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INFÂNCIA
Joana Proença Becker
pbeckerjoana@gmail.com
2020/2021
Margaret Mahler (1897-1985)
- Verificar se a psicose simbiótica tinha sua gênese nas primeiras relações estabelecidas
entre o bebé e seu objeto de amor, a mãe;
"Como Anna Freud [1951b] apontou, na idade de dois e três anos pode-se
observar uma fase negativista quase-normal da criança. É a reação
comportamental que marca o processo de desligamento da simbiose mãe-
filho. Quanto menos satisfatória ou quanto mais parasitária for a fase
simbiótica, mais proeminente e exagerada será essa reação negativista. O
medo do reengulfment ameaça uma diferenciação individual recém-
iniciada que deve ser defendida. Além da marca de quinze a dezoito
meses, o primeiro estágio de unidade e identidade com a mãe deixa de ser
construtivo para a evolução de um ego e de um mundo objetal (Mahler e
Gosliner, 1955, p. 200)" (p. 10).
Sobre o setting
- FASE SIMBIÓTICA
- FASE DE SEPARAÇÃO-INDIVIDUAÇÃO
- DIFERENCIAÇÃO (4-9 meses)
- 1º mês de vida
- Relação com a mãe que vai permitir o aumento da consciência sensorial e contato com o
mundo externo.
- Nas primeiras semanas prevalece o narcisismo primário absoluto, marcado pela falta
de consciência do externo – narcisismo primário na fase autística normal.
- Ego rudimentar, que deve ser complementado pela relação com a mãe
- Relação com a mãe leva à organização para a adaptação. Mãe é a responsável por fazer
o bebé ir reconhecendo os estímulos externos.
- Inicialmente, consegue afastar-se da mãe sem ainda desligar-se dela (ex. campo visual;
necessidade de ajuda).
- Nesta subfase, o bebê passa a ter um papel mais ativo na determinação da proximidade
e distanciamento. Quando a mãe consegue servir de âncora para o bebê, este suporta
melhor as frustrações (quedas) das experiências, e a exploração passa a predominar.
- Essas explorações precoces servem para que a criança estabeleça familiaridade com um
segmento mais amplo do mundo, além de perceber e se relacionar com a mãe através
de uma distância maior. A característica central desta subfase é o elevado investimento
no exercício das funções autônomas, especialmente da motilidade até uma quase
exclusão ocasional do interesse aparente pela mãe. Contudo, vale ressaltar que a mãe
continua a ser necessária como uma base que preencha o reabastecimento através do
contato físico – reabastecimento emocional.
Treinamento propriamente dito
SUBFASE DE REAPROXIMAÇÃO
- “crise de reaproximação”
Mahler “enfatiza que será a maneira como a mãe lida, de forma amorosa, com
a ambivalência do filho o determinante para a formação da representação do
eu na criança, evitando ou potencializando traços neuróticos. Segundo a
autora, esse período de crise de reaproximação é a base para uma saúde
emocional normal (estável) ou o desenrolar de uma patologia. A comunicação
entre mãe e filho nessa fase parece mais prejudicada do que antes, não
havendo mais uma comunicação simbiótica e um ajustamento de intenções.
Torna-se necessário que agora o verbal tome conta dessa relação, pois
somente a empatia pré-verbal não é mais suficiente” (Ribeiro & Caropreso,
2018, p. 910).
- Resolução da crise de reaproximação: criança encontra uma distância ideal da mãe;
diminuição da ansiedade de separação; capacidade de nomear objetos; de se nomear
(“eu”); capacidade de expressar seus desejos e fantasias (no brincar); consciência de
identidade de género; descoberta das diferenças anatómicas.
SUBFASE DA CONSOLIDAÇÃO DA INDIVIDUAÇÃO
- O “não” é compreendido e passa a ser usado para salvaguardar sua identidade (senso
de identidade está se consolidando).
“Aos 3 anos de idade, já é possível predizer, portanto, se o desenvolvimento
psíquico tende a evoluir para uma configuração edípica normal ou para uma
conduta neurótica. Para a autora, “essa fase de separação-individuação está
próxima da experiência de um segundo nascimento, sendo […] um
rompimento da membrana simbiótica […]” (Mahler, 1983, p. 8)” (Ribeiro &
Caropreso, 2018, p. 912).
MÉTODO TRIPARTITE – tratamento de crianças psicóticas
- Para Mahler, o tratamento era possível através da relação mãe-bebé, pois a relação
objetal se desenvolve com a diferenciação dessa unidade.
- Mãe sente-se parte do processo, o que reduz a sensação de fracasso da família diante da
criança psicótica
- Defesa autística tende a diminuir, pois o setting possibilita refazer suas relações
simbióticas com a mãe e com substitutos (terapeuta).
- Inicialmente, o tratamento deve ser feito somente com adultos (pais e terapeuta), pois a
presença de outras crianças pode causar grande ansiedade. Aos poucos, e como parte
do tratamento, pode ser inserida num grupo com outras crianças (quando estiver na
simbiose corretiva, sem grande risco de regressão.
SÍNTESE
- CONCEITO DE SEPARAÇÃO
- CONCEITO DE SIMBIOSE
- CONCEITO DE IDENTIDADE
- FASE AUTÍSTICA NORMAL
- FASE SIMBIÓTICA
Mahler, M., Pine, F., & Bergman, A. (2002). The Psychological Birth of the Human Infant –
Symbiosis and Individuation. Karnac: London / New York. [orig. 1975].
Ribeiro, A., & Caropreso, F. (2018). A teoria de Margaret Mahler sobre o desenvolvimento
psíquico precoce normal. Psicologia em Revista, 24 (3), 894-914. doi: 10.5752/P.1678-
9563.2018v24n3p894-914
Joana Proença Becker
pbeckerjoana@gmail.com