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INTRODUÇÃO AS OBRAS DE MELANIE KLEIN

Psicologia 3 Semestre/ Noite


Docente: Meury Gardênia

Discentes: Elenice Julião, Nara Nayane


Gonçalves Pereira, Samira Rita Silva, Tainá Brito

Introdução: Melanie Klein, nascida em Viana em 1882, uma das figuras psicanalíticas mais
influentes do século passado; Suas inovações no campo da psicanálise infantil são
extremamente significativas. Klein foi um psicanalista notavelmente única e importante que
influenciou vários aspectos do campo, como o conceito amplamente utilizado e respeitado da
posição esquizo-paranóide e depressiva e a teoria das relações objetais, a importância do jogo
na análise e mais enemas. Klein produziu obras fundamentais sobre o desenvolvimento
infantil com suas principais obras, como: A Psicanálise das Crianças e A Psicanálise das
Crianças e do Inconsciente, que são essenciais para qualquer psicólogo da área e nas práticas
clínicas atuais. Ainda têm grande impacto na compreensão do desenvolvimento psíquico e
clínico da criança.
A teoria psicanalítica de Melanie Klein parte de três pilares fundamentais: identificação do
mundo interno e externo, medo de aniquilamento e ansiedade depressiva infantil. Neste
resumo, iremos explorar a introdução da obra de Klein, analisando sua visão sobre a
relevância das primeiras interações na formação do indivíduo e as dinâmicas da mente
infantil.
O documento estudado é o artigo "Ainda interpretamos crianças à maneira de Melanie
Klein?". Neste artigo, Melanie discute como as primeiras relações do indivíduo com os
cuidadores primários, como a mãe, desempenham um papel importante na formação de sua
personalidade e na maneira como ele introduz o mundo ao seu redor.
Os objetivos deste resumo são explorar as principais ideias de Melanie Klein em relação à
importância das relações primárias na infância, analisar a influência dessas relações no
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desenvolvimento do indivíduo e destacar como essas ideias impactaram a teoria psicanalítica.
Além disso, discutir a importância desses conceitos para o entendimento da mente infantil e
para o campo da psicologia

Desenvolvimento: Melanie Klein foi a grande precursora da psicanálise com crianças.


Vienense, mãe e com um casamento infeliz, buscou a psicanálise para aliviar o seu próprio
sofrimento oriundo de um projeto de vida frustrado e de uma carreira profissional interrompida
quando pequena, tinha o sonho de se tornar médica, mas o matrimônio precoce não possibilitou
que ela ingressasse em uma formação universitária. Iniciou sua análise pessoal com Sándor
Ferenczi psicanalista húngaro e talentoso discípulo e amigo do próprio Sigmund Freud. Por
incentivo de Ferenczi que percebe o talento e a sensibilidade de sua paciente para lidar com
crianças, Melanie Klein inicia o processo analítico de um de seus filhos, publicando, com base
em suas observações clínicas, um artigo que lhe garantiu o seu ingresso para a Sociedade
Psicanalítica de Budapeste. Com o seu analista, Klein aprendeu uma nova modalidade de
escuta: primeiro, dirigir a atenção às “forças produtoras do conflito e da dor, para, apenas num
segundo momento, discernir o caminho de desconstrução das defesas, dos modos de ser no
mundo que estariam impedindo, mutilando e inibindo a livre manifestação da vida psíquica”
(Cintra & Ribeiro, 2018, p. 28). Klein construiu todas as bases de sustentação de sua obra a
partir de seu exercício clínico. Sem qualquer título acadêmico, esta autora foi capaz de inovar
alguns aspectos centrais do arcabouço freudiano, abrindo a possibilidade para o atendimento de
pacientes psicóticos e borderlines. Julia Kristeva escreve a respeito disso em seu livro dedicado
à nossa autora: Desde a sua primeira comunicação, “O desenvolvimento de uma criança”
(1921), a analista opera uma virada, uma reviravolta, sem dúvida já interna ao pensamento
freudiano, mas que ela aprofunda com cuidado. Tendo começado por afirmar que o recalque
imposto pela educação reprime a sexualidade infantil e ocasiona a inibição do pensamento, ela
recomenda uma participação da psicanálise na educação de todas as crianças, a começar pelas
mais jovens, e até daquelas que não apresentam aparentemente nenhum problema de
comportamento ou de pensamento.

O que aproxima Melanie Klein da análise de crianças é justamente o seu contato com as
questões que delineiam o processo de aprendizagem e que estão, inevitavelmente, relacionadas
ao contexto escolar. Klein, desde o início, se preocupou em investigar o motivo real das crianças
não aprenderem ou demonstrarem inibições de aprendizagem frente à determinadas situações.

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Foi a partir daí que a autora iniciou o seu trabalho de pesquisa clínico e teórico. Para ela, forças
inconscientes, atravessadas por uma intensa angústia, paralisavam a capacidade da criança de
assimilar o mundo externo e expandir o seu potencial cognitivo. O inconsciente da criança nos
coloca diante de um outro saber, saber enigmático próprio da fantasia e que se mantém rebelde
ao “esclarecimento”, que não quer conhecer o mundo real no sentido da aprendizagem e da
adaptação à realidade. Um saber que resiste ao conhecimento. Klein irá defender a premissa da
existência de um ego precoce que desde o início se relaciona com o objeto externo – a mãe.
Para ela, desde os primórdios da vida o psiquismo já se encontra em plena atividade, através de
mecanismos de projeção e introjeção. Logo, o mundo interno da criança será sentido de acordo
com a quantidade de projeções realizadas por ela em direção ao ambiente que a envolve. Klein
acredita que o bebê, assim que vem ao mundo, é assolado por uma intensidade pulsional
destrutiva derivada da pulsão de morte. Portanto, assim como Freud, Klein também defende a
hipótese do inatismo da pulsão de morte. Deste modo, o bebê que é invadido por essa força
pulsional, defende-se cindindo o seu ego imaturo e lançando essas partes clivadas más ao meio
externo. Nesse sentido, os cuidados da mãe e as vivências boas precisam ocorrer de modo
satisfatório a fim de mitigar a intensidade da pulsão destrutiva. O mundo externo, na visão
kleiniana, nunca estará livre de ser tingido pelas fantasias e impulsos inconscientes internos.
Através da técnica do brincar, Melanie Klein descobriu que a maior parte dessas fantasias
inconscientes se manifestavam durante a atividade lúdica das crianças. Por isso, costumamos
dizer que o brincar estava para Klein, tal como o sonho estava para Freud. Ao analisar o seu
primeiro paciente, o seu filho Erich de quatro anos, Klein observou várias questões cruciais que
surgiram no desenvolvimento emocional e psicológico dele. Ela mudou o nome de seu filho de
Erich para Fritz para preservar sua identidade. Ela descreveu como ele manifestava uma ampla
gama de emoções e comportamentos, incluindo medo, agressão, ansiedade e fantasias sexuais.
Ela observou que, mesmo em uma idade tão jovem, "Fritz" exibia uma rica vida fantasmagórica,
expressa principalmente através de suas brincadeiras. Ela interpretou suas brincadeiras como
representações simbólicas de seus conflitos internos e desejos inconscientes. Um aspecto
fundamental do caso foi a relação de "Fritz" com sua mãe. Klein notou como ele alternava entre
sentimentos de amor e hostilidade em relação a ela. Ela interpretou esses sentimentos como
uma expressão dos conflitos edípicos típicos do desenvolvimento infantil. Além disso, Klein
percebeu como "Fritz" expressava fantasias relacionadas à morte e à castração, refletindo sua

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ansiedade em relação a esses temas. Ela interpretou essas fantasias como expressões da pulsão
destrutiva inata presente na psique infantil.

Ao longo da análise, Klein trabalhou para ajudar "Fritz" a elaborar essas fantasias e a lidar
com seus sentimentos de ansiedade e hostilidade. Ela utilizou técnicas terapêuticas específicas,
como a interpretação das brincadeiras, para explorar o mundo emocional e psíquico de "Fritz"
e facilitar seu desenvolvimento emocional saudável. Ela vive com Erich, em seu lugar, as
tensões advindas do conflito entre desejo e recalque, narra suas angústias, lhe dá vocábulos,
criando uma espécie de enredo e narrativa que se engendram e sustentam o espaço da análise.
“Sem impor um sentido esclarecedor, sua palavra permite que as fantasias infantis se digam
como sainetes, fábulas restituídas ao adulto numa troca lúdica, ao mesmo tempo cúmplice e
distante” .Neste sentido, a criança kleiniana possui medo, angústias e ansiedades que esmagam
o seu potencial criativo e, quando não elaborados, resultam em adoecimentos das mais variadas
instâncias (como inibições, neuroses obsessivas e até psicoses).

O caso de "Fritz" foi fundamental para o desenvolvimento das teorias de Melanie Klein sobre
a psicanálise infantil. Ele proporcionou uma compreensão profunda do mundo psíquico das
crianças e influenciou significativamente o campo da psicanálise infantil.

Reflexão: Melanie Klein à psicanálise. Partindo da psicanálise clássica, Klein desenvolveu


alguns conceitos de Freud (fantasia, mundo interno, complexo de Édipo, entre outros) e
elaborou outros conceitos originais (o conceito de posição, as ideias sobre as etapas mais
primitivas do desenvolvimento, os mecanismos e as defesas utilizadas nas fases iniciais do
desenvolvimento). A partir da apresentação das contribuições teóricas, são mencionadas
também algumas importantes implicações das ideias kleinianas na técnica e na prática clínica
da psicanálise, tal como concebida e preconizada por Melanie Klein e seus seguidores.

Sua contribuição foi muito importante para a psicanálise com crianças tornando possível a
aplicação do método psicanalítico ao tratamento de crianças e pacientes psicóticos. Melanie
Klein apostava no brincar como correlativo a regra fundamental da psicanálise, a associação

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livre, para as crianças considerava a capacidade emocional como a base da vida psíquica, como
o que lhe dá significado e que existe e acontece tanto no consciente como no inconsciente.

Também é importante recordar aqui que as contribuições de Melanie Klein à psicanálise se


desenvolveram a partir de alguns dos textos mais tardios de Freud, como "Além do Princípio
do Prazer" (1920), "O Ego e o Id" (1923) e "Inibição, Sintoma e Angústia" (1926)

Considerações Finais: Para esclarecer as considerações finais deste trabalho, retratamos a


importância das obras de Melanie Klein para a psicanálise. Destacando os aspectos biográficos,
contexto histórico, aspectos centrais da obra e as contribuições conceituais do autor .Melanie
Klein enfatiza que toda a sua contribuição para a teoria psicanalítica deriva da importância do
brincar, no qual as crianças representam simbolicamente suas fantasias, desejos e experiências.
Para Melanie Klein, a interpretação só é possível quando a criança expressa o mesmo material
psíquico em diferentes versões, acompanhadas por um sentimento de culpa manifesto ou
angústia, permitindo esclarecimentos sobre certos encadeamentos ou materiais.

Concluímos que a pesquisa e escrita deste trabalho foram fundamentais para atingir os
objetivos propostos inicialmente. Ao explorarmos as principais obras dessa autora, pudemos
compreender melhor seu papel como psicanalista e o desenvolvimento de seu trabalho ao longo
da vida. É importante reconhecer o legado e as realizações de figuras tão influentes como
Melanie Klein, pois suas contribuições continuam a impactar o campo da psicanálise até os dias
atuais.

Referências
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952007000100004
Flávio José de Lima Neves
Psicólogo. Psiquiatra e psicanalista.. Membro do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais –
CPMG.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952007000100004
GOMES, Nívea de Fátima; FRANCA, Cassandra Pereira. Ainda interpretamos crianças à
maneira de Melanie Klein?. Estilos clin., São Paulo , v. 17, n. 2, p. 290-305, dez. 2012
. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282012000200008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 01 abr. 2024.
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ALMEIDA, Alexandre Patricio de. Melanie Klein e o processo de formação dos símbolos:
revisitando o caso Dick. Estilos clin., São Paulo , v. 25, n. 3, p. 552-567, dez. 2020
. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282020000300014&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 02 abr. 2024. http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i3p552-567.
NASIO, J.-d. Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto,
Lacan. Rio de janeiro: Zahar, 1995. ISBN 978-85-7110-3

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