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Guia

Tipográfico

1
Sumário

1 INTRODUÇÃO pag.4 3 CLASSIFICAÇÃO


DOS TIPOS pag.27
Com serifa

2
Sem serifa
Outros estilos
FUNDAMENTOS DA

4
TIPOGRAFIA pag.6
História DESDOBRANDO
Conceitos base OS TIPOS pag.37
• Tipos Descrevendo os tipos
• Fonte Medindo os tipos
• Família Tipos Display
• Corpo de texto Tipografia digital e sua
Anatomia evolução

5
• Descrevendo as letras
• Caixas de tipo
• Algarismos/numerais
• Terminais
• Serifas CONCLUSÃO pag.45
• Eixo
• Kerning

2
Introdução
3
INTRODUÇÃO

A tipografia está em todos os lugares.

A tipografia nos envolve em todos os momentos do Há milhares de anos, a humanidade descobriu um


dia – dos mundanos itens listados nas contas que modo de compartilhar pensamentos – a linguagem –
pagamos e nas etiquetas de alimentos aos bombar- de tal forma que seus membros, tanto hoje quanto
deios de experiências alfabéticas em cartazes, na no futuro, pudessem compreender o que estava sendo
Internet e na TV. Passamos por milhares de men- dito. A linguagem é um função de grupo; por mais
sagens tipografias todos os dias, a maioria das que nos consideremos indivíduos isolados, depen-
quais ignoramos ou nem mesmo enxergamos. demos do entendimento comum enquanto base par aas
A tipografia está no cruzamento entre belo e o palavras que proferimos. Quando tal conhecimento
útil. Assim como uma pintura, é algo para se olhar é codificado para transmissão visual, contamos
cuja forma pode ser contemplada. Diferente de uma também com uma suposição compartilhada a respeito
pintura, é concretamente funcional, já que serve destes códigos visuais – as formas das letras – e
para ser lida. Podemos fazer um paralelo entre a com as limitações de nossos olhos e mentes para
tipografia e a arquitetura – o projeto de uma casa interpretá-los. As regras que governam o design
será inútil se ela não ficar de pé, ou se não nos tipográfico não são, como alguns querem nos fazer
proteger da chuva. A tipografia que não pode ser crer, a dogmática escravidão da criatividade. Elas
lida não é mais tipografia. Contudo, longe da banal são descrições simples e objetivas de como o olho
textura cinza que este rígido imperativo parece humano vê as formas, e do que o cérebro humano
indicar, a tipografia, enquanto forma de comuni- faz com a informação que foi vista. Queiramos ou
cação, tem potencial para expressões profundas e não, por exemplo, uma forma mais escura sempre vai
emocionais. parecer espacialmente mais próxima que uma forma
mais leve. Nossa visão do mundo exterior está ge-
Projetar com tipos significa compreender a ine-
neticamente instalada em nós. Trabalhar de forma
xorável funcionalidade de sua natureza: uma fun-
eficiente com tipografia significa controlar ma-
cionalidade definida não por modas ou filosofias,
neiras de se manipular objetivamente a percepção
mas pelo simples e poderoso mecanismo da percepção
em seus próprios termos, e os designers tipográ-
humana.
ficos podem explorar esses códigos visuais para
expandir o âmbito da percepção humana.

4
4
O Design soluciona problemas.

O Design gráfico soluciona problemas por meio


de símbolos.

A Tipografia representa um rico conjunto de


símbolos capaz de tornar a linguagem visível.
Obter êxito no trabalho com tipos é essencial
para um design gráfico eficaz.

5
Fundamentos
da Tipografia
6
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

O uso eficiente dos tipos começa com a compreensão de suas proprie-


dades intrínsecas, com o conhecimento profundo de como essas particu-
laridades podem ser manipuladas, e de como essa manipulação, por sua
vez, afetas as propriedades dos tipos. Todo o design tipográfico gira
em torno da reconfiguração de partes do sistema – o alfabeto. Da mesma
forma que um músico pode arranjar sete notas de inúmeras maneiras, um
designer pode usar vinte e seis elementos para conseguir um número
ilimitado de opções de design.

A simplicidade geralmente é considerada desejável, pois o objetivo


dos designers é usar os tipos para transmitir informação – que não é
somente o significado verbal das palavras. É também a maneira como
elas transmitem o seu significado – o ritmo e a intenção de quem pro-
nuncia as palavras, o poder simbólico das formas visuais.

A tipografia, na cultura ocidental, se manifesta simultaneamente


em dois níveis visuais. O nível macro da composição guia nossos olhos
pela página, e o nível micro dos pequenos detalhes fundamenta o modo
como percebemos o todo. As formas individuais e a interação dos ca-
racteres alfabéticos são cruciais para entender e trabalhar com tipos
no nível macro.

7
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

História

Idade Antiga Escrita egípcia Fenícios


4000 – 476 a.C. 3000 a.C. 1300 – 1100 a.C.
A grafia de pictogramas foi A grafia de pictogramas foi Surgimento da primeira es-
a primeira maneira de es- a primeira maneira de es- crita alfabética cuneifor-
crita, provavelmente com o crita, provavelmente com o me, que utilizava apenas 22
objetivo de registrar a ora- objetivo de registrar a ora- caracteres, todos consoan-
lidade e fazer contas. Sur- lidade e fazer contas. Sur- tes. Foi usado como base para
giram em plaquetas de barro. giram em plaquetas de barro. diversos alfabetos e sendo
hoje utilizado indiretamen-
te nos alfabetos ocidentais
e semíticos.

8
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

História

Alfabeto grego Alfabeto romano Escrita carolíngia


800 a.C. 700 a.C. 789 a.C.
Os gregos criaram seu alfa- Os romanos criaram seu al- É uma escrita clara, de fá-
beto a partir dos fenícios, fabeto com base no alfabeto cil leitura, que foi insti-
incorporando as vogais. Al- grego. Mudaram a forma de tuída por Carlos Magno como
terando, também, o sentido algumas letras e acrescen- parte de sua reforma educa-
da leitura, que passou a ser taram outras. Em Roma, as cional. Quando redescober-
da esquerda para a direi- letras eram pintadas com um ta e refinada na Renascença
ta. Assim como os fenícios, pincel chato, no mármore, italiana pelos humanistas,
os gregos também não usavam antes de serem inscritas com a escrita Carolíngia sobre-
espaço entre as letras nem martelo e cinzel. viveu como base para as mi-
pontuação. núsculas e maiúsculas.

9
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

História

Tipos móveis / Tipos móveis /


Bi Sheng 1040 d.C. Gutenberg – 1440 d.C.
Considerada uma grande re- Gutenberg foi o inventor
volução na história da im- global da prensa móvel. A
pressão. Bi Sheng foi o in- invenção permitiu a produção
ventor dos tipos móveis. Ele em massa de livros impressos
lançou as bases da indús- e uma solução economicamen-
tria de impressão moderna ao te rentável para gráficas e
criar tipos de madeira. leitores.

10
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Conceitos base

TIPOS TIPO
Parte de um conjunto denominado fonte.
Podem ser letras, números ou sinais que
possuem semelhança em sua estrutura, Barlow Extra Light
apresentando padrões. Barlow Extra Light Italic
Barlow Light
Barlow Light Italic
FONTE Barlow Regular
É um conjunto de glifos/tipos que com- Barlow Italic
FONTE

FAMÍLIA
põem uma família tipográfica. Esse con-
junto possui padrões estruturais que Barlow Medium
juntos formam uma classe completa de
caracteres.
Barlow Medium Italic
Barlow Semi Bold
Barlow Semi Bold Italic
FAMÍLIA Barlow Bold
Uma família tipográfica é um conjunto Barlow Bold Italic
de fontes tipográficas que seguem os
mesmos padrões e estilo. Elas se dife-
Barlow Extra Bold
renciam por meio de alterações no peso, Barlow Extra Bold Italic
largura e também inclinação.
Barlow Black
EX: Extralight, light, regular, ita-
lic, semibold, bold, black
Barlow Black Italic
11
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Conceitos base

CORPO DE TEXTO
CORPO DE TEXTO ex:30pt
O corpo de texto é referente ao ta-

Abcdefghijklm
manho do tipo, que é calculado do ponto
mais alto até o ponto mais baixo do
tipo. Essa medida é representada pela
unidade pontos (pt).
opqrstuvwxyz

12
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Anatomia

ABC
Descrevendo as formas das letras

Assim como qualquer ofício que se desenvolveu


durante 500 anos, a tipografia emprega diversos
termos técnicos inerentes a sua prática. Esses
termos descrevem, na maioria das vezes, partes das
formas das letras. É uma boa ideia familiarizar-se
com esse vocabulário. Ao reconhecermos as partes
componentes de uma letra torna-se mais fácil iden-
TRAÇO
Qualquer linha que define a forma
tificar fontes tipográficas específicas.
básica da letra.

LINHA DE BASE

Mphx
Linha imaginária que define a base
visual das letras. LINHA DAS ASCENDENTES
LINHA DAS CAPITULARES

LINHA MÉDIA
LINHA MÉDIA

ALTURA-X
Linha imaginária que define a
altura x das letras.
LINHA DE BASE

ALTURA-X LINHA DAS DESCENDENTES

Altura da letra “x” minúscula em


qualquer fonte tipográfica.

13
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Anatomia

LAÇO
FILETE Traço que encerra, ou encerra
TRAÇO O traço mais fino de um parcialmente, a contra forma em
Refere-se especificamente tipo que tem várias espes- uma romana. Às vezes é usado para
à parte diagonal de letras suras. Pode ser claramente descre- ver as partes cursivas do
como N, M ou Y. Hastes, identificado em um v ou a. p e b.
barras braços bojos, etc.
são chamados coletivamente

YTvaogpbG
de traços de letra.

APOIO
A parte da serifa, que se QUEIXO
conecta com o traço. A parte angular terminal
ESTRESSE do G.
Direção na qual um traço
curvo muda de peso.

14
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Anatomia

BOJO
A contraforma é o espaço vazio
HASTE dentro dos traços de uma letra,
Traço principal vertical ou e está rodeada por um bojo. A
diagonal de uma letra. contraforma pode ser chamada de
olho no caso da letra e.

A T f O K
TRAVE TRAVESSA
FORQUILHA
O local onde a perna e
O traço horizontal em A e H. O traço horizontal em A, o braço de K se
Uma trave une duas hastes. H, T e, f e t. Às vezes encontram.
é chamado de trave. Uma
travessa cruza uma única
haste.

15
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Anatomia

TERMINAL
Descreve o acabamento de um traço. Arial
tem terminaisretos, sem decoração; já Times
ÁPICE New Roman tem terminais agudos.
Ponto formado na parte Outras variações includem terminais alar-
superior de um carac- gados, convexos, côncavos e arredondados.
tere, como A, onde o Esses últi- mos têm acabamentos circulares,
traço da direita e o da OMBRO E CORPO também con- hecidos como “remates”.
esqueda se encontram. Arco presente em h ou n.

AvhpdKYTF
VÉRTICE ASCENDENTES E PERNA
Ângulo formado na parte O traço mais baixo inclinado
inferior de uma letra onde
DESCENDENTES em direção à linha de base
o traço da esquerda e o da O ascendente é a parte de de K, k, e R. Às vezes é
direita se encontram, como uma letra que se estende usado para a cauda do Q.
o V. acima da altura-x; um des-
cendente avança abaixo da
linha de base.

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FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Anatomia

SERIFA ESPINHA ORELHA


Pequeno traço no final O traço curvo da es- O lado direito do bojo
de um traço principal querda para a direita do g, e o final de um r

A Q s g f F
vertical ou horizontal. em S e s. ou f, por exemplo.

CAUDA LIGAÇÃO LIGAÇÃO


O traço descendente de Q, A parte que junta os Traço horizontal que é
K ou R. Os descendentes de dois bojos do g com aberto em uma ou ambas
g, j, p, q e y também podem dois andares. as extremidades, como
ser chamados de cau- da, visto em T, F, E e tam-
assim como o laço do g. bém o traço ascendente
do K.

17
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Caixa de tipos
Uma fonte tipográfica contém muito mais de 26 le-
tras, 10 numerais e alguns sinais de pontuação.
Para obtermos sucesso no trabalho com tipos, é
preciso ter certeza de que estamos trabalhando com
uma fonte completa e sabermos como usá-la.

CAIXA-ALTA
É um conjunto de caracteres que corres-
ponde às letras maiúsculas (ou capitais),
AÅÂÄÀÁÃÆBCDEÉÈF
incluindo certas vogais acentuadas, cê- GHIÌÍÎÏJKLMNOÓÒÔÖ
-cedilha (Ç), n til (Ñ) e as ligatuas a/e
e o/e (æ,œ). ØPQRSTUÚÙÜVWXYZ

CAIXA-BAIXA
As letras em caixa-baixa - ou minús-
culas - incluem os mesmos caracteres da
aáàâäåãæbcçdeéèêëfffffi
caixa-alta, além das ligaturas f/i, f/l, fflfiflghiíìïîjklmnñoóòô
f/f, f/i e o “eszett” (duplo s alemão).
öøœpqrsßtuüûúùvwxyz
VERSALETES
Letras em caixa-alta criadas à altura-x
de um tipo. As versaletes são encontradas
AÅÂÄÀÁÃÆBCDEÉÈFGHIÌÍÎÏJKLMNO
principalmente em fontes com serifa. A
maioria dos softwares inclui um comando ÓÒÔÖØPQRSŠTUÚÙÜVWXYZŽ
de estilo que gera versaletes baseadas
nas formas em caixa-alta. Não confundir
as versaletes reias com aquelas geradas
artificialmente.
18
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Caixa de tipos

ALGARISMOS DE CAIXA-ALTA
Também chamados de algarismos alinhados ou alga-
rismos de título, esses números são da mesma altura
que as letras em caixa-alta, e todos têm espaçamento
idêntico. São bem empregados quando usados em mate- 0123456789
riais tabulares ou em situações que exijam letras em
caixa-alta.

ALGARISMOS DE CAIXA-BAIXA
Também chamados de algarismos antigos ou algarismos
de textos, esses números são da altura-x, porém com
ascendentes e descendentes. São melhor utilizados em
conjunto com letras em caixa-alta e caixa-baixa. Os 0123456789
algarismos em caixa-baixa são mais comuns em fontes
com serifa do que naquelas sem serifa.

19
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Caixa de tipos

ITÁLICO
A maioria das fontes hoje em dia são criadas com uma
versão em itálico correspondente. As versaletes, no AÅÂÄÀÁÃÆBCDEÉÈFG
entanto, geralmente não possuem essa variação itá-
lica. Observe que o itálico gerado artificialmente HIÌÍÎÏJKLMNOÓÒÔÖØ
não é o mesmo itálico real, assim como ocorre no ver-
salete.
PQRSTUÚÙÜVWXYZ
Veja abaixo a diferença entre um itálico “verda- 0123456789
deiro” e o que chamamos de “oblíquo” (ou falso itá-
lico). As formas em um itálico verdadeiro remetem aáàâäåãæbcçdeéèêëfffffi
à escrita cursiva italiana do século XV. As formas
oblíquas baseiam-se tipicamente na forma romana da
fflfiflghiíìïîjklmnñoóòô
fonte. Em algumas fontes contemporâneas torna-se di- öøœpqrsßtuüûúùvwxyz
fícil fazer a distinção entre formas itálicas e oblí-
quas, no entanto, devemos estar cientes das suas di- 0123456789
ferenças.

20
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Algarismos / Numerais
Como o próprio nome já diz, os algarismos são os
números presentes na fonte. Eles podem ser clas-
sificados em três tipos: old style, lining e small
caps.

OLD STYLE LINING SMALL CAPS


São os numerais alinhados pelo São aqueles que possuem o mesmo Numerais que possuem o mesmo ta-
texto. Possuem ascendentes e des- tamanho que a fonte caixa-alta manho de uma versalete. Não pos-
cendentes e ultrapassam a linha x. (versal), não possuindo ascen- suem ascendentes e ascendentes.
dentes e descendentes.

abc0123456789 ABC0123456789 ABC 0123456789

21
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Terminais
São as formas encontradas no final das letras a, c, f, j, r, s e y e
possuem 4 principais variações.

BOLA (BALL) LÁGRIMA BICO (BEAK) TERMINAL


OU BOTÃO (TEARDROP) OU AFIADO AUSENTE
OU GOTA

10

22
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Serifas
“Traço adicionado ao início ou ao fim dos traços principais de uma
letra” (BRINGHURST, 2005). Existem diversas classificações de serifas,
veja as principais:

Serifa bilateral, adna- Serifa bilateral, Serifa unilateral,


ta (que nasce junto ao abrupta(tangencia a adnata e transitiva
traço) e reflexiva (re- haste bruscamente)e re- (acompanha direção da
trocede sobre si mesma) tangular ou egípcia(es- escrita)
pessura próxima a da
haste)

23
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Serifas
Segundo Kane (2012), ele ainda distingue as serifas bilaterais em
4 tipos, de acordo com o seu desenho e o período em que surgiram.

ESTILO ANTIGO TRANSICIONAL MODERNA QUADRADA


aprox. 1475 aprox. 1750 aprox. 1775 aprox. 1825

DO CALIGRÁFICO AO MECÂNICO

24
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Eixo
“É o ângulo de inclinação característico das
letras b, c, e, g, o, p e q” (ROCHA, 2001).

Sua classificação só pode ser feita quando


a fonte é modulada, ou seja, existe variação
no traço (contraste).

Traço modulado (variação Traço modulado (variação Traço não-modulado (ou


na espessura ou contras- na espessura ou contras- contraste imperceptivel),
te) e eixo vertical ou te) e eixo humanista ou ausência de eixo ou eixo
racionalista. oblíquo. vertical presumido.

25
FUNDAMENTOS DA TIPOGRAFIA

Kerning
É o ajuste de espaço entre fontes
adjacentes com o objetivo de obter
uma maior legibilidade.

Não confundir com espaçamento/es-


pacejamento/entreletra/tracking,
que é a distância padrão entre os
caracteres.

Tg TgSEM KERNING COM KERNING

Tanto o kerning quanto o tracking


são definidos pelo typedesigner mas
podem ser ajustados pelo designer
ao usar a fonte.

26
Classificação
dos tipos

27
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS

Vox Coles
O historiador francês Maximilien O designer e consultor tipográfico
Vox (1894-1974) organizou a primeira Stephen Coles, sem seu livro “The
e mais conhecida classificação ti- Anatomy of Type”, propõe um sis-
pográfica em 1954. tema de classificação mais con-
Em 1962 a classificação foi ado- temporâneo que contempla mais va-
tada pela Association Typogra- riações de fontes serifadas e não
phique Internationale (AtypI) e em serifadas.
1967 pela BS (British Standard).
(ROCHA, 2012)

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CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS
Vox

HUMANISTA Adobe Jenson


GARALDE Garamond
TRANSICIONAL Baskerville
DIDONE Bodoni
MECANICISTA Courier
LINEAR Helvetica
INCISA OU GLIPHIC Trajan
SCRIPT Zapfino

MANUAIS Luminari
BLACKLETTER Brokenscript

29
Baseada na escrita humanista com origem em Veneza no século XIV.

HUMANISTA A barra do “e” inclinada, eixo inclinado à esquerda, pouco con-


traste no traço e as serifas adnatas são as principais caracte-
rísticas.
Faz referência aos tipógrafos Aldus Manutius e Claude Garamond.
Assemelha-se as fontes humanistas, porém sem a inclinação na
GARALDE barra do “e” e com mais contraste no
traço.
A principal característica é a ausência de inclinação no eixo,
deixando de fazer referência a escrita caligráfica e se aproxi-
TRANSICIONAL mando de uma escrita mais desenhada. Uma transição para as tipo-
grafias Modernas.
Refere-se às fontes criadas por Firmin Didot e Giambatista Bodo-
ni, também conhecidas como Modernas. Como
DIDONE principais características apresentam grande contraste entre os
traços e serifas abruptas.

Trata das fontes criadas durante a Revolução Industrial, apre-


MECANICISTA sentando pouco ou nenhum contraste nos traços e serifas retangu-
lares. Também são chamadas de slab serifs ou egípcias.

Esta categoria se refere as fontes sem serifa e foi dividida em


LINEAR 4 sub-categorias – Grotescas, Neo-Grotescas,
Geométricas e Humanistas.

Faz referência as fontes com aspecto de letras inscritas em pe-


INCISA OU GLIPHIC dra e em alguns casos possuem apenas caixa alta.

SCRIPT São as fontes que emulam a letra manuscrita.

Nesta categoria estão as fontes baseadas em letras feitas com


MANUAIS instrumentos como pincel e pena, porém sem ter um desenho manus-
crito;

Corresponde as fontes góticas, com origem na Alemanha. Possuem


BLACKLETTER grande constraste no traço e proporções condensadas. Também co-
nhecidas como30broken script (escrita quebrada).
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS
Coles

Com serifa

HUMANISTA RACIONALISTA
• Serifa adnata com leve curvatura na base • Serifas fi nas e abruptas
• Contraste moderado e eixo humanista/ • Perna curvada
obliquo • Contraste moderado até alto contraste e
• Terminais caligráficos • eixo racionalista/vertical
• Terminal em bola
• Espora curvada

TRANSICIONAL
• Serifa adnata com base reta
• Perna reta CONTEMPORÂNEA
• Contraste moderado e eixo variável (aqui • Serifa triangular
racionalista) • Detalhes simplificados
• Terminal em lágrima/gota • Abertura e espaço interno grandes

31
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS

Sem serifa

GROTESCA NEO-GROTESCA
• Perna curvada • Largura maior na letra R
• Contraste moderado e eixo racionalista/ • Terminais ausentes ou horizontais
vertical • G “aberto”
• Aberturas pequenas e arco para dentro

GÓTICA GEOMÉTRICA
Variação inglesa e americana da grotesca. • Largura clássica na letra R
• Perna reta • Contraste mínimo
• Contraste mínimo e eixo racionalista/ • Formas arredodandas em formato circular
vertical • A simples/1 andar
• G fechado (em loop) • Curvas em formato circular

32
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS

Sem serifa

HUMANISTA NEO-HUMANISTA
• Traços e formas caligráficos • Estrutura humanista com menos traços ca-
• Contraste moderado ligráficos
• Aberturas grandes • Contraste mínimo
• Aberturas grandes

QUADRADA GROTESCA QUADRADA GEOMÉTRICA


• Serifa quadrada e adnata • Serifa quadrada e abrupta
• Espora curvada • Formas arredodandas em formato circular
• Contraste moderado e eixo racionalista/ • Contraste mínimo e apenas nas junções
vertical
• Terminal em bola

33
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS

Sem serifa

QUADRADA HUMANISTA
• Perna curvada
• Contraste mínimo
• Serifa quadrada e abrupta

34
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS

Outros estilos

SCRIPT INCISA
A maioria das caligráficas é inclinada. A • Traços alargados
inclinação pode variar, porém as clássicas • Formas esculpidas/cinzeladas
geralmente tem um ângulo padrão

35
É importante observar que a classificação tipo-
gráfica pode auxiliar na seleção de tipos, mas
não deve ser um limitador e nem exigir do desig-
ner um conhecimento muito específico sobre esti-
los tipográficos.

Como observa Coles (2012) muitos tipos produzi-


dos atualmente não se encaixam nas categorias dos
sistemas de classificação, o que não significa
que estes tipos não possam ser usados em um pro-
jeto.

36
Desdobrando
os tipos

37
DESDOBRANDO OS TIPOS

Descrevendo os tipos
Depois de reconhecer as partes das letras, podemos
usar o que sabemos para identificar os tipos. Tenha em mente que alguns, todos ou mesmo uma
Contudo, além de aspectos característicos de uma combinação desses estilos pode ser encontrados
fonte tipográfica, além dos aspectos caracterís- dentro de uma única família tipográfica.
ticos de uma fonte tipográfica, também há aplica-
ções de estilos que precisamos conhecer.

Romano
Estilo básico das letras, é chamado assim porque as formas
em caixa-alta são derivadas das inscrições em monumentos
romanos. Em algumas fontes, os traços levemente mais claro
do estilo romano é chamado de “book”.

Itálico Nome dado em homenagem à caligrafia italiana do século XV,


cuja forma inspirou o itálico.

Caracterizado por um traço mais grosso que a forma romana.

Negrito
Dependendo da largura relativa dos traços da fonte, o es-
tilo também pode ser chamado de “seminegrito” (semibold) ou
“médio” (medium), “negro” (black), “extranegrito” (extrabold)
ou “super”.
Em algumas fontes - como a Bodoni - a versão mais negra
do tipo é chamada de “poster”.

38
DESDOBRANDO OS TIPOS

Descrevendo os tipos

Claro Traço mais claro que a forma romana. Traços ainda mais
leves são chamados de “thin” em inglês.

Condensado
Como o nome sugere, é a versão condensada da forma romana.
Estilos extremamente condensados geralmente são chamados
de “estreitos”.

Expandido
Exatamente o que você deve estar pensando. Uma forma esten-
dida das formas romanas.

39
A confusão de estilos dentro de uma família tipo-
gráfica pode parecer desencorajadora para os ini-
ciantes, e certamente configura um incomodo até
mesmo para os designers mais experientes.

A única forma de lidar com essa profusão de


nomes - da mesma forma que aprendemos verbos ir-
regulares em francês - é memorizando-os.

Adobe Caslon SemiBold


Bodoni Old Face Book
Futura Medium
Futura Condensed Extra Bold
Helvetica Regular
Gill Sans Semi Bold
Gill Sans Ultra Bold
Barlow Semi Bold
Brandon Grotesque Black

40
DESDOBRANDO OS TIPOS

Medindo tipos
Além do seu vocabulário peculiar, a tipografia 6 paicas
também possui suas próprias unidades de medida. escreve-se
Originalmente o tamanho do tipo era determinado 6p ou 6p0
pela altura real dos tipo de chumbo. Obviamente o
uso dos tipos de metal na composição não é mais
6 paicas, 7 pontos
comum, no entanto o conceito de letras moldadas em
escreve-se
pequenas peças de chumbo continua sendo a maneira
6p7
mais útil de pensarmos na sua medida. Embora o
tamanho tipo se referisse a princípio ao corpo do
tipo (peça de metal na qual as letras eram fun- 7 pontos
didas), hoje normalmente o tamanho é medido do escreve-se
topo da ascendente até o limite inferior da des- 7pt
cendente, como vimos no início do guia.

De maneira semelhante, o entrelinhamento - es-


paço entre as linhas do texto - é chamado de le- Ao especificar o
ading em inglês, porque, antigamente, o que sepa- tamanho do texto e
rava as linhas dos tipos de metal eram as tiras de seu entrelinhamen-
chumbo (do inglês lead). to, use uma barra
entre os dois nú-
Calculamos o tamanho do tipo com unidades cha- meros.
madas de “pontos”. Um ponto de maneira como usamos
hoje equivale a 1/72 de uma polegada ou 0,35mm.
A “paica”, termo amplamente usado na impressão, 10 pt com

Abcdefghijklm
equivale a doze pontos ou a 1/6 de polegada. entrelinha 2pt
escreve-se

opqrstuvwxyz
A abreviação padrão para escrever uma dimensão Nome da fonte 10/2
em paicas é p.

41
DESDOBRANDO OS TIPOS

Medindo tipos
Largura do tipo

Todas as letras têm uma largura específica que corresponde à largura da forma em si mais o espaço
necessário de cada lado para evitar que uma forma encoste na outra. A largura é descrita em unidades,
uma medida totalmente arbitrária que muda de um sistema para outro. No exemplo a seguir, a letra “M”
em caixa-alta (geralmente a letra mais larga no conjunto de caracteres) tem 20 unidades de largura e
a letra “a” em caixa-baixa tem 9 unidades.

Quando os tipos eram moldados de forma manual, cada letra, seja em caixa-alta ou baixa, tinha a
possibilidade de ter uma largura específica. Quando os processos de composição mecânica se desenvol-
veram, os designers de tipo foram forçados a restringir a quantidade de larguras de cada fonte para

M a
atender as limitações dos novos sistemas (metal ou foto). Um “a” e um “e”, por exemplo, podiam ter a
mesma largura pois alguns sistemas eram incapazes de expressar distinções mais sutis, A tecnologia
digital, no entanto, já avançou bastante na recuperação da diversidade dos tipos moldados à mão. Muitos
softwares trabalham numa escala e 200 unidades para representar a largura de um “M”.

42
DESDOBRANDO OS TIPOS

Tipos Display

oBSERVANT
Na maior parte deste livro, os tipos que ana-
lisamos foram criados como tipos para texto - ou

Adreena
seja, tipos destinados principalmente para apre-
sentação entre 6 a 12 pt. Os tipos exibidos acima
de 18 pt, para títulos ou destaques são chamados
de tipos Display. A grande maioria das fontes pro-
duzidas hoje em dia é criada exclusivamente para
uso em grandes dimensões.
BlowBrush
É fácil entender a popularidade dos tipos dis- bubblegum
dk cosmo stitch
play. Como mostram os exemplos trazidos aqui, eles
possuem uma variedade infinita de características,
personalidade, história e estilo. Tipógrafos expe-
rientes usam fontes como essa para apimentar uma
composição já equilibrada. Infelizmente, os ini-
ciantes confiam nelas com frequência para dar voz
marvin visions
ao que, de outra maneira, seria irremediavelmente
disforme e sem graça.
Harbour
As mesmas características que tornam os tipos
display atraentes em tamanhos avantajados - formas oBSERVANT
comprimidas ou estendidas demais, contraformas Adreena
especialmente grande ou pequenas, detalhes com-
plexos, fortes referências pictóricas - tornam-os BlowBrush
inapropriados para o uso em tamanhos menores em bubblegum
blocos de texto, como no exemplo no canto inferior dk cosmo stitch
direito. Tenha em mente que os tipos display são marvin visions
feitos mais para serem “vistos” do que “lidos”.
Harbour

43
DESDOBRANDO OS TIPOS

A tipografia digital
Junto com o florescimento da indústria dos com- Em 1990, praticamente todas as fundições de tipos
putadores pessoais na década de 1980 veio o de- no mundo ofereciam versões digitais de suas faces
senvolvimento da editoração eletrônica, devido ao e diversas lojas foram abertas exclusivamente para
fácil acesso dos designers às ferramentas neces- vender fontes digitais. Em 2000, métodos tradicio-
sárias para criar, compor e ilustrar um projeto, nais de produzir tipos, já com 500 anos de idade,
sem ter que recorrer a prestadores de serviços. foram relegados ao domínio de puristas e aos que
Sob muitos aspectos, o método de trabalho foi um se dedicavam à atividade como um hobby. Um classe
retorno aos scriptoriums medievais. A Bitstream, inteira de profissionais - os compositores - foi
Inc. começou a oferecer fontes digitais em 1981; a instinta.
Adobe Systems, Inc., pouco tempo depois.
No entando, graças as primeiras contribuições
e ao alto nível dos designers de tipos Matthew
Carter, Summer Stone e muitos outros, essa mu-
dança na produção não significou necessariamente
uma perda de qualidade. O campo de design de tipos
continuou crescendo, junto com os avanços da tecno-
logia digital. Os designers jamais tiveram tantos
tipos - e tantos tipos bons - a sua disposição.

44
Conclusão

45
Este guia tem o intuito de te mostrar um pouco sobre como
funciona o mundo da tipografia e te dar algumas dicas de
como usá-la com mais clareza e propósito. Apesar de apa-
rentar, não existe certo ou errado, quebre as regras quando
precisar!

Experimente, teste e brinque! Use a tipografia, em conjunto


com elementos gráficos visuais para se expressar de ma-
neira eficiente. Cada projeto será diferente, assim como as
fontes utilizadas.

Analise seu público, objetivo e divirta-se!

SABRINA SABATINI
14202011

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Referências
Guia de tipografia, Manual prático para o uso de tipos no design gráfico. TIMOTHY, Samara.

Manual dos tipos. KANE, John.

https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/177348/348452.pdf?sequence=1&isAllowed=y

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