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A CAIXA LÚDICA
DIGANÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

POR JOSSANDRA BARBOSA


Psicopedagoga/Neuropsicopedagoga
A CAIXA LÚDICA NO PROCESSO COMO
RECURSO PSICOPEDAGOGICO

O uso do lúdico como recurso


terapêutico foi primeiramente usado pelas
psicanalíticas infantis m. Klein (1882-
1960) e Anna Freud(1895—
1982) filha de Sigmund Freud que
introduziram o simbolismo do inconsciente
do jogo como ferramenta terapêutica. Entretanto Jean Piaget
já se utilizava do jogo em suas pesquisas sobre o
desenvolvimento infantil, mas foi o psicanalista Winnicott(
discípulo de m. Klein) que abordou o jogo como um recurso
integrante do ato de aprender( Weiss, 1997), este afirmou
que “brincar é algo além de imaginar e desejar, brincar é o
fazer”.( wikipédia)

Em 1986 Sara Pain introduziu esta técnica na


psicopedagogia e em 1990 Alícia Fernandez contextualizou e
reorganizou a técnica.(Weiss 1997).
Chamat sugere que a sessão lúdica ou hora do
jogo (ambas são a mesma avaliação) seja feita com crianças
de até 9 anos, já a Weiss sugere que a idade seja até os sete
anos, acima disto seja usados outros tipos de jogos, como os
de regras por exemplo.
Em seu livro psicopedagogia clinica, Weiss, traz a
proposta de acrescentar a sessão lúdica mais aspectos que
auxiliasse o terapeuta na construção de sua forma própria de
agir, mostrando que os objetivos da sessão lúdica como
avaliação (já que esta também pode ser usada na
intervenção ) devem ser de provocação a fim de que se possa
“revelar como quer ou pode brincar naquelas situação”
mostrando então frustração, recusas, desafios, resistências,
aspectos afetivos e vínculos com a aprendizagem. (weiss,
1997)
A hora do jogo de acordo com Chamat ( 2004) trata-se
de uma atividade lúdica que inclui três aspectos de função
semiótica.[1] dividido em três partes: o jogo a imitação e a
linguagem.

A hora do jogo tem como objetivos:


1. Verificar na criança a inter-relação que ela estabelece com o
desconhecido e o tipo de obstáculo que emerge dessa relação;
(Chamat, 2004)
2. Possibilitar uma leitura dos aspectos relacionados à função
semiótica da criança, por meio de símbolos e verificar o nível
dos processos acomodativo e assimilativos; (Chamat, 2004)
3. Fazer uma leitura dos conteúdos manifestados pela criança
em relação aos aspetos afetivo-emocionais, relacionando-os
com a aprendizagem, (Chamat, 2004)

Weiss, ainda propõe que a EOCA- entrevista operativa


centrada na aprendizagem- Jorge Visca ) , e a caixa
lúdica podem ser usadas juntas e que os jogos podem ser
adaptados de acordo com a faixa etária da criança mostrando
que em sua experiência foi possível obter resultados mais
satisfatórios e economia de tempo de sessão. Contudo indico
não sejam feitas juntas mas intercaladas na mesma sessão. O
psicopedagogo pode dividir a sessão em duas partes, primeiro
faça a sessão lúdica e depois a EOCA.
Deve-se ficar claro que os objetivos da EOCA é diferente.
É uma entrevista onde o aprendente é levado direto para
escrita, material didático e

A hora do jogo pode ser dividia em três momentos que o


terapeuta deve estar atento para fazer as devidas analises:
O enquadramento, a observação e a avaliação ( weiss,1997)
O enquadramento consiste em como o terapeuta foi colocar
o sujeito na sessão, inclui a sala, o tempo, o material.o papel
do terapeuta é mais direta e participativo. Já durante a
observação o terapeuta vai observar os caminhos que o sujeito
percorre para mostrar seu cognitivo e suas relações
vinculares.
Aqui o terapeuta é um sujeito não ativo, só observa o modo
de brincar, como o sujeito brinca, como escolhe os materiais,
como ele estrutura a brincadeira, se faz cálculos,
estimulação, antecipação, se faz brincadeiras criativas, se faz
distinção dos brinquedos, se repete situações convencionais,
se permanece concentrada, e separar, corta, une,
constrói,reconstrói, junta, separa, se socializa, se representa
vários papeis, se resolve situações problemáticas, se
movimenta bem o corpo,se pede ajuda do terapeuta e muitos
outros aspectos.
De acordo com a Chamat (citando sara pain ) a sessão
lúdica é divida em : inventário, a organização e a
integração.
Primeiro a criança classifica os materiais, observando-os
ou manipulando fazendo suas escolhas. Então ela começa
a organização, onde ela utiliza o que escolheu de forma
simbólica por fim a integração onde a aprendizagem
realmente acontece.

Eu amo psicopedagogia!!!!
Como fazer sua caixa lúdica:
A caixa lúdica pode ser de madeira, papelão ou plástica:
A) caixa de madeira:
A caixa ludica mede 40 cm x 50 cm x 60 cm, é um baú
Materiais a ser comprados para colocar dentro da caixa:
 material de eoca -dentro de uma caixa menor pra colocar
dentro da caixa maior:
Apontador, aquarela para pintura, avião, bacia, bebê, bola,
bola de gude, borracha, caixa de giz de cera, caixa de lápis de
cor, lápis preto, massa de modelar, moto, papel kraft (1
metro), papel sulfite (5 amarelo, 5 rosa, 5 azul e 5 branco),
peão, pega vareta, perfex, quebra cabeça, retalhos, telefone,
tesoura, tubo de cola.
 brinquedos:
Carrinho, carrinhos de formula 1, carrinhos miniatura,
carrinhos pequenos, conjunto de cozinha, dinheiro de
brinquedo, dominó, espada, família terapêutica, ferro de
passar roupas, ioiô, jogo de futebol de botão (2 times), jogo de
pinos para montagem, jogo do mico, kit dama / trilha, kit
fazendinha, jogo das letras, jogo dos números, jogo de cores e
jogo de formas.
O uso da caixa plástica:
Durante muito tempo a orientação para a confecção da caixa
lúdica é que fosse uma caixa de papel ou de madeira fechada.
Entretanto atualmente muitos preferem a caixa plástica.

Amo ser psicopedagoga!!!


As caixas de papelão e de madeira trazem muitos
inconvenientes. A de papel amassa com o tempo, os enfeites
não podem ser trocados e na medida que vão sendo usadas
vão ficando amassadas e podem rasgar se transportadas em
transportes coletivos ou até mesmo de um local para outro
dentro do seu espaço psicopedagógico. Tanto as caixas e
papelão quanto de madeira podem acumular traças, baratas,
cupins e outros insetos que podem danificar os materiais
pedagógicos e brinquedos. Outro
problema destes materiais é que não
podem ser lavados e podem acumular
ácaro (poeira) o que pode provocar crises
de rinite, tosse e espirros nos pacientes ou
no próprio terapeuta.
Dessa forma a caixa plástica se apresenta
como uma excelente opção , pois pode
ser lavada, desinfetada com álcool e
redecorada com adesivos sempre que
necessitar.
Os críticos da caixa plástica que devem ser evitadas as
transparentes para que dificulte a visualização dos objetos de
dentro. Para que seja um a surpresa para criança ao abrir,
contudo acreditamos que a curiosidade e o entusiasmos da
criança ao ser convidada para usar uma caixa lúdica nunca
será abalada pelo material usado para a confecção da caixa.
Como usar a caixa:
A caixa deve ser apresentada a criança onde o terapeuta vai
lançar a consigna mostrando que a criança pode usar o que
quiser da caixa e ele ficará só observando. Também deve
explicar que terá um tempo estipulado e que ele avisará
quando acabar.
Resumo:
 consigna:aqui está uma caixa com muitas coisas e você
pode brincar com tudo o que quiser , enquanto isso eu vou
observar o que você está fazendo, quando terminar o tempo
eu te aviso.
 duração : 50 minutos
 desenvolvimento:
1. Inventário- classificação dos materiais pela criança
(manipulando ou olhando);
2. Organização – a utilização do material pela criança.
3. Integração – joga, brinca de verdade e o mostra o seu
conhecimento.

Modelo de avaliação do jogo


Aspectos Açãodo sujeito Possiveis causas
Inventário
Organização
Função semiotica
Processos
assimilativos
Modelagens de
aprendizagens
Hipoteses
Delineamento da
investigação
Referencias:
Chamat, leila sara josé. Técnicas de diagnóstico
psicopedagógico: o diagnóstico clinico na abordagem
integracionista. Editora vetor:1 ed.sãopaulo, 2004.

Weiss, lucia l. Psicopedagogia clinica: uma visão diagnostica


dos problemas de aprendizagem escolar. 5 ed. Editora dp&a.
Rio de janeiro, 1997.
Estudo de caso: usando EOCA
e caixa ludica
Avaliação realizada pela psicopedagoga Jossandra Barbosa.o
nome da criança foi alterado para preserva sua identidade.

Luiza tem 10 anos, faz o quinto ano do ensino fundamental,


em uma escola pública. Foi encaminhada para a avaliação
psicopedagógica por apresentar dificuldades na leitura, na
escrita e nas operações matemática e por possuir um
rendimento acadêmico insuficiente para sua aprovação. A
queixa principal da escola foi a não aprendizagem de luiza. A
queixa da mãe foi o nível da escola e greves. O objetivo da
consulta avaliar Luiza e ver se a mesma tem capacidade de ir
para uma escola particular. (objetivo da mãe)
A sessão de eoca e a hora do jogo foram realizadas
separadamente, mas serão aqui interpretadas em conjunto para
uma avaliação completa dos resultados atingidos com esta
avaliação.
A partir das informações coletadas com os instrumentos de
avaliação psicopedagógica e das observações tidas durante as
sessões chegamos a seguinte síntese diagnóstica a respeito de
Luiza.

a) aspectos cognitivos
 Luiza apresentou uma estrutura do pensamento bem
organizada, mostrando inciativa, criatividade, organização e
disposição para realizar todas as atividades. Planejou suas
criações, executou e realizou com perfeição e entusiasmos
durante os testes da hora do jogo e EOCA.
 mostrou ter domínio de todas as atividades propostas com
atenção e antecipação dos resultados.
 sua modalidade de aprendizagem é predominante
hipoacomodativa;
 sua capacidade de antecipação seqüência lógica foram
observados em vários momentos dos testes e satisfatoriamente
respondidos; e
 luiza não apresentou dificuldades de concentração e
memorização.

b) aspectos pedagógicos
 Luiza encontrou dificuldades de leitura, com troca e omissão
de letras durante a leitura, demonstrou o não conhecimento
de sílabas complexas e dígrafos, em especial os dígrafos nh,ch
e lh.
 seus desenhos apresentaram resultados excelentes. A
coordenação motora fina apresenta bons resultados, a letra é
legível e organizada. O traçado das letras e desenhos é firme e
contínuo. Os desenhos são bem criativos, pintados dentro da
área limitada e bem articulados;

b) aspectos afetivos-sociais
A) durante a eoca(entrevista operativa centrada na
aprendizagem e na entrevista com o sujeito) :
 a criança revelou aspectos de conflitos familiares. Mostrando
ressentimentos por acontecimentos passados e insatisfação
com situações presentes.
 também foram revelados que os vínculos com o objeto do
conhecimento está quebrado, se negando a fazer atividades
relacionadas diretamente com a aprendizagem.
B) durante a “hora do jogo” :
 a criança teve iniciativa para realizar a atividade, mas se
limitou a brincar com os objetos do kit casinha em miniaturas
e com as bonecas, explorou a caixa por diversas vezes,
voltando sempre para a mesma brincadeira; não se arriscou
em novas atividades mostrando recusa a desafios e propostas
e total rejeição aos materiais didáticos da caixa.
 durante o ato de brincar a criança revelou que possui uma
estrutura familiar composta por mãe, pai e irmã que vive num
mesmo núcleo familiar mostrando quebra de vínculo afetivo
inesperado com a mãe que podem ter ocasionado recalques e
frustrações em relação a sua maturidade, negando seu
crescimento e evolução como indivíduo.
 a criança tem dificuldades de aceitação de regras e limites,
entretanto entende a necessidade delas existirem. Reage com
agressividade quando contrariada, mostrando instabilidade
emocional e descontrole quando não é atendida.
 luiza apresenta excelente articulação da linguagem, sabe se
expressar e tem atitudes de liderança e autonomia;

c) aspectos corporais e sensoriais
 não houve presença de nenhuma anormalidade sensorial que
afete a aprendizagem (visão e audição);
 não há alteração na linguagem falada ou corporal
,apresentando fluência na fala.
 desenvolvimento psicomotor satisfatório para a idade
cronológica de luiza, brinca, pula, agacha, corre, anda, levanta
e abaixa braços, ou seja, faz todos os movimentos
psicomotores com precisão.

síntese dos resultados da eoca e hora do jogo


diante das análises dos testes, entrevistas e atividades
propostos nas sessões concluímos que luiza demonstra que a
criança apresenta dificuldades de aprendizagem com relação a
leitura e conseqüentemente, a escrita por questões emocionais
e vinculares entre o sujeito da aprendizagem e o objeto do
conhecimento podendo ser um transtorno de aprendizagem
especifico da leitura e da escrita, como a dislexia e
entendemos que há a necessidade da continuidade da
avaliação psicopedagógica com testes específicos para
dislexia e as provas operatórias para avaliar o nível cognitivo
de luiza e comprovar a presença de um transtorno.
Não colocarei aqui conclusões, nem prognóstico e orientações
porque não citarei todas as provas de avaliação feita com a
criança. Posteriormente poderei fazer uma postagem com
todas as etapas deste caso e sua conclusão.
As informações contidas neste caso são verdadeiras e só
podem ser usado para estudos científicos.

[1] função semiótica é função responsável pela internalização de


significantes e significados. ( chamat, 2004, pag.99). Capacidade que o

indivíduo tem de gerar imagens mentais de objetos ou ações.( glossário


de termos piagetianos).
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