Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da depressão
7. Bibliografia Pág.
35
1
bom seio como uma defesa. Mas, quando ela sente que o bom
objeto corre perigo dentro de si, projeta a pulsão de morte para o
seio externo, para se confrontar com um mau objeto externo, que
introjeta para controlá-lo. Deste modo, a criança foi construindo
no seu inconsciente um mundo interno de bons e maus objetos
com quem pode relacionar-se, na sua fantasia. O trabalho de Klein
é um desenvolvimento, não do elemento biológico da teoria das
pulsões de Freud, mas do elemento pessoal, de relações objetais
do seu conceito de super-Eu, resultante das relações
desenvolvidas entre a criança e os seus pais.
É interessante verificar que, tal como Hartmann descurou o
conceito de super-Eu e descreveu de forma muito impessoal o Eu,
também Klein permitiu que o conceito de Eu ficasse muito na
retaguarda, e proporcionou uma descrição do inconsciente (até
aqui descrito essencialmente em termos biológicos) com grande
enfâse nas relações objetais, baseando-se nos conceitos de
introjeção e de super-Eu.
Nesta altura, urgia um salvamento do Eu...e eis que surge
como resposta aos seus suplícios...Fairbairn, que desenvolve um
trabalho detalhado acerca deste assunto, que se evidencia em “A
Revised Theory of The Psychoses and Psychoneuroses”.
Os desenvolvimentos na filosofia da ciência são de extrema
importância na compreensão das implicações não só do conceito
original de realidade psíquica de Freud, mas também do
2. A existência psicossomática
à luz das relações objetais
preocupação e tristeza, pois teme que o objeto possa ser destruído pelos
seus sentimentos negativos de frustração, ódio e raiva. Estes
sentimentos e medos perturbadores constituem a posição depressiva.
As ansiedades da posição depressiva são duplas: por um lado
centram-se na preocupação para com o outro e por outro lado, na
preocupação para com o self. As ansiedades acerca do objeto de amor,
incluem a preocupação de que o objeto possa ser danificado ou até
mesmo destruído, durante os momentos de frustração e ódio. As
ansiedades acerca do self incluem fantasias relativamente à nossa vida
interior ou ao nosso interior, e preocupações de que os bons objetos
internos se possam perder devido aos nossos maus impulsos. No luto (e
nos bebés de Spitz, que padecem de depressão anaclítica), existe uma
perda real da pessoa amada, que no seu extremo, pode provocar
sentimentos de desesperança face às relações e aos contactos externos
em geral. O luto patológico é um exemplo desta situação. Na posição
depressiva, existe um reconhecimento de que a nossa própria raiva e
ódio podem fazer-nos perder o objeto amado e o sentimento de self
internamente bom.
Os sintomas hipocondríacos podem ser percebidos como
manifestações de ansiedades paranoides ou depressivas (Klein,
1935/1975). Os sintomas somáticos, que em fantasia representam
ataques de objetos perseguidores, são tipicamente paranoides (por
exemplo, sintomas que são geridos através da projeção, como os
atribuídos a feitiçaria ou ao diabo). Os sintomas somáticos, que derivam
5. Considerações desenvolvimentistas
acerca da somatização e da depressão
7. Bibliografia
Cardinal, M. (1983). The words to say it. Cambridge, MA: Van Vactor &
Goodheart.
Freud, S. (1961). The ego and the id. In J. Strachey (Ed. and Trans.), The
standard edition of the complete psychological works of Sigmund
Freud (Vol. 19, pp. 12-66). London: Hogarth Press.
Groddeck, G. (1949). The book of the It. New York: Vintage Books.
Nemiah, J. C., & Sifneos, P. E. (1970). Affect and fantasy in patients with
psychosomatic disorders. In O.
W. Hill (Ed.), Modern trends in psychosomatic medicine (Vol 2., pp. 26–
35). London: Butterworth.
Fim