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As hipóteses de escrita: entenda como a

sondagem da escrita funciona na alfabetização.

Diagnóstico na alfabetização

A sondagem de hipóteses de escrita funciona como um ditado diagnóstico


a fim de verificar quais níveis de aprendizagem a criança se encontra,
portanto as hipóteses de escrita são: pré-silábica, silábica sem valor
sonoro convencional, silábica com valor sonoro convencional,
silábico-alfabética e alfabética.

Segundo Emília Ferreiro,

“Quando uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria
escrever certo conjunto de palavras, está oferecendo um valiosíssimo
documento que necessita ser interpretado para ser avaliado. Aprender a lê-
las , interpretá-las é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica
definida.”
Portanto, este é um grande instrumento para o professor verificar e
planejar as atividades e tipos de agrupamentos adequados para que seus
alunos tornem-se alfabéticos.

O que é sondagem?

A sondagem é um ditado feito individualmente onde à criança escreve uma


lista de palavras do mesmo campo semântico, ou seja, um conjunto de
palavras unidas pelo mesmo sentido. Se o campo semântico escolhido for
frutas, veja o exemplo:
Esta lista de palavras também precisa seguir uma ordem no número de
sílabas de cada palavra, que devem ser: polissílaba, trissílaba, dissílaba
e monossílaba. Além das palavras ditadas, inclua uma frase ao final do
ditado contendo uma das palavras já escritas.

É importante que a criança leia em voz alta cada palavra ditada. A leitura
ajuda o professor perceber a relação do aluno com o sistema de escrita.

Por se tratar de uma atividade diagnóstica, a sondagem de hipóteses de


escrita é realizada no início do ano letivo e no fim de cada bimestre, pois é
norteadora no planejamento de aulas para que o aluno avance e um
registro importante para a evolução do trabalho desenvolvido.

Quais são as hipóteses de escrita?

Nível 1: Hipótese Pré-silábica


Nesta hipótese a criança não busca correspondência com o som. A relação
com a escrita é estabelecida com o tipo e quantidade de grafismos.

Principais características:

 Desenhar e escrever tem o mesmo significado;


 Não estabelece relação entre a escrita e a fala;
 Escrita desordenada, sem distinção de letras, números e desenhos;
 Garatujas (desenhos e/ou rabiscos ilegíveis );
 As palavras representam os objetos e são proporcionais a eles
(exemplo: formiga = palavra pequena, girafa = palavra grande);
 Decora a palavra para a leitura;
 Usa as letras do próprio nome em tudo;
 Utilizam escritas iguais para palavras diferentes.

Exemplo: Garatujas (desenhos e/ou rabiscos ilegíveis)

Exemplo: Hipótese Pré-silábica

O que fazer?
Desenvolver atividades que visam que o aluno:

 Perceba a diferença entre desenho, número e letras;


 Trace a grafia das letras convencionais;
 Identifique e escreva seu próprio nome;
 Conheça as letras e seus sons (sugestão: letras móveis).
Nível 2 : Hipótese silábica sem valor sonoro
convencional
Nesta hipótese a criança já entende a escrita como representação gráfica
da fala. A relação com a escrita é estabelecida com o uso de uma letra
para cada som.

Principais características:

 Registra com uma letra ou outro sinal cada sílaba;


 Escreve com uma quantidade mínima de letras e pouca variedade
entre elas;
 Não atribui valor sonoro ao que escreve.

Exemplo: Hipótese silábico sem valor sonoro

O que fazer?
Desenvolver atividades que visam que o aluno:

 Comparar e relacionar a escrita de palavras distintas;


 Escrever palavras intensificando o seu valor sonoro;
 Identificar os sons iniciais e finais de uma palavra .
Nível 3 : Hipótese silábica com valor sonoro
convencional
Nesta hipótese a criança compreende que existe diferença nos sons das
palavras e que são escritas de maneira diferente. A relação com a escrita é
estabelecida com a correspondência de uma ou mais letras para cada
sílaba de uma palavra.

Principais características:

 Relaciona quantidade de letras a quantidade de sílabas;


 Utiliza vogais ou consoante/vogal equivalente a alguma sílaba da
palavra;
 Pode ler silabando.

Exemplo: Hipótese silábica com valor sonoro

O que fazer?
Desenvolver atividades que visam que o aluno:

 Aumentar o grau de dificuldade das atividades anteriores;


 Identificar o número de sílabas de uma palavra;
 Completar palavras;
 Letras ou sílabas embaralhadas para formar palavras (letras
móveis).
Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabético
Nesta hipótese a criança compreende que as letras correspondem os sons
de forma silábica. A relação com a escrita é estabelecida com o uso de
vogais e/ou consoantes na escrita de palavras.

Principais características:

 Faz uso de vogais e consoantes;


 Pode omitir ou acrescentar letras;
 Atribui o valor do fonema em algumas letras (kneta = caneta);

Exemplo: Hipótese Silábico-Alfabético

O que fazer?

Desenvolver atividades que visam que o aluno:

 Aumentar o grau de dificuldade das atividades anteriores;


 Associar palavras com sílabas iguais (Carolina- Camisa, Garrafa-
Garoa);
 Produção de pequenos textos;
 Ditado de palavras em um texto;
 Bingo de palavras.
Nível 5: Alfabético
Nesta hipótese a criança compreende a função social da escrita onde se
escreve para alguém ler.

Principais características:

 Reconhece o valor sonoro de todas ou quase todas as letras;


 Percebe que a escrita não é uma representação fiel da fala e que
por vezes pode haver variações (S/Z, C/S, J/G);
 Pode omitir letras de determinada palavra (exemplo = Armário-
Amario);
 Pode trocar letras por sons parecidos (exemplo = Fivela – Vifela);
 Pode inverter algumas letras numa determinada sílaba ( exemplo =
Escada – Secada);
 Preocupa-se com a ortografia;
 Escreve frases sem segmentação (sem espaço entre uma palavra e
outra).

Exemplo: Hipótese alfabética

O que fazer?
Desenvolver atividades que visam que o aluno:

 Faça leitura de textos diversos;


 Produza listas de palavras com sílabas complexas;
 Produza texto com ênfase nos espaços entre palavras;
 Ordene trechos de textos.
Lista de palavras do mesmo Campo semântico

Referências: https://letrasqueinspiram.com.br/2018/11/23/as-hipoteses-de-escrita-na-
alfabetizacao/

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