Diferentemente de um cérebro adulto, o cérebro de uma criança está em
desenvolvimento, tornando-se difícil resgatar memórias associadas a acontecimentos ou dificuldades sem a ajuda de um profissional.
Geralmente, as famílias buscam a ajuda de um profissional quando
existe alguma queixa sobre o desenvolvimento escolar da criança ou por perceberem alguma dificuldade em sua vida cotidiana. Mas o que a criança tem a dizer sobre suas dificuldades? Cabe ao terapeuta ter um olhar sensível à necessidade de seu paciente, a fim de buscar o melhor instrumento avaliativo e quais ferramentas irá utilizar nesse processo.
O objetivo da entrevista inicial com a criança e sua família é coletar o
máximo de dados a respeito de sua história de vida. Faz-se necessário entender o contexto em que ela vive, quais experiencias (benéficas e maléficas) ela vivenciou, a forma que ela se enxerga dentro da escola, como foi o processo de vinculação com a aprendizagem, entre outros dados.
Tendo em vista que o processo de desenvolvimento é integral, qualquer
dificuldade com suas próprias características, com as atitudes da família e da escola afetam diretamente a criança como ser humano. (OLIVEIRA E BOSSA, 1996, apud FERNANDES, 2023, p.12).
Um dos instrumentos utilizados pelos terapeutas é a observação lúdica,
também conhecida como “hora de jogo diagnóstica”. É um recurso para conhecer a criança, em que a imaginação é vivenciada na brincadeira. Por meio da brincadeira espontânea podemos observar sentimentos, ansiedades e desejos que muitas vezes não seriam expressos em uma conversa.
Favorecer um ambiente de paz, segurança, conforto, que seja didático e
dinâmico é essencial, pois, a criança precisa ver no terapeuta alguém em que pode confiar para que haja a formação de vínculo. Por isso a ludicidade é utilizada para ampliar o repertório da criança e para estimular o seu cérebro, afinal um brinquedo pode ser utilizado de várias formas. Nesse sentido, Teixeira observa que:
As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora
e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva. Assim sendo, vê-se que a atividade lúdica se assemelha à atividade artística, como um elemento integrador dos vários aspectos da personalidade. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, apud FERNANDES, 2023, p.32)
Portanto, brincar, ouvir, entender e se colocar no lugar da criança faz
parte do processo de vinculação e observação lúdica, pois ela entenderá que o terapeuta a vê como pessoa, em sua individualidade, que a entende e que, acima de tudo, estará ali para ajudá-la a lidar com seus sentimentos e dificuldades.
Referências Bibliográficas
FERNANDES, Luciana Raposo dos Santos. Faculdade Unyleya. Avaliação e Intervenção
Neuropsicopedagógica. Unidade II: Avaliação Psicopedagógica, Disponível em: https://portalaluno.unyleya.edu.br/1182069/curso/152931/modulo/2946897/sala/200833 Acesso em: março de 2023.