Caligra A, Lettering e Tipogra A: As Formas de Criar Letras: Assine Nossa Newsletter!

17/01/2021 Caligrafia, Lettering e Tipografia: As Formas de Criar Letras - O Tipo da Fonte
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Caligra a, Lettering e Tipogra a: Last Name

As Formas de Criar Letras
 28/03/2017  Raissa Frota  0 Comentário  ana félix, axidraw, caligra a,
caligra a expressiva, calígrafo, calligraphy, contrapunção, counterpunch, criatipos,
cristina pagnoncelli, deartype, diacrítico, diego maldonado, ductus, escriba, escrita, * = campo obrigatório
fernando loaiza, giuseppe salerno, jackson alves, jorge valencia, just in type, leonardo
buggy, letras, letreiramento, letreiro, letrista, letter, lettering, lygia pires, marina
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chacchur, martina or, rubén dias, ruben gutiérrez, sandro fetter, sean mccabe,
smeijers, thiago reginato, tipogra a, tipos, tipos do acaso, tupã, type, Type Designer,
typegang, typography
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Há grandes chances de você, que está lendo esse artigo, já ter visto
outros artigos que falam sobre criação de letras. Diferente dos que
você já leu, neste texto buscaremos aprofundar não só a de nição de
cada termo, utilizando para isso alguns grandes nomes da área, mas
também mostrar zonas em que os conceitos se aproximam.
https://otipodafonte.com.br/2017/03/caligrafia-lettering-e-tipografia-formas-de-criar-letras/ 1/16
Tipogra a, lettering e caligra a são campos diferentes, mas ao

 ARTIGOS ANÁLISES FONTES VÍDEOS O
SOBRE Tipo da Fonte
mesmo tempo compartilham o ofício de trabalhar com o 1.098 curtidas
desenvolvimento de letras, um universo tão próximo mas com suas

especi cidades. É sobre esses aspectos que vou falar.
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De nindo as formas de
fazer letras
O Tipo da Fonte
há cerca de 3 meses
Em 2015, eu comecei um pro

Em um debate sobre lettering do DiaCrítico, Marina Chaccur de niu hoje tenho muito orgulho de p
divulgar. o TFC (Type for Call
quatro formas de criar letras: a escrita, a caligra a, o lettering e a
um projeto que tem como obj
tipogra a. Nessa compreensão, a caligra a e a escrita ainda que desenvolver fontes que auxili
próximas são consideradas áreas separadas. A caligra a aparece, estudantes e professores no
assim, como uma forma diferente de escrita, a arte da escrita bela de ensino de caligrafia. O pro
envolveu matemática, caligra
como indica a própria morfologia da palavra.
de tipos e de informação.
Outra visão desta separação está num abordagem que encontramos Como primeiro resultado, apr
TFC - Foundational Hand, ins
alguns teóricos como os professores Fernando Loaiza, Jorge Valencia
modelo homônimo desenvolv
e Ruben Gutiérrez. Em seu livro Caligra a Expressiva a rmam que Edward Johnston justamente
dentro da caligra a existe um tipo especí co chamado escrita. objetivo de ser uma ferramen
ensino.
Neste sentido, a caligra a seria uma forma de desenhar letras que se
preocupa especi camente com a legibilidade. Essa abordagem
também resolve o problema do uso comum da palavra caligra a.
Apesar de subverter a morfologia da palavra uma “caligra a feia”
seria aquela que não cumpre o seu objetivo de comunicar através de
palavras, sem adequada legibilidade.
Escrita
Voltando ao discurso de Marina Chaccur, teríamos…
 Letra manuscrita: “O que temos no dia-

a-dia, a escrita de cada um.”
Fonte: Giphy
Durante muito tempo a letra manuscrita caminhou junta com a

caligra a, que falaremos logo a seguir, mas no início do século
passado, no Brasil em torno de 1920-1930, começou o debate entre a
caligra a como m ou como meio.
Como m, ela deveria ser uma disciplina aplicada por si só. Assim, o
importante neste caso seria antes de tudo “ter uma letra bonita”.
Como meio, ela deveria ser pensada como uma forma de gerar
comunicação, a mensagem transmitida seria mais importante. Nesse
contexto, é que se separa a escrita, que então passa a ser
referenciada como lecto-escrita; e a caligra a.
Quem quiser saber mais sobre o desenvolvimento dos modelos de

caligra a no Brasil, recomendamos a dissertação de Sandro Fetter,
Modelos caligrá cos na Escola Brasileira: uma história do
Renascimento aos nossos dias.
Caligra a
Diferenciando caligra a da escrita, a designer de ne assim o termo:
 Caligra a: “Escrever com intuito de

fazer uma letra bonita a partir de uma
ferramenta especí ca para fazer letras.”
Fonte: Thiago Reginato
Em seu livro Contrapunção, Fred Smeijers a rma que “letras escritas

podem ser usadas apenas durante o próprio processo de escrita: o
momento de produção e de uso são o mesmo”.
Pensando desta maneira, se utilizarmos um papel manteiga para

reescrever o texto escrito e aprimorar sua forma ou se recortarmos
as letras escritas para reordená-las, estaríamos em outro nível que
não seria o da escrita e/ou caligra a.
Smeijers ainda acrescenta que “a escrita acontece apenas quando se

faz letras com as mãos (ou outra parte do corpo) e quando cada parte
signi cante da letra é feita em um traço”. Ou seja, se você utiliza de
um computador para “escrever” isso não é escrita. Ao mesmo tempo,
se você criou a letra e utilizou mais de um traço por haste, isso
também já não é escrita e/ou caligra a.
AxiDraw V3  ARTIGOS ANÁLISES FONTES VÍDEOS SOBRE
Bonito, né? Apesar de impressionar, o AxiDraw não é produzido pelo

corpo humano. Em alguns casos, as letras também são geradas por
vários traços. Segundo Smeijers isso não é caligra a.
Lettering
Recorrendo mais uma vez à fala da Marina Chaccur, temos que…
 Lettering: “Desenho de letras e

palavras; construção da forma; não
necessariamente vem de uma
ferramenta própria; você pode ajustar
quantas vezes for, seja manualmente
ou digitalmente; e a base do lettering
pode vir tanto de um caligra a ou
escrita quanto de um tipo.”
Provas e testes para um lettering. Até o resultado nal o autor

pode abusar de testes e alterações até achar a composição nal
da peça grá ca. Fonte: Marina Chaccur
Quando falamos em lettering como letras desenhadas, falamos

também em caneta e papel e isso pode gerar confusão com a escrita.
Para evitar essa dúvida, Smeijers a rma que “[…] o escopo do
lettering é muito mais amplo do que as formas que se pode desenhar
no papel. Ele também inclui letreiros de neon em prédios, ou letras
gravadas em lápides”.
Você nem imaginava, mas as placas de publicidade em neon

também podem ser consideradas como letterings.
Tipogra a
Como sempre, começaremos pela de nição da Marina Chaccur:
 Tipogra a: “Type design (desenho das

letras, e programação de uma fonte
digital); e tipogra a (uso de tipos,
escrever com formas pré-fabricadas).”
Novamente recorremos também a Smeijers. Ele diz que “em

Tipogra a, a composição da palavra, assim como a confecção das
letras, é regulada pela fabricação à máquina”. Isso signi ca que é a
máquina quem dita as regras por aqui.
Enquanto agrupa tipos móveis um a um para criar uma matriz,

encara-se as limitações da máquina. Os tipos devem ser
padronizados, existe um limite de largura de linha.
Outro fato importante é que a tipogra a existe para que os glifos

criados sejam usados em qualquer composição. Rubén Dias e Ana
Félix ressaltam que “o desenvolvimento de tipos de letras pressupõe
que os caracteres são elaborados como ‘peças’ únicas e individuais
que podem ser recompiladas de inúmeras formas distintas
permitindo a construção de um sem m de mensagens distintas.
Onde se diferem?
Modo de produção
O principal ponto que difere os três termos é o modo de produção da
letra. Com relação à forma de construção, a caligra a é criada por um
único ou poucos traços. Esses traços seguem uma linha básica
chamada de ductus.
O ductus é essa linha imaginária branca que seguimos com a

ferramenta caligrá ca. A grossura e comportamento do traço é criada
pela tipo de ferramenta e de manipulação pelo calígrafo.
No lettering, o desenho pode até partir de um traço caligrá co, mas

ele sempre passa por ajustes que vão redimensionar, reposicionar ou
redesenhar as letras até que se chegue ao resultado nal desejado.
Enquanto a caligra a parte de uma linha guia imaginária (o ductus), o

lettering parte do contorno da letra. Por isso se diz que a escrita (ou a
caligra a) nasce de dentro para fora enquanto o lettering é formado
de fora para dentro (do traço). Quando cria um lettering, o designer
normalmente pensa primeiro nas paredes de cada glifo para só
depois pensar em seu preenchimento.
Fonte: Sean McCabe
Neste momento você deve estar se perguntando: “Ei, mas criar a letra
pelo contorno é o mesmo princípio que rege a tipogra a”. E é isso
mesmo. A diferença entre os dois processos está no objetivo nal.
Enquanto o lettering visa uma peça única nal, com combinações
especí cas de letras, na tipogra a cada letra é desenhada para ser
reaproveitada em qualquer tipo de combinação. Desta forma, um “a”
será o mesmo na palavra “casa” como na palavra “escola”.
E onde eles se parecem?

Planejamento
Quanto ao planejamento para a construção das letras, lettering e
tipogra a se assemelham pois são desenhadas antes que possam ser
digitalizadas (no caso de criação de fontes digitais), ao mesmo tempo

 ARTIGOS
que se diferem quanto ao alinhamento e espaçamento porque os
ANÁLISES FONTES VÍDEOS SOBRE
type designers contam com a ajuda de ferramentas para isso, e

letristas fazem esse processo de modo óptico.
Um detalhe em comum que traz todo um diferencial no lettering e na

caligra a são o uso de alongamentos ornamentais em caracteres.
Falando nesses dois termos, um exemplo bem interessante de
comparação entre ambos é um desa o de construção de letras sob
as duas perspectivas, por uma letrista (Martina Flor) e por um
calígrafo (Giuseppe Salerno), você pode conferir em: Lettering vs.
Calligraphy.
O lettering toma por base tipos e caligra as já existentes para a

construção do mesmo, por isso, segundo Leonardo Buggy, tipogra a,
lettering e caligra a são três expressões grá cas distintas possíveis
de serem empregadas por uma mesma língua simultaneamente.
Hoje, devido à abundância tecnológica de ferramentas da
comunicação visual, o aspecto imagético das letras resultantes de
cada uma dessas expressões não é plenamente su ciente para
determinar sua origem. É necessário que se observe técnicas e
procedimentos empregados na produção de cada letra para
determinar sua origem.
Logo, assim como o lettering se baseia em tipos e escrita caligrá ca

para a construção do mesmo, também podemos ter uma tipogra a
semelhante a caligra a, ou um desenho caligrá co bem trabalhado a
ponto de parecer um lettering. Veja abaixo alguns exemplos:
Esses foram exemplos de letterings que têm como inspiração

modelos caligrá cos e/ou fontes tipográ cas já existentes, e que
adaptam ao seu estilo aplicando volume, textura e transformando
numa nova composição.
Esses são exemplos de famílias de fontes script da DearType.

Além do exemplo onde uma tipogra a pode simular o traço

 ARTIGOS
caligrá co, temos também situações em que a tipogra a, através de
recursos OpenType e do uso de ligaturas, pode simular resultados de

lettering.
A recém lançada Tupã, de Diego Maldonado possui um conjunto

de ligaturas que podem ser combinadas de diversas formas.
Uma pessoa desavisada poderá pensar que aquele resultado é
único, mas na verdade não é.
Observem a palavra strong. Ficou bonito, né? mas ainda assim,

 ARTIGOS
este é um resultado tipográ co e não um lettering.
O processo de composição deste lettering começa com o

processo caligrá co mas o extrapola e ganha diversos recursos e
ajustes até o resultado nal (Fonte: Jackson Alves)
Visto todos esses exemplos podemos perceber que da mesma forma

que esses processos de construção são o principal meio de
diferenciação entre si. Também podemos ver que são métodos que
podem se auxiliar para a construção de uma letra nal digitalizada ou
não.
Como assim? Por exemplo, posso construir uma fonte tipográ ca a

partir de um lettering com o estilo que eu desejar, ou até mesmo a
partir da escrita caligrá ca. Portanto essas técnicas de construção de
letras podem trabalhar juntas para obter determinado m.
E então?
Como vocês puderam perceber, esses conceitos são diferentes sim.
Quando pensamos em cada um deles, pode parecer fácil entender o
que é um ou outro, mas ao mesmo tempo é difícil dizer onde um
termina e outro começa.
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Raissa Frota
Estudante de Sistemas e Mídias Digitais (UFC), fascinada
pelo universo da tipogra a e apaixonada por fazer
letterings <3 Alguns deles podem ser encontrados no
meu insta @raissa_dsantos
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