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Anna Freud e

Melanie Klein

Pioneiras na Psicanálise
com crianças
Contexto de surgimento da
Psicanálise de criança na
comunidade Psicanalítica

 Debate sobre a formação do analista e tentativas de


institucionalizar essa formação (EM TORNO DE 1920)
 Difusão da Psicanálise e a preocupação em torno de
modificações técnicas que vinham sendo propostas
(por exemplo, por Ferenczi) levam às discussões e
definições dos limites e possibilidades de expansão
da psicanálise
 Dispensa a obrigação de formação médica para os
psicanalistas de crianças
PIONEIRAS NA APLICAÇÃO DA
TÉCNICA DE FREUD ÀS CRIANÇAS

Hermine von Hug-Hellmuth


 Tornou-se membro da Sociedade
Psicanalítica de Viena em 1913
 Freud confiou-lhe a seção dedicada à
psicanálise de crianças na revista Imago
 Procurou levar teoria psicanalítica para
pais, mestres e educadores
 Em 1920, apresenta no Congresso
Internacional de Psicanálise um trabalho
com o título “Sobre a Técnica da 1871-1924
Psicanálise de Crianças”
PIONEIRAS NA APLICAÇÃO DA
TÉCNICA DE FREUD ÀS CRIANÇAS

 Hermine von Hug-Hellmuth


 Sugeria que a criança fosse atendida em casa para
amenizar a resistência dos pais
 Usava o jogo como forma de “preparar o terreno”;
“provocar reações”
 Criou e tratou seu próprio sobrinho, que veio a assassiná-la,
aos 18 anos, em 1924.
 “O Diário [de Grete Lainer] é uma pequena joia. Realmente acredito que jamais foi
possível obter uma visão tão nítida e verdadeira dos impulsos mentais que caracterizam o
desenvolvimento de uma jovem em nosso meio social e cultural durante os anos que
precedem a puberdade.” (carta de Freud a Hermine von Hug-Hellmuth).
PIONEIRAS NA APLICAÇÃO DA
TÉCNICA DE FREUD ÀS CRIANÇAS

 SOPHIE MORGENSTERN
 psiquiatra polonesa, que
atuou na França
 Ela descobriu que podia
substituir a associação livre
pelo desenho
 Método de análise baseado
sobretudo no desenho (substitui
as associações livres) 1875-1940
 Foi supervisora de Dolto
Nascimento da psicanálise
com crianças

 Pioneiras na abordagem direta com crianças pelo método


psicanalítico

Anna Freud

X
Melanie Klein
1895-1982 1882-1960
O debate entre Anna Freud
e Melanie Klein
 1927 ano que marca oposição das
ideias de Anna Freud e Melanie Klein
com a publicação de seus
respectivos textos O tratamento
psicanalítico de crianças e
Fundamentos psicológicos da análise
de crianças .
 Surgem duas escolas em psicanálise
de criança: kleinianos e
annafreudianos
Divisão da Sociedade
Britânica de Psicanálise

Seguidores
de Anna Grupo
Seguidores indepen-
Freud e
de dente
sua teoria
Psicologia Klein e suas
do Ego teorias Winnicott;
Bion
Sptiz
Hartman
M. Mahler
A técnica de análise de crianças

 ANNA FREUD em O tratamento psicanalítico de


crianças

transcrição de um ciclo de
conferências proferidas em
1926, no Instituto de
Psicanálise de Viena.
Psicanálise com crianças
segundo A. Freud
 Análise da criança ≠ Análise do adulto

 Há uma impossibilidade de se
estabelecer uma relação puramente
analítica com uma criança em função
da sua imaturidade e dependência do
meio ambiente

condição infantil
uma obstrução
para o processo
de análise
Psicanálise com crianças
segundo A. Freud
 Três requisitos necessários para o
desenvolvimento de uma análise
 (a) a consciência da doença,
 (b) a confiança na análise e no analista
 (c) a decisão interior de se analisar
Psicanálise com crianças segundo
A. Freud

 Criança não vai associar livremente como o


adulto (em função dos limites da capacidade
de verbalização e tendência a ação)
 Não estabelece neurose de transferência em
função de sua ligação com os pais da
realidade
 O fato da criança estar, na realidade, vinculada aos
pais é um obstáculo para o deslocamento de suas
relações afetivas com eles para o analista
Trabalho prévio de análise

 Conscientizar a criança de seu sofrimento e da


necessidade análise (produzir demanda de análise)
 “...fazer com que o pequeno paciente se tornasse
analisável como o adulto, isto é, induzindo uma
compreensão interna (insight) da perturbação,
transmitindo confiança no analista e transformando a
decisão de submeter-se à análise, de decisão alheia,
tomada por outros, em decisão própria, autônoma “ (A.
Freud, 1926, p.23).
Trabalho prévio de análise
 Estabelecimento da transferência positiva
 Estabelecer um vínculo forte e positivo com o paciente
para poder sustentar a análise que iria se desenvolver
posteriormente

 (...) provocar na criança uma forte vinculação a mim


mesma, e fazer com que esta vinculação se transformasse
numa relação de dependência real da minha pessoa.
Nunca me abalaria a um esforço desta natureza se
acreditasse que a análise de crianças pudesse ser levada
a efeito sem uma transferência positiva – como é
conhecida na terminologia analítica- é o pré-requisito para
qualquer trabalho posterior (A. Freud,1926 p.56)
Elementos técnicos utilizados por
Anna Freud

 Informações colhidas na família


 Interpretação dos sonhos
 Interpretação dos sonhos diurnos
 Interpretação de desenhos
 Associações verbais desde que mantida
uma situação de transferência positiva
 Análise da atividade lúdica - não
acredita que tenha o mesmo valor das
associações verbais
 elemento que favorece a relação criança -
analista
Anna Freud: analista como educador

 A imaturidade do superego infantil, justificaria o


papel pedagógico do analista.
 Caberia ao analista a tarefa de controlar, além de
decidir o que deve ser rejeitado, domado ou
satisfeito, exercendo assim, uma ação educativa.

dependente independente

superego

atuar Agir
pedagogicamente analiticamente
Posição do analista de crianças,
segundo A. Freud
O analista infantil deve levar em conta não
somente as questões internas do paciente como
também as forças externas que pressionam a
criança
O analista ocupa posição de autoridade que
devem ser respeitadas
“ o analista deve se colocar no lugar de Ego-ideal da
criança por toda duração da análise” (A. Freud, 1926,
p.76)
Modificações na técnica de A. Freud

 Em 1946, Anna Freud modificou sua técnica –


principalmente no que se refere à fase introdutória à
análise e quanto à idade das crianças para início de
tratamento, que foi reduzida do período de latência
para dois anos
 Desenvolve um extenso estudo sobre o ego – nesta
fase ela se mostra mais preocupada com a
normalidade das crianças
 Deixa bem claro sua metodologia terapêutica:
correção das anormalidades do ego e a recuperação
da sua integridade
O Ego e os Mecanismos de Defesa

 O foco da psicanálise não deveria


ser os conflitos do inconsciente,
mas sim a pesquisa do ego.
 Mecanismos de defesa do ego

 protege o ego da ansiedade 1936

repressão, negação, racionalização,


comportamento reacionário,
isolamento, projeção, regressão,
sublimação, deslocamento, etc.
Considerações Finais sobre
a clínica de A. Freud
 Crítica: Pedagogização do tratamento analítico
 o único papel possível ao analista de crianças seria
ensinar a criança “a conduzir-se perante sua vida
instintiva”, influenciá-la no sentido de controlar seus
impulsos já que o superego infantil ainda não alcançou
um “considerável grau de independência” das figuras
parentais (Freud, 1926)
 Trabalho egóico/pedagógico – analista tem uma
função pedagógica e dirige-se ao eu, a fim de
fortalecê-lo
Referências

 FREUD, Anna. Introdução à técnica da análise de crianças (1926,


parte I). In O tratamento psicanalítico de crianças. Rio de
Janeiro: Imago, 1971
 SILVA, A. C. V. (2012). As pioneiras na clínica com crianças
(cap.4 pp. 34-49) disponível em
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20759/20759_5.PDF
 STOPPEL DE GUELLER, Adela; SOUZA, Audrey Setton Lopes
de (Org.). Psicanálise com crianças: perspectivas teórico-
clínicas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo, 2008

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