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PSICANÁLISE COM CRIANÇAS - CONCEITOS DE INFÂNCIA

IDADE MÉDIA E SÉCULO XX: Phillipe Ariès fazia o estudo na Europa para demonstrar como a
definição de “criança” se modificou no decorrer do tempo, de acordo com parâmetros ideológicos.
Ariès forja a expressão “sentimento de infância” para designar que a “consciência das particularidades
infantil que se distingue essencialmente a criança do adulto.”
IDADE MÉDIA: A criança era vista como um pequeno adulto desconsiderada como alguém
merecedora de cuidados especiais. Pintores ocidentais reproduziam crianças vestidas de pequenos
adultos. Nas sociedades agrárias, a infância era um período rapidamente superado e logo adquire a
independência. Os pais não se apegavam muito aos filhos pois poucos sobreviviam. A criança se
relacionava mais com a comunidade do que com os pais. Era a comunidade que realizava a
aprendizagem e socialização. Até o século XVI faziam alusões a assuntos sexuais na presença de
crianças.
RENASCENÇA: A criança passa a ser visto como o centro do grupo familiar século XVII E XVIII.
Predomina a Inocência infantil que precisava ser preservada e a educação se torna preocupação da
família. A criança ainda era um estorno para os pais, logo contratava-se amas-de-leite para amamentar
os filhos. Para Santo Agostinho. a infância é uma época na qual predomina a maldade humana. No
século XVII a igreja já se preocupava em afastar ass crianças de assuntos relacionados ao sexo.
Século XVIII: Jaques-Rousseau acreditava na bondade natural do homem e se a perversidade é a
sociedade que a corrompeu. O termo criança remete a essa etapa da vida na qual o infans - infante,
aquele que não fala - é desprovido de sexualidade.
Com a ascensão do capitalismo, a criança se transforma em um investimento lucrativo para o Estado,
vista como força de produção que traria lucros a longo prazo. A família se ocupa de tudo que diz
respeito à vida dos filhos, a criança assume lugar central na família.
SÉCULO XIX E XX: Preocupação mais ampla e sistemática com o estudo da criança e necessidade
de educação mais formal. O desenvolvimento das ciências proporcionou um estudo mais amplo da
criança, porém ressaltou na desqualificação da família como aquele que pode gerir a educação do
filho.

PRIMÓRDIOS DA PSICANÁLISE
FREUD: Desenvolveu a teoria da sedução, encontrando a etiologia das neuroses dos adultos em
experiências sexuais traumáticas ocorridos durante a infância. Os sintomas histéricos decorriam das
fantasias impregnadas de desejo. Portanto, a realidade psíquica (constituída de desejos inconscientes e
pelas fantasias a elas vinculadas) era determinante, e não a realidade factual. O efeito traumático está
relacionado ao fato de a criança ser confrontada passivamente com a sexualidade do adulto. Pôs em
xeque as concepções moralizantes sobre a atividade sexual da criança. Apresentou ao mundo uma
mova criança, dotada de uma sexualidade perverso-polimorfa (com pulsões parciais emanando de
zonas erógenas que constituem apoiando-se em funções vitais). A sexualidade infantil é pré-genital,
oral e anal. Freud demonstrou que a realidade psíquica da criança se assemelha à do adulto em suas
angústias, fantasias e desejos. A demanda é normalmente, formulada pelos pais. Descobriu a
psicologia da criança a partir de sua psicanálise com adultos Ao analisar adultos ele descobriu que as
lembranças deles quase sempre estavam associadas a conflitos associados na infância, e a partir dessa
constatação, elaborou sua teoria sobre sexualidade infantil, publicada em 1905.
A descoberta da importância do brinquedo para a psicanálise surge com Freud. A psicanálise com
adultos tem uma especificidade em relação à com crianças, já que a criança não pode realizar
associações livres.
KLEIN: Em 1923, no início da psicanálise de crianças, Melanie Klein atendia uma criança com 7
anos, inibida, com mau aproveitamento escolar. A criança não desenhava e falava muito pouco. O
progresso no atendimento era quase nulo. Em uma das sessões em que a criança ficou silenciosa e
retraída a angústia de Melanie Klein, a mobilizou a criar algum recurso. Nesse momento, ela resolveu
introduzir alguns brinquedos: algumas bonequinhas, carrinhos, cubos e um trenzinho, colocou-os
numa caixa e trouxe para a paciente. A criança interessou-se pelos objetos e começou a brincar. No
adulto a psicoterapia psicanalítica é feita principalmente pelos relatos verbais, mas com a criança, essa
verbalização é geralmente escassa.

 Os brinquedos favorecem a comunicação;


 Na criança pequena o mecanismo de repressão é menos rígido, facilitando o acesso aos
conteúdos inconscientes.
 A criança expressa suas fantasias, seus desejos e experiências reais numa forma simbólica
através do brincar e dos jogos.
HERMINE VON HUG-HELLMUTH: Visitava as crianças em seus lares a fim de observá-las
enquanto participavam de suas atividades lúdicas. Na análise com crianças utilizava jogos e desenho
afirmando que com esse material as crianças elaboravam as situações difíceis e traumáticas. Em seu
método, a interpretação do material inconsciente combinava-se com a influência pedagógica direta.
No entanto, Hug-Hellmuth desaprovava a ideia de analisar crianças muito pequenas — crianças que
ainda não haviam passado pelo complexo de Édipo —, pois acreditava que nesses casos a análise, em
razão de seu poder de mobilizar o recalque e ao fortalecer as tendências impulsivas da criança,
poderia prejudicá-la. Nascida em Viena em 1871, começou a ser analisada em 1908, por uma
psicanalista que a apresentou a Freud. Desde então, começou a estudar psicanálise e a aplicar os
conhecimentos psicanalíticos no atendimento a crianças e adolescentes. Na análise de crianças,
Hermine von Hug-Hellmuth abstinha-se de aprofundar questões envolvendo o complexo de Édipo,
segundo ela, para não despertar tendências reprimidas que a criança era incapaz de assimilar. Ela
achava também que o papel do analista era o de exercer uma influência educativa.
ANNA FREUD: Recomendava ao analista de crianças desempenhar um papel ativamente
pedagógico. Estudou o comportamento das crianças em jardins-de-infância. Observou que tipos de
brinquedos era mais utilizados nas diferentes etapas do desenvolvimento, e, aplicando conceitos
psicanalíticos a essas observações, forneceu uma orientação prática às professoras. Quanto ao
tratamento psicanalítico, Anna Freud levantou algumas questões, diferenciando a análise de crianças
da de adultos. Segundo ela, há uma impossibilidade de se estabelecer uma relação puramente analítica
com uma criança em função de sua imaturidade e dependência do meio ambiente. A criança não tem
consciência de sua doença, nem acha que tem um “problema” para resolver. Falta à criança o
elemento fundamental para a entrada de um paciente em análise, que é o mal-estar em relação ao seu
sintoma e a necessidade de tratamento. Anna propõe um período de preparação, de entrevistas
preliminares a fim de conscientizar a criança de seu sofrimento. Outros pontos abordados por Anna
Freud foram: a criança não consegue associar livremente como o adulto; não estabelece uma neurose
de transferência em função de sua ligação com os pais da realidade; e, se não houver uma colaboração
dos pais com o analista, melhor será afastá-la dos pais temporariamente e colocá-la numa instituição
onde possa ser analisada. Anna Freud defende ainda uma outra tese que se refere ao destino dos
produtos de uma análise. Se o tratamento psicanalítico com adultos visa a suspensão do recalque, ela
acredita que a análise com crianças não se dá da mesma maneira, pois se as tendências pulsionais
forem liberadas do recalque, a criança irá buscar sua satisfação imediata. Portanto, cabe ao analista a
tarefa de controlar, além de decidir o que deve ser rejeitado, domado, satisfeito. O analista deve
portanto, analisar e educar. Para isso, é necessário funcionar como eu auxiliar da criança. Anna Freud
sustenta que a criança não estabelece uma neurose de transferência durante o processo analítico,
porque a reedição das relações com os pais dentro da análise é impossível, já que a primeira edição
ainda não foi esgotada. Em outras palavras, o fato de a criança estar, na realidade, vinculada a seus
pais é um obstáculo para o deslocamento de suas relações afetivas com eles para o analista. Anna
Freud dirigiu seu interesse, predominantemente, no sentido da compreensão da personalidade das
crianças. Anna Freud também foi uma das pioneiras da análise de crianças, mas que, assim como Hug
e outros, colocavam a psicanálise infantil a serviço da educação.
MELANIE Klein, por outro lado, foi a primeira analista a tentar com crianças uma forma rigorosa de
psicanálise, excluindo todos os elementos pedagógicos. Anna Freud, a filha mais moça de Freud
nascida Viena em 1892, efetuou várias contribuições importantes como O ego e os mecanismos de
defesa (1936). No início do ano de 1920, ela e Melanie Klein iniciaram um debate ardoroso sobre a
técnica da análise infantil, praticamente selado em 1927, no Simpósio sobre a Análise infantil na qual,
Klein respondeu à críticas de vários analistas, particularmente as de Anna Freud.
LUDODIAGNÓSTICO
 O brincar sabiamente tem funções terapêuticas;
 Crianças que não brincam ou são raramente tocadas desenvolvem cérebros 20 a 30%
menores que o normal para a idade;
 O “Jogo do faz de conta” oferece à criança sentimento de controle, sobre as suas experiências
traumáticas.
O ludodiagnóstico é um instrumento de investigação clínica no qual, por meio da utilização de
brinquedos, estruturados ou não, o profissional procura estabelecer um vínculo terapêutico com a
criança, visando ao diagnóstico de sua personalidade.
Tendo como fundamento as teorias do desenvolvimento e da psicopatologia infantil, o
ludodiagnóstico é muito utilizado como uma técnica projetiva expressiva, baseada nos princípios da
associação livre psicanalítica. A técnica tem como fundamentos teóricos os trabalhos de vários
estudiosos da psicanálise como: Melanie Klein, Ana Freud, Maud Mannoni, Arminda Aberastury,
Winnicot, dentre outros, eles colaboraram para o trabalho psicanalítico com crianças a partir do
trabalho de Singmund Freud.

A grande importância dessas influências teóricas é que foi estabelecida uma técnica ludoterapêutica
dirigida a crianças e, posteriormente uma técnica de diagnóstico infantil, o ludodiagnóstico, com
todos os fundamentos da psicanálise infantil, iniciada a partir de Freud, mas sistematizada e
aprofundada a partir de Klein e seus seguidores. No caso específico da técnica lúdica diagnóstica
destacam-se Aberastury, uma das precursoras da introdução da técnica como instrumento diagnóstico,
principalmente na América Latina.

LUDOTERAPIA CENTRADA NA CRIANÇA


Para que seja possível dar espaço para alteridade que se apresenta na criança, é necessário o acesso à
compreensão de infância, elementos que aparecem sobre o pensar o remeter-se ao que foi quando
criança, e o afastamento dessas compreensões.

 O quanto somos abertura ou quanto transitamos na esfera do mesmo.


Lévinas informa que, o olhar que temos do rosto que se apresenta é conhecimento, percepção, é
encaixe no que nos é identificável. Para fugirmos desse mesmo, o acesso ao rosto precisa ser ético. Se
ao lançar olhar para o outro, pensamos no conhecimento que pretensiosamente, já temos dele, somos
capturados pela totalização. Para acessar a criança em sua alteridade, devemos nos afastar dos
movimentos de entendimento e compreensão sobre ela. Abertura a criança em sua Outridade, para
qualquer aspecto que esta mostra, comunique, experencie ou revele. A direção vem do outro, para
mim, nunca ao contrário.

 Comunicação da criança para o terapeuta.


A criança como Outro, como absoluta alteridade, apresenta-se, pelas características pertencentes à sua
forma única de chegada. Desapegar ao lugar comum que nos é familiar. O desejo de manter o mesmo
induz a classificação ou a categorização de coisas novas a partir de coisas antigas.

 ABERTURA À VISITAÇÃO DO OUTRO: Desafio de deixar que o outro se mostre por si


mesmo. Postura egoísta para abertura à alteridade.
 DIACONIA: Disponibilidade.
A postura do Ludoterapeuta em LCC deve primar pela escuta e a resposta à criança, da forma que ela
se apresenta no atendimento. Tudo o que podemos ser nesse encontro é disponibilidade e
vulnerabilidade, já que não sabemos como essa criança se apresentará.

 NÓS: diálogo do “Tu” para “Eu’ Se dá numa via traumática de experiência intersubjetiva.
 CONSTRUÇÃO DO RAPPORT: O relacionamento a ser estabelecido com a criança deveria
ser cálido e amigável, mas de forma não excessiva.
 PERMISSIVIDADE: Mais produtiva par a terapia.
Na fase experiencial rogeriana, o foco do processo é a experiência intersubjetiva. Para responder ao
chamado que se dá a partir da criança em sua diferença, é necessário o eu. O terapeuta deve se mostrar
alerta para reconhecer e refletir o que a criança expressa, para que esta tenha uma maior visão do seu
interior. A criança, mas não só ela, é responsável por si próprio e pelo seu comportamento. A criança
indica o caminho a ser seguido durante o atendimento. Assume postura não-diretiva, não emitindo
opiniões ou sentimentos.

 Somos vulneráveis ao chamado dela e habilidade de resposta: Eis-me!


A criança no reconhecimento dos limites que se apresentam no atendimento, lida com o terapeuta a
partir da ideia de eleidade, como um ele do tu. Os pais, via de regra, são porta-vozes que apresentam a
criança - na percepção deles – ele queixa que a traz a um atendimento psicoterápico.

- Contrato Terapêutico;
- Sigilo profissional;
- Necessidade de parceria entre pais e terapeuta;
Ocorre também a devolutiva para os pais.

 HABILIDADES DO LUDOTERAPEUTA TCC: Estruturação, escuta empática,


brincadeira imaginária centrada na criança e limites do setting.
Única possibilidade para o Eu em resposta ao Tu, é EIS-ME.

GESTALT-TERAPIA COM CRIANÇAS


Enquadre e espaço específicos
Método: Fenomenologia
Objetivo: Proporcionar maior awareness
É um processo semidiretivo
O psicoterapeuta lança os “experimentos” como proposta

MÉTODO FENOMENOLÓGICO

O processo se dá de acordo com o que a criança traz ao setting, e isso significa que o psicoterapeuta
deve encontrar-se livre de quaisquer preconceitos teóricos. O processo se dá de acordo com o que a
criança traz ao setting, e isso significa que o psicoterapeuta deve encontrar-se livre de quaisquer
preconceitos teóricos. Utiliza a linguagem descritiva, que se opõe a interpretativa e á prescritiva. A
exploração fenomenológica objetiva uma descrição cada vez mais detalhada do que é; e desenfatiza o
que seria, poderia ser, pode ser e foi.
NOVIDADE – altera as possibilidades de percepção mas não inclui elementos novos.
GRADUAÇÃO – gradua a intervenção de acordo com a expansão da fronteira de contato.

Para Zinker (1977), iniciam-se as intervenções com afirmações para depois introduzir as
interrogações, a fim de não cansar a criança com que poderia parecer um interrogatório.
DESCRIÇÃO

 Nível básico do processo psicoterápico


 Descrição do comportamento da criança
 Questionamentos ao longo das brincadeiras
 A criança descreve suas próprias produções

ELABORAÇÃO

 A criança aceita questionamentos e propostas de experimentos


 O psicoterapeuta desdobra, esmiúça, desenvolve e aprofunda o que a criança traz

IDENTIFICAÇÃO

 A criança se identifica com os elementos lúdicos


 Reconfiguração e ressignificação de conteúdos, ainda que a identificação não seja
verbalizada;

POSTURA FENOMENOLÓGICA

Abertura e interesse pelo que a criança traz, de forma verbal e não verbal. Seleção prévia dos recursos
lúdicos para cada criança, porém ela quem escolhe o que quer. A criança indica o caminho. Não se
deve esperar determinada performance da criança frente aos recursos. Segundo Jacobs (1997)
psicoterapeuta e criança suspendem experiências anteriores e permitem que seus sentidos processem e
descubram o que quer que seja revelado pelo self e pela situação.

CONFIRMAÇÃO ≠ ELOGIO: Um elogio carrega em si juízo de valor e pode direcionar a criança


para o caminho que seria “conveniente” seguir. A confirmação é uma atitude fenomenológica que
acolhe o que a criança traz e devolve para ela esse conteúdo em forma de descrição, a confirmar o que
ela produziu ou falou.

RELAÇÃO TERAPÊUTICA

Caracteriza-se a relação realmente como terapêutica aquela onde existe a presença genuína do
terapeuta e a sua inclusão, ou seja, de se colocar no lugar da criança e de confirmar a ela seu
potencial.

ESPAÇO TERAPÊUTICO

Funcionará como receptáculo de tudo que surgir no encontro terapêutico. Apesar de todos os recursos
físicos necessários, o espaço terapêutico se constrói especialmente da relação entre criança e
terapeuta. No espaço terapêutico da gestalt-terapia os recurso lúdicos ficam amostra e podem ser
compartilhados por outras crianças, diferentemente da abordagem psicanalítica. Para escolher os
recursos lúdicos a serem utilizados pela criança, o terapeuta deve levar em consideração dois critério:
segurança e relevância. Os materiais devem ser selecionados com uma finalidade específica,
embasada teoricamente pelo terapeuta. Um recurso lúdico não poderá ser escolhido por mera vontade
do terapeuta. O terapeuta deve observar como acontece o brincar da criança e estar atento para captar
as informações que este ato poderá revelar da vida do pequeno sujeito.

VIVÊNCIAS DOS LIMITES

O psicoterapeuta deve estar atento ao que o faz estabelecer certos limites; se é a tarefa terapêutica ou
se é um incômodo pessoal. Os limites estão diretamente ligados à aceitação. Alguns limites ecoarão
diretamente na dinâmica familiar; por exemplo, a resistência de uma criança ao ser cientificada sobre
um limite.

DIAGNÓSTICO

 O diagnóstico na gestalt-terapia deve ser feito com reconhecimento completo da estrutura do


todo, a fim de se compreender as possibilidades para se resgatar o funcionamento do
organismo com fluidez. A dor da criança pode ser a sinalização da dor da família. Ao
compreender a criança, compreende-se também a família;
 A família deve ser vista como participante do processo.
 A entrevista inicial é feita com a criança e os pais juntos, exceto quando os responsáveis não
querem que a criança ouça o que eles têm pra dizer;
 O terapeuta apresenta a queixa à criança e a indaga se concorda ou não;
 O acerto financeiro é feito com os pais, mas é a criança que leva o pagamento ao
profissional;

FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES
A TCC é uma abordagem teórica que pode ser considerada recente desenvolvida nos anos 60 por
Aaron Beck, partir do pressuposto de que o modo como um paciente processa e interpreta as situações
é o que gera sofrimento. O objetivo é atingir a flexibilidade e ressignificação dos modos patológicos
de processamento de informação. Uma vez que se postula que os indivíduos não sofrem pelo fato ou
situação em si, mas pelas interpretações distorcidas e rígidas que fazem de si mesmo. Essa abordagem
retoma a importância das intervenções focadas nas emoções do caráter interpessoal, de construção do
conhecimento. Destaca se, por exemplo, o foco no presente, o objetivo de mudança comportamental e
cognitiva e utilização de seções estruturadas, entre outros. A abordagem com crianças e adolescentes
difere se, no que tange ao tipo de intervenção realizada, que terá como base. A criação de linguagens
muitas vezes não verbais para acessar o funcionamento cognitivo da criança e adolescente. O
tratamento conta com intervenção com os pais, que muitas vezes consiste em uma grande. Parte do
tratamento. Além de centrar na ativação e entendimento das emoções, também deve trabalhar em
termos de
pensamentos adaptativos e não adaptativos.

AVALIAÇÃO DE TCC NA INFÂNCIA

É fundamental que os terapeutas procurem obter compreensão global do funcionamento da criança


nos seus diversos contextos e consigam identificar o. Aspectos e sintomas que dificultam sua
adaptação na rotina diária, assim como o papel que os aspectos cognitivos exercem na etiologia destes
problemas e transtornos. Ressalta-se também um caráter focal e diretivo da TCC, que demandou a
avaliação diagnóstica devidamente conduzida. A prática da avaliação infantil necessita que alguns
aspectos importantes sejam considerados.

- Identificação e compreensão das queixas da criança ou adolescente


- Processo de conceitualização cognitivas

Torna-se importante a realização de uma completa entrevista de anamnese. Nese, pois é através desse
processo que se obtenha uma melhor compreensão dos aspectos emocionais. Psicossociais e que são
planejadas e direcionadas futuras conduta. Quanto mais completa anamnese a respeito da criança,
melhor será o planejamento e a condição do caso. Deve-se investigar os dados relativos à história
pregressa da criança. Gestação, parto puerpério, doenças maternas e outras intercorrências, assim
como as condições do seu desenvolvimento. A vida escolar também deve constar no trabalho de
avaliação infantil. O próximo passo consiste, conceitualização cognitiva do caso na TCC, esse
processo é fundamental para um perfeito entendimento e planejamento das práticas terapêuticas a
serem trabalhadas com o paciente. Devem ser consideradas características da criança, assim como a
etapa do desenvolvimento em que esta se encontra e o contexto em que está inserida. É comum a
utilização de protocolos específicos, que abarcam principalmente as seguintes demandas

- Identificação das dificuldades atuais da criança


- Fatores importantes da infância
- Percepção que a criança tem de si e dos outros, assim como a percepção que a família tem da
criança, sempre procurando identificar as principais emoções, pensamentos e comportamentos
relativos à criança e seus familiares. Assim como as crianças relacionada às estratégias
compensatórias e consequências de cada situação.
A realização da conceitualização cognitiva é fundamental.

TRABALHANDO COM OS PAIS


Ao participarem do atendimento, podem desempenhar diferentes papéis no tratamento. Facilitadores -
a intervenção é predominantemente focada na criança e os pais são envolvidos apenas para tomarem
consciência das intervenções que estão sendo realizadas com as crianças.
Coclínio - o papel dos pais é mais ativo no tratamento com a finalidade de entender a intervenção.
Clientes - o foco tratamento será direto no funcionamento cognitivo comportamental dos pais. E estes
serão ajudados a reavaliar suas crenças sobre o filho e mudar seus padrões comportamentais.

É fundamental ressaltar a importância do vínculo do terapeuta com os pais, pois serão sua principal
fonte de dados. O programa de treino de pais no tratamento de TCC possibilita ao terapeuta
investigar, focar e modificar aspectos cognitivos e comportamentais dos pais no que se refere ao
comportamento do filho. Venha se um programa de psicoeducação e orientação dos pais e tem por
meta ajudar a estimular os mesmos no manejo e condução das crianças com dificuldade de
comportamento que apresentam prejuízos em seu funcionamento e qualidade de vida. Instrumentaliza
os pais para o aprendizado e uso de técnicas estratégias para o manejo de situações específicas,
favorecendo a aprendizagem de comportamento mais adaptativo para pais e crianças. Os programas
de TP trazem alguns benefícios para TCC infantil como:

- Possibilitam aos pais um melhor papel dos mesmos no tratamento de seu filho
- Fornecem um espaço adequado para que eles possam trocar informações e falar a respeito das
dificuldades vivenciadas na criação e educação das crianças
- Propiciam a transferência do controle do terapeuta para os pais.

O TP vem demonstrando a eficácia no manejo de situações específicas como o comportamento


disfuncionais. Propiciam um melhor desenvolvimento de habilidades sociais em crianças com
dificuldade de relacionamento interpessoais e problemas comportamentais. Os programas de
treinamento parental podem apresentar modalidade diferente, dependendo do quadro clínico e
tratamento. No que se refere a modalidade de atendimento, o mais comum é atualizar utilização de
programas de atendimento grupais de TP, porém, pode ser realizado no modo individual, abarcando
somente a criança e seus pais.
Os protocolos de tp costumam seguir alguns pressupostos, como:
- Avaliação das características das crianças e suas famílias
- Apresentação do programa para os pais
- Processo de psicoeducação parental a respeito das condições clínicas e comportamentais de
criança
- Ensinamento de técnicas e manejos específicos para cada situação

Por último, é realizado uma avaliação geral do programa e seus efeitos na vida das famílias
participantes. Nesse processo, o terapeuta pode fazer uso de instrumentos diversos, como escalas,
questionários, entrevistas e etc. Entre as temáticas mais trabalhadas no programa de TP encontra-se a
técnica de Manejo de Contingência e o Treinamento de Habilidades sociais, assim como o processo
de psicoeducação parental.
A escolha das técnicas depende do quadro clínico em questão e dos objetivos do programa. E muitos
recursos encontram-se à disposição do terapeuta como estimulação de habilidades para a resolução do
problema, monitoramento de comportamento, manejo de ansiedade, estresse e entre outros.

TRABALHANDO COM AS CRIANÇAS

O trabalho do terapeuta começa antes da chegada do paciente, já na preparação da sala e na eleição


dos brinquedos, a sala deve contemplar alguns cuidados básicos, além de brinquedos variados que
possam auxiliar a criança em processo de expressão, processo de identificação, além de jogos
estruturados. Pode ser interessante também a presença de brinquedos ou textos para metáforas no
trabalho de reestruturação cognitiva. É fundamental que na primeira sessão com a criança, os pais
sejam orientados a explicar para ela por que ela está indo a um psicoterapeuta. É interessante incluir
toda família no problema modo a eliminar o aspecto punitivo do tratamento.

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