para compreender o mundo
afetivo adequadamente
• Possíveis riscos na vida adulta:
• Psicopatia
• Pessoa não compreende como funciona o mundo dos
sentimentos, tornando-se alguém sem misericórdia e empatia
Gratidão por hoje!

Para a nossa reflexão

“É uma alegria estar escondido, mas um desastre não ser achado”


winnicott

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