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RESUMO DO SISTEMA CIRCULATÓRIO “Completo”

Aparelho Circulatório - Sangue


Sumário:
-Funções do sangue
-Constituição do sangue
-Plasma - componentes e funções
-Elementos figurados – componentes e funções
-Produção de elementos figurados
-Glóbulos Vermelhos ou Eritrócitos
-Hemoglobina
-Produção de Glóbulos Vermelhos ou Eritrócitos
-Degradação da Hemoglobina
-Glóbulos Brancos ou Leucócitos
-Plaquetas ou Trombócitos
-Hemostase / Coagulação
-Factores de coagulação
-Grupos Sanguíneos
-Sistema ABO e Rh
-Reacção de Aglutinação
-Exames de diagnóstico hematológico

Funções do sangue

- O sangue é bombeado pelo coração para os vasos sanguíneos.


- O sangue ajuda a manter a homeostase de diversas formas

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1. Transporte de gases, nutrientes e produtos de degradação

2. Transporte de moléculas processadas (precursor Vit.D)

3. Transporte de moléculas reguladoras

4. Regulação do ph e da osmose

5. Manutenção da temperatura do corpo. (vasoconst/vasodilatação)

6. Protecção contra substâncias estranhas

7. Formação de coágulos

Funções

1. Transporte de gases, nutrientes e produtos de degradação

- O O2 entra para o sangue nos pulmões e é transportado para as células.

- O CO2 produzido pelas células é levado para os pulmões para ser expelido.

- Os nutrientes ingeridos, electrólitos e a água são transportados pelo sangue desde o


tubo digestivo até às células, e os produtos degradados pelas células são transportados
para o rim para serem eliminados.

2. Transporte de moléculas processadas

- Muitas substâncias são produzidas numa parte do corpo e são transportadas para
outra parte do corpo.

- Por exemplo, o precursor da vit. D é produzido na pele e transportado pelo sangue


para o fígado e rins para ser transformado em Vit. D activa, que depois é transportada
para o intestino delgado, onde promove a absorção do cálcio.

- Outro exemplo, o ácido láctico produzido nos músculos em respiração anaeróbica,


depois é transportado para o fígado e ser convertido em glicose
3. Transporte de moléculas reguladoras
- Muitas hormonas e enzimas que regulam os processos orgânicos são transportadas
de uma parte do corpo para outra pelo sangue.

4. Regulação do pH e da osmose
- As substâncias (tampão), que ajudam a manter o pH do sangue em valores normais
(7,35 a 7,45) localizam-se no sangue.
- A composição osmótica do sangue também é critica para a manutenção do
equilíbrio de líquidos e iónico (edemas e equil. ácido-base).

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5. Manutenção da temperatura do corpo
- O sangue quente é transportado do interior para a superfície do corpo, de onde o
calor é libertado. Mantém órgãos nobres quentes.
6. Protecção contra substâncias estranhas

- As células e produtos químicos do sangue constituem uma parte importante do


sistema imunitário, protegendo contra substâncias estranhas.

7. Formação de coágulos

- A coagulação protege contra a perda excessiva de sangue quando os vasos sofrem


uma lesão.
- Quando tecidos sofrem lesões no sangue circulam células de reparação (coágulos)
e restauração da função normal

Constituição do sangue
PLASMA

- É a parte liquida do sangue


- Fluido amarelo pálido
- Composição – ver figura…
- Substância coloidal, ou seja, contem substâncias em suspensão, que não
depositam (proteínas plasmáticas).

- Albumina – regula o movimento da água entre os tecidos e o sangue. Equilibra


a concentração osmótica.

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Produção de elementos figurados

- Chama-se Hematopoiese ou hemopoiese

- Ocorre no embrião e no feto, em tecidos como o timo, baço, nódulos linfáticos


e medula óssea vermelha.

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- Todos os elementos figurados do sangue derivam de uma única célula
indiferenciada – stem cells ou células estaminais localizadas na medula óssea
vermelha – são células capazes de se dividir, produzindo células filhas que se
podem diferenciar noutros tipos de células:
Glóbulos Vermelhos ou Eritrócitos

Morfologia

- São discos bicôncavos, esta forma permite o aumento da área superficial e


que se dobre, e ocupe menos espaço para circular melhor em vasos pequenos.

- O principal componente é a hemoglobina – proteína pigmentada e ocupa 1/3 do


volume do volume total da célula que é responsável pela sua cor vermelha

- Fazem ainda parte da sua constituição:

- lípidos
- ATP
- enzima anidrase carbónica.

Glóbulos Vermelhos ou Eritrócitos

Função
- Transporte O2 (hemoglobina) dos pulmões para os vários tecidos do corpo e
CO2 dos tecidos para os pulmões
- 98,5% do O2 é transportado pelo sangue em combinação com a hemoglobina
existente nos GV.
- 1,5% estão dissolvidos na água que existe no plasma.

- Se o GV romper (rotura), a hemoglobina liberta-se para o plasma, perdendo a


sua função – HEMÒLISE.

- O CO2 é transportado pelo sangue de 3 formas:


- 1º- 7% estão dissolvidos no plasma
-2º- 23% andam em combinação com as proteínas do sangue (sobretudo com a
hemoglobina)
-3º- 70% sob a forma de iões de bicarbonato

Os iões de bicarbonato (HC03-) são produzidos quando o dióxido de carbono (C02) e


a água (H20) se combinam para formar ácido carbónico (H2C03) que se dissocia para
formar hidrogénio (H+) e iões de bicarbonato.

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A combinação do dióxido de carbono com a água é catalizada por uma enzima, a
anidrase carbónica, que existe principalmente dentro dos glóbulos vermelhos.

Hemoglobina
- A hemoglobina é composta de quatro (alfa e beta) cadeias de polipeptídeos e de
quatro grupos heme.
- Cada cadeia globina (polipeptídeos) está ligada a um heme.
- Cada heme é uma molécula pigmentada de vermelho, contendo um átomo de
ferro, dai a sua importância (anemia), cada molécula de O2 é transportada em
associação com um átomo de ferro.

- A hemoglobina oxigenada chama-se Oxi-hemoglobina


- A hemoglobina sem oxigénio chama-se desoxi-hemoglobina

Produção de Glóbulos Vermelhos ou Eritrócitos

- Eritropoiese – Processo de produção de GV

- Em resposta á diminuição de O2 no sangue, os rins libertam eritropoietina


para a circulação. O aumento da eritropoietina estimula a produção de GV na
medula óssea vermelha. Este processo aumenta os níveis de O2 no sangue

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Glóbulos Brancos ou Leucócitos

- 5 Tipos

-São células brancas ou esbranquiçadas, sem hemoglobina, mas com um núcleo.

- Protegem contra microorganismos invasores.

- Removem células mortas e corpos estranhos do organismo.

- Muitos têm movimento amebóide, como uma ameba, através de projecções do


citoplasma.

- Saem da circulação e entram nos tecidos por diapedese, isto é, ficam finos e
alongados e escapam por entre as células das paredes dos vasos.

- São atraídos por quimiotaxia aos materiais estranhos ou mortos, aí acumulam-


se, fagocitam bactérias, corpos e células mortas, e depois morrem, e formam o
pus

Glóbulos Brancos ou Leucócitos

Neutrófilos:

- Tipo mais comum, coram com corantes ácidos ou básicos.

- Núcleo com 2 ou 3 lobos, chamados polimorfonucleares (núcleo com mais


que uma forma).

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- Estão em circulação durante 10 ou 12 horas, depois migram para outros
tecidos, ficam móveis e procuram bactérias, etc. para fagocitar.

- Segregam as lisozimas (enzimas) para destruir bactérias.

- Normalmente sobrevivem 1 ou 2 dias depois de saírem da circulação.

Glóbulos Brancos ou Leucócitos

Eosinófilos:

- Têm grânulos citoplasmáticos, que coram de vermelho vivo com a eosina,


corante ácido.

- São móveis, saem da circulação para os tecidos nas reacções inflamatórias,


e/ou alérgicas

- Estão elevados em pessoas com alergias.

- Reduzem as inflamações com a produção de histamina

- Atacam também parasitas: ténias, platelmintas, etc.

Glóbulos Brancos ou Leucócitos

Basófilos:

- São os menos comuns.

- Têm grandes grânulos citoplasmáticos que coram de azul ou púrpura com


corantes alcalinos.

- Saem da circulação e migram para os tecidos, onde desempenham função


importante nas inflamações e alergias.

- Libertam histamina para as inflamações.

- Libertam heparina que inibe a coagulação


Glóbulos Brancos ou Leucócitos

Linfócitos:

- São os mais pequenos, ligeiramente maiores que os GV.

- O citoplasma é um fino anel em volta do núcleo.

- Migram do sangue até aos gânglios linfáticos onde proliferam.

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- Encontram-se mais nos tecidos linfáticos: gânglios, baço, amígdalas, nódulos
linfáticos e timo.

- Importante função na imunidade:

- Linf. B – podem ser estimulados por bactérias ou toxinas para se dividirem e


formar anticorpos para as destruir.

- Linf. T – protegem contra os vírus e outros microorganismos intracelulares onde


estes se reproduzem. Estão envolvidos na destruição de células tumorais e e na rejeição
de enxertos.
Glóbulos Brancos ou Leucócitos

Monócitos:

- São os maiores.

- Permanecem em circulação cerca de 3 dias, depois abandonam-na,


transformam-se em macrófagos e migram pelos vários tecidos.

- Fagocitam bactérias, células mortas, fragmentos e outros detritos dentro


dos tecidos.

- O aumento de macrófagos normalmente está associado a infecções crónicas.

Plaquetas ou Trombócitos

- Minúsculos fragmentos de células compostos por uma pequena quantidade de


citoplasma.

- Têm forma de disco, (mede +- 3mm de diâmetro)

- Fixam-se a outras moléculas.

- Controlam as perdas de sangue, através da formação de um “rolhão” que


oclui os orifícios dos vasos, formando e contraindo o coágulo (tem actina e
miosina para esta contracção do coágulo).

- Têm cerca de 5 a 9 dias de vida.

- Produzidas na medula vermelha.

- Derivam dos megacariócitos, que são células grandes que se fragmentam na


circulação e dão as plaquetas.

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Hemostase / Coagulação

Hemostase – acção de suspender uma hemorragia, por conseguinte a diminuição do


volume de sangue e/ou pressão arterial. Neste processo também há:
- espasmo vascular, contracção do musculo para fechar o vaso por um certo tempo.
- formação do rolhão plaquetar, é a acumulação de plaquetas para encerrar
pequenas roturas vasculares

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Controlo da formação do Coágulo

- Sem controlo a coagulação estendia-se a toda a circulação – indesejável.

- O sangue tem anticoagulantes:


- heparina – produzida por basófilos, inactiva a trombina.
- prostaciclina – deriva das prostaglandinas impede a libertação dos factores de
coagulação das plaquetas, neutraliza a trombina
- antitrombina – produzida no fígado, há no plasma e neutraliza a trombina

- O controlo é feito por limiares entre a formação de factores de coagulação e os


anticoagulantes

Dissolução do Coágulo

Fibrinólise;

- Poucos dias após a formação do coágulo, por acção da plasmina (enzima) que
hidrolisa a fibrina.

Grupos Sanguíneos
Transfusão – Transferência de sangue ou de componentes de uma pessoa para outra.
Os GV também devem ser repostos para que a capacidade de transporte de O2 seja
reposta.
Infusão – Introdução de um liquido que não sangue: soros.

Grupos Sanguíneos - Sistema ABO

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- Dador – quem doa sangue mesmo tipo de sangue
- Receptor – quem recebe sangue

Reacção de Aglutinação
Quando os anticorpos (aglutininas) do plasma se ligam aos antigénios (aglutinogénios)
dos glóbulos vermelhos (GV) formam pontes moleculares que ligam os GV, resultando
em aglutinações ou agregações de células que pode causar hemólise, ou rotura dos
GV

Grupos Sanguíneos – Sistema Rh + ou -

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- Assim se chama porque foi estudado nos macacos rhesus
- São Rh + se tiverem antigénios Rh (antigénios D) à superfície dos GV
- São Rh – se não tiverem esses antigénios

Exames de diagnóstico hematológico

- Compatibilidade sanguínea (tipagem) – ABO;Rh


- Hemograma – contagem de todos os constituintes
- Formula leucocitária – percentagem dos 5 tipos de leucócitos
- Coagulação – contagem de plaquetas e protrombina, avaliar a capacidade de
coagulação do sangue
- Etc.
• Grupo sanguíneo
• Hemograma
 Glóbulos vermelhos
H – 4,2/5,8
M – 3,6/5,2
 Hemoglobina
H – 14/18 gr /100ml sangue
M – 12 /16 gr/100ml sangue
 Hematócrito
H – 44% / 54%
M – 38% /48%
 Leucograma
5000/10000 ml3 sangue

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• Fórmula leucocitária
 Neutrófilos – 60 / 70 %
 Linfócitos – 20 / 30 %
 Monócitos – 2 / 8 %
 Eosinófilos – 1 / 4 %
 Basófilos – 0.5 / 1 %
• Coagulação
 Contagem de plaquetas
250 000/ 400 000
 Tempo de protrombina
9 /12 seg.
• Bioquímica do sangue
 Glicémia
 Bilirrubinas
 V. Sedimentação
 Colesterol
 ...

SISTEMA CARDIOVASCULAR

Sumário:
- Anatomia e fisiologia do Coração
- estrutura básica
- câmaras
- válvulas
- artérias coronárias
- sistema de condução
- Sistema vascular periférico
- Alterações fisiológicas provocadas pelo envelhecimento
- Avaliação cardiovascular

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O esqueleto do coração consiste numa membrana de tecido conjuntivo fibroso entre a
aurícula e os ventrículos. Esta placa de tecido do conjuntivo forma anéis fibrosos em
redor das válvulas aurículo-ventriculares e semilunares, proporcionando-lhes um sólido
suporte. A membrana de tecido conjuntivo fibroso funciona como Isolante eléctrico
entre as aurículas e os ventrículos e proporciona um apoio rígido para a inserção dos
músculos cardíacos.

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Músculo Cardíaco
As células musculares cardíacas
-São alongadas e ramificadas e contêm um ou, ocasionalmente, dois núcleos no centro. -
Contêm miofilamentos de actina e miosina organizados em forma de sarcómeros, que
se unem pelas extremidades para formar miofibrilhas.
-Os miofilamentos de actina e miosina são os responsáveis pela contracção do
músculo cardíaco e a sua organização confere-lhe um aspecto estriado (com bandas),
embora as estrias sejam menos regulares e menos numerosas que as existentes no
músculo esquelético.

As células do músculo cardíaco estão organizadas em feixes espiralados ou em baínhas.


As células adjacentes unem-se, topo-a-topo e lateralmente, por contactos especializados
célula a célula chamados discos intercalares. As membranas dos discos intercalares
têm pregas e as células adjacentes ajustam-se às outras, aumentando assim grandemente
o contacto entre elas. As estruturas especializadas da membrana celular, chamadas
Desmossomas, mantêm as células em contacto, e as junções comunicantes ou sinapses
(gap juntions) funcionam como áreas de baixa resistência eléctrica entre as células,
permitindo que os potenciais de acção passem de uma célula para a adjacente.
Electricamente, as células do músculo cardíaco comportam-se como uma única
unidade e as contracções altamente coordenadas do coração dependem dessa
característica funcional.

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No músculo cardíaco, o Potencial de Acção consiste de uma rápida fase de
despolarização, seguida por uma rápida, mas parcial, (1) repolarização inicial. Então há
um período prolongado de repolarização lenta, chamado (2) planalto, seguido por uma
mais rápida fase de (3) repolarização final, durante a qual o potencial da membrana
retorna para o seu nível de repouso.

No músculo cardíaco, o Potencial de Acção consiste de uma rápida fase de


despolarização, seguida por uma rápida, mas parcial, (1)repolarização inicial. Então há
um período prolongado de repolarização lenta, chamado (2)planalto, seguido por uma
mais rápida fase de (3)repolarização final, durante a qual o potencial da membrana
retorna para o seu nível de repouso.

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Conceito: Automatismo e Ritmicidade do Músculo Cardíaco

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Diz-se que o coração tem automatismo e ritmicidade porque se estimula a si próprio
(auto) para se contrair a intervalos regulares (rítmico). Se o coração for removido do
corpo e mantido sob condições fisiológicas, com nutrientes e temperatura correctos,
continuará a bater automática e ritmicamente durante longo tempo.
No nódulo SA, as células pacemaker geram espontaneamente potenciais de acção a
intervalos regulares. Estes potenciais de acção propagam-se por meio do sistema de
condução cardíaco a outras células do músculo cardíaco, levando a que os canais com
portão de voltagem para o Na+ abram. Daqui resulta a produção de potenciais de acção
e a contracção das células do músculo cardíaco.

A diminuição da permeabilidade para o K+ também provoca a despolarização, na


medida em que cada vez menos destes iões saem da célula. Em resultado da
despolarização, os canais com portão de voltagem para o Ca2+ abrem e a
movimentação destes iões para dentro das células pacemaker causa ainda mais
despolarização. Quando o pré-potencial atinge o limiar dá-se a abertura de muitos
canais de Ca2+. Ao contrário das outras células do músculo cardíaco, a entrada do Ca2+
nas células pacemaker é a principal responsável pela fase de despolarização do potencial
de acção. Tal como nas restantes células do músculo cardíaco, a repolarização ocorre
quando os canais com portão de voltagem para o Ca2+ fecham e os canais com portão
de voltagem para o K+ abrem. Depois de o PMR ser restabelecido, a produção de outro
pré-potencial dá início à geração do potencial de acção seguinte.

Conceito de Período Refractário do Músculo Cardíaco


O músculo cardíaco, tal como o esquelético, tem um período refractário associado
ao potencial de acção. Durante o período refractário absoluto, a célula muscular
cardíaca está completamente insensível à estimulação e durante o período
refractário relativo exibe sensibilidade reduzida à estimulação adicional.
Um período refractário (longo) assegura que, depois da contracção, o relaxamento
esteja quase completo antes de outro potencial de acção poder ser iniciado,
prevenindo assim contracções tetânicas do músculo cardíaco.

Electrocardiograma
A condução dos potenciais de acção através do miocárdio durante o ciclo cardíaco
produz correntes eléctricas que podem ser medidas à superfície do corpo. Eléctrodos
colocados na superfície do corpo e ligados a um equipamento apropriado podem
detectar pequenas variações de voltagem provocadas pelos potenciais de acção do
músculo cardíaco. Os eléctrodos detectam a soma de todos os potenciais de acção que
são transmitidos através do coração, num dado tempo, e não potenciais de acção
individuais. O registo da soma dos potenciais de acção é um electrocardiograma (ECG).

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A Pressão Arterial Média (PAM)

Corresponde à pressão sanguínea média entre as pressões sistólica e diastólica, na


aorta.
É proporcional ao débito cardíaco (DC) vezes a resistência periférica (RP). O débito
cardíaco, ou volume minuto, é a quantidade de sangue bombeada pelo coração, por
minuto, e a resistência periférica corresponde à totalidade da resistência de encontro à
qual o sangue é bombeado.
PAM = DC x RP

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O Débito Cardíaco
É igual à frequência cardíaca (FC) vezes o Volume de ejecção (VE). A frequência
cardíaca (FC) significa o número de vezes que o coração se contrai (bate) por minuto. O
volume de ejecção (VE), ou volume de sangue que sai do coração durante cada
batimento cardíaco (ciclo cardíaco) é igual ao volume tele-diastólico menos o volume
tele-sistólico. Durante a diástole, o sangue passa das aurículas para os ventrículos e,
normalmente, o volume tele-diastólico aumenta para, aproximadamente, 125 ml. Depois
de os ventrículos esvaziarem parcialmente durante a sístole, o volume tele-sistólico
desce para cerca de 55 ml. O volume de ejecção é, então, de 70 ml (125-55).
DC = FC x VE 72 bat/min x 70 ml/bat = 5040 ml/min (5 lit/min)

Durante o exercício, a frequência cardíaca pode aumentar para 190 batimentos por
minuto e o volume de ejecção pode elevar-se para 115mI. Consequentemente, o débito
cardíaco é:
DC = 190 bat/m x 115 ml/bat
= 21850 ml/min (aproximadamente 22/min.)

À diferença entre os valores do débito cardíaco em repouso e do débito cardíaco


máximo chama-se Reserva Cardíaca. Quanto maior for a reserva cardíaca de uma
pessoa, maior é a sua capacidade para fazer exercício. A falta de exercício e as doenças
cardiovasculares podem reduzir a reserva cardíaca e afectar a qualidade de vida. O
exercício continuado pode melhorar grandemente a reserva cardíaca através do aumento
do débito cardíaco. Em atletas bem treinados, durante o exercício, o volume de ejecção
pode aumentar para cerca de 200 ml/bat, o que permite atingir débitos cardíacos de 40
l/min ou mais.

Para manter a homeostase, a quantidade de sangue bombeado pelo coração é submetida


a variações drásticas. Por exemplo, durante o exercício o débito cardíaco pode aumentar
muitas vezes acima dos valores em repouso, sendo controlado por mecanismos
reguladores intrínsecos ou extrínsecos.
A Regulação intrínseca resulta de características funcionais normais do coração e, não
depende da regulação neural ou hormonal.
A Regulação extrínseca já envolve o controlo nervoso e hormonal. A regulação
nervosa do coração resulta dos reflexos parassimpáticos e simpáticos e a principal
regulação hormonal advêm de hormonas segregadas pela medula supra-renal.

A Regulação intrínseca
A quantidade de sangue proveniente das veias que entra na aurícula direita durante a
diástole chama-se retorno venoso.
- Quando o retorno venoso , o volume tele-diastólico do coração que a
distensão das paredes ventriculares, esta distensão é a pré-carga.
- Quando a pré-carga , o DC . (quando o DC tb ), que faz a
contracção das fibras musculares cardíacas que faz o volume de ejecção.

Esta relação entre a pré-carga e o volume de ejecção é referida como Lei de Starling do
Coração
- A qual descreve a relação entre as variações na eficácia de bomba e as variações na
pré-carga -- Figura a seguir…

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Conceito de pós-carga é a pressão que a contracção dos ventrículos tem de
produzir para superar a pressão na aorta e impulsionar o sangue para dentro
desta. Embora a eficácia da bomba cardíaca seja grandemente influenciada por
variações relativamente pequenas da pré-carga, é muito insensível a variações da pós-
carga, ainda que grandes. A pressão arterial na aorta tem de aumentar para mais de 170
mm Hg antes de comprometer a capacidade bombeadora dos ventrículos.

Durante o exercício físico:


- Os vasos sanguíneos dos músculos esqueléticos exercitados dilatam, permitindo
o do fluxo sanguíneo através deles – que o aporte de oxigénio e nutrientes aos
músculos em exercício. Além disso, as contracções musculares comprimem
repetidamente as veias e aumentam a velocidade com que o sangue retorna ao
coração e a pré-carga, que por sua vez a força contráctil do músculo cardíaco
e o volume de ejecção, que o débito cardíaco e do volume de sangue que flui
para os músculos envolvidos no exercício.

Regulação Extrínseca
- O coração é inervado por fibras nervosas parassimpáticas e simpáticas (figura
20.22) que influenciam a bomba cardíaca afectando a frequência cardíaca e o
volume de ejecção.
- A influência da estimulação parassimpática sobre o coração é muito menor
que a simpática.
- A estimulação simpática pode aumentar o débito cardíaco de 50% a 100%
acima dos valores em repouso, ao passo que a estimulação parassimpática pode
diminui-lo apenas de 10% a 20%.

- A Regulação Extrínseca serve para manter em níveis normais de:


- Pressão arterial
- O2; CO2; pH
Por exemplo se a pressão sanguínea diminuir subitamente, mecanismos extrínsecos
detectam-na e respondem aumentando o DC para restabelecer a pressão arterial…

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Controlo Parassimpático

As fibras nervosas parassimpáticas chegam ao coração através dos nervos vagos.


A estimulação parassimpática tem uma influência inibitória sobre o coração,
principalmente através da diminuição da frequência cardíaca.

Em condições de repouso, a estimulação parassimpática contínua inibe o coração em


pequeno grau.
O aumento da frequência cardíaca durante o exercício resulta, em parte, da diminuição
da estimulação parassimpática.

Uma estimulação parassimpática forte pode diminuir a frequência cardíaca em 20 a 30


batimentos por minuto mas tem pouco impacto sobre o volume de ejecção.

Controlo Simpático

A estimulação simpática aumenta a frequência cardíaca e a força de contracção


muscular.
Em resposta a uma forte estimulação simpática, a frequência cardíaca pode aumentar
para 250 ou ocasionalmente, 300 batimentos por minuto. Contracções mais fortes
podem, também, aumentar o volume de ejecção. O aumento da força de contracção
resultante da estimulação simpática origina um volume tele-sistólico mais baixo no
coração, por isso, o coração esvazia mais
Estimulação Hormonal

A epinefrina e a norepinefrina, libertadas pela medula supra-renal, têm uma


grande influência sobre a eficácia da bomba cardíaca. Essencialmente, ambas têm o
mesmo efeito sobre o músculo cardíaco, aumentando a frequência e a força de
contracção do coração (ver figura 20.21).
A secreção da epinefrina e da norepinefrina pela medula supra-renal é controlada pela
estimulação da medula e ocorre em resposta ao aumento da actividade física, excitação
emocional, ou condições de stress. Muitos dos estímulos que aumentam a estimulação
simpática do coração também aumentam a libertação da epinefrina e da norepinefrina
pela glândula supra-renal (ver capítulo 18). Estas hormonas são transportadas, pelo
sangue, até às células musculares cardíacas, onde se ligam aos receptores beta –
adrenérgicos.

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Aparelho/Sistema Circulatório
Sumário
1. Características Gerais da Estrutura dos Vasos Sanguíneos
2. Circulação Pulmonar
3. Circulação Sistémica: Artérias
4. Dinâmica da Circulação Sanguínea
5. Fisiologia da Circulação Sistémica
6. Controlo do Fluxo Sanguíneo nos Tecidos
7. Regulação da Pressão Arterial Média

Características Gerais da Estrutura dos Vasos Sanguíneos

Os ventrículos bombeiam o sangue do coração para grandes artérias elásticas que se


ramificam sucessivamente para formar artérias de calibre progressivamente menor. À
medida que o calibre diminui, a constituição da parede das artérias sofre uma transição
gradual, passando de grandes quantidades de tecido elástico e pequenas quantidades de
músculo liso para quantidades menores de tecido elástico e quantidades
relativamente maiores de músculo liso. Embora formem um contínuo desde os ramos
maiores aos mais pequenos, as Artérias são normalmente classificadas em:
( 1) artérias elásticas,
(2) artérias musculares
(3) arteríolas.

O sangue circula das arteríolas para os capilares, através de cujas paredes se dão a
maioria das trocas entre os espaços intersticiais e o sangue. Os capilares, por onde o
sangue circula lentamente, têm as paredes mais finas e são os mais numerosos de todos
os vasos sanguíneos.

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Dos capilares, o sangue passa para o sistema venoso. Quando comparadas com as das
artérias, as paredes das veias são mais finas e contêm menos tecido elástico e menos
células de músculo liso.

À medida que se aproximam do coração, as Veias aumentam em diâmetro,


diminuem em número e as suas paredes tornam-se mais espessas. Classificam-se
em
(1) vénulas,
(2) pequenas veias e
(3) veias de médio ou grande calibre.

Capilares

Todos os vasos sanguíneos têm um revestimento interno de epitélio pavimentoso


simples, denominado Endotélio, que é contínuo com o endocárdio do coração.

A parede capilar é constituída essencialmente por células endoteliais (figura 21.1), que
assentam sobre uma membrana basal. Externamente a esta, encontra-se uma camada
fina de tecido conjuntivo laxo que se funde com o tecido conjuntivo que rodeia o
capilar.

Capilares

Ao longo do comprimento do capilar estão dispersas algumas células intimamente


relacionadas com as células endoteliais.

Essas células localizam-se entre a membrana basal e as células endoteliais e são


designadas células pericapilares. São fibroblastos, macrófagos.

Capilares

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O diâmetro dos capilares, que se mantém estável apesar das ramificações, varia entre 7 e
9 micrómetros. Os capilares têm comprimentos variáveis mas, em geral, medem cerca
de 1 milímetro (mm).

A circulação dos glóbulos vermelhos faz-se, na maioria dos capilares, em fila única
e por vezes têm de deformar-se para passar pelos de menor diâmetro.

Tipos de Capilares

Os capilares podem classificar-se consoante o seu diâmetro e permeabilidade como:


- Contínuos
- Fenestrados
- Sinusoidais

Os capilares contínuos têm aproximadamente 7 a 9 micrómeros de diâmetro


- As suas paredes não têm fendas entre as células endoteliais.
- São menos permeáveis às grandes moléculas que os outros tipos de capilares
- Situam-se nos músculos, tecido nervoso e em muitas outras localizações.

Nos capilares fenestrados, as células endoteliais têm numerosas fenestras, com uma
área de cerca de 70 a 100 micrómeros de diâmetro,
- Não há citoplasma e a
- Membrana celular é constituída por um diafragma poroso, mais fino que a membrana
plasmática normal.
- Encontram-se nos tecidos em que os capilares são altamente permeáveis, como nas
vilosidades intestinais, glomérulos renais, etc.

Os capilares sinusoidais são os de maior diâmetro e


- A sua membrana basal é menos proeminente, escassa e muitas vezes ausente.
- Possuem fenestras maiores que as dos capilares fenestrados e
- Podem ser encontrados nas glândulas endócrinas, onde grandes moléculas atravessam
a parede capilar.
- A sua estrutura é sugestiva de que grandes moléculas, e
- Por vezes as células podem passar rapidamente através das suas paredes
- São comuns no fígado e na medula óssea

Permeabilidade

As substâncias atravessam as paredes dos capilares por difusão através das células
endoteliais, através das fenestras e por entre as células endoteliais.

- As substâncias lipossolúveis, tais como o oxigénio e o dióxido de carbono, e as


pequenas moléculas hidrossolúveis difundem-se facilmente pela membrana
plasmática.

- As substâncias hidrossolúveis de maior dimensão têm de passar pelas


fenestras ou por fendas existentes entre as células endoteliais.

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- Uma vez que os glóbulos vermelhos e as grandes moléculas hidrossolúveis,
como as proteínas, não atravessam facilmente as paredes dos capilares, estas
constituem barreiras de permeabilidade eficazes.

Estrutura
das artérias e veias
É constituída por 3 camadas (excepto nos capilares e vénulas):
1 – A túnica íntima
2 - A túnica média
3 - A túnica adventícia

A túnica íntima é constituída por 3 camadas (excepto nos capilares e vénulas):


1 - endotélio,
2 - uma delicada membrana basal de tecido conjuntivo,
3 - uma fina camada de tecido conjuntivo, chamada lâmina própria, e
4 - uma camada de fibras elásticas fenestradas, chamada membrana elástica interna,
que separa a túnica íntima da túnica média.

A túnica média, ou camada média, é constituída por:


1. células musculares lisas dispostas circularmente em redor do vaso sanguíneo. A
quantidade de sangue que circula através de um vaso pode ser regulada pela
contracção ou relaxamento do
2. músculo liso da túnica média.

A túnica adventícia é composta por:


1- tecido conjuntivo que varia de denso, próximo da túnica média, a laxo, que se funde
com o tecido conjuntivo que envolve o vaso sanguíneo.

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A espessura e composição relativa de cada túnica varia consoante o diâmetro e tipo do
vaso sanguíneo.

A transição de um tipo de artéria ou veia para outro é gradual, tal como o são as
mudanças estruturais

Envelhecimento das Artérias


As paredes das artérias sofrem transformação com a Idade, embora algumas artérias se
alterem mais rapidamente que outras e alguns indivíduos sejam mais susceptíveis a
essas alterações que outros.
As alterações degenerativas que tornam as artérias menos elásticas são designadas
colectivamente por arteriosclerose (endurecimento das artérias). Ocorrem em muitos
indivíduos e tornam-se mais graves com o envelhecimento. Um termo que lhe está
relacionado, a aterosclerose, refere-se à deposição de material nas paredes das
artérias, formando placas - colesterol – substância lipídica.
Arteriosclerose é o espessamento da túnica intima e alterações químicas nas fibras
elásticas tornando-as menos elásticas, aumenta e resistência ao fluxo provoca
hipertensão arterial

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