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NUTRIÇÃO ANIMAL

Animal nutrition

PEREIRA, Bianca Cristiane Aparecida

Centro Universitário de Jaguariúna

Resumo:

Palavras-chave: Dietas, produção, saúde

Abstract:

Key words: Diets, production, health

INTRODUÇÃO
O conjunto de processos em que um organismo vivo assimila os
nutrientes dos alimentos é chamado de nutrição animal. Segundo VILAÇA
(2016) os nutrientes têm como função fornecerem energia para todas as
atividades metabólicas e matéria prima para o crescimento e a regeneração
das partes corporais desgastadas pelo uso. O uso dos nutrientes está
diretamento associado ao desenvolvimento animal, seja para seu crescimento,
reposição reparação de tecidos corporais e, também, para a elaboração de
produtos.
A produtividade animal depende, de maneira decisiva, do
aproveitamento dos nutrientes ingeridos através da alimentação, bem como da
sanidade, manejo e potencial genético dos animais (CHURCH, 1988).
Conhecer os princípios básicos que regem os mecanismos de interação entre
os alimentos e os animais, as fontes de alimentos disponíveis e suas
combinações para o fornecimento dos nutrientes aos animais se constituem em
pontos fundamentais ao qual se destina a disciplina de Nutrição Animal
(ZANUSSO, 2012).
De acordo com ZANUSSO (2012) Os animais, sejam eles para
consumo humano ou de estimação, necessitam de uma alimentação
balanceada e de qualidade. A nutrição animal reúne os pontos importantes e
imprescindíveis para a saúde de bovinos, equínos, suínos, caprinos, aves e
outros. Um dos aspectos mais destacados relacionado a esse tema se refere
ao manejo correto dos elementos contidos na nutrição de animais de corte, ou
seja, aqueles que serão direcionados para o consumo humano, pois esse fator
influencia diretamente na saúde do homem..
Geralmente, os produtos disponíveis no mercado apresentam em suas
embalagens, principalmente em indicações de rótulo, a que os nutrientes se
destinam, além de outras especialidades. Constam nas tabelas presentes no
verso ou na lateral, as orientações quanto às quantidades diárias fornecidas,
de acordo com a necessidade do animal, seja de peso ou idade. Essas
orientações são denominadas “Guia Alimentar” (FIGUEIRÊDO, 2001).
Ainda de acordo com FIGUÊREDO (2001) qualquer sinal de doença ou
sofrimento que o animal possa apresentar é um indicativo de que, talvez,
existam falhas na alimentação. Logo, é essencial que o comportamento animal
seja observado constantemente, para que seja identificada qualquer alteração.
Os principais sintomas são: isolamento do grupo, apatia, alterações na
condição física, comportamento não comum, quebra na produção de leite, falta
de apetite, espirros, ausência de ruminação, tosse persistente, respiração
rápida ou irregular, diarreia, produção excessiva de saliva e inchaço nas
articulações.

BOVINOS
Exigência nutricional é definida como a quantidade diária de um
nutriente que o animal deve ingerir para alcançar determinado nível de
produção. O primeiro passo para oferecer uma correta nutrição para os bovinos
é o conhecimento de suas exigências, pois a partir dela se determina a
estratégia nutricional a ser adotada, desde a simples mineralização em
pastagem até o confinamento (CARDOSO, 2000).
Posteriormente, segundo SANTOS (2007), com o conhecimento sobre
as características dos alimentos disponíveis, o nutricionista é capaz de
trabalhar cada estratégia nutricional visado suprir de forma econômica as
necessidades apresentadas de acordo com os objetivos do sistema produtivo.
Um bovino tem exigências gerais diárias de água, energia, proteína, minerais e
vitaminas. O bovino também possui exigências específicas de alguns
nutrientes, tais como fibras, necessárias para o bom funcionamento do trato
digestório.
SANTANA e GOMES (2014) afirmam que a exigência de um animal
varia em função de fatores como: peso vivo, categoria, estado fisiológico, uso
de promotores de crescimento e fatores ambientais. Isto explica em grande
parte o maior consumo de alimentos por animais mais pesados e, também, a
maior necessidade de áreas de pastagens para animais adultos quando
comparados a animais jovens em crescimento.
As exigências nutricionais em bovinos de corte são divididas
basicamente em mantença e produção. Além disso, discorre CARDOSO
(2000), uma vaca em lactação possui exigências diferentes de uma vaca não
lactante, já que a primeira necessita de nutrientes para atender à sua
manutenção e, também, à lactação. Segundo MEDEIROS et al (2015) a
exigência de produção é dividida em: crescimento, gestação e lactação.
Assume-se que, para mantença, a energia seria usada com mesma eficiência,
mas a energia metabolizável ingerida acima da exigência para mantença,
usada para produção, tem uma eficiência diferente para cada um desses fins.

SUÍNOS
A alimentação é o componente de maior participação no custo de
produção, exigindo uma atenção especial dos suinocultores. Isto implica na
escolha cuidadosa dos alimentos, na formulação precisa das rações, e
também, na correta mistura dos ingredientes (BONET & MONTICELLI, 1998).
Neste aspecto, GAITÁN (1980), reafirma a possibilidade de auferir lucros com
a suinocultura depende fundamentalmente de um adequado planejamento da
alimentação dos animais. Isso envolve a disponibilidade de ingredientes em
quantidade e qualidade adequada a preços que viabilizem a produção de
suínos.
BONET & MONTICELLI (1998) conferem que as exigências nutricionais
dos suínos variam de acordo com o potencial genético, a idade, o sexo, o peso
e a fase produtiva em que os animais se encontram. Na nutrição dos suínos,
deve-se levar em conta estas diferenças, para se obter a máxima eficiência
produtiva.
O suíno é um animal monogástrico que possui o trato digestivo
relativamente pequeno, com baixa capacidade de armazenamento. Tem alta
eficiência na digestão dos alimentos e no uso dos produtos da digestão,
necessitando de dietas bastante concentradas e balanceadas (LIMA, 1980).
O período pós desmame é considerado crítico para os suínos, uma vez
que seu organismo, mais adaptado ao leite, passa a receber em quantidades
maiores outras fontes de nutrientes. FIALHO et al (2003) afirma que as dietas
das fases pré-inicial e inicial devem ser de fácil digestão e ricas em nutrientes,
respeitando-se a evolução gradativa da secreção de enzimas digestivas. A
inclusão de lactose, entre 7 e 14% da dieta, no período pós-desmame, é
importante devido à alta concentração da enzima lactase no organismo dos
leitões, cuja atividade decresce com o avanço da idade.

AVES
KIEFER (2005) afirma que a grande evolução da avicultura brasileira, o
conseqüente aumento da produção de resíduos e as exigências impostas pela
União Européia quanto ao controle da excreção de poluentes resultam na
busca de novos conceitos relativos à nutrição animal. VILAÇA (2016) afirma
que a nutrição, no sentido de atender os requerimentos nutricionais dos
animais e ainda diminuir a emissão de nutrientes no meio ambiente tem
apresentado avanços ao longo dos anos na indústria de avicultura.
Em geral, os frangos recebem diferentes rações de acordo com a idade,
fato importante, pois durante o crescimento das aves ocorrem alterações nas
exigências nutricionais das mesmas. Um conjunto de rações fornecido a um
lote de frangos é conhecido como programa de alimentação (KIEFER, 2005).
De acordo com FOYE et al (2005) no Brasil são utilizados,
principalmente, os programas de três fases (inicial, crescimento e terminação),
de quatro fases (inclusão de uma ração pré-inicial) e ainda o programa de cinco
fases, com uma pré-inicial e duas de crescimento. Existe a possibilidade do uso
de programas de alimentação múltiplos (“phase-feeding”), nos quais um grande
número de dietas é fornecido às aves durante sua criação, porém a divisão em
muitas fases pode se tornar inviável economicamente, devido ao maior trabalho
(LIMA et al, 1998).
As diferentes estratégias nutricionais buscam melhorar o aproveitamento
dos nutrientes e aumentar a produtividade dos animais, bem como reduzir a
excreção de nutrientes pelos animais, pois a preocupação com a preservação
do meio ambiente deve ser preocupação constante dos nutricionistas. Além
disso, existe a vantagem de que algumas delas ainda reduzem os custos de
produção (KIEFER, 2005).

CÃES
Segundo FAHEY (2003), o conceito de nutrição esta se expandindo para
além da fronteira da sobrevivência e satisfação da fome, para também
promover bem estar e melhoria na saúde dos animais. De acordo com
BORGES (1998), os principais objetivos de um alimento para animais de
estimação são: crescimento harmonioso, longevidade e resistência a doenças.
Neste contexto, uma nutrição adequada para cada fase de vida do cão visa
aumentar a qualidade de vida e melhorar a estado de saúde, evitando doenças
e proporcionando o bem estar animal.
Segundo MOHRMAN (1979), o cão é um animal carnívoro por definição,
mas onívoro por convenção, por isso é mais bem definido como sendo um
carnívoro não estrito. Os cães consomem o alimento vorazmente e se adaptam
a ingeri-los em diferentes horários de acordo com seus proprietários. Apesar do
maior número de dentes molares nos cães, compatível com animais onívoros,
o processo de mastigação praticamente não ocorre nestes animais, onde o
alimento normalmente é deglutido de forma grosseira (partículas grandes),
prejudicando assim a taxa normal de passagem pelo trato digestório e a
superfície de contato do alimento com as enzimas digestivas.
BORGES (1998) defende que a alimentação dos cães atualmente vai
além de simplesmente nutrir, sob o ponto de vista metabólico e fisiológico, e
sim busca auxiliar na qualidade de vida, melhorando a saúde, reduzindo o risco
de doenças e promovendo o bem-estar. Deve-se ofertar aos cães, uma
nutrição especifica para cada fase de sua vida, com o intuito de suprir as
necessidades momentâneas, aumentando assim a sua expectativa de vida.
Apesar da classificação zoológica compreender cães e gatos na mesma
Ordem carnívora, estes pertencem às famílias diferenciadas: Felidae para os
gatos e Canidae para os cães. No processo de evolução dessas espécies,
ocorreram algumas diferenciações anatômicas no trato digestório de acordo
com o hábito alimentar (MOHRMAN, 1979).

GATOS
Os Felinos se diferem dos cães, por ter um metabolismo gliconeogênico,
por isso são denominados animais gliconeogênicos e por serem mais sensíveis
diante das deficiências do acido araquidônico, aminoácidos arginina e taurina e
necessidades de vitamina A (HORA, 2007).
Felinos tem deficiência em metabolizar carboidratos, fibras, ele tem
presença de ceco e colon pouco desenvolvido, por isso sua dieta tem maior
elevação de proteína (CASE e CAREY, 1998; STURGESS e HURLEY, 2005;
NACIONAL RESEARCH COUNCIL, 2006), alguns problemas como coagulação
e sintetização de outras vitaminas, pode ser causado por deficiência desses
nutrientes tais como vitaminas e minerais (BATLOUNI, 1997).
Os gatos têm elevada e permanente taxa de atividade das enzimas
glicogênicas hepáticas que convergem os aminoácidos excessivos da dieta em
glicose. Com essa adaptação é possível manter o nível glicêmico mesmo por
longos períodos de jejum (CASE e CAREY, 1998).
Os felinos também são capazes de aumentar ou diminuir a atividade das
enzimas do ciclo metabólico da ureia (KIRK et al.; MORRIS apud HORA, 2007),
ou seja, quando a dieta apresenta baixo teor de proteína o organismo destes
animais consegue conservar os aminoácidos e quando consomem alto teor de
proteína oferece um mecanismo que cataboliza o excesso (CASE e CAREY,
1998).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

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