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Instituto de Psicologia
Psicanálise Infantil
Psicanálise Infantil
Integrantes:
Ana Laura Martins Dias (12211PSI034)
Leonardo Ferreira Almada
Camila Lacerda Gomes
Fernanda Fonseca Simões
Marina Carrasco Pereira (12211PSI022)
Matheus Rodrigues de Queiroz
O panorama inicial irá partir da Idade Média. Na respectiva época, a criança era
vista como um pequeno adulto, não se tendo conhecimento de suas particularidades
afetivas e emocionais. Consequentemente, a lacuna deixada por essa perspectiva
subjetiva, o trabalho infantil era extremamente comum nas sociedades agrarias medievais,
agravado pelo perfil demográfico da época em questão. Com o avanço de doenças (por
exemplo: a peste negra), de guerras e da fome/miséria, era tido como necessário a
adaptação da mão de obra, resultando em tal fenômeno e na diminuição do
desenvolvimento psíquico das crianças. Ademais, com uma configuração hierárquica
impassível de mudanças, o acolhimento dentro dos feudos também impactava na
socialização e aprendizagem das crianças, que era majoritariamente realizada pela
comunidade, não pela escola ou pela família.
No que se diz respeito a expressão da sexualidade, Terezinha Costa cita em seu
livro Psicanálise com crianças, explicitando o tratamento superficial recebido:
A fase anal, por sua vez, encontra-se entre o segundo e o quarto ano de vida, tendo
o ânus como ponto ou zona erógena. A excitação aqui oscila entre o ativo e o passivo, em
que a relação de objeto diz respeito aos significados atribuídos à função de defecação (a
saber, expulsão e retenção) e ao valor simbólico das fezes. Essa polaridade atividade-
passividade é considerada por Freud com um dos pares de opostos fundamentais da vida
psíquica e também um dos mais utilizáveis. Por meio da associação entre a atividade-
passividade da musculatura somática e da membrana mucosa erógena do ânus, temos a
representação plena do objetivo sexual ativo e passivo.
Em um terceiro momento, temos a fase fálica. Segundo Freud (1996 [1905], p.
193), a fase fálica encontra no próprio órgão genital sua zona erógena. Trata-se, a
genitália, a zona para sexual primária para onde convergem nossos impulsos primitivos;
nos meninos, o pênis (falo); nas meninas, temos a descoberta da ausência do pênis. Surge
então a distinção freudiana entre falo e castração, que substitui a relação ativo-passivo da
fase anal.
Após um período de latência, e diminuição das atividades sexuais, chegamos à
fase genital na puberdade. A fonte de prazer não é mais extraída do próprio corpo, mas e
um objeto externo, e, portanto, temos, para ambos os sexos, a afirmação da consciência e
identidade sexual.
meio ambiente, pois a criança não consegue associar livremente como o adulto. Toda
análise infantil é realizada com o apoio dos pais, pois o superego da criança ainda se
encontra sob a influência dos pais.
Melanie Klein (1882 – 1960), foi uma psicanalista austríaca-britânica que se
concentrou na psicanálise infantil. Em 1914 Klein iniciou uma análise com Ferenczi que
a incentivou a analisar crianças. Em 1919 apresentou seu primeiro caso clínico sobre a
análise de seu filho. Klein acreditava que a vida fantasística que modela a realidade, e não
o contrário. Ela desenvolveu a técnica do "brincar terapêutico", que permitia às crianças
expressar seus pensamentos e emoções por meio do jogo, Klein dava grande importância
para a Técnica da análise pela atividade lúdica com crianças. O brincar era visto como
expressão simbólica da fantasia inconsciente. Prevalência da fantasia e dos “objetos
internos” sobre as experiências desenvolvidas no contato com a realidade externa.
Melanie Klein acreditava que a diferença que existe entre a análise de crianças e
a de adultos reside no método e não em seus princípios básicos - o brincar é capaz de
substituir as associações livres. O elemento organizador essencial do pensamento de
Melanie Klein é a prevalência da fantasia e dos “objetos internos” sobre as experiências
desenvolvidas com a realidade externa.
aos filhos. A Liga Paulista de Higiene Mental tinha princípios eugenistas e usava o
discurso higienista para afirmar a cientificidade da psiquiatria enquanto prática médica.
Marcondes enfatizou a responsabilização dos pais pela neurose dos filhos ao afirmar que
os problemas em geral são de fundo sexual e devem ser considerados como uma
deficiência pedagógica dos pais. Para ele, se os pais não tiveram capacidade pedagógica
para educar bem seus filhos, caberia aos especialistas da higiene mental escolar colaborar
para o bom desenvolvimento psicológico da criança.
Gastão Pereira, médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, manteve
contado com o próprio Sigmund Freud e foi um dos maiores divulgadores de sua obra no
Brasil, escrevendo entre 70 e 80 livros dedicados à Psicanálise. Pereira entendia que a
construção do Eu moral, ou seja, do superego, era uma tarefa para pais e educadores, e os
orientava a agirem no sentido de contribuir para que não houvesse a fixação da libido em
uma zona erógena específica. Pra ele, educadores deveriam ler livros de Psicanálise como
um evangelho, pela responsabilidade “nobilíssima” de educar e instruir. Em carta, Silva
recebeu agradecimentos de Freud por disseminar seu nome que, na época, era pouco
conhecido no país.
Nota-se que, no início, a Psicanálise Infantil brasileira foi fortemente influenciada
pela ideologia da higiene mental escolar, na qual a concepção reinante era baseada na
normalização. Sob essa ótica, a criança não tinha voz, seu sintoma não tinha lugar e ela
não respondia pelo seu lugar de sujeito. Dessa forma, não era possível pensar a criança
enquanto sujeito desejante e nem mesmo uma Psicanálise, de crianças na prática, somente
uma Psicanálise de pais, pois a Psicanálise não opera com a perspectiva de sintoma a ser
eliminado e, para ela, a criança não é apenas reflexo do parental, pois seu sintoma pode
representar uma formação inconsciente autêntica, por meio da qual ela lida com aquilo
que lhe afeta. Lacan pensa o sintoma não como uma desadaptação ao social, mas como
uma resposta da criança enquanto sujeito que também enfrenta conflitos psíquicos
analisáveis.
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Sob o que foi exposto, é necessário dizer que, a partir dos referenciais teóricos
clássicos da psicanálise, o filósofo Frantz Fanon não é concordante sob a forma de se
conceber o complexo de édipo e nem sob a forma como são estruturados o adoecimento
psíquico no negro.
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9. Referências
Costa, Teresinha. (2010). Psicanálise com crianças. Rio de Janeiro: Zahar.
Fanon, F. (2008). Pele Negra, Máscaras Brancas. (J. P. de Castro, Trad.). São Paulo:
Editora 34.
Freud, S. (1996). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In S. Freud. Edição standard
brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Strachey, Trad.,
Vol. 7, pp. 117-231). Imago. (Trabalho original publicado em 1905)
Freud, S. (2001). Esboço de psicanálise. In S. Freud. Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud J. Strachey, Trad., Vol. 23). Imago.
(Trabalho original publicado em 1938)
Freud, S. (1969a). Estudos sobre a histeria. In S. Freud. Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud J. Strachey, Trad., Vol. 2). Imago.
(Trabalho original publicado em 1893).
Freud, S. (1969b). As neuropsicoses de defesa (In S. Freud. Edição standard brasileira
das obras psicológicas completas de Sigmund Freud J. Strachey, Trad., Vol. 3).
Imago. (Trabalho original publicado em 1894).
Freud, S. (1969c). A etiologia da histeria (In S. Freud. Edição standard brasileira das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud J. Strachey, Trad., Vol. 3). Imago.
(Trabalho original publicado em 1896).
Garcia-Roza, L. A. (2003). Freud e o inconsciente. Jorge Zahar.
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Silva, F. B.; Brígido, E. (2016). A sexualidade na perspectiva freudiana. Revista
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Souza, N. S. (1983). Tornar-se Negro. Ed. UFMG.