O documento discute a importância da brincadeira e do jogo no desenvolvimento infantil e no processo de diagnóstico e tratamento psicopedagógico. A brincadeira permite que a criança represente seu mundo interno e processos inconscientes, fornecendo subsídios para o diagnóstico de possíveis problemas de aprendizagem. A "hora do jogo" é uma ferramenta valiosa que permite ao psicopedagogo observar a simbolização e relações estabelecidas pela criança no contexto lúdico.
Descrição original:
ARTIGO A HORA DO JOGO
Título original
Artigo a Hora Do Jogo e a Representação Do Mundo Interno Do Sujeito
O documento discute a importância da brincadeira e do jogo no desenvolvimento infantil e no processo de diagnóstico e tratamento psicopedagógico. A brincadeira permite que a criança represente seu mundo interno e processos inconscientes, fornecendo subsídios para o diagnóstico de possíveis problemas de aprendizagem. A "hora do jogo" é uma ferramenta valiosa que permite ao psicopedagogo observar a simbolização e relações estabelecidas pela criança no contexto lúdico.
O documento discute a importância da brincadeira e do jogo no desenvolvimento infantil e no processo de diagnóstico e tratamento psicopedagógico. A brincadeira permite que a criança represente seu mundo interno e processos inconscientes, fornecendo subsídios para o diagnóstico de possíveis problemas de aprendizagem. A "hora do jogo" é uma ferramenta valiosa que permite ao psicopedagogo observar a simbolização e relações estabelecidas pela criança no contexto lúdico.
REPRESENTAO DO MUNDO INTERNO DO SUJEITO ARTIGO POR MARJORIE CALUMBY GOMES DE ALMEIDA - QUINTA-FEIRA, 22 DE MARO DE 2012 TAMANHO DO TEXTO: AA
A hora do jogo e a representao do mundo interno do sujeito
Este artigo tem como propsito discutir alguns aspectos fundamentais na
estruturao do processo psicopedaggico tendo em vista a construo do conhecimento e do saber por parte do sujeito atravs do uso de brinquedos e jogos. Bem como a importncia do ldico no desenvolvimento do trabalho psicopedaggico clnico, por meio da modalidade do brincar em que se constitui uma ferramenta para o diagnstico psicopedaggico. Aprofundando, assim, os conhecimentos sobre a ludicidade na hora do jogo e a sua contribuio no tratamento psicopedaggico. Visando forma como a criana aprende: assimilando, acomodando e o equilbrio/desequilbrio nessa relao. A atividade ldica fornece ao psicopedagogo subsdios sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento num nvel representativo. Por isso, no diagnstico do problema de aprendizagem na infncia, a observao do jogo do paciente considerada de grande interesse. (Pan, 1985, p.51). Por meio da hora do jogo pode-se analisar a modalidade de aprendizagem do sujeito, de onde tambm estaro envolvidos aspectos conscientes e inconscientes da relao de aprendizagem. O brinquedo um instrumento de significados que tem em sua particularidade o prazer da descoberta e o desvelar de novos sonhos; A hora do jogo um instrumento de grande valor em um atendimento psicopedaggico, pois propicia suporte, tanto a nvel diagnstico como teraputico. Por meio da ao do brincar, a criana estabelece um espao de experimentao. Nas atividades ldicas, esta, aprende a lidar com o mundo real, ampliando suas potencialidades, incorporando valores, conceitos e contedos. A hora do jogo representa uma importante ferramenta de observao sobre a simbolizao e as relaes que o sujeito estabelece com o jogo. Permitindo, ao terapeuta, a formulao de hipteses a serem ratificadas, ou no, posteriormente. Esse processo encontra-se baseado na psicanlise, mais especificamente nos princpios da associao livre (Freud, 1900). O desejo de saber faz um par dialtico com o desejo de no-saber. O jogo do
saber-no saber, conhecer-desconhecer e suas diferentes articulaes,
circulaes e mobilidades, prprias de todo ser humano ou seus particulares ns e travas presentes no sintoma, o que ns tratamos de decifrar no diagnstico (Fernandez, 1991: 39). As brincadeiras como interveno psicopedaggica, iro auxiliar a formao de processos interiores da criana podendo ser priorizado a forma mais apropriada situao de aprendizagem e re-significao de vnculos. Perante o conflito dirigido pelo psicopedagogo atravs do jogo (simblico), a criana descobrir a possibilidade de re-elaborar seus conflitos interiores bem como assimilar limites e regras o que refletir de modo satisfatrio em sua integrao social bem como no processo de aprendizagem fazendo com que este indivduo seja transportado da modalidade estigmatizada - hiper/hipo assimilativa, hiper/hipo acomodativa Andrade (2002) para uma modalidade mais normal, fluitiva. (assimilao e acomodao). A criana demonstra atravs de suas brincadeiras, quais so suas fantasias inconscientes de patologia e de cura. Provocando a brincadeira e observado o brincar da criana, o Psicopedagogo poder atingir o diagnstico e tratar a criana visto que, o jogo, a brincadeira contribui para um crescimento sadio e uma vida adulta mais satisfatria. A modalidade do brincar um indicativo para o diagnstico psicopedaggico, um denunciador de patologias. Visto que, sabida a existncia de muitos adultos que no puderam elaborar situaes traumticas e dolorosas foram crianas visivelmente normais que no haviam brincado. O aparecimento e o desaparecimento de um modo de brincar est relacionado maturao e ao desenvolvimento da criana. (Bossa, 1994: 15). Atravs da formao e utilizao das diversas manifestaes simblicas do brincar/jogar como: linguagem, imagem mental, brincadeira simblica, desenho representativo, imitao de um modelo, a fabulao ldica, etc., a criana adquire condies de ir percebendo-se como criadora de sua prpria histria de vida de modo ativo e interativo, tomando conscincia das suas aes, passando a aceitar as explicaes dos adultos e reestruturando suas hipteses. Segundo Freud - o pai da psicanlise - o jogo, a brincadeira, so os melhores representantes psquicos dos processos interiores da criana. Atravs da transferncia, que revela o tipo de lao social que houve no ambiente familiar da criana, esta revive os principais contedos emocionais que a marcaram. No jogo se faz prprio o conhecimento que do outro, construindo o saber, no pode haver construo do saber se no se joga com o conhecimento (Fernndez, apud Bossa, 2000:111). A brincadeira simblica uma ponte entre a realidade e a fantasia, entre o eu e o outro, entre o consciente e o inconsciente, muito prxima do sonho, oferecendo condies criana de representar situaes carregadas de afeto e emoo e de se aproximar de forma mais criativa de contedos angustiantes. H possibilidade tambm de viver os medos e as tenses do outro, de intervir papis e, portanto, de compreender melhor as relaes vividas (Piaget, apud, Oliveira, p. 33 e 34) De acordo com Aberastury (1992), do ponto de vista afetivo, considera-se que os jogos infantis refletem situaes psquicas estruturantes na constituio do eu.
Quando a criana brinca/joga, apreende, examina e assimila as regras
implcitas nos atos sociais experimentando vrios papis e podendo verificar as conseqncias de seus atos. Ela re-elabora e constri/reconstri regras de conduta, re-significa os papis que antes no foram bem elaborados em sua psique e desenvolve valores mais saudveis que guiaro seu comportamento. A interveno realizada por uma coeso funcional: um ajudador, um ajudado e uma relao que se estabelece, entre ele, instalando-se neles mesmos a unio, a harmonia e confiana. Barbosa (2004) afirma que no processo de ajuda, o ajudador Visca explicita o psicopedagogo - utiliza-se de recursos de interveno. Esses recursos so instrumentos verbais ou corporais para que o aprendiz/ ajudado apreenda ou perceba a atribuio ou no de sua ao, provocando no sujeito um desequilbrio, capaz de mobiliz-lo para a busca do equilbrio e, por conseguinte, da aprendizagem. Para Visca, a aprendizagem depende das seguintes estruturas: a cognitiva/afetiva/social. As problemticas de aprendizagem esto indissociavelmente acopladas a alguns aspectos desses trs fatores sempre compreendidos de maneira interdinmica. Visca planejou a caixa de trabalho para se trabalhar com as dificuldades de aprendizagem e, para isso, inspirou-se na caixa individual utilizada pelos terapeutas analista na Psicanlise de crianas. Ela seria composta de brinquedos e materiais escolhidos para representarem o mundo interno das crianas, suas fantasias inconscientes frente ao mundo (BARBOSA, 2000, p. 35). Atravs dos brinquedos, dos objetos contidos na caixa, as crianas se projetam se mostram tais quais so seu eu mais profundo. desta forma que a criana constri um espao de experimentao, de transio entre o mundo interno e o externo. Neste espao transicional, d-se a aprendizagem. A utilizao de brinquedos e jogos como materiais pedaggicos, do ponto de vista da psicopedagogia, necessita da percepo do contexto em que se encontram inseridos. Estes instrumentos no so objetos que trazem em seu bojo, um saber pronto e acabado. Contrariamente, eles so objetos que trazem um saber em potencial, que pode ser ou no ativado pelo sujeito. Fernndez (1991) afirma que a hora do jogo psicopedaggica supera a dicotomia testes projetivos/testes de inteligncia, e principalmente, ajuda a observar aqueles aspectos que tradicionalmente foram estudados de forma isolada e somente em seus produtos. A hora do jogo permite observar a dinmica da aprendizagem. (p.168). atravs do jogo que a criana representa o mundo em que vive e a forma como se relaciona com ele. A hora do jogo ou caixa ldica constitui-se, numa caixa de papelo, de cartolina ou plstica, num tamanho suficiente que possibilite guardar todo o material de uso e pequenas construes. Ainda que simples na aparncia possui um rico sentido internamente j que ali que o sujeito depositar suas construes e elaboraes como desenhos, pintura, texto etc. Ela representa o depositrio de contedos simblicos do paciente (WEISS, 2003, p. 152). A caixa no dever representar apenas um depsito de materiais e produes, uma vez que representa o mundo interno do aprendiz. O psicopedagogo dever assegurar a privacidade do sujeito para que este no se sinta invadido e no perca a confiana. Barbosa (2004)
Segundo Weiss, Os materiais a serem colocados so definidos ao final do
diagnstico quando se planeja o tratamento (2003, p. 152). Barbosa completa nos dizendo que os materiais so escolhidos previamente de acordo com a leitura que fizemos da criana ou adolescente durante a avaliao psicopedaggica (2002, p. 35). Por meio da qual o psicopedagogo ir observar as aes do paciente para, posteriormente, realizar suas intervenes com a finalidade de promover o seu avano em relao s dificuldades. nessa totalidade de mltiplas interaes que a hora do jogo utilizada no diagnstico psicopedaggico, pois faz com que as crianas e adolescentes exponham aspectos que no aparecem em situaes mais formais do diagnstico. O material a ser utilizado em tal atividade deve ser muito bem selecionado de acordo com os objetivos especficos do trabalho, da idade das crianas, do tempo disponvel e, importante estar atento para que esse material funcione como um atrativo pelo seu possvel uso (colorir, escrever, modelar, construir, pregar, colar, prender, juntar), tendo em vista a construo do conhecimento e do saber por parte da criana. Segundo Sara Pan (1985), para que esta atividade ldica seja um canal de aprendizagem, dever evidenciar trs momentos: o inventrio, a organizao e a integrao. Visca, afirma que no mundo interno de um aprendiz h conhecimentos j dominados, medos de conhecer o novo, medos da crtica, facilidades para se apropriar de determinados conhecimentos, dificuldades frente a outros, medos de perder os conhecimentos j dominados, sensibilidades e insensibilidades etc. Assim, Os objetos a serem depositados na caixa de trabalho sero objetos que representaro estes aspectos do seu mundo interno ou que recebero projees para que passem a represent-los. A caixa dever ser nica porque ela representa uma importncia significativa para o sujeito, j que contm objetos que foram escolhidos para ele, os quais pretendem promover ... a superao ou a minimizao das dificuldades de aprendizagem (BARBOSA, 2002, p. 36). Consideraes Finais: Atravs do trabalho psicopedaggico o sujeito encontrar a possibilidade de reorganizar suas funes psquicas no contato de confiana constitudo com o profissional de psicopedagogia . O jogo uma atividade criativa e tambm curativa visto que, permite ao indivduo reviver as situaes dolorosas vivenciadas, modificando essas situaes de sofrimento e projetando no brincar suas expectativas da realidade servindo assim, de importante mecanismo teraputico. Os profissionais da psicopedagogia que tem como foco o processo de aprendizagem podem acrescentar ainda a essa anlise, as modalidades de aprendizagens, ritmo, as reas de expresso da conduta, o funcionamento cognitivo, os tipos e modos de erros, os hbitos adquiridos, as motivaes presentes, as ansiedades, defesas e conflitos em relao ao aprender, alm das relaes vinculares com os objetos de conhecimento escolar em particular. Portanto, a hora psicopedaggica do jogo colabora de modo significativo para a compreenso dos processos cognitivos, afetivo-emocionais, sociais e sua relao do sujeito com a aprendizagem A hora do jogo um importante instrumento de anlise e levantamento de dados no diagnstico. Atravs da mesma possvel observar a dinmica da aprendizagem, compreender os processos cognitivos, modelos de
aprendizagem e as relaes vinculares, sendo ainda uma ferramenta de
interveno capaz de desenvolver a percepo, ao, integrao, interao, e a autonomia do sujeito. Atravs do ldico o indivduo alcana a aprendizagem significativa, desenvolve o cognitivo, o afetivo, o social e emotivo nesse contexto que se pode afirmar que jogar e aprender caminham interligados na psicopedagogia e, posssibilita, atravs da hora ldica ou hora do jogo, observar prazeres, frustraes, desejos, por fim, podemos trabalhar com o erro e articular a construo do conhecimento. Visca afirma que: Cada caixa de trabalho nica, no apenas porque ser usada por um nico paciente (individual ou grupal), mas tambm no sentido de que no h caixas duas iguais, da mesma maneira que no existem dois indivduos ou dois diagnsticos iguais (1987, p. 29). Para Barbosa ela um continente, no qual a criana poder depositar seus contedos de saber e de no saber (2002, p. 35). Deste modo, fica evidente o seu valor para ajudar o sujeito a reconstruir seu espao transacional e ressignificar seu sintoma. Referncias: ABERASTURY, A. A Criana e seus jogos.. Porto Alegre: Artes Mdicas,1992. ALVES, M.D. F. De Professor a Educador. Contribuies da Psicopedagogia: ressignificar os valores e despertar a autoria. Rio de Janeiro: WAK, 2006. ANDRADE, M. S. A escrita inconsciente e a leitura invisvel. So Paulo: Memnon, 2002. ANDRADE, M. S. ; CAPOVILLA, A. G. S. (Org.) Linguagem escrita: aspectos semnticos e fonolgicos. So Paulo: Memnon, 2002. _____ (b). A produo do conhecimento: mtodos e tcnicas de pesquisa em Psicopedagogia. So Paulo: Memnon, 2002. _____(c). O prazer da autoria: a Psicopedagogia e a construo do sujeito autor. So Paulo: Memnon, 2002. BARBOSA, Laura Monte Serrat. A Psicopedagogia no mbito da instituio escolar. Curitiba: Expoente, 2001. _________. O Projeto de trabalho: uma forma de atuao psicopedaggica. Curitiba: L.M.S. Barbosa, 1998. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuies a partir da prtica. 2 ed. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul, 2000. _____. Fracasso Escolar: um olhar psicopedaggico. So Paulo: ARTMED, 2002. _____. Dificuldades de aprendizagem: o que so e como trata-las? Porto Alegre: Artes Medicas Sul, 2000. FERNANDEZ, A . A inteligncia aprisionada: abordagem psicopedaggica clinica da criana e sua famlia. Porto Alegre : Artes Mdicas, 1991. _____. A mulher escondida na professora. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994.
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