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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

FACULDADE DE CIÊNCIA HUMANAS


CURSO DE PSICOLOGIA

ITALO DIEGO DE SOUZA


LEONARDO ADRIANO COSTA OLIVEIRA

“Vida, teoria e técnica: Melanie Klein e Donald W.


Winnicott”

CAMPO GRANDE – MS
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIA HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA

ITALO DIEGO DE SOUZA


LEONARDO ADRIANO COSTA OLIVEIRA

“Vida, teoria e técnica: Melanie Klein e Donald W.


Winnicott”
Trabalho realizado na disciplina de Teorias e
Técnicas Psicoterâpicas: Enfoque
Psicondinâmico II como forma de avaliação para
aprovação na disciplina citada, requisito básico
para formação de Bacharel em Psicologia, no
curso de Psicologia da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul, campus de Campo Grande.
Profª Drª Rosilene Caramalac.

CAMPO GRANDE – MS
2019
VIDA E OBRA DE MELANIE KLEIN
Melanie Reizes nasceu em 30 de março de 1882 em Viena e fora uma
mulher que mudou-se de país algumas vezes e em cada mudança, tornou-se a
conhecida Melanie Klein. Ainda em Viena, onde viveu toda a infância com sua
família – judia, culta e modesta –, estudou e noivou aos 17 anos de um
engenheiro químico chama Arthur Klein e por isso passa a chamar-se Melanie
Klein.
Quando mudou-se para Budapeste, seu pai havia acabado de falecer e
então foi viver com o marido na Hungria e teve seus filhos: Mellita Schmideberg
– posteriormente tornou-se uma famosa psicanalista – e Hans – que morrera aos
26 anos em um acidente –. Após a morte de seu filho, Klein passou por um
período depressivo intenso, rodeado de viagens e tratamentos de repouso em
decorrência da doença que se agravava, entretanto, no ano de 1914 aos 32 anos
a autora acabou engravidando e dando a luz ao terceiro filho, Erich, que
receberia o nome de Fritz futuramente em suas obras psicanalíticas. Pouco
tempo depois do nascimento do terceiro filho, sua mãe vem a falecer e foi quando
finalmente Melanie Klein deparou-se com a psicanálise ao ler O sonho e sua
interpretação (FREUD, 1901).
No ano de 1916 a autora passa a fazer análise com um dos pós-
freudianos conhecido como Sándor Ferenczi, que a fez estar convicta da
existência do inconsciente e a importância dele na vida psíquica do sujeito. Essa
convicção era o que não faria afastá-la da solidez dos fundamentos
psicanalíticos e por isso é considerada uma das pós-freudianas.
Ferenczi após atende-la percebeu que havia grande interesse de Klein
pela psicanálise e pela teoria, sendo assim, ele acaba por chama-la a atenção
para o dom que ela tinha de compreender as crianças e incentivou para que ela
se dedicasse à psicanálise com crianças. Foi então o primeiro contato de Melanie
com a Sociedade Psicanalítica de Budapeste, onde ela comunicou observações
sobre o desenvolvimento de uma criança (seu filho Erich). Com todas as
questões políticas que aconteciam no ano de 1920 e com a queda do império
austro-húngaro, Klein acaba por exilar-se em um terceiro país, a Alemanha, onde
foi convidada, por outro pós-freudiano, Karl Abraham a instalar-se em Berlim e
durante cinco anos fez sua formação com ele, bem como a análise que havia
começado com Sándro Ferenczi. Foi durante esse período que ela escreveu
alguns de seus trabalhos, dentre eles, desenvolveu seu método e técnica
psicanalítica do brincar.
O ano de 1924 foi marcante para que a carreira de Klein fosse consolidada
como uma psicanalista pós-freudiana renomada e com trabalhos relevantes para
a área, neste ano, ela fez uma comunicação em um congresso de Würzburg,
intitulada de “A técnica da análise de crianças pequenas”. Por essa
comunicação, Melanie foi convidada para mais conferências e consolidou sua
carreira abrindo espaço então para as suas produções, o momento que ela
estava fez com que a Sociedade Britânica de Psicanálise que era presidida por
Ernest Jones, convidasse-a para fazer parte da Sociedade e fora aceito o convite
por ela em decorrência também de seu mestre Karl Abraham ter falecido.
Finalmente em 1926, Melanie Klein fora para sua última pátria, estava na
Grã-Bretanha, onde associou-se a Sociedade Britânica de Psicanálise e
dedicou-se a produzir suas ideias relacionadas a Psicanálise e ao
desenvolvimento infantil, fora a partir desse momento que as produções
passaram a ganhar forma e ela passou a produzir diversos artigos e resumos
sobre suas ideias, posições, fantasia, brincar e a relação disso tudo com a
psicanálise para crianças.
Em 1960, aos 78 anos, Melanie Klein vem a óbito deixando seu legado
para os próximos psicanalistas e consolidando a carreira como uma das pós-
freudianas de mais impacto de seu tempo. Uma das técnicas de grande
reconhecimento por parte da Sociedade Britânica de Psicanálise consiste no que
conhecemos de técnica do brincar ou Play-Technique que não se reduz apenas
a ludoterapia, mas sim uma técnica que consiste em oferecer ao paciente uma
possibilidade de descarregar suas emoções através de formas de brincar. Klein
estabelece que essa possibilidade se dá porque a angústia da criança opõe uma
resistência às associações verbais, o autor NASIO (1995) afirma que:
“Quando a criança fala, em geral, isso é da ordem do comentário ou do
palavra a palavra: as crianças que começam a falar, por volta dos dois
anos, justapõem as palavras. Aquilo a que a angústia faz oposição é,
muito precisamente, a fala cristalizada, a fala condensada, metafórica.
Em lugar da condensação ainda impossível, surge o brincar: o brincar
toma o lugar da associação no sentido analítico, da condensação, da
palavra no lugar da outra, lugar atrapalhado pela angústia. O brincar
faz ofício de metáfora, é sua oficina.” (p.142)
Posto isto, podemos compreender que essa técnica trata-se então do fato
das crianças representarem simbolicamente as fantasias, os desejos e suas
experiências através do brincar, do desenhar e do representar.

PRINCIPAIS TERMOS DA TEORIA KLEINIANA


Melanie Klein estabelece em sua teoria uma relação objetal do bebê para
com o mundo externo, uma das principais relações que ela aproxima é a do
objeto bom (seio bom) e objeto mau (seio mau), ambos os objetos são postos
por ela como uma experiência que os bebês tendem a experimentar durante os
primeiros meses de vida, uma de suas estudiosas postula que:
“Objeto bom: O objeto bom refere-se geralmente ao seio ou ao pênis,
tal como experimentados na posição depressiva no relacionamento
com experiências boas. É sentido como fonte de vida, amor e bondade,
mas não é ideal. Reconhecem-se suas más qualidades e, em contraste
com o objeto ideal, pode ser experimentado como frustrador; é sentido
como sendo vulnerável a ataques e, portanto, muitas vezes é
experimentado como estando danificado ou destruído. O seio bom e o
pênis bom são sentidos como pertencendo respectivamente à mãe boa
e o pai bom, mas podem ser experimentados antes que a relação de
objeto total esteja plenamente estabelecida.
Objeto mau (ou perseguidor): é experimentado como resultado da
divisão (splitting) na posição esquizo-paranóide. Nele é projetada toda
a hostilidade do bebê, e todas as experiências más são atribuídas às
suas atividades.” (SEGAL, 1975 p.142)
Desta maneira, podemos compreender que a experiência de objeto bom
e objeto mau serve como ponto chave para as posições que Melanie Klein
descreve, ainda na citação, são mencionados outros dois termos importantes
para tomarmos conhecimento, o primeiro é o objeto ideal que está relacionado
com a posição esquizo-paranóide e é resultado da divisão (splitting) e da
negação da perseguição. Todas as experiências boas da criança, reais e
fantasiadas, são atribuídas a esse objeto ideal, que ela anseia possuir e com o
qual anseia identificar-se (SEGAL, 1997 p.142). É ainda mencionado no trecho
o termo objeto total que é momento onde há a percepção de outra pessoa como
pessoa, ou seja, a mãe não é mais percebida como uma extensão de si.
Esses termos explicados até o momento, correspondem em linhas gerais,
a forma como o bebê se relaciona com a mãe e fez-se necessário sua explicação
para que pudéssemos, posteriormente, entender algumas colocações que a
autora faz acerca destes termos, antes de passarmos para a posição esquizo-
paranóide, é necessário esclarecer mais dois termos importantes de sua teoria,
sendo eles: Perseguidores e Sentido de realidade, ambos os termos são
explicados pela autora como:
“Perseguidores: São objetos nos quais uma parte do instinto de morte
foi projetada. Dão origem à ansiedade paranoide.
Sentido de realidade: Trata-se da capacidade de experimentar a
realidade psíquica como tal e de diferenciá-la da realidade externa.
Envolve a experiência simultânea e a correlação dos mundos internos
e externos.” (SEGAL, 1973 p.143).
De acordo com o que podemos compreender, os perseguidores fazem
parte do instinto de morte que outrora fora estabelecido por Freud (1915) como
pulsão de morte que é a experiência que nos coloca em perigo, dando assim,
origem a ansiedade paranoide, que é a ansiedade de que esses perseguidores
aniquilem o ego e o objeto ideal (SEGAL, 1973 p.139). E o sentido de realidade
é a experiência posta como a diferenciação entre mundo interno (psíquico) e
externo (social).

POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE
Antes de esclarecermos o que de fato é essa posição, compreendemos a
necessidade de explicar que para Melanie Klein no nascimento já é possível que
o bebê experimente a ansiedade, alguns mecanismos de defesa – mais
primitivos – e algumas relações de objeto primitivas, tanto na fantasia, quanto na
realidade. Esta explicação, visa o esclarecimento de dúvidas futuras acerca da
função que ego exerce nesta posição.
Ademais, o ego surge então como a instância capaz de realizar diversos
processos, tais como os citados acima, embora para Melanie Klein desde o
nascimento o bebê possua o ego, ela explica que não é um ego consolidado
como o de um bebê integralizado ou de um adulto, como a autora suscita:
“Presumir que o ego tem, desde o começo, a capacidade de
experimentar ansiedade, usar mecanismos de defesa e formar
relações de objeto, não é dar a entender que o ego, no nascimento,
seja semelhante, de modo bastante acentuado, ao ego de um bebê
integrado de seis meses de idade, para não falar de uma criança ou de
um adulto plenamente desenvolvido.” (SEGAL, 1973 p.36
A medida que compreendemos que o ego do bebê é amplamente
desorganizado, podemos pensar que existe uma pré-disposição para que ocorra
a integração citada anteriormente, entretanto, é necessário que percebamos que
essa integração pode não acontecer, e, inclusive, distanciar o bebê dessa
possibilidade de ser integrado, as formas para esse afastamento estão
diretamente ligadas ao impacto do instinto de morte e o nível de intolerância da
ansiedade.
A ideia é que esse ego primitivo faça, o que conhecemos como, a
clivagem – em termos leigos, seria uma divisão – do objeto, para que desta
maneira, crie-se uma possibilidade de alternância entre o sujeito e o objeto. O
autor explica que é assim que se instaura a alternância entre o sujeito e o objeto,
entre o ser e o ter: por não ter o objeto, o sujeito passa a sê-lo, a alternância de
onde se origina a identificação secundária (NASIO, 1995 p.159).
Pensando ainda acerca do ego, é necessário compreendermos que ele
tem papel fundamental sobre essa posição, é através dele que ocorrerá a divisão
(splitting) para que projete no seio da mãe o instinto de morte, em decorrência
dessa saída, o seio passa a exercer função de maldade para o ego do bebê,
sendo projetado nele grande parte desse instinto de morte e tornando-o um
perseguidor, como forma de reafirmar o que fora dito, a autor supõe que:
“Quando confrontado com a ansiedade produzida pelo instinto de
morte, descrita por Freud, consiste, segundo Melanie Klein, em parte
numa projeção e em parte na conversão do instinto de morte em
agressividade; O ego divide (splits) e projeta essa sua parte, que
contém o instinto de morte, para fora, no objeto externo original – o
seio. Assim, o seio, que é sentido como contendo grande parte do
instinto de morte do bebê, é sentido como mau e como ameaçador para
o ego, dado origem ao sentimento de perseguição. Dessa maneira, o
medo original do instinto de morte é transformado em medo de um
perseguidor.” (SEGAL, 1973 p.37)
Podemos compreender então que ao fazer esse processo de clivagem do
instinto de morte, o ego passa a criar então diversos perseguidores e converte
parte dessa agressividade – como postulada na citação acima – dirigindo-a
contra seus perseguidores. Enquanto esse processo ocorre, simultaneamente é
estabelecido uma relação com o objeto ideal, posto que, a medida em que o ego
se encarrega de fazer esse processo de clivagem para direcionar o instinto de
morte, ele também projeta em um objeto ideal a energia libidinal de preservação
da vida, ou seja, o que ocorre com o instinto de morte, ocorre com a libido. Desta
maneira, podemos explicar que são nesses dois processos que encontramos o
seio mau (persecutório) e o seio bom (objeto ideal). A posição esquizo-
paranóide, portanto, leva esse nome, porque de acordo com Segal (1973)
“Na posição esquizo-paranóide, a ansiedade predominante é a de que
o objeto ou objetos perseguidores entrarão no ego e dominarão e
aniquilarão tanto o objeto ideal quanto o eu (self). Essas características
da ansiedade e das relações de objeto experimentadas durante essa
fase levaram Melanie Klein a chama-la de posição esquizo-paranóide,
já que ansiedade predominantemente é paranoide e já que o estado
do ego e de seus objetos é caracterizado pela divisão (splitting), que é
esquizoide.” (p.38)
Em linhas gerais, a posição esquizo-paranóide como Melanie Klein
postulou, seria um momento de passagem mais primitivo do bebê, seguindo para
a posição depressiva, que não nos aprofundaremos neste trabalho, entretanto,
a nossa questão fundamental é quando não há essa passagem para a próxima
posição, o que tende a ocorrer com o sujeito. A partir do momento que os
mecanismos de defesa falham e não conseguem conter a ansiedade, ela acaba
por invadir o ego e desintegrá-lo, portanto, como forma de última possibilidade
de defesa ele fragmenta-se, dividindo a fim de evitar a experiência da ansiedade,
entretanto, quando isso ocorre, a probabilidade do ego estar prejudicado e se
tornar patológico, é grande.
Nos é sabido que as psicoses são definidas ainda quando bebês, e, além
disso, a doença psicológica sempre está vinculada a fase onde estavam
presentes as maiores perturbações e sofrimento, sendo assim, a esquizo-
paranóide trata-se da fase mais primitiva – como fora anteriormente dito – do
desenvolvimento do bebê, portanto, as complicações na fase adulta
possivelmente serão mais severas, visto que, o ego encontrou dificuldades em
se consolidar, para melhor compreendermos esse momento, nos resguardamos
a autora que menciona que:
“Como consequência desse processo de fragmentação, não há
“divisão limpa” (“tidy split”) entre um objeto ou objetos ideais e um
objeto ou objetos maus, mas o objeto é percebido como sendo divido
(split) em pedaços diminutos, cada um contendo uma parte diminuta e
violentamente hostil do ego. Esses pedaços foram descritos por Bion
como “objetos bizarros”. O próprio ego é intensamente danificado por
esse processo desintegrador, e suas tentativas para se desfazer do
sofrimento da percepção conduzem apenas a um aumento de
percepções penosas, tanto através da natureza persecutória dos
“objetos bizarros” quanto através da mutilação penosa do aparelho
perceptual. Assim, estabelece-se um círculo vicioso, no qual o
sofrimento produzido pela realidade leva a identificação projetiva
patológica, e isso por sua vez leva a realidade a se tornar cada vez
mais perseguidora e penosa. Essa parte da realidade que é afetada
pelo processo é experimentada pelo bebê doente como estando cheia
de “objetos bizarros” carregados de enorme hostilidade, ameaçando
um ego esvaziado e mutilado.” (SEGAL, 1973 p.68)
De acordo com a citação, podemos observar todo o percurso feito pelo
bebê para que essa posição se tornasse patológica e irremediável, a
configuração dessa posição na fase adulta se nomeia através das
nomenclaturas: esquizoide ou esquizofrenia. Os tidos “objetos bizarros” estão
intrinsecamente relacionados a alucinação e aos delírios quando falamos de
uma estrutura já definitiva, que Klein postula ocorrer após os seis meses. Desta
forma, a grande diferença entre aquilo que é postulado e elaborado por Freud e
Lacan e Melanie Klein, está na importância que a autora atribuiu ao Ego,
tornando-se assim, uma pós-freudiana com base na psicologia do ego. Uma
psicologia adaptacionista e que desconsidera aquilo que é do mais singular do
sujeito: o inconsciente.

VIDA E OBRA DE DONALD WOODS WINNICOTT


Winnicott (1896-1971) nasceu em Plymouth, Grã-Bretanha. Único filho
homem da família, seus pais eram protestantes, muito envolvidos com as artes
e pouco envolvidos com ele, que ficava aos cuidados dos empregados. Em uma
de suas memórias, conta que foi mandado para um internato aos 16 anos após
o pai ouvi-lo falar palavrões. Lá, tomou gosto e iniciou seus estudos sobre
medicina, após sofrer uma fratura, dizem historiadores. Winnicott participou das
duas guerras mundiais, na primeira tinha 18 anos e foi auxiliar de enfermagem
em Cambridge, na segunda foi psiquiatra das Forças Armadas de uma área da
Inglaterra, ambas tiveram grande importância sobre sua formação acadêmica,
principalmente a segunda.
Ao final da primeira guerra se alistou na Marinha e continuou seus
estudos, tendo pego o diploma em medicina em 1920, nesta época descobriu os
escritos de Freud e sentiu grande interesse pela área analítica, iniciando
tratamento analítico em 1923 com James Strachey. Nesse mesmo ano foi
admitido como clínico pediatra pela Paddington Green Children’s Hospital, onde
exerceu por 40 anos. Com o tempo seu atendimento pediátrico passou a ser feito
na área da psiquiatria infantil com orientação analítica, isso pois em 1935, por
sugestão de Strachey, procura Melanie Klein e inicia o processo de formação
psicanalítica, concluindo habilitação como psicanalista pela Sociedade Britânica
de Psicanálise sob sua orientação. Winnicott esteve pessoalmente próximo de
Klein entre 1935 a 1940, chegando até a receber, por pedido direto dela, seu
filho como analisando neste período, essa amizade durou por muitos anos até
começar a se deteriorar pelas divergências teóricas. Durante sua formação,
Winnicott escreveu vários artigos sobre as influencias psicológicas de
perturbações emocionais possíveis como forma de agravo ao quadro psiquiátrico
infantil, sempre falando para pediatras usando deste lugar que também ocupava
como pediatra. Nesta época já havia parado a análise, porém o apresso pela
psicanálise se transformou em possibilidade de ação.
No ano de 1940 inicia um segundo processo analítico, também é quando
passa a ser consultor psiquiátrico para o exército britânico, nessa época conhece
sua segunda esposa Clare Winnicott. Clare, ao relatar memórias da vida
compartilhada com Winnicott conta que essa consultoria afetou profundamente
a ele, a experiência com a guerra o colocou de cara com o desamparo, a
desestrutura familiar, a desintegração dos lares e seus efeitos sobre a formação
psíquica de crianças e adolescentes em situação de separação e perda. Clare e
Winnicott se casaram em 1951, três anos depois ele pediu a Klein para que
recebesse a esposa em análise, a qual ela fez até a morte de Melanie Klein.
Nesta época Winnicott já era influente na psicanálise britânica, tendo escrito
artigos como o “Desenvolvimento emocional primitivo”, onde mostrava
claramente sua cisão em relação aos escritos kleinianos, principalmente sobre
as teorizações apresentadas nas questões psicopatológicas, considerando
distúrbios graves como a esquizofrenia. Até então ele fazia parte de um grupo
neutro na Sociedade dividida entre annafreudianos e kleinianos, traçando um
caminho teórico próprio, porém sua influência também o levou a ser duas vezes
presidente da Sociedade Britânica de Psicanalise, a primeira de 1956 a 1969 e
a segunda de 1965 a 1968.
Winnicott morreu em 1971 de doença cardiopulmonar, ele estava em
pleno exercício quando aconteceu e nos anos anteriores teve uma intensa
carreira palestrando para profissionais da área da saúde e educação, assim
como para o público em geral em transmissões da rádio BBC, sempre levando
em conta a importância do desenvolvimento infantil e do cuidado com a criança.

DA TEORIA WINNICOTTIANA
Winnicott teve claras influências em vários aspectos da sua teoria, das
ciências médicas, de forma geral ele sempre lembra em seus escritos da
importância da junção psíquica e física, nos primeiros anos de profissão ele
estudou em demasiado a influência psicológica na somática de pacientes, foi
inclusive a visão monista de Freud em pensar mente e corpo como
complementos que lhe aproximou da psicanálise (DIAS, 2002). Podemos
considerar também que a área psiquiátrica foi fundamental nas formulações das
bases psicopatológicas presentes na sua obra, e a área pediátrica quanto á
preocupação constante em identificar no desenvolvimento infantil os sintomas
futuros dessas psicopatologias.
Winnicott gastou grande parte de seus estudos para entender o papel da
psicopatologia infantil na estrutura de desenvolvimento, ele acreditava no caráter
inato do sujeito em se desenvolver, considerando que as patologias psíquicas
poderiam se estruturar precocemente no “processo de maturação”. Tal processo
seria onde se encontram a formação psíquica do eu, supereu e isso, “bem como
ao estabelecimento dos mecanismos de defesa elaborados pelo eu num
indivíduo sadio” (NASIO, 1995), e a saúde psíquica do sujeito só aconteceria no
decorrer do processo de forma livre no ambiente. Para tanto, a psicanalise
winnicottiana considera essencial a influência do ambiente, que é dado na figura
da mãe que é quem pode atravancar ou permitir o livre desenvolver do processo
maturacional. Devemos lembrar aqui que mãe é uma nomenclatura de objeto,
não significa que será a mãe a responsável por esse processo. É nesse contexto
que podemos discorrer sobre os principais pontos e contribuições da psicanálise
winnicottiana. É importante salientar antes que boa parte da teoria de Winnicott
se pauta no desenvolvimento infanto-juvenil, ele vai tratar de bases do cuidado
da criança e do adolescente, dividindo o processo de desenvolvimento de 0 a 6
meses e de 6 meses a 2 anos, e da recorrência aos fatos estruturantes dessa
idade nas experiências posteriores do sujeito, contanto também da influência no
comportamento adulto.
Para iniciar, Nasio (1995) diz que Winnicott vai dividir o desenvolvimento
psíquico a partir da fase de dependência absoluta – parte do processo de
maturação onde o papel da mãe vai ser considerado na sua questão real e
estruturante da saúde plena do sujeito ou dos possíveis distúrbios psíquicos
originados nessa fase – e da fase de dependência relativa – momento em que a
mãe passa a dar autonomia para o sujeito e esse se relaciona com outras formas
de estímulo ambiental.
Na primeira fase, que ocorre de 0 a 6 meses de vida, o bebê depende
totalmente da mãe, porém não sabe dessa sua dependência e se acha como
parte una ao meio. Quando ele fala que a mãe, operador do ambiente, é quem
pode permitir o processo de maturação de seguir saudavelmente, ele está
colocando da importância, para o bebê, de ter suas necessidades básicas
atendidas de forma eficiente pela adaptação do cuidador. Para essa adaptação,
a mãe deve exercer três funções: a apresentação do objeto, o holding e o
handling (NASIO, 1995). Elas acontecem simultaneamente, complementando
uma a outra na adaptação.
A apresentação do objeto é, de modo metafórico, dar o seio ou a
mamadeira para o bebê. Seria colocar um objeto real em uma significação
teórica, fazendo a criança direcionar sua pulsão inicial para algo que irá
representar uma satisfação do seu corpo físico, que é a origem dessa pulsão
inicial que o bebê não representa nesse estágio do desenvolvimento. Quando
bem adaptada, a mãe apresenta o objeto certo assim que a criança precisa, o
que lhe dá a ilusão de que foi ele quem criou esse objeto, por essa ilusão a mãe
dá para o bebê uma experiência onipotente, é pela disponibilidade da mãe que
o bebê conseguira se relacionar com o meio:
Durante esse período de dependência absoluta, a mãe, que age de
maneira a estar disponível diante de uma excitação potencial do bebê,
permite que este adquira, no correr das mamadas, a capacidade de
assumir relações estimulantes com as coisas ou as pessoas. Em
outras palavras, o ser humano torna-se capaz de experimentar
emoções, sentimentos de amor ou de ódio, sem que eles representem
uma ameaça potencial e sejam, necessariamente, uma fonte de
angústia insuportável. (NASIO, 1995, p. 185)

A função de holding é literalmente sobre segurar o bebê, sobre o cuidado


físico, mas para além disso também é sobre amparar o psíquico dele, o
colocando em contato com o externo a partir da repetição de cuidados diários,
permitindo que o bebê possa experimentar a realidade simples, integrando sua
capacidade de existir no tempo-espaço em que está. Holding e handling são
funções muito parecidas, o handling será o modo como essa mãe executa o
holding no bebê, essa função é importante para situar a criança como parte de
um corpo próprio, iniciando a unificação deste como parte de um corpo que tem
vida psíquica e vida física, isso é chamado por Winnicott como personalização
(NASIO, 1995).
A execução dessas três funções abrirá um campo de extrema importância
na teoria winnicottiana, a existência da: 1) mãe suficientemente boa; e 2) mãe
insuficientemente boa. A primeira é a mãe que consegue perfeitamente se
adaptar as necessidades do bebê, mantendo sua integridade física e psíquica
permitindo o desenvolvimento inato do ser pelo sentimento de continuidade da
vida, o que sinaliza o surgimento do verdadeiro self, o verdadeiro eu. Nesse
ponto devemos considerar um dos conceitos complexos na teoria winnicottiana,
o self foi tomado por Winnicott a partir da Psicologia do Ego de Hartmann
(NASIO, 1995), e assim como existe o verdadeiro self, existe o falso self. Ambos
existentes em todos humanos, porém em proporções variadas. O verdadeiro self
seria o eu surgido a partir da espontaneidade, das tendências inatas do ser,
construídas por um desenvolvimento bem amparado. A segunda é sobre a
impossibilidade de adaptação da mãe a criança, não apenas pela mãe, mas pela
situação não amparar o bebê, é o caso de órfãos que não tem um cuidador em
especial. Pela não adaptação a criança, a mãe insuficientemente boa pode
responder suas necessidades de forma imprevisível, não dando ao bebê a
possibilidade de confiar sua espontaneidade aos cuidados dela. Desse modo o
bebê não tem a experiência de simplicidade desejável no holding.
Como Winnicott pensava muito com a psiquiatria, teorizou que essa mãe
insuficientemente boa teria efeitos na estrutura psíquica da criança de maneira
patológica. Assim, o bebê que não consegue se integrar completamente pelo
processo de maturação não completo experimenta uma “angústia inimaginável
[...] portadora de uma ameaça de aniquilação” (NASIO, 1995). Tal aniquilação
age por variações no âmbito físico (despedaçamento, etc) e psíquico (não
relação com o próprio corpo, desconexão com a existência no espaço-tempo).
Segundo Winnicott são essas as variações principais presentes na constituição
das angústias psicóticas, dependendo do grau de carência na adaptação
materna ou em como o bebê vai passar por isso que se estrutura ou não uma
organização patológica de personalidade (NASIO, 1995).
A segunda fase, de dependência relativa, tem esse nome exatamente por
uma interferência menor da mãe no cuidado, o que é sentido pelo bebê e
tolerado de forma pulsional por ele perceber que não é um com a mãe, mas um
outro que pede um cuidado muitas vezes complexo demais. Para a criança, essa
fase demonstra um desenvolvimento psíquico maior, ela já consegue distinguir
objetos e pessoas como realidade externa de si, como também consegue
perceber a mãe no campo externo, começa o processo de identificar em si a
união mente e corpo, também identificando esse eu existente num tempo-
espaço. Na mãe também há um desenvolvimento psíquico, pois ela passa a se
separar da criança, voltando a pensar para além do seu papel de cuidadora, é
por isso que a criança começa a identificar as falhas na adaptação da mãe as
suas necessidades e passa a aceitá-las e até se aproveitar delas. Por ser
dependência relativa, a criança ainda precisa da mãe para muitas coisas, mas
nessa fase ela passa a ver a mãe como duas pessoas, aquela que lhe dá carinho
e cuidado, a “mãe da tranquilidade” (NASIO, 1995), e uma outra que ele encontra
nos momentos de excitação onde se toca a agressividade. Por esse componente
agressivo, a criança considera que esteja destruindo essa mãe de ainda precisa
de cuidado. É pelo reconhecimento de reconhecimento que essas duas mães
que a criança verá que ambas são a mesma, assim uma mãe suficientemente
boa agora será aquela que sobrevive a agressão pulsional e retorna como mãe
da tranquilidade. Quando essa mãe que sobrevive é unificada, a criança passa
a sentir tanto uma angustia por direcionar a ela um risco de destruição, quanto
uma culpa por ser ela também a mãe que lhe dá amor e cuidado. Por sua
angústia e culpa, a criança passa a ter que reparar a mãe, primeiro no nível
fantasiado e depois na realidade, daí saem o carinho e os presentes que dá. A
experiência da mãe que sobrevive acarreta na criança a possibilidade de
estruturar as fantasias e pensamentos pulsionais como seus, identificar que eles
não são a realidade externa, experimentar a pulsão em uma relação não
destrutiva nem desestruturante.
O último tópico importante para uma introdução as contribuições da
psicanálise winnicottiana seria então o fenômeno transicional, onde se encontra
os objetos transicionais. O objeto vai surgir por essa experiência de um ser que
se considera onipresente e passa a perceber que não o é, que depende de uma
mãe que talvez ele pode destruir, assim desfazendo sua fantasia. Winnicott em
suas experiências com crianças identificou que os bebês faziam algumas
classes de atividades, sendo que o incomum em todas elas era falta da presença
da mãe no momento em que ocorriam. Nesse sentido essas atividades teriam o
papel de ocupar a angústia que se instala quando da separação com o cuidador.
Os fenômenos seriam transicionais por alojarem-se nesse espaço intermediário
de quebra entre a realidade interna e externa, e os objetos seriam transicionais
apenas por serem usados durante esses fenômenos. O espaço intermediário, ou
transicional, seria o responsável por amortecer o choque “ocasionado pela
conscientização de uma realidade externa” (NASIO, 1995) que é cheia de coisas
outras em relação a realidade interna que é cheia de fantasias pessoais. É
importante pensar que só existe um objeto transicional pois ele tem um espaço
transicional para ocorrer, e que tais fenômenos transicionais ocorrem nesse meio
muitas vezes indetectáveis. Os objetos então devem ser vistos como resquícios
da relação pulsional entre mãe e bebê, eles são desinvestidos em algum
momento, quando deixam de ser usados como lembrança da unidade com a
mãe da realidade externa, a mãe que sobrevive. Isso pois os fenômenos
transicionais vão passar a integrar a psique tal como imaginação, o espaço
transicional continuará recebendo os objetos e dará ao ser a capacidade de
aliviar a relação entre realidade interna e externa. O aparecimento dos
fenômenos transicionais aparece pela sobrevivência dessa mãe, Winnicott
define que essa foi uma mãe suficientemente boa. Por último Winnicott,
considera que psicopatologias ligadas a sobrevivência da mãe são dadas como
“doenças da pulsão agressiva” (NASIO, 1995).

WINNICOTT E O CASO GABRIELLE


A clínica de Winnicott não difere muito de Freud quanto a sua técnica, ele
concorda com a afirmação de que só é possível tratar analisar o neurótico, que
conseguiu viver as pulsões com o amparo suficiente em seus meses iniciais.
Para pessoas diferentes disso é que ele faz algumas considerações sobre a
técnica a ser usa. O teórico irá falar que se deve atentar as distorções do eu e
pensar o terapêutico pelo cuidado de ressignificar os processos de maturação
infantil. Isso só seria possível por uma relação objetal de alta pulsão, o analista
teria que arcar com esse papel de mãe suficientemente boa para refazer o
processo de maturação. O analista teria que se identificar totalmente com as
necessidades do analisando, o que geraria um efeito de holding psíquico,
acessando o campo simbólico da ressignificação. Quando o analista conseguir
o nível de confiança necessário para liberar o processo de maturação, deverá
estar preparado para a pulsão colérica da carência que o analisando soltara,
tornando possível se trabalhar as não adaptações que aparecerem na análise.
A possibilidade de observar a carência e analisá-la torna capaz ao sujeito
experiênciar suas emoções de forma mais amparada.
Winnicott nunca teve problema em ser descaracterizado da psicanálise
clássica, seus métodos mais flexíveis eram tidos como uma desruptação da
técnica, o que para ele era normal uma vez que acreditava numa psicanálise que
trataria casos diferentes com métodos diferentes do que dos clássicos. Winnicott
(apud. SERRALHA, 2009) dizia “então somos analistas praticando outra coisa
que acreditamos ser apropriada para a ocasião. E por que não haveria de ser
assim? ”. O caso de Gabrielle foi um desses métodos de praticar outra coisa, o
fato mais curioso foi de ele ter chamado de “psicanálise compartilhada”
(SERRALHA 2009), pois inseriu os pais da criança de 2 anos e 5 meses na
análise, seja de forma real ou transferencial. Ele também compartilhou
informações com ambos o pai e mãe, pois acreditava que os pais iriam auxiliar
também no desenvolvimento da criança, assim os aconselhava, acolhia e
compreendia. Eles também passavam a confiar mais no terapeuta, o que
melhora a colaboração e participação no tratamento. A preocupação com a
inclusão dos pais é característica que reforça a importância do ambiente na
adaptação da criança. Não apenas isso, mas usou do pai da criança no
tratamento. Por esse caráter de permitir aos cuidadores a inserção como objeto
de amparo na análise, considera ela uma psicanálise compartilhada.
O caso de Gabrielle é interessante para pensar a clínica de Winnicott, isso
pois expressa a ocorrência de um não adaptação por conta de afetos primitivos
mal significados no processo de maturação. A criança passou a não dormir e ter
comportamentos agressivos e angustiantes após o nascimento de sua irmã,
seus pais tinham conhecimentos sobre a área analítica e a levaram até Winnicott,
o tratamento durou até os 5 anos dela e acontecia quando ela pedia, com muitas
sessões em curto período pois ela e os pais não moravam em Londres. Durante
as sessões muitas vezes o pai entrava por pedido da menina, o que Winnicott
passou a considerar como sinal de que a criança simbolizava o pai no papel da
mãe suficientemente boa. Quando o analista perguntava algo que trazia uma
carga angustiante a pequena, ela recorria ao pai para não visualizar a realidade
externa. Nas sessões a criança costumava dizer que era um bebê que iria sair
da barriga do pai, invertendo o papel de maternidade, ela fazia esses tipos de
inversões livremente com o pai e também com Winnicott no setting, o que o
analista considerava importante por ser uma expressão de suas angustias sobre
o pai e mãe reais, acolhida e compreendia pela não repreenda ou correção. Com
o tempo ela passou a ficar sozinha com Winnicott, mas sempre pedia pelo pai
caso não se adaptasse a angustia, o que o analista viu como essencial no
processo analítico, para não ter que se adaptar com defesas mais primitivas.
Apesar disso, Winnicott conquistou a confiança da menina, o que era
demonstrado pelo pedido dela mesma em ver o doutor quando não estava bem
em casa. Isso demonstra uma alternância nos egos auxiliares dela, quando não
estava bem em relação aos pais buscava Winnicott, quando não estava bem
porém não pelas questões adaptativas buscava os pais.
Com o caso Gabrielle, Winnicott comprovou sua teoria sobre o papel
ambiental no desenvolvimento do sujeito, ao trazer os pais para dentro da análise
considerava sua colaboração como essencial para entender as necessidades de
adaptação do filho. Ele também demonstrou que o ambiente familiar pode ele
mesmo tratar patologias psíquicas criadas nas relações, considerando, porém,
que nem tudo poderá ser controlado para além desse ambiente externo.
Algumas situações ambientais vão gerar angustias não adaptáveis no sujeito
que não serão filtradas por um bom cuidado. É por essas ocasiões que Winnicott
procurava não culpar aos pais, apenas alertá-los da responsabilidade que seus
papeis tinham no desenvolvimento do filho.
REFERÊNCIAS

DIAS, E. O. A trajetória teórica de Winnicott. Natureza Humana, Revista


Internacional de Filosofia e Psicanálise, São Paulo, v. v4. n1, p. 111-156, 2002.

NASIO, J. -D. Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein,


Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Zahar, p. 307, 1995.

SEGAL, H. Introdução à obra de Melanie Klein. 1973 – Editora Imago – Rio de


Janeiro.

SERRALHA, C. A. Winnicott com Gabrielle e seus pais. Natureza Humana, v.


11, p. 149-164, 2009.

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