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Desenvolvimento

emocional primitivo

FPOLIS, 22/09/2007
Espaço Transicional:
jornada da dependência
rumo a independência
D.W.WINNICOTT

Néli Telles D´Ajello


“ Uma metade da teoria paterno -infantil diz respeito
ao bebe, sendo a teoria da passagem
empreendida por este através da dependência
absoluta, da dependência relativa e,
paralelamente, da passagem que faz do principio
do prazer ao principio da realidade, e do auto
erotismo às relações de objeto. A outra metade
da teoria da relação paterno-infantil diz respeito
ao cuidado materno, ou seja, às qualidades e
mudanças nas mães que satisfazem as
necessidades especificas do bebê para os quais
elas se orientam.” (Winnicott, 1960, p.42)
Da dependência absoluta
rumo a independência
Ø Ma turida de nã o implica somente no
crescimento pessoal, ma s na socia liza çã o.

Ø O a dulto sa udável é ca paz de identifica r-se


com a socieda de sem sa crifício de sua
esponta neida de.

Ø A independência nunca é a bsoluta ; nã o há


isola mento; indivíduo e a mbiente torna m-se
independentes.
Três categorias:

1.Dependência absoluta

2.Dependência relativa

3.Rumo á independência
Aspectos interdependentes no
desenvolvimento emocional:

1.- Tendências hereditárias

2.- Organização em marcha

3.- Ambiente de facilitação


Dependência absoluta
•O lactente é totalmente dependente da
provisão materna

• O ambiente favorável torna possível o


progresso continuado dos processos do
potencial herdado

• O ambiente não faz a criança; possibilita


concretizar seu potencial de vir-a-ser;
continuidade do SELF –Eu - Integração

• Inicialmente a "mãe suficientemente boa”


é o ambiente favorável
“MÃE SUFICIENTEMENTE BOA”
• Esta mãe reconhece a dependência do bebê e
se adapta constante e ativamente às suas
necessidades [do EGO], devido a
"preocupação materna primária“

•Falhas causam reações no bebê interrompe o


via-a-ser
•O significado da experiência pulsional, tem maior
consideração do que a gratificação pulsional
•Poucas falhas possibilitam um sentimento de unidade –
integração
•Sob condições de adaptação ás necessidades do Ego,
os impulsos do Id, satisfeitos ou não, se tornam experiência
para o indivíduo.
•Não é a satisfação pulsional que possibilita ao bebê ter
um self e sentir-se real
•A mãe protege o vir-a-ser do bebê
Bebe + cuidado materno

• Integração § Holding
• Personalização § Manejo
[Inserção § Apresentação
psicossomática] dos objetos
• Inicio das
Relações objetais
Período de ILUSÃO
o bebê acredita que a satisfação de suas
necessidades foram criadas por ele próprio.
"Aquilo que ele cria existe realmente";

•Na ilusão há um paradoxo: o bebê cria o


objeto, mas o objeto está lá, portanto o
bebê não pode ter criado. Deve-se aceitar
o paradoxo, não resolve-lo.

•o mundo objetivamente dado é


subjetivamente concebido - A realidade
psíquica
•O bebê está fundido com a mãe e não tem
consciência da dependência
• A mãe e o meio ambiente são somente
subjetivamente percebidos
•A adaptação da mãe às necessidades do
bebê que o torna capaz de ter uma
experiência de onipotência que cria a ilusão
•A experiência de satisfação – capacidade
de estar só
Dependência relativa
•Estágio de adaptação a uma falha
gradual da adaptação ativa da mãe
• A "mãe suficientemente boa" provê uma
"desadaptação gradativa"
• Fase de desenvolvimento das
capacidades cognitivas e sensoriais que o
lactente usa para se "capacitar a esperar"
• Coincide com o retorno da mãe às suas
atividades pessoais
•É capaz de sentir raiva, o ego sobrevive a
partir das falhas ambientais graduais
(realidade) que pode suportar
•O bebe começa a se tornar mais consciente desta
dependência; começa a saber que a mãe é
necessária
• capacidade de identificar-se

•DESILUSÃO: coincide com o desmame


•adaptações sucessivas e gradativas do bebê
às "falhas”graduais da mãe e do ambiente
•desadaptação gradativa da mãe
• Início das noções de mundo interno e M.E.
•inicio de capacidade de compreensão +cognitiva
Meios que o bebê dispõe para
lidar com o fracasso
•Experiência repetida de que há um limite
temporal para a frustração

•Crescente sentido de processo

•Primórdios da atividade intelectual - funções


psíquicas operacionalizam

•Emprego de satisfações auto-eróticas

•Recordar, reviver, fantasiar, sonhar;


integração do passado, presente e futuro.
Surgimento dos Fenômenos e
dos Objetos Transicionais
•Exterior - não eu / Interior – eu
•Há um lugar, um corpo, um eu dentro de um
corpo e um outro, seres separados
a Mãe e o bebe
•Surge um espaço intermediário entre o
bebe e a mãe
•espaço potencial de onde se origina a
capacidade criativa
•espaço onde o paradoxo do que é subjetivamente
concebido e objetivamente percebido não se resolve

•O objeto transicional representa a fusão perdida, sentimento


de onipotência, para suportar a frustração da separação

•A mãe afetuosamente amada é introjetada pelo bebê que


projeta suas caracteristicas no objeto transicional, que abraça,
manipula, acaricia e...controla,rasga, morde, cheira...

•Primeira posse não-eu do bebe

• Necessita da manutenção da continuidade ( cheiro, textura,


etc) reproduz o cuidado materno introjetado, tanto da
mãe – ambiente, como da mãe -objeto
O brincar (playng) e a experiência cultural

não se referem nem ao espaço interior,


nem ao exterior, pois são o lugar em que
estamos quando experimentamos a vida -
espaço transicional – ilusão da fusão

O "viver criativo" reúne o passado, o


presente e o futuro; resgata o tempo e o
espaço; e nos leva a desfrutar de nós
mesmos, "o verdadeiro self ".
Rumo à independência
• A CRIANÇA torna-se capaz de se defrontar com
o mundo, a realidade, com toda a sua
complexidade

• A CRIANÇA identifica-se com a sociedade

•Sensação de que o núcleo de si próprio


habita o seu corpo

•·Possibilita uma vivência de self-verdadeiro

•Adaptação a realidade sem perda da


subjetividade – singularidade
Aprendizagem mais formalizada é
integrada ao próprio processo de
desenvolvimento;
•aumento da curiosidade em relação ao mundo,
ao outro e ao reconhecimento da dependência
relativa
•CAPACIDADE PARA ESTAR SÓ
•INTROJEÇÃO DOS OBJETOS AMOROSOS, do
cuidado materno
•Mãe-objeto e mãe-ambiente se unem, amor e
ódio se integram, a ambivalência é reconhecida –
sentimentos de culpa e reparação
•INTEGRAÇÃO DOS SENTIMENTOS AMOROSOS E
AGRESSIVOS de modo favorável a sobrevivência
emocional e socialmente compreendida

•As falhas ambientais tornam reais os objetos; o


sentimento de raiva, ódio e frustração possibilita
a real - iz - ação das funções psíquicas e das
potencialidades emocionais

•DESENVOLVIMENTO DE UMA maior TOLERÂNCIA


À FRUSTRAÇÃO.
“ O bebê desenvolve meios de se articular

sem cuidados reais. Isto é possível graças

ao acumulo de lembranças de cuidados,

da introjeção de fatores do cuidado, com

o desenvolvimento da confiança no

ambiente”. (Winnicott,1960)
“ Deve-se esperar que os adultos continuem o
processo de crescer e amadurecer, uma vez que
eles raramente atingem a maturidade completa.
Mas, uma vez que eles tenham encontrado um lugar
na sociedade através do trabalho,... E se
estabelecido em algum padrão que seja uma
conciliação entre imitar os pais e,
desafiadoramente, estabelecer uma identidade
pessoal. Uma vez que esses desenvolvimentos
tenham lugar, pode-se dizer que se iniciou a vida
adulta, e que os individuos, um a um, estão saindo
desta... Breve conceituação do crescimento
...descrito em termos de dependência e
independência”. (Winnicott, 1982).

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