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Melanie Klein

M. Klein, nasceu em Viena, em 1882 e morreu em Londres, em


1960.

Sofreu perdas traumáticas ao longo de sua vida, primeiro sua


irmã Sidonie faleceu, quando M. Klein tinha apenas 5 anos e esta foi lembrada
sempre carinhosamente por ter sido a pessoa responsável de lhe ensinar
aritmética; aos seus 25 anos, perdeu seu irmão Emmanuel, que sofria de
cardiopatia e após casamento, perdeu seu filho Hans, vítima de um acidente de
alpinismo, também, rompeu relações com sua filha Mellita, psicanalista, visto
esta ter movido ataques violentos, causando este afastamento irreconciliável.

Seu primeiro contato com a psicanálise, se deu através da leitura


de um texto de Freud, onde ela se identificou com o assunto do artigo, sendo a
partir daí sua admiradora e da qual nunca conseguiu contato. Sua carreira como
psicanalista se inicia em 1916, influenciada por Ferenczi e Freud. Começou a
trabalhar com crianças e, em 1919, escreveu “ O desenvolvimento de uma
criança”, este que a titulou com membro da sociedade psicanalítica da Hungria.

Em 1920, foi residir em Berlim, fazendo análise com K. Abraham,


que faleceu inesperadamente, em 1925, começa a realizar algumas
conferências em Londres, onde causa grande impacto entre alguns psicanalistas
britânicos, acabou fixando residência e trabalhando como psicanalista em
Londres onde começou uma nova escola de psicanálise.

Em 1926, escreveu um artigo “ Os princípios psicológicos da


análise infantil”, onde fala da concepção sobre os brinquedos como instrumento
de análise, relacionando uma semelhança entre brinquedo e sonho, de modo
que a criança quando brinca, expressa de forma simbólica as suas fantasias
inconscientes. Em 1930 escreve, “ Notas sobre a formação de símbolos” onde,
inspirada no paciente Dick, que apresentava sérios transtornos de aprendizagem
que originavam de fantasias de um ataque sádico contra o corpo da mãe. Em
1932, publica “ Psicanálise das Crianças” mostrando uma síntese dos
atendimentos de seus analisandos. Em 1934, em “ Psicogênese dos estados
maníaco-depressivos”, surge aí pela primeira vez a noção de posição
depressiva. Em 1946, publica “ Notas sobre alguns mecanismos esquizóides”
onde surge, também pela primeira vez, a concepção de posição
esquizoparanóide e o fenômeno de identificação projetiva. M. Klein, ainda
escreveu outros três livros e alguns trabalhos especiais que contribuíram à
psicanálise.

Suas principais contribuições à psicanálise foram:

Angústia, defesa e fantasias inconscientes são o alicerce da sua teoria.

1-A criação de uma técnica própria de psicanálise com crianças onde aparece o
entendimento simbólico nos jogos e brinquedos, não se utilizava de métodos
pedagógicos.

2-Demonstrou a existência de um inato ego rudimentar, já no recém-nascido,


este ego rudimentar seria capaz de experimentar angústias, utilizar mecanismos
de defesas e estabelecer relação de objeto desde o nascimento.

3-A pulsão de morte também é inata, aparece sob formas de ataques violento e
invejosos contra o seio da mãe, para M. Klein, a criança é determinada pela
quantidade de instinto de vida e de morte presente na inveja, é uma luta
intrapsíquica onde se estabelece as ansiedades básicas paranoides e
depressivas e as neuroses como defesas dessas ansiedades.

4-As pulsões de vida e de morte, agindo dentro da mente, favorece a “angústia


de aniquilamento”.
5-Para libertar as terríveis angústias, o ego primeiro do bebê lança de
mecanismos de defesas que são: “negação onipotente”, “dissociação”,
“identificação projetiva”, “introjeção” e “idealização”.

Mecanismos de introjeção e projeção são as experiências do bebê com a


realidade externa influenciadas pela fantasia inconsciente. Levam, desde o
começo da vida, a constituição de objetos amados e odiados, que são sentidos
como bons e maus e que estão relacionados entre si e com o sujeito, com o
mundo externo.

Gratificação e frustação são quando a fantasia se modifica no contato com a


realidade, são estas fantasias: engolir, incorporar, retaliar, envenenar.

6-Determinou que a mente é o universo de objetos internos, que através das


fantasias inconscientes se relacionam entre si, formando a realidade psíquica, é
através das fantasias que a criança tem acesso a pulsão, são elas que vão
satisfazer ou apaziguar as pulsões.

7-Concebeu a existência de objetos totais e objetos parciais, estes relacionados


a figuras parentais representados somente por um seio, pênis, etc...

8-Postulou uma ruptura entre os objetos (seio bom x seio mal, idealizados x
destrutivos) e entre as pulsões (construtivas e destrutivas), toda a qualidade de
formação do psiquismo gira em torno do, estruturante, “seio bom” ou de um
desestruturante “seio mal”.

9-Concebeu a noção de posição, a esquizoparanóide e a depressiva que são


dinâmicas psíquicas, que se alternam ao longo da vida, gerando uma maneira
de ser e de experienciar o mundo, revelando a estruturação do sujeito.

10-A teoria sobre os mecanismos arcaicos do desenvolvimento emocional


primitivo permitiram a análise com crianças, com psicóticos e com pacientes
muito regressivos.

11- Conservou as concepções do complexo de édipo e do superego, situando-


os numa etapa bem mais primitiva do desenvolvimento da criança da qual Freud
as classificou.
12- A capacidade para fazer reparações veio através dos ataques sádicos-
destrutivos, com as respectivas culpas e consequentes medos de ataques
persecutórios.

13-Deu grande valor a importância da inveja primária, como expressão direta da


pulsão de morte.

14- Na prática analítica, as interpretações ocorriam sistematicamente


transferenciais, mais dirigidas aos objetos parciais, aos sentimentos e defesas
arcaicas do paciente.

Melanie Klein, foi criticada por alguns analistas,


principalmente os pertencentes da “Psicologia do Ego”, que não aceitavam uma
pulsão de morte da forma como ela descreveu, não acreditavam numa inveja
primária, precoce e destrutiva contra o seio, representado pela figura da mãe,
muito menos aceitavam a existência de arcaicas fantasias inconscientes, de um
ego inato capaz de suportar angústias e criticavam a existência do complexo de
édipo precoce, com exceção de existir uma hiperestimulação libidinal por parte
dos pais, como a formação de um superego primitivo e cruel. Acreditavam que
Melanie Klein cometerá erros ao deixar de valorizar o meio ambiental externo,
valorizando-o somente como causador de fantasias inconscientes que se
projetariam ao mundo externo. Achavam também, que ela confundiu ansiedade
psicótica com psicose clínica, para Klein, crianças pequenas eram sempre
sofredoras e submersas e terríveis ansiedades.

“Ao brincar as crianças representam simbolicamente suas fantasias, desejos e


experiências, elas empregam a mesma linguagem, o mesmo modo de expressão
arcaico filogeneticamente adquirido que já conhecemos dos sonhos, ela só pode
ser entendida por completo se estudada com o mesmo método que Freud
desenvolveu para desvendar os sonhos, o simbolismo é apenas parte desta
linguagem, se quisermos entender corretamente a brincadeira da criança com o
resto do seu comportamento durante a sessão analítica, temos que levar em
conta, não só o simbolismo que muitas vezes aparece com tanta clareza em
seus jogos, mas também, todos os meios de representação e os mecanismos
empregados no trabalho dos sonhos, também não se pode jamais esquecer, a
necessidade de toda a cadeia de fenômenos”.

(Melanie Klein-Princípios Psicológicos da Análise de crianças-1926)


Bibliografia

ZIMERMAN, David E.. Fundamentos Psicanalíticos. Teoria, Técnica e clínica.


Artmed. Porto Alegre, 1999
BARANGER, Willy. Posição e Objeto na obra de Melanie Klein. Artes Médicas.
Porto Alegre, 1981.
ALVAREZ, Carlos Mário. Conversas sobre Melanie Klein. YouTube
SBPI- ead.sbpi.org.br
CRISTINA Roberta- Psicanálise Infantil: Melanie Klein- robertacristina-
psicanaliseinfantil.blogstpot.com.br/2011/09/Melanie.Klein-alguns
conceitos.html

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