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A Teoria do Desenvolvimento

Emocional de Melanie Klein


(parte 1)

Prof. Elaine Pettengill


Até 1934...
•Klein Seguiu Freud e Abraham, descrevendo
suas descobertas em termos de estágios libidinais
(lembrar quais) e da teoria estrutural do Ego, ID e

SUPEREGO.
O CONCEITO DE Posição...
•Não entra em conflito com o conceito de Ego,
Superego e Id, mas tem como teor definir a estrutura
real do Superego e do Ego e o caráter de seus
relacionamentos nos termos das Posições
Esquizo-paranoide e depressiva.
Na década de 1920, quando Klein começou a
analisar crianças...
•Lançou nova luz sobre o desenvolvimento primitivo da
criança.

•Viu que o brincar da criança poderia representar


simbolicamente suas ansiedades e fantasias. (brinca para
elaborar angústias; o brincar tem diferentes objetivos, que
estão relacionados à idade da criança)
Observou que o Superego...
•Aparece muito mais cedo do que seria de se esperar a
partir da teoria clássica, e pareceu possuir
características bastante selvagens – orais, uretrais, e
anais (nas fantasias de auto punição).
Observou que as relações objetais
primitivas...
•São fortemente influenciadas pela Fantasia da criança.

•Quanto mais nova a criança, mais está sob a influência
de fantasias onipotentes.
O conflito entre agressividade e libido...
•Bem conhecido a partir da análise de adultos, provou ser
muito mais intenso nos estágios primitivos do
desenvolvimento. (quanto mais nova a criança, maior a
ambivalência)

•Observou que as defesas utilizadas pela criança são erguidas


contra a ação de sua agressividade.
Observou como a criança constrói dentro de
si mesma...
•Um complexo mundo interno.
•O corpo da mãe é fantasiado como contendo todas as
riquezas, Bebês e o pênis do pai.
A primeira percepção que desponta na criança da
relação sexual dos pais ...
•é de natureza oral, sendo a mãe concebida como incorporando
o pênis do pai durante a relação sexual. Assim uma das
riquezas do corpo da mãe é esse pênis incorporado.
A criança volta para o corpo materno todos os
seus desejos libidinais...
•Mas por causa da frustração, inveja e ódio, também
toda a sua destrutividade.
•Esses ataques ao corpo da mãe conduzem a fantasias
de se tratar de um lugar aterrador, cheio de objetos
destruídos e vingativos, entre os quais o pênis do pai
adquire particular importância.
Klein descobriu porque a criança (inconscientemente) se afasta da mãe
(desinveste libido) e busca socializar-se...

• Quando no auge da ambivalência oral (final do 1º ano) a criança (em


fantasia) penetra e ataca o corpo da mãe e seus conteúdos (desejando
ela própria ser a mãe dela, ela própria cuidar de si mesma – inveja dos
cuidados maternos), este se torna um objeto de ansiedade, que força a
criança a deslocar seu interesse do corpo da mãe para o mundo à sua
volta (pai – representante da vida social da criança).
Portanto, uma certa quantidade de
ansiedade é necessária...
•Para o desenvolvimento psicossocial da criança.
(dessa forma, algum nível de inveja é necessário para mobilizar ansiedade suficiente para que a
criança então desloque sua libido para o social – pai. Aqui temos uma contribuição da pulsão de
morte para o desenvolvimento. Nos casos em que a criança fica impossibilitada de manifestar atos
independentes, de manifestar seu oposicionismo e de odiar a mãe, este processo pode ficar
comprometido, manifestando a criança grande apego materno e culpa por desejar deslocar seu
afeto para a figura paterna – mães dependentes e possessivas. Assim, a criança precisa ter a chance
de odiar a mãe por inveja e frustração, para que então possa experimentar algum nível de ansiedade
de retaliação, e então possa deslocar sua libido para o pai - social).
Por fim, Klein descreveu o papel da ansiedade e da culpa para
o desenvolvimento psíquico...

A ansiedade e a culpa relacionadas aos ataques


ao corpo materno, e o ímpeto de fazer
reparação, são fatores importantes para a
possibilidade do impulso criativo.
A saúde mental está atrelada a essa
possibilidade de reparação aos danos
imaginariamente causados ao corpo materno.
A Posição Esquizo-paranóide (SEGAL,1975)

•Segundo Klein, no nascimento, Já existe ego suficiente


para experimentar ansiedade, usar mecanismos de
defesa e formar relações de objeto primitivas na
fantasia e na realidade.
Nos estágios mais primitivos de
desenvolvimento...
• o ego é lábil, em estado de fluxo constante, variando dia a dia, ou de
momento para momento, seu grau de integração.
• Quando confrontado com a ansiedade produzida pelo instinto de
morte, o ego se divide e projeta essa sua parte, que contém o instinto
de morte, para fora, no objeto externo original – o seio. Que situações
mobilizam a pulsão de morte do bebê?
Assim, o seio, que é sentido como contendo...
•grande parte do instinto de morte do bebê, é
sentido como mau e ameaçador, dando origem ao
sentimento de perseguição. Assim como, quando adulto, o sujeito pode
não suportar sua pulsão de morte dentro de si e tende então a projetá-la para outras pessoas ou
coisas.
A projeção do instinto de morte no seio...
•é geralmente sentida como dividindo-o (splitting) em
vários pedaços, de modo que o ego é confrontado com
uma multidão de perseguidores. Quando em surto, o
sujeito psicótico sofre intensa angústia persecutoria.
Assim, o ego, nos primórdios do
desenvolvimento...
•tem uma relação com dois objetos: o seio ideal e o seio
persecutório.

•Objeto-seio ideal: Relacionado com as experiências


gratificantes de amor e alimentação recebidos da mãe externa
real.
Objeto-seio persecutório:
•relacionado com experiências reais de privação e
sofrimento.
A gratificação não apenas preenche a necessidade
de conforto, amor e nutrição...
•mas também é necessária para manter o controle sobre
o sentimento de perseguição terrificante.
•Assim, as experiências boas devem prevalecer às de
frustração.
O objetivo do bebê nesses 4 primeiros meses
de vida...
•é tentar adquirir, manter dentro e identificar-se com o
objeto ideal, que ele vê como algo que lhe dá vida e
como algo protetor, bem como manter fora o objeto
mau e as partes do eu que contém o instinto de morte.
Na PosiçãO Esquizo-paranoide:
•a ansiedade predominante é a de que o objeto (s)
perseguidor (s) entrará no ego e dominará e aniquilará
o objeto ideal e o próprio eu.
O NOME ESQUIZO-PARANÓIDE PARA ESTE
MOMENTO DO DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO...
•EXPLICA-SE:
•esquizo: pela divisão que o ego faz de si mesmo e dos
objetos internos e do seio;
•paranóide: a ansiedade predominante é a persecutória.
Contra a esmagadora ansiedade de
aniquilação...
•o ego desenvolve uma série de mecanismos de defesa:
há situações em que o bom é projetado, a fim de
mantê-lo a salvo do que é sentido como uma maldade
interna. EX: pessoas que idealizam as outras ou
acreditam existirem pessoas totalmente boas.
E há situações em que perseguidores são
introjetados...
•E mesmo identificados, numa tentativa de obter
controle sobre eles. Ex: o obsessivo; fobia alimentar;
anorexia nervosa.
A situação pode flutuar rapidamente...
•E os perseguidores podem ser sentidos ora fora, produzindo
um sentimento de ameaça externa, ora dentro, produzindo
temores de natureza hipocondríaca fobia alimentar; angústias
hipocondríacas.
Quando a perseguição é muito intensa...
•para ser suportada, ela pode ser completamente
negada.
•essa negação mágica baseia-se numa fantasia de total
aniquilação dos perseguidores.
Outro modo como a negação onipotente pode ser
usada contra a perseguição...
•é através da idealização do próprio objeto perseguidor, que é
tratado como ideal (pessoas que se mantém em relacionamentos abusivos).
•algumas vezes o ego se identifica com esse objeto
pseudo-ideal (identificação com o agressor – FREUD).
QUANDO OS MECANISMOS DE PROJEÇÃO,
INTROJEÇÃO, CISÃO... (explicar cada um)
•idealização, negação e identificação projetiva e
introjetiva não conseguem dominar a ansiedade, e esta
invade o ego, então a desintegração do ego pode
ocorrer como medida defensiva.
O EGO SE FRAGMENTA E SE DIVIDE EM
PEQUENOS PEDAÇOS...
•a fim de evitar a experiência da ansiedade.
•a desintegração é a mais desesperada de todas as tentativas do
ego para afastar a ansiedade, e constitui-se um importante
fator de risco para as psicoses.
•a fim de evitar sofrer a ansiedade, o ego faz o máximo para
não existir...
Apesar de todo esse sofrimento causado
pela ansiedade...
•HANNA Segal nos lembra que um bebê não passa a maior
parte de seu tempo em estado de ansiedade.
•Ao contrário, em circunstâncias favoráveis, passa a maior
parte de seu tempo dormindo, mamando, experimentando
prazeres reais ou alucinatórios e, assim, assimilando
gradualmente seu objeto ideal e integrando seu Ego.
Todos os bebês, porém, têm períodos de
ansiedade...
•e as ansiedades e defesas que constituem o núcleo da
posição esquizo-paranoide são parte normal do
desenvolvimento humano.
Hanna segal também nos lembra que...
•no mais normal dos indivíduos haverá situações que
despertarão as mais primitivas ansiedades e que colocarão em
funcionamento os mais primitivos mecanismos de defesa.
Exs: Traição; separação; mudanças (inclusive boas); perdas.
Para que a posição esquizo-paranoide dê lugar
gradualmente...
•e de modo suave e relativamente imperturbado, à posição
depressiva, a precondição necessária é que haja
predominância das experiências boas sobre as más. fatores
internos e externos contribuem para esta predominância.
Quando há predominância da experiência boa
sobre experiência má...
•O Ego adquire crença na prevalência do objeto ideal
sobre os objetos persecutórios, bem como na
predominância de seu próprio instinto de vida sobre
seu instinto de morte.
Simultaneamente...
•a divisão (splitting) no ego diminui, quando este se
sente mais forte, com maior fluxo de libido.
Adquirindo maior tolerância em relação à
própria agressividade...
• a necessidade de proteção diminui e o ego se torna cada vez mais
capaz de tolerar sua própria agressividade, de sentí-la como parte de si
mesmo, não sendo impulsionado a projetá-la em seus objetos
(auto-controle sobre a agressividade depende da impressão
inconsciente de seu mundo interno e da propria capacidade de ser
destrutivo).

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