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DA PSICANÁLISE
Sumário
MELAINIE KLEIN -------------------------------------------------------- 3
MELAINIE KLEIN
A PSICOGÊNESE DO EGO
O “seio mau”
De acordo com ele, uma mãe precisa estar apta, primeiramente, para
fazer com que o bebê se sinta onipotente. Isso significa que ela
precisa suprir as carências da criança, fazendo com que o bebê
acredite que ele mesmo produziu aquilo que precisava. Depois disso,
é necessário que a mãe passe a não atender de imediato as
necessidades do bebê, para que ele passe a lidar com certas
frustrações.
Tal processo de desilusão implica a existência de objetos
transicionais. Esse novo conceito é utilizado por Winnicott para
nomear o utensílio utilizado pela criança para ela conseguir superar
a separação de sua mãe.
Pode-se afirmar que esse recurso revela a passagem de uma
dependência absoluta da criança a uma dependência relativa.
Psicoses
Esta fase vai dos 6 meses aos 2 anos, e nela a dependência é relativa
porque a criança se conscientiza de sua sujeição (na primeira fase
ela não se vê separada, mas fundida à mãe), e tolera melhor as
falhas de adaptação da mãe, tirando proveito delas para se
desenvolver.
Isso porque a criança já percebe a existência de uma realidade
externa separada dela. Ela também já consegue se antecipar aos
acontecimentos e prever as ações de sua mãe.
Por seu lado, a mãe se desliga um pouco do estado intenso de
identificação e retoma outras coisas de sua vida, fazendo surgir as
“falhas de adaptação moderadas”, que a criança vive sem prejuízo
para sua evolução psíquica.
Mas isso não significa que a mãe esteja dispensada. A criança, por
exemplo, pensa estar relacionando-se com duas mães: uma é a mãe
dos momentos calmos, e a outra é a dos momentos de excitação em
que a agressividade está presente, principalmente nas refeições.
O bebê pode imaginar que a satisfação de sua fome acarreta a
deterioração do corpo da mãe. Isso agora lhe preocupa pois ele
reconhece que depende da mãe.Por isso, para evitar este sentimento,
é importante que ele perceba que se trata da mesma pessoa. É um
processo de integração das duas figuras maternas.
Para isso, é fundamental a presença da mãe suficientemente boa.
Ela deve sobreviver, e é a representação desta mãe e a crença em
sua existência que devem ser interiorizadas pela criança.
Ela então passa a perceber que, com sua agressividade, é a essa mãe
total e única que ela pode destruir (angústia depressiva). É daí que
advém então a culpa, pois a mesma mãe que ataca é a mãe que lhe
cuida (culpa depressiva).
É por esta angústia e culpa que a criança desenvolve atividades de
reparação e restauração, sob a forma de presentes e gestos de
ternura. Isso, repetindo, só pode ocorrer se tiver uma mãe
suficientemente boa. Com isso, a criança continua em sua evolução
psíquica.
Então, é nesta fase, por volta do segundo semestre de vida, que
depois de ter passado por uma fase de ilusão de onipotência onde cria
os objetos de suas necessidades, a criança vai descobrindo que ela e
sua mãe são separadas e que ela depende da mãe para suas
necessidades.
É uma fase de desilusão onde a criança desenvolve atividades como
levar os dedos ou algum objeto à boca, como a ponta de um lençol ou
fralda; começa a puxar fiapos de lã e fazer bolotas com que se
acaricia; sons bucais diversos, etc.
Estas atividades têm algo em comum: elas surgem em momentos em
que poderia surgir a angústia (separação da mãe, hora de
dormir).São atividades que Winnicott chama de fenômenos
transicionais, e quando envolverem um objeto este será chamado de
objeto transicional. São “transicionais” porque ocupam um espaço
intermediário entre a realidade interna e a externa, com a função de
amortecer o choque da conscientização de uma realidade externa.
Então, trata-se da existência de um espaço transicional onde
ocorrem fenômenos transicionais que podem, ou não, envolver um
objeto transicional. Quando se trata de um “objeto”, ele sempre
representa a mãe dos momentos tranquilos. É um momento em que o
bebê passa da situação de controle pela onipotência para a de
controle pela manipulação, ainda anterior ao reconhecimento da
realidade externa enquanto tal. Esse espaço transicional persiste ao
longo de toda a vida. Ele será ocupado por atividades lúdicas e
criativas extremamente variadas e terá por função aliviar o ser
humano da constante tensão suscitada pelo relacionamento da
realidade de dentro com a realidade de fora.
Para Winnicott, o aparecimento deste espaço é sinal de que a mãe da
primeira fase foi suficientemente boa.Mas mesmo aí se pode detectar
uma psicopatologia quando, por exemplo, a mãe se ausenta por um
tempo que ultrapassa a capacidade da criança mantê-la viva em sua
lembrança, podendo ocorrer um desinvestimento do objeto.
Os diferentes distúrbios psíquicos ligados ao sentimento de falta de
sobrevivência da mãe podem ser agrupados sob o termo “doenças da
pulsão agressiva” (tendência antissocial, hipocondria, paranoia,
psicose maníaco-depressiva, algumas formas de depressão).
Para o tratamento, Winnicott chama a atenção para o fato de que a
análise vai cuidar de acontecimentos ligados ao embate entre
agressividade e a libido, entre o ódio e o amor, num momento em que
a criança se preocupa com as consequências de seu ódio e sente
culpa por ele.
Assim, o que vai importar é a sobrevivência do analista e que ele
sustente a situação analítica, não fazendo represálias ao ódio
expresso ou atuado pelo paciente. Assim,o ambiente constitui o
esteio indispensável em que o ser humano se apoia para construir as
bases de sua personalidade.
A partir dessa perspectiva desenvolvimentista, é fácil imaginar que
o ambiente continua a exercer influência na criança que cresce, no
adolescente e até no adulto. Se essa influência descreve uma curva
decrescente, ela nunca para por completo.
Por fim, uma última palavra. Winnicott achava que Freud tinha dito
tudo o que havia para dizer no campo das neuroses, e sua técnica
terapêutica estava adaptada aos neuróticos. Ele não via o que
acrescentar nesse campo, daí voltou-se para os recém-nascidos e
seus distúrbios. É certo que já havia as contribuições de Melanie
Klein, mas em vários aspectos ele rompia com ela, principalmente
quanto à importância da influência do ambiente. Foi assim que
Winnicott passou dos conflitos “intrapsíquicos” para o estudo dos
conflitos “interpsíquicos”, ou seja, para o estudo das distorções
psíquicas provocadas por um ambiente patogênico.
Daí a necessidade de uma nova terapêutica para estes casos em que
o ambiente fracassara na adaptação às suas necessidades.
A questão do diagnóstico
O ensino de casoswinnicottianos