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ELIZA LOUBACKER AMIM

SÂMIA DANIELLE SAMUEL SANTOS


STEPHANY MENEZES DA SILVA
VANESSA DANDARA SOUSA VASCONCELOS
VICTÓRIA BEATRIZ SANTOS LIMA

PSICOTERAPIA INFANTIL SOB A ÓTICA DA GESTALT-TERAPIA

ARACAJU/SE
2021
1. DIFERENÇA: GESTALT E GESTALT-TERAPIA

A Psicologia da Gestalt surge em 1910, sendo seu fundamento básico a afirmação de


que o ser humano percebe totalidades, por exemplo, quando olha-se para uma imagem não se
percebe cada elemento individualmente, mas sim o todo, sua composição, a gestalt, ou seja, a
configuração que surge a partir da relação entre todos os elementos que estão presentes. Não
é soma, mas a relação que nasce entre os elementos. A figura-fundo também faz parte da
Gestalt, sendo a mais básica de todas as formas da percepção. A Gestalt-Terapia parte,
principalmente, da relação figura-fundo, sendo esta, uma interação co-dependente.

Estuda a teoria da percepção, como nosso cérebro percebe o mundo à nossa volta,
com as ideias de figura-fundo, fechamento e simetria. Já a Gestalt-Terapia busca a
compreensão de homem e de mundo para sua metodologia de trabalho, a parte prática que se
fundamenta na Psicologia da Gestalt.

2. A PERCEPÇÃO DA GESTALT NA PSICOTERAPIA INFANTIL

A Violet Oaklander quem assumiu os pressupostos da Gestalt e desenvolveu um


modelo de terapia voltado para desenvolvimento saudável da criança, funcionamento
harmonioso de seus sentidos, corpo, emoções e inteligência. Para este autor, a criança tem
que aprender a usar todos os seus sentidos, primeiro para sobreviver e depois aprender sobre
seu mundo. A criança saudável exercita seu corpo e sentidos para usar com habilidade;
aprenda a expressar seus sentimentos congruentemente, desenvolva seu intelecto rapidamente
e descubra a linguagem como meio de expressar seus sentimentos, necessidades,
pensamentos e idéias. Nessa perspectiva, a saúde é alcançada por meio de um
desenvolvimento holístico constante e harmonioso dos sentidos, corpo, emoções e intelecto.
Assim, a criança confia nele e em sua força interior isso o leva à autorrealização e a adquirir
uma sensação de estar no mundo (Oaklander, 1978). Algumas técnicas mais utilizadas são:
desenho, exercício de polaridades e exercícios de fantasia. E entre outros que já entram na
parte da Gestalt-Terapia.

Existe também o teste gestáltico visomotor de Bender, que foi originalmente


construído por Lauretta Bender, em 1938, com o propósito de fornecer uma avaliação
psicológica segundo os princípios da teoria gestáltica. Este foi utilizado em uma pesquisa de
2003, aplicada por Sisto, Bueno e Rueda. As relações entre traços de personalidade e
percepção visomotora foram estudadas em 344 estudantes, de 6 a 12 anos, de ambos os sexos.
Com o teste gestáltico de Bender obtiveram-se pontuações para distorção de formas e
integração e outras medidas, soma das pontuações das figuras. A Escala de Personalidade
para crianças informou sobre neuroticidade, psicomotricidade, extroversão e adequação.
Houve correlações positivas e significativas em relação a neuroticismo e algumas medidas de
integração; psicoticismo com medidas de distorção e uma medida de integração; e algumas
medidas discriminaram grupos extremos de neuroticismo e psicoticismo. Observou-se que a
diminuição da integração visomotora implicou em aumento de neuroticidade; e o aumento da
pontuação em psicomotricidade e aumento da distorção de formas.

Cornejo, uma das principais autoras sobre essa área, traz uma extensa experiência da
Gestalt em seu trabalho com crianças e é didaticamente exposta para ser usada agora por
outros terapeutas, pais e treinadores na área infantil. E mesmos com diversas técnicas, a
autora destaca:

“É preciso lembrar que a melhor técnica de cura é o afeto, é o carinho pelo


nosso paciente cheio de presença, que o ajudará a sair desse local onde
esteve. O processo de cura tem mais a ver com nosso coração e nossa pele e
nosso estômago na hora de sentir o mundo da criança, suas memórias e
seus silêncios, a angústia ou indiferença de seus pais e de suas histórias,
que toda uma lista de excelentes exercícios. A técnica de ir sempre um
pouco mais longe no nosso compromisso com o paciente será sempre o mais
eficaz.”

3. O BRINCAR NA INFÂNCIA PARA A GESTALT-TERAPIA

O brincar e o brinquedo fazem parte da representação psíquica do interior da criança,


é através deles que elas podem expressar seus sentimentos, angústias e medos que em várias
ocasiões encontra-se no inconsciente, dessa maneira, a ludoterapia surgiu juntamente com as
origens da Psicoterapia Infantil. A palavra ludoterapia é derivada da palavra inglesa
play-therapy, podendo ser literalmente traduzida como “terapia pelo brincar”, podendo ser
realizada de várias formas, a meta é promover ou restabelecer o bem estar psicológico do
indivíduo por meio de atividades lúdicas, fazendo parte do desenvolvimento social da
criança, facilitando o repertório infantil e integrando dimensões da interação humana
necessárias como uma das técnicas utilizadas pelo terapeuta a fim de que seja realizada a
análise psicológica com maior precisão. O psicólogo ao trabalhar com ludoterapia na
psicoterapia infantil pode observar como as crianças brincando conseguem mostrar seu modo
de ser, o que estão sentindo naquele momento, colocando suas angústias e emoções sem notar
que estão expondo suas dificuldades, conflitos, agressividades e medos. É uma das técnicas
de como o psicólogo pode obter da criança seu relato de uma maneira não diretiva.
(NORONHA, FÁTIMA, 2015).

O brincar é um meio de comunicação, pelo qual a criança sai de uma situação


centralizada em um objeto, para torná-lo um mediador entre ela e seu mundo. No ato de
brincar há inúmeros aspectos que caracterizam o ser e o estado de cada criança, das suas
emoções, dificuldades, vivências, formas de ver e relacionar-se com o mundo e do seu estado
de desenvolvimento físico, mental e emocional. Desta forma, a utilização de recursos lúdicos
tem o intuito de facilitar o seu processo de desenvolvimento tanto interior como exterior
(CENPEC, 2009). A literatura traz a respeito de que "as crianças precisam vivenciar suas
idéias para poder compreender seu significado na vida real" (Ernst & Wiese, 2009). A partir
dessa experiência, a criança conscientiza-se de si mesma como ser agente e criativo, tornando
o brincar uma linguagem essencial ao desenvolvimento do ser humano. Alguns pontos sobre:

● Facilita a inclusão da criança no seu mundo interno e possibilita a expressão do eu e a


consciência daquilo que lhe acontece e de como lhe acontece a partir desses eventos
com o brincar (T8).
● Como a espontaneidade da criança em se expressar no mundo (T2).
● Como [a criança] está se relacionando com o mundo e consigo mesma (T9).

O contato é um dos principais conceitos da abordagem gestáltica, "é algo que


acontece entre as pessoas, e nasce da interação entre elas" (Yontef, 1998, p. 19), como
demonstrado nas respostas destas participantes:

● O lúdico é uma forma de estabelecer contato com a criança e seu mundo (T7).
● Como forma de contato, expressão e criação de si na relação com o mundo (T6).
● Facilita a restauração da capacidade de realizar contato onde pode manter suas
funções de contato estimuladas e disponíveis (T8).
● A partir do contato é possível trabalhar a criança na psicoterapia (T7).

A Gestalt-terapia com crianças utiliza técnicas e instrumentos por meio do lúdico


que facilita a auto-expressão dos sentimentos vivenciados pela criança, onde se desenvolve a
awareness de si, pois geralmente tem medo, não quer falar ou tem uma linguagem verbal
ainda não desenvolvida . Na visão gestáltica, valoriza-se a liberdade de expressão através de
variadas técnicas utilizadas com a ludoterapia, fundamental para a legitimidade do encontro
dialógico. Cada terapeuta encontrará o seu próprio estilo para conseguir esse delicado
equilíbrio entre dirigir e orientar a sessão, de um lado, e acompanhar e seguir a direção da
criança. Diante da utilização dessas técnicas apontadas acima, o terapeuta terá condições de
levar a criança a compreender a si mesma, ao mesmo tempo que mostra que a está aceitando
do jeito que ela é e livre do que diga ou faça: “A grande arte da terapia infantil consiste em o
terapeuta conseguir olhar a criança e o mundo em sua volta como ela mesma se vê e vê o
mundo” (NORONHA, FÁTIMA, 2015).

REFERÊNCIAS

BIANCHI, Daniela Pupo Barbosa et al . Possibilidades da Clínica Gestáltica no Atendimento


de Crianças Enlutadas. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro , v. 19, n. spe, p. 1018-1035,
dez. 2019.

CORNEJO, L.; Manual de Terapia Infantil Gestaltica: 8; Desclee De Brower; p. 184, abril
de 2008.

IRISARRI, Lara K.; Infancia e Gestalt. 2011. Disponível em:


https://www.escuelagestalt.com/wp-content/uploads/2011/11/Gestalt-e-Infancia.pdf . Acesso
em: 09/11/2021.

SISTO, F. F.; BUENO, J. M. H.; RUEDA, F. J. M.; Traços de Personalidade na Infância e


Distorção e Integração de Formas: Um Estudo de Validade. Psicologia em Estudo, Maringá,
v. 8, n. 1, p. 77-84, jan./jun. 2003.

NORONHA, FÁTIMA et al. O uso de recursos lúdicos na Gestalt-Terapia: possibilidades


de intervenção clínica em psicoterapia infantil.2015.

Figueiredo, M. M. A. (2004). Brincadeira é coisa séria. Revista Online Unileste, (Jan./Jun.).

Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - CENPEC.


(2009). Brincando e aprendendo.

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