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Psicanálise com

criança
Melanie Klein
Nascimento da psicanálise
com crianças
• As pioneiras na
abordagem direta com
crianças pelo método
psicanalítico

1882-1960 1895-1982
Anna Freud Melanie Klein
Psicanálise com criança
segundo M. Klein
• 1932: Lança seu primeiro livro sobre psicanálise de
crianças, expondo seus fundamentos técnicos da
análise através do brincar
• Resumo dos 10 primeiros anos de Klein como
analista de crianças

Cap.1. Fundamentos psicológicos da análise


infantil
(versão ampliada de Fundamentos psicológicos
da análise de crianças 1926)
A experiência ensinou-me que as
crianças podem, perfeitamente, produzir
uma neurose de transferência e que,
exatamente como no caso dos adultos
surgirá uma situação transferêncial
desde que empreguemos um método
equivalente à análise de adultos, i.e., que
evitemos qualquer medida pedagógica e
que analisemos a fundo os impulsos
negativos dirigidos ao analista (Klein,
1932, p. 20)
• Inicia seu trabalho como analista na década de 1920
atendendo crianças pequenas, e descobre, nessa
experiência como aplicar as principais regras
técnicas da Psicanálise:

A técnica de • a transferência
• a interpretação

Melanie Klein • associação livre


• brincar Inconsciente
O brincar: ponto
crucial da
técnica de Klein

• Brincar espontâneo em contexto de


análise representa simbolicamente
as fantasias, ansiedades e defesas,
Brincar espontâneo
sendo expressão simbólica dos
conflitos inconscientes

• Equivalente às expressões verbais


Brinquedos usado por Klein
Gostaria de explicar, resumidamente,
porque esses brinquedos são tão valiosos
na técnica de análise lúdica. Seu reduzido
tamanho, seu número e sua grande
variedade, deixam o campo livre para
jogos mais variados, ao passo que sua
simplicidade permite uma infinidade de
usos diferentes. Tais brinquedos, portanto,
prestam-se muito bem a que a criança
exprima amplamente suas fantasias e
experiências, com grandes detalhes (Klein,
1932, p.61)
Ludoterapia: técnica de Klein

Funções da brincadeira
Via de descarga das fantasias inconsciente
Função defensiva
Elaborar as situações excessivas para o ego -
cumprindo uma função catártica e de assimilação por
meio da repetição dos fatos cotidianos e das trocas de
papéis, fazendo ativo o que foi sofrido passivamente
Exemplo: Joaquim, 2 anos de idade ganhou um irmãozinho antes do natal,
brincou durante horas de afogar, destruir e aniquilar o menino Jesus, para depois
salvá-lo e restaurá-lo, descarregando assim seus afetos contraditórios e tentando
adaptar-se à situação. (Aberastury, A. 1982)
Desenho de paciente não identificado de
Melanie Klein, década de 1920-30 (Wellcome
Collection)
O cenário que as crianças montavam revelavam um
mundo interno repleto de personagens que
manifestariam a trama secreta dos conflitos

Dar liberdade para as crianças brincarem, para que


O cenário elas pudessem expressar suas emoções e fantasias

clínico
Compreender aquilo que a criança revelava através
do brincar e transmitir a ela
• Principal instrumento de trabalho
• Interpretações são dadas já no
primeiro encontro (+ e -)
Interpretação • Interpretações visando nomear as
em Klein angústias das crianças, trazendo à
consciência suas fantasias

“A interpretação aumenta o
foco prazer da criança no brinquedo...”
Angústia (Klein, 1932, p.32)
que tem sua origem na
pulsão agressiva e no
sentimento de culpa dela
decorrente
Concepções de Klein – estruturação
precoce do aparelho psíquico

Ego
rudimentar Superego Origem precoce
Precoce/primitivo do edípico

experimenta Se manifestam por volta do final do 6


reage
angústia meses tendo relação com
mecanismos de defesa
experiências frustações ligadas ao
tem fantasias objeto interno que contém em si as desmame
inconscientes possibilidades sádicas fantasiadas pela
criança - desperta medo, ansiedade
Concepções de Klein
• Toda pulsão tem como correlato uma fantasia de objeto que
pode satisfazê-la
• O bebê constitui a realidade (interna e externa) com base nas
fantasias inconscientes

ênfase no mundo interno


(fantasias inconscientes)

campo de ação do
analista
GUELLER & SOUZA, 2008
Modos de funcionamento do psiquismo

Ego estabelece cisão do objeto


Posição esquizoparanóide Bom (ideal) – Mau (persecutório)
Angústia persecutória
0 - 6 meses

Reconhecimento do objeto total (mãe)


Posição depressiva Ama e odeia (ambivalência)
Angústia de depressão
culpa pela destruição
reparação
6 meses

GUELLER & SOUZA, 2008


Metapsicologia kleiniana
POLARIDADE INATA
(polos de experiência emocional)

Pulsão de morte
Pulsão de vida agressividade primária

Frustração
Satisfação pulsional Gera raiva e ódio

Introjetadas Projetadas

Objeto bom Objeto mau

Objeto idealizado Objeto perseguidor

GUELLER & SOUZA, 2008


“na análise de crianças é só a interpretação, na minha experiência,
que dá início ao processo analítico e o mantém em andamento”
(Klein, 1932/1997, p. 94)

Críticas ao • Furor interpretativo


• Interpretações precoces e excessivas

estilo • Estilo de comunicação


• interpretações baseadas em um sistema simbólico

interpretativo predeterminado
• linguagem usada para comunicar-se com a criança, marcada
por referências a objetos parciais e a termos anatômicos e
kleiniano fisiológicos.
• Ainda interpretamos crianças à maneira de Melanie Klein?
Abriu caminho fixando as bases que tornaram
Impacto de possível a análise de crianças.
A partir de Klein, os “pós” começaram a retornar a
Klein na questão da dependência infantil, reconsiderando os
fatores ambientais e a mediação do outro na
psicanálise estruturação psíquica da criança quando pensada
psicanaliticamente; coloca-se então em xeque o

de criança que, no início, foi dado como inato ou constituído.


REFERÊNCIAS
• ABERASTURY, A. Psicanálise da criança: teoria e técnica. Porto Alegre:
Artmed, 1982.
• GUELLER, A.S.; SOUZA, A.S.L. (orgs) Psicanálise com crianças: perspectiva
teórico-clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
• Nívea de Fátima, & França, Cassandra Pereira. (2012). Ainda interpretamos
crianças à maneira de Melanie Klein?. Estilos da Clínica, 17(2), 290-305.
• SILVA, A. C. V. (2012). As pioneiras na clínica com crianças (cap.4 pp.
34-49) disponível em https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/20759/20759_5.PDF

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