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Teorias da Personalidade 1I

Prof. Ms. Daniel Vargas


Donald Woods Winnicott

(Plymouth, 07/04/1896 – Londres 28/01/1971)


Donald Woods Winnicott - biografia
• Pai comerciante, que se tornou cavaleiro, depois de
ser eleito duas vezes prefeito de Plymouth.
• Família aparentemente próspera e feliz
• Viveu oprimido por uma mãe depressiva, duas irmãs e
uma babá.
• Usava uma boneca, chamada Lily, para descarregar a
agressividade que sentia pelas irmãs
• Passava longas horas observando a relação que os
ratos estabeleciam com seus filhotes
• Se descrevia como um adolescente perturbado.
• Reagia contra a sua auto repressão, tentando
compreender e suavizar os humores sombrios da
mãe.
• Essa semente de autoconsciência se tornou a base do
interesse em trabalhar com pessoas jovens e
problemáticas.
Donald Woods Winnicott - biografia

• Aos 14 anos foi para um internato. (Cambridge)


• 1920 formou-se em medicina, especializado em
pediatria .
• 1923 iniciou análise com James Strachey – maior
tradutor das obras de Freud para o idioma inglês.
• 1926 Tomou contato com Melanie Klein e fez análise
com um de seus discípulos. Absorveu e compartilhou
a ideia da importância suprema, para a saúde psíquica,
do primeiro ano de vida da criança.
• 1927 Ingressou na Sociedade Britânica de Psicanálise.
• 1934 foi qualificado como analista
• 1935 qualificado como Analista de crianças.
Donald Woods Winnicott - biografia

• Passou a fazer parte do 3º grupo formado


dentro da Sociedade Britânica (Os
conciliadores).
• Durante os anos de guerra trabalhou como
consultor psiquiátrico de crianças seriamente
transtornadas que tinham sido evacuadas de
Londres e outras cidades grandes, e separado de
suas famílias.
• Após a guerra foi contratado como médico do
Departamento Infantil do Instituto de Psicanálise
do Hospital Paddington Green´s Children´s,
onde atuou até 1960.
• Atendeu mais de 60 mil crianças
Donald Woods Winnicott - biografia

• Foi presidente da Sociedade Britânica de


Psicanálise por duas gestões
• Membro da UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
• Membro do grupo de experts da OMS.
• Faleceu em 28/01/1971 aos 75 anos

http://www.febrapsi.org/publicacoes/biografias/donald-woods-winnicott
Donald Woods Winnicott
Teoria do amadurecimento humano.
 Todo indivíduo é dotado de uma tendência
inata ao amadurecimento, o que significa, à
integração numa unidade (Self real).
 Fase de dependência absoluta
 Fase de dependência relativa
 Fase da independência relativa
 As perturbações emocionais não tem
origem no desenvolvimento sexual, mas no
amadurecimento emocional.
 O fator externo, o ambiente, tem
importância decisiva na formação de
distúrbios psíquicos.
Teoria do amadurecimento humano.
Duas condições
 Crescimento emocional do bebê
Jornada do lactente da dependência
absoluta à independência relativa, passando
pela dependência relativa
 Cuidado materno
Características da mãe e adaptações as
necessidades específicas de cada fase do
desenvolvimento
Teoria do amadurecimento humano.
Três elementos
 O desenvolvimento emocional
 Hereditariedade : processo de maturação
biológica, crescimento e desenvolvimento
 O bebê: crescendo e acumulando
experiências
 O ambiente: a mãe-suficientemente-boa
que possibilita o processo de maturação e
a evolução do ego, mecanismos de defesa,
o self, o id e as pulsões
Teoria do amadurecimento humano.
 Se ocorrerem perturbações como
abandono do bebê, mudanças repetidas na
rotina, comportamento imprevisível da
mãe, a “continuidade do ser” é
interrompida. O bebê passa a reagir às
falhas, que são vividas como agressão.
 Deixa de ter condições de desenvolver
um “self real” pessoal (ser).
Teoria do amadurecimento humano.
 A esquizofrenia adulta é resultante de
como a criança amadurece
emocionalmente nos estágios iniciais
 Falta de uma constituição do Si-Mesmo
(eu)
 Ausência de contato com a realidade
externa
 “A investigação da esquizofrenia adulta
deve passar por um estudo profundo do
amadurecimento inicial do indivíduo”
(Livro: Da pediatria à psicanálise)
Teoria do amadurecimento humano.
 O inconsciente, para Winnicott, consiste
em algo não acontecido, mas que
precisava acontecer e do desacontecido,
mas que precisava continuar sendo.
 É constituído por algo que escapa à
recordação ou a elaboração simbólica.
Teoria do amadurecimento humano.
 Privação: experiência catastrófica de
abandono experimentada por um bebê
antes de saber diferenciar o “eu” e o
“não-eu” – leva a psicose infantil

 Deprivação: experiência catastrófica de


abandono depois de certo tempo em que
o bebê já recebia os devidos
cuidados maternos.
Teoria do amadurecimento humano.
 A deprivação é o primeiro elemento que
caracteriza a tendência anti-social. A
criança conheceu um período de boas
experiências e cuidados.
 O bebê entende que o ambiente “lhe
deve algo” e dirige sua agressividade para
fora...em princípio contra a mãe.
 Com o tempo os alvos mudam e passam
a ser, por exemplo, o roubo ou a
desconfiança em relação as pessoas.
Teoria do amadurecimento humano.
 Não há como descrever um bebê sem falar de
sua mãe.
 A mãe e o bebe formam uma “unidade psíquica”
e não dois seres distintos. No início a mãe é o
ambiente e gradualmente vai se transformando
em algo externo e separado do bebe.
 O amadurecimento pessoal é um caminho a ser
percorrido partindo da dependência absoluta e
dependência relativa rumo à independência
relativa
Estrutura da teoria Winnicott
 Todo ser humano traz um potencial inato
para amadurecer, para se integrar;
 Isto dependerá de um ambiente facilitador
que forneça cuidados que precisa, sendo que,
no início, esse ambiente é representado pela
mãe suficientemente boa.
 A mãe suficientemente boa (não
necessariamente a própria mãe do bebê) é
aquela que efetua uma adaptação ativa às
necessidades do bebê, uma adaptação que
diminui gradativamente, segundo a
capacidade deste em aquilatar o fracasso da
adaptação e em tolerar os resultados da
frustração. (Winnicott, 1971)
Estrutura da teoria Winnicott
 Dificuldades da mãe em olhar para o filho
como diferente dela, com capacidade de
alcançar certa autonomia, podem tornar o
ambiente não suficientemente bom para
aquela criança amadurecer.
 Não basta, apenas, que a mãe olhe para o
seu filho com o intuito de realizar atividades
mecânicas que supram as necessidades dele;
é necessário que ela perceba como fazer
para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em
suas particularidades.
Estrutura da teoria Winnicott
Estrutura da teoria Winnicott
 Em 1949, surgiu a expressão "mãe
dedicada comum", que serviu para
designar a mãe capaz de vivenciar esse
estado, voltando-se naturalmente para as
tarefas da maternidade, temporariamente
alienada de outras funções, sociais e
profissionais.
Estrutura da teoria Winnicott
• A capacidade das mães em dedicar a seus filhos
toda a atenção de que precisam, atendendo
suas necessidades de alimentação, higiene,
acalento ou no simples contato sem atividades,
cria condições para a manifestação do
sentimento de unidade entre duas pessoas.

• Da relação saudável que ocorre entre a mãe e o


bebe, emergem os fundamentos da constituição
da pessoa e do desenvolvimento emocional-
afetivo da criança.
Estrutura da teoria Winnicott-
Holding
 O holding inclui principalmente o segurar
fisicamente o bebe, que é uma forma de amar;
 Auxilia a estabelecer o conceito de viver com, isto
é, uma pessoa, que se relaciona com outras
pessoas separadas dele.
 A função do holding em termos psicológicos é
fornecer apoio egóico, em particular na fase de
dependência absoluta, até a autonomia do bebe.
 Winnicott (1979/1983) afirma que a mãe, ao tocar
seu bebe, manipulá-lo, aconchegá-lo, falar com ele,
acaba promovendo um arranjo entre soma (o
organismo considerado fisicamente) e psique e,
principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como
espelho no qual o bebe pode se ver.
Interação mãe- bebê
Estrutura da teoria Winnicott-
Holding
• Protege da agressão fisiológica,
• Leva em conta a sensibilidade cutânea do lactente
– tato, temperatura, sensibilidade auditiva,
sensibilidade visual
• Sensibilidade à queda (ação da gravidade) e
• A falta de conhecimento do lactente da existência
de qualquer coisa que não seja ele mesmo.
• Inclui a rotina completa do cuidado dia e noite
• Segue também as mudanças instantâneas do dia-a-
dia que fazem parte do crescimento e do
desenvolvimento do lactente, tanto físico como
psicológico. (Winnicott, 1979/1983, p.48)
A mãe contemporânea
Estrutura da teoria Winnicott-
Dependência Absoluta
 No primeiro ano de vida
 Surge a noção do Eu e do Não-eu (mundo
interno e mundo externo)
 Surge a afirmação “Eu sou”, onde a criança
começa a ter identidade.
 Nesse momento primitivo em que estão
sendo constituídos os alicerces da
personalidade.
Estrutura da teoria Winnicott-
Dependência Absoluta
 Se houver fracasso do ambiente, pode-se
ter, como consequência, a paralisação ou
interrupção do processo de
amadurecimento; essa paralização se
manifesta como uma deficiência mental
independente de qualquer problema
orgânico, ou uma esquizofrenia da infância
(autismo), ou, ainda, uma predisposição
para a doença mental mais tarde.
Estrutura da teoria Winnicott
Objetos Transicionais
 Na medida que a integração do ego torna-se
mais consistente, o amadurecimento exige
que, vagarosamente, algo do mundo externo
se misture à área de onipotência do bebe.
 No início da passagem da dependência
absoluta para a dependência relativa, (oitavo
mês) os objetos transicionais exercem a
indispensável função de amparo, por
substituírem a mãe que se desadapta e
desilude o bebe.
 A transicionalidade marca o início da
separação, da quebra da unidade mãe-bebê.
Estrutura da teoria Winnicott
 Objetos transicionais
Estrutura da teoria Winnicott
 O objeto tem um efeito tranquilizador,
principalmente por ocasião do adormecer
ou quando a mãe precisa se ausentar.
 Ele não pode ser lavado ou substituído por
outro (ruptura da familiaridade e de
continuidade)
 É tratado com muito amor
pela criança, mas também com
agressividade. Ajudam a criança
a tolerar a angústia.
Estrutura da teoria Winnicott
 O objeto tem que ser resistente a ponto
de suportar as descargas de agressividade
da criança.
 Cria no inconsciente a percepção de que
mesmo sendo agredido, as coisas externas
sobrevivem e podem ser amadas.
Estrutura da teoria Winnicott
Dependência Relativa
 Entre um e dois anos de vida
 O bebê tem sentimentos ambivalentes em
relação a mãe: amor, nos momentos
tranquilos e ódio nos momentos de
frustração.
 Nessa fase a criança tem grandes surtos de
medo, e nesse sentido a mãe continua tendo
o papel importantíssimo de proteção, como
um ambiente seguro e que faz uma
intermediação entre o bebê e o mundo
externo.
Estrutura da teoria Winnicott
Dependência Relativa
 A necessidade de reparações por esses danos no
outro – a mãe – é a forma que a criança encontra para
suportar a culpa pela responsabilidade de seu ato
destrutivo. Essas reparações podem ser tanto através
de gestos de carinho e amor dirigidos à mãe, quanto
podem ocorrer através de atividades e brincadeiras
construtivas.
 A criança deve se sentir reconhecida em sua tentativa
de reparar algum dano causado. Caso contrário, a
criança pode tanto ficar bastante inibida por conta de
seus impulsos, quanto pode perder a capacidade de
sentir culpa, o que pode resultar em uma divisão na
personalidade total da criança, sem a possibilidade de
controlar seus instintos.
Estrutura da teoria Winnicott
Dependência Relativa

 Se a mãe falha na sua tarefa, específica para este


momento, de sobreviver aos ataques impulsivos
da criança, haverá risco de depressão patológica,
pois a criança não sabe o que fazer com a culpa
relativa ao fato de que ela se vê destruindo
exatamente aquilo de que mais precisa e a quem
ama.
 Se bem atendido na fase de Dependência
Absoluta, a criança aprende a dominar seu
instinto natural de destrutividade.
 Adquire a capacidade de sentir culpa e de
responsabilizar-se pelos resultados da
instintualidade.
Estrutura da teoria Winnicott
 No que tange ao pai
 Contribuir para que a mãe tenha condições
de dar conta de sua tarefa
 Dar apoio e sustentação a ela
 No final da dependência relativa, torna-se a
pessoa importante com a qual a criança
pode contar
 Coloca limites as fantasias sexuais infantis
 Ser confiável, oferecer proteção a criança,
assim como para a mãe.
Estágio Edípico
 Entre 3 e 4 anos de idade (até a puberdade)
 Gera tanto alívio para as tensões quanto
uma carga de ódio muito grande.
 Surge um terceiro que pode ser objeto de
ódio, o que libera o bebê da tensão gerada
pela ambivalência de sentimentos dirigidos à
mãe.
 Por outro lado um ‘pai forte’
pode proteger a mãe dos
estragos por ele causados.
Estrutura da teoria Winnicott
Dependência Relativa
 Um ambiente seguro e estável ajuda a
criança a elaborar essa problemática
pessoal interna e não sucumbir a uma
neurose.
 Se houver fracasso do ambiente nessa
fase, o resultado poderá ser uma
predisposição a distúrbios afetivos e
tendência anti-social.
Estrutura da teoria Winnicott
Independência Relativa
 A independência nunca é absoluta.
 O indivíduo sadio não se torna isolado, mas
se relaciona com o ambiente de tal modo
que pode se dizer que ambos se tornam
interdependentes.
 A criança pode experimentar momentos de
dependência e este retorno deverá ser
entendido e permitido.
 Exemplo: Uma criança se machuca, chora e
vai ao encontro dos pais para buscar
conforto
Distúrbios psíquicos - causas
Esquizofrenia, tendência anti-social e depressão
 Experiência traumática de nascimento, devido à demora ou
antecipação do parto,
 O bebê, ao invés de simplesmente ser, despreocupado com o que
ocorre no ambiente, é tomado por um estado de alerta que o
impede de descansar.
 Invasões: o ambiente não precisa ser ativamente invasivo: já será
invasivo por não ser facilitador.
 Quando o impulso criativo do bebê é inibido, juntamente com a
motilidade que o acompanha e o movimento passa a acontecer
apenas como reação à invasão.
 Falha exatamente no momento em que se inicia a separação da
unidade fusional mãe-bebê, e começa a se abrir o primeiro espaço
entre a mãe e o bebê, a ser preenchido pelos objetos transicionais.
“Parece que tudo o que provenha de outrem, nesse espaço,
constitui material persecutório, sem que o bebê disponha de meios
para rejeitá-lo”
Winnicott – Fundamentos clínicos

 A mãe “brinca” com o bebê mesmo antes


do seu nascimento. Idealiza como será ser
mãe e associa lembranças de sua infância,
quando brincava com sua boneca
Winnicott – Fundamentos clínicos

 Após o nascimento já há uma relação


entre os dois pois o bebê reconhece a
voz que ouvia desde o útero.
 A mãe passa a se relacionar com o bebê
como se ele fosse o brinquedo (boneca)
 A criança vai aprendendo a linguagem do
brincar e se
apropriando dela.
Winnicott – Fundamentos clínicos
• Existe uma similitude entre:
• A atividade lúdica infantil e o sonho do adulto
• As verbalizações da criança ao brincar e a
associação livre clássica
• O brincar do analista e o valor que essa atividade
possui em si, instituída como uma atividade
infantil, também faz parte do mundo adulto.
• Os analistas infantis por se ocuparem tanto dos
possíveis significados do brincar não possuem um
claro enunciado descritivo sobre o brincar.
• Para ele “Brincar é algo além de imaginar e
desejar, brincar é o fazer.
Winnicott – Fundamentos clínicos
 “Para a criança, o brincar é sua linguagem
 Expressa suas alegrias, frustrações e dificuldades
 É a maneira encontrada para se expressar no
mundo e comunicar sua realidade interior
 Desenvolve sua criatividade, autoconfiança,
motivação, empatia, cooperação, comunicação
 Aprende a lidar com regras, frustrações, a ganhar e
perder e outros comportamentos necessários para
o cotidiano, na socialização
 Se o paciente não pode brincar, o trabalho do
analista é ajuda-lo a sair dessa impossibilidade
 Se o analista não pode ou não sabe brincar
simplesmente não serve para o ofício”
Jogo da espátula- (comportamento normal)
bebês de 5 a 11 meses
 1º estágio
 Colocada sobre a espátula sobre a mesa.
 Bebê sente-se atraído pelo brilho
 Leva a mão à espátula, hesita, olha para o
médico ou para a mãe
 Ausência de hesitação ou hesitação
exagerada, retirando a mão do objeto ou
escondendo a cara na blusa da mãe,
mostra um desvio da normalidade.
Jogo da espátula- (comportamento normal)
bebês de 5 a 11 meses
 IIº estágio

 Toma coragem, começa a salivar, coloca a


espátula na boca, bate com ela na mesa,
 Leva a espátula à boca do médico ou da
mãe – fica contente quando eles fingem
que estão sendo alimentados por ela.
 Mostra autoconfiança
Jogo da espátula- (comportamento normal)
bebês de 5 a 11 meses
 II1º estágio
 Bebê deixa a espátula cair, como que por
acaso
 Se lhe é devolvida, fica contente
 Joga novamente no chão, agora menos ‘por
acaso’
 Quando devolvida de novo, ele joga
propositalmente e fica entusiasmado por
jogá-la de forma agressiva e ouvir o barulho
 Após esta fase, ele pede para descer para
brincar com a espátula no chão..até perder o
interesse e buscar outro objeto.
Jogo da espátula- (comportamento normal)
bebês de 5 a 11 meses
 Ao deixar cair a espátula e esta ser
restituída o bebê está aprendendo a lidar
com a agressividade em um ambiente que
não revida.
 Se a mãe/analista continuar a sustentar
sem revide, isto permitirá que o amor e
ódio coexistentes no bebê se distingam
um do outro tornando-se gradualmente
controláveis a partir de dentro, sem
necessidade de um sensor externo.
Jogo da espátula

 Caso clínico para discussão


Winnicott – Fundamentos clínicos
 Regressão ao estado de amadurecimento em
que o paciente “congelou” a relação com o
ambiente externo.
 No passado, alguma falha materna, que
assumiu um caráter invasivo, mobilizou os
mecanismos de defesa, interrompeu o
amadurecimento do Self.
 Duas situações: “Reviver” ou “ Viver pela
primeira vez”
 “ O paciente regride porque uma nova
provisão ambiental permite a dependência
absoluta, que é necessária para retomar o
desenvolvimento” (Winnicott 1954)
Winnicott – Fundamentos clínicos
 Ao vivenciar a regressão, o paciente traz o
fator prejudicial externo (situações
traumatizantes) para área do controle
onipotente e para a área controlada pelos
mecanismos de projeção e introjeção.
 A Regressão pode gerar ataques verbais
violentos às “falhas do analista”, às vezes
desproporcionais. O analista não deve reagir
ou se justificar mas sim aguardar o momento
oportuno para comentar sobre o assunto.
(transferência e contratransferência)
 A interação paciente-analista retoma,
em nova versão a relação mãe-bebê.
Winnicott – Fundamentos clínicos

 “habitualmente a pontaria do paciente acerta


nos pontos mais vulneráveis do analista. A
situação exige muito do analista e provoca
muita dor” (Winnicott, 1963)
 O analista vivencia e compartilha as
situações junto com o paciente ao invés de
somente analisar, interpretar e explicar para
o paciente. (psicanálise clássica)
 Pode acontecer de o paciente se levantar,
caminhar pela sala e até mesmo ignorar a
presença do analista. (não reagir, não
interferir)
Winnicott – Fundamentos clínicos
 O retorno a dependência absoluta às vezes é
manifestado pelo silêncio do paciente
 Nem sempre o paciente está se defendendo
através do silêncio, ele pode estar se
comunicando silenciosamente com seu núcleo
pessoal. (reflexão)
 “à medida que o objeto muda de ser subjetivo
para objetivamente percebido é desnecessária
que a comunicação com ele seja explícita”
 Se o paciente regride a essa fase, o analista
precisa proceder de modo a não impor a sua
própria presença. O silêncio atencioso é mais
importante do que qualquer fala ou interpretação.
Estrutura da teoria Winnicott
 Winnicott, D.W. Os bebês e suas mães; São Paulo: M. Fontes, 1998
 Winnicott, D.W. Tudo começa em casa: M. Fontes, 1994
 Winnicott, D.W. A criança e seu mundo; São Paulo: M. Fontes, 1989
 Mello Filho, Júlio de, O ser e o viver: Uma visão da obra de Winnicott, 2ª ed. SP, Casa do Psicólogo,
2011
 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302008000100002
 http://www.febrapsi.org/publicacoes/biografias/donald-woods-winnicott
 Bizzarri, Maria Luiza - Considerações sobre alguns aspectos da técnica na clínica de Winnicott -
Dissertação de Mestrado em Psicologia clínica, apresentada à banca Examinadora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2010
 https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/14958/1/Maria%20Luisa%20Bizzarri.pdf

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