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Fundamentos e Metodologia

da Alfabetização

Rosalva Araujo
Análise da escrita infantil
Estágios da evolução da escrita:
NÍVEL 1 . PRÉ – SILÁBICO

Características:
1. Indiferenciação entre gravura e escrita.
2. Uso de sinais únicos para escrever palavras diferentes.
3. A ordem das letras na palavra não é importante.
4. Categorias linguísticas não definidas (letras, sílabas, palavras, etc.)
Proposta didática: Possibilitar à criança vivenciar atividades que envolvam as
letras(palavras e textos de interesse da criança).
Conflitos que levam ao próximo nível:
Percepção de que há estabilidade nas palavras.
Ex.: Só há uma forma de escrever
Análise da escrita infantil
PRÉ - SILÁBICO
A criança....
 Não estabelece vínculo com a leitura e a escrita;
 Acredita que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar,
usando rabiscos, desenhos e garatujas para escrever;
 Pode usar traçados de formas diferentes;
 Usa objetos e não o seu nome ex: para coisas grandes utiliza várias
letras
 Para coisas pequenas utiliza poucas letras.
 O aluno também usa letras do seu próprio nome ou números na
mesma palavra;
 A leitura é global. Só consegue ler o que escreveu;
Análise da escrita infantil
PRÉ - SILÁBICO

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Análise da escrita infantil
Estágios da evolução da escrita:
NÍVEL 2. SILÁBICO
Características
1.Vinculação entre escrita e pronúncia.
2. Correspondência quantitativa de sílabas orais com cada letrada palavra.
Ex.: i F – PATO (Nível silábico – quantitativo ou restrito).
3. Correspondência qualitativa dos sons com as letras.
Ex.: AO – PATO (Nível silábico – qualitativo ou evoluído).
Conflitos que levam à próxima hipótese:
*Impossibilidade de ler silabicamente (sobram letras)
*Impossibilidade de ler o que os outros escrevem.
*Confronto com grafias de certas palavras que sabem serem corretas
Análise da escrita infantil
HIPÓTESE SILÁBICA

 O aluno supõe que a escrita representa a fala;


 Tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;
 Supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba;
 Para cada sílaba oral corresponde uma letra ou um sinal;
 Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra;
Análise da escrita infantil
HIPÓTESE SILÁBICA: SEM VALOR SONORO
Análise da escrita infantil
HIPÓTESE SILÁBICA: COM VALOR SONORO
Análise da escrita infantil
Estágios da evolução da escrita
NÍVEL 3. SILÁBICO – ALFABÉTICO (nível intermediário)

Características
1. Estágio de transição entre o silábico e o alfabético;
2. Escrita alterna entre o uso de letras e de sílabas para registro;
EX: A criança pode escrever
CAVALO = CA VA LO de memória mas na escrita autoral PETECA = PTCA
- As letras que sozinhas possuem o som da sílaba como B (be) P(pe) T(te) V(ve)
- As sílabas que exigem mais de duas letras como as formadas com LH, NH, CH, RR, SS, QU, GU,
etc.
Análise da escrita infantil
SILÁBICO-ALFABÉTICO
A criança:
 Compreende que a escrita representa o som
da fala;
 É a utilização das hipóteses silábica e
alfabética da escrita, por serem utilizadas ao
mesmo tempo, caracterizam a escrita silábico-
alfabética. É um momento de transição ( O
ALUNO ESTÁ QUASE ALFABÉTICO)
 A criança agrega mais letra a escrita,
tentando aproximar-se do princípio
alfabético.
Análise da escrita infantil
Estágios da evolução da escrita
NÍVEL 4. ALFABÉTICO
A criança lê e escreve, entretanto, existe a necessidade
de trabalhar a segmentação do texto e estrutura do texto.
Características:
1.A criança descobre que precisa de uma letra para cada sílaba.
2.Desprende-se do realismo nominal.
3. Já possui formas fixas e grafa muitas sílabas completas (no início).
Na fase avançada, já desperta para questões ortográficas.
Ex.: PALHAÇO (PA L SO – 1ª fase)
(PALIASO – 2ª fase) Faz correspondência fonema/grafema
Análise da escrita infantil
NÍVEIS PRÉ SILABICO SILÁBICO ALFABÉTICO

Indiferenciação entre gravura e Cada sinal gráfico representa Escreve-se como se fala
escrita: não correlaciona uma sílaba.
HIPÓTESES
fonema/grafema

Estabelecer uma relação entre a fala Vencer a hipótese do número A escrita representa a fala,
e a escrita; de letras; contudo, não se escreve
Diferenciar o desenho da escrita; Silabas representadas por uma como se fala.
DESAFIOS ou mais letras;
Vencer o realismo nominal;
Conservação gráfica na forma das
palavras
Regularidade na formação das Leitura do que se escreve; Leitura, muita leitura;
palavras: letras iniciais, finais; Confronto com outras escritas; Produção de texto com
Distinção entre imagem e escrita; Cruzadinhas;
INTERVENÇÕES auto-correção;
Vinculo entre o discurso e o registro; Forca; auto-ditado e auto- Caça-palavras;
correção
Análise da escrita infantil
A alfabetização sob uma abordagem construtivista: Contribuições para a Educação
- Alfabetização considerada em função da relação entre quem ensina (professor), quem
aprende (aluno) e o objetivo da aprendizagem (sistema de representação alfabética da
linguagem).
- Escrita concebida como uma representação da linguagem, processo que envolve uma
construção conceitual. Não é mero código de transcrição gráfica de unidades sonoras.
-Se a aprendizagem da língua escrita implica na compreensão do modo de construção
de um sistema de representação, esta se converte na apropriação de um novo objeto
de conhecimento (aprendizagem conceitual).
- Ênfase aos aspectos linguísticos, sociolinguísticos, psicogenéticos e psicolinguísticos
Análise da escrita infantil
A alfabetização sob uma abordagem construtivista: Contribuições para a Educação
-Mudança na abordagem escolar em geral.
- Necessidade de maior conhecimento científico por parte do professor
(psicogênese da língua).
- Respeito à criança, considerando-a ser ativo e capaz, que segue um caminho próprio
na sua evolução.
- Valorização das escritas espontâneas da criança, permitindo-lhe que escreva
de acordo com suas hipóteses.
- Mudança na visão do “ERRO” – do pejorativo para o ERRO CONSTRUTIVO e
necessário – instrumento de pistas para o professor a respeito das hipóteses do aluno e
de seu estágio de evolução.
Análise da escrita infantil
A alfabetização sob uma abordagem construtivista: Contribuições para a Educação
- Delineação dos caminhos que a criança percorre para apropriar-se dos objetos do
conhecimento: a leitura e a escrita.
-Mudança do enfoque do “COMO SE ENSINA” para “COMO SEAPRENDE”.
- O trabalho pedagógico deverá estar orientado para ajudar acriança a responder duas
questões:
1. O que a escrita representa?
2. Qual é a estrutura da escrita?
-Substituição da questão da prontidão, numa visão tradicional ligada aos aspectos
da coordenação viso-auditivo-motora, por aspectos linguísticos, que envolvem a concepção
da criança sobre a leitura e a escrita: função, formas de representação, estruturação, etc
Análise da escrita infantil
Processo de alfabetização e os problemas de leitura e escrita

Escrita: sistema de representação da linguagem oral.


Leitura: ato de compreensão e decodificação das palavras.
Linguagem oral: exige um nível mais superficial de conhecimento.
Linguagem escrita: exige um nível mais profundo de conhecimento (consciência sobre
como a oralidade se transforma em escrita).
Análise da escrita infantil
Processo de alfabetização e os problemas de leitura e escrita
• desconhecimento dos símbolos da escrita;
• falta de fluência (dificuldade de decodificação);
• estratégias inadequadas para o ato de ler (ex: exagero na dedução da leitura / a
criança lê uma sílaba e inventa a palavra);
• dificuldade na pontuação;
• velocidade para a leitura (falta de compreensão em função da leitura muito lenta ou
muito rápida).
Análise da escrita infantil
Processo de alfabetização e os problemas de leitura e escrita
• Correspondência múltipla
- cada som, uma letra;
- mesmo som, várias letras (ex: s, ss, ç, sc, x, z);
- vários sons, mesma letra (ex: cara – carro; gelo –gato);
Necessidade da criança desenvolver a consciência fonética.

• Apoio na oralidade
- A criança precisa se dar conta que falar é uma coisa e escrever é outra.

leite – leiti; menino – meninu; calça – cauça.


Análise da escrita infantil
Processo de alfabetização e os problemas de leitura e escrita
•Omissão de letras
Este problema pode estar relacionado à própria construção da escrita (fases silábica e
silábica-alfabética)
A criança pode ter a dificuldade para lembrar que letra deve utilizar para produzir
um determinado som.
• Junção/separação indevida das palavras
Inicialmente, a criança escreve grudando as palavras.
Ex: derepente
Depois percebe que existem espaços entre as palavras, e passa a exagerar na separação.
Ex: de vagar
Análise da escrita infantil
Processo de alfabetização e os problemas de leitura e escrita
•Supergeneralização
Para cada nova regra aprendida há uma tendência da criança em generalizá-la.
Ex: chapéu – chapel; papel – papeu
•Confusão na terminação das palavras (AM e Ã0)
Ex: comeram – passado comerão – future Problema: tubarão / tubaram
Trocas surdas/sonoras (fonoaudiológicas) Ex: f/v; p/b; t/d; c/g; ch/j
Aspectos observados:
-crianças que falam errado, mas escrevem errado;
-crianças que falam errado, mas escrevem certo;
-crianças que falam certo, mas escrevem errado.
Por que as crianças cometem esse tipo de erro?
Por dificuldade em realizar a consciência fonética.
Análise da escrita infantil
Processo de alfabetização e os problemas de leitura e escrita
• Trocas nos casos de letras parecidas
Ex: m - n; ch – nh – lh
• Acréscimo de letras
Ex: pasta – pasata (tendência consoante/vogal)
• Inversão de letras parecidas
Ex: espada – sepada perto - preto

Em síntese, em relação às trocas ortográficas devemos observar:


-o tipo de erro cometido pela criança;
-a quantidade de erros apresentados.
Fundamentos e Metodologia da Alfabetização
A memorização e fixação mecânica, agora, são meios de auxílio para internalizar regras e convenções de
palavras constituídas por grupos consonantais. Para tal, a criança necessita de muito esforço e raciocínio
lógico. Do contrário terá imensa dificuldade da escrita e leitura de sílabas complexas.
O nível alfabético constitui o final da evolução construtiva da leitura e da escrita. O aluno continuará
progredindo, eliminando suas dúvidas uma a uma se tiver a oportunidade de ter uma aprendizagem
marcada pela elaboração pessoal e de reflexão lógica. Assim, a aquisição da base ortográfica envolve a
inter-relação de aspectos afetivos, sociais, culturais, lógicos, perceptivos, motores, etc., para que a
aprendizagem seja de fato construtiva.
Para Ferrero (1999, p.217), “quando o meio não provê esta informação, falha uma das ocasiões de conflito.
Por isso vemos crianças (...) chegarem até o nível da hipótese silábica, mas não além disso.”
É importante que o professor tenha clareza de que, ao atingir a escrita alfabética a criança já superou
muitas dificuldades, tendo pela frente as questões ortográficas que não são problemas de escrita
propriamente. Ferrero observa: (1999, p.219). “Parece-nos importante fazer essa distinção, já que amiúde
se confundem as dificuldades ortográficas com as dificuldades de compreensão do sistema de escrita.”
Fundamentos e Metodologia da Alfabetização
REFERÊNCIAS
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SP, Mercado das Letras, 1999
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_____________. Psicogênese da leitura e escrita. São Paulo: Cortez,1988
_____________. Os filhos do analfabetismo. São Paulo: Papirus, 1989
_____________. Com todas as letras. 4a ed. São Paulo: Cortez, 1994.
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SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003
LEFFA, Vilson J. Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolinguística. SAGRA – D.C. LUZZATTO Editores: Porto Alegre, 1986.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo GH. 4ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora. 1974. p. 213.
LUCHESI, C. C. (et. al.) Universidade: uma proposta metodológica. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
RUSHKOFF, Douglas, Playing the Future: How Kids' Culture Can Teach Us to Thrive in an Age of Chaos, 1996 apud Fajardo, M. C. S & ORTENZI, D. I. B.
R. Letramento Digital e Midiático: Desafios para o Ensino da Língua Inglesa no Século XXI SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2.
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SOARES, M. B. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Pátio Revista Pedagógica. Editora Artes Médicas Sul Ltda. Ano VII, nº 29,
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RIBEIRO, Vera Masagão. Ensinar ou aprender: Emília Ferreiro e a alfabetização. Coleção Magistério, Formação e trabalho pedagógico. Campinas,
SP: Papirus, 1993.
http://letramentoealfabetizacao.blogspot.com/2008/11/alfabeto-ilustradocolorido.html
http://educabrasiltelma.blogspot.com/2010/05/alfabetizar-letrando-o-professor-deve.html
http://www.helomartins.com.br/temas/alfabetizacao-e-letramento.html
http://www.google.com.br/
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou-alfabetizacao-423543.shtml
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/emilia-ferreiro-306969.shtml

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