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(CETEP) CENTRO DE ESTUDOS

E TERAPIAS E PSICANÁLISE

MÓDULO: COMPLEXO DE ELECTRA

CURITIBA - PR
NOVEMBRO DE 2023
(CETEP) CENTRO DE ESTUDOS
E TERAPIAS E PSICANÁLISE

ALUNO: VALDECIR PEREIRA DO NASCIMENTO

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NOVEMBRO DE 2023
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E TERAPIAS E PSICANÁLISE

“Aqui fica uma grande incógnita que não consegui descobrir, mesmo após 30 anos de estudos
sobre a alma feminina: O que quer a mulher? ”.
(Sigmund Freud)

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COMPLEXO DE ELECTRA

A palavra Electra tem origem no grego “Elektra”, derivado do termo elektron, que significa
“âmbar” ou, por extensão, “mulher radiante”. Na mitologia grega, Electra era filha de
Clitemnestra e Agamêmnon. Ela ficou imortalizada por ter planejado junto com seu irmão
Orestes a morte da própria mãe, como uma vingança por esta, junto com o amante Egisto, ter
assassinado o seu pai. Além disso, o termo “Complexo de Electra” é uma fase do
desenvolvimento psicossexual das crianças do sexo feminino, de acordo com a psicanálise.
Consiste na etapa em que a filha passa a se sentir atraída pelo próprio pai, disputando com a
mãe a atenção deste homem.
A diferença entre os complexos de Édipo e Electra são os personagens, enquanto no
Complexo de Édipo é o menino quem deseja a mãe, no Complexo de Electra, a menina tem
uma relação de “amor e ódio” tão complexa com a mãe que chega ao ponto de desejar excluí-
la para que o pai seja somente dela. Acontece geralmente entre os 3 a 6 anos da menina. É
um momento de intenso conflito, onde ela vai identificando que já não é mais o centro das
atenções.
Sigmund Freud recusou a ideia de Jung sobre um Complexo de Electra. Freud preferia
conceber que o Édipo se aplicava tanto para meninos quanto para meninas.
É possível observar algumas mudanças de comportamento nas meninas, durante essa fase,
como: conflitos constantes com a mãe, preferência repentina e exagerada pelo pai, busca
exacerbada da aprovação do pai, a menina passa a viver os conflitos de casal dos pais como
os próprios, sempre se posiciona em defesa do pai, sente ciúmes do pai com a mãe ou com
qualquer outra mulher, cria uma dependência com o pai (exemplo: só o pai sabe fazer a
mamadeira ou dar banho).
Obviamente, cada ser é único e, deve ser observado em suas especificidades. Essa etapa
costuma terminar quando a menina tem entre 6 e 7 anos de idade, que é quando elas voltam a
querer estar perto e a se identificar com a mãe, tendem a imitar e ter curiosidades pelos
trejeitos e comportamentos femininos que a mãe demonstra no dia-a-dia. É importante
ressaltar que pode parecer para muitas pessoas algo estranho ou preocupante esse excesso
de amor com o pai e implicância com a mãe. Mas, para a Psicanálise esse processo é
extremamente normal e natural. Podendo-se dizer que é esperado durante o desenvolvimento
psicossexual e psicológico de uma menina.
Quando a rivalidade com a mãe e a predileção exagerada pelo pai não diminuem e se
estendem até a juventude ou fase adulta, pode se tratar como chamamos na Psicanálise de um
“Complexo de Electra tardio ou mal resolvido”. Mas é preciso saber que existem as
consequências deixadas em casos de complexo de Electra tardio. É comum que já na fase
adulta, que mulheres deixem de viver seus sonhos e seus desejos reais para buscar
eternamente a aprovação do pai, até mesmo em decisões que só dizem respeito a vida dela.
Há sempre uma necessidade de agradar o pai.
Por não superarem esses comportamentos na fase correta, da infância, elas muitas vezes
acabam em buscam de relacionamentos que a remetam a relação e imagem paterna, como
com um homem mais velho, que tenha personalidade e imagem que lembrem de seu próprio
pai.

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Nesse mesmo sentido, vemos como consequência também a busca por um relacionamento
amoroso entre filha e pai, com isso essas mulheres acabam sempre caindo em relações
abusivas, submissas, dependentes emocionalmente do homem com o qual escolhe viver. É um
caminho que sempre gera na mulher dependência seja emocional ou financeira.
Sempre gera prejuízos para mulher, pois ela se coloca como objeto em uma relação, onde ela
está sempre ali para servir e agradar e, acaba assim se anulando, se diminuindo para atender
expectativas sociais esperada e, consideradas corretas. Estabelecer limites, papéis claros
dentro da família.

Resumo do Caso de Electra

A menina cria um vínculo inicial com a mãe como fonte de sustento de suas necessidades
vitais. Mas, ao contrário do menino, enfrenta a incumbência de deslocar para o pai aquele
vínculo primitivo a fim de preparar-se para o seu futuro papel sexual.
Surgem diferenças fundamentais no desenvolvimento sexual do menino e da menina quando
esta descobre, durante o período fálico, que o clitóris que possui é inferior ao pênis. A menina
reage a esta descoberta com intenso sentimento de perda e dano, bem como inveja do macho,
isto é, inveja do pênis.
Neste ponto, a mãe, que fora anteriormente um objeto de amor, é responsabilizada por trazê-la
ao mundo “menos equipada”. Quando descobre que a mãe também não tem pênis, sua
inequação torna-se ainda mais profunda.
Numa tentativa de compensar essa inadequação, volta-se para o pai na esperança de que lhe
dê um pênis ou um bebê para substituir o pênis que falta, isto é chamado Complexo de
Electra.
O amor sexual da menina pelo pau diminui, mais tarde, visto seu fracasso em satisfazer suas
demandas e o temor à censura da mãe.
O êxito na resolução desta fase proporciona a formação de um senso de identidade sexual,
sentimento de curiosidade sem embaraço, de iniciativa sem culpa, de um sentimento de
domínio não apenas sobre pessoas e objetos do ambiente, mas sobre os processos internos e
os impulsos.

Resumo Caso Anna Ó

Bertha Pappenheim mais conhecida como “Anna Ó” foi a primeira paciente da psicanálise.
Freud fez dela a mulher histérica mais famosa da história.
Este ficou conhecido como o caso de Anna Ó e tornou-se o início de uma disputa de um século
entre a psicanálise e o feminismo sobre o significado da feminilidade.
Antes de mais nada, Bertha Pappenheim nasceu em 27 de fevereiro de 1859, em Viena como
a terceira filha de Recha e Sigmund Pappenheim.
Suas duas irmãs mais velhas morreram na infância. Assim, ela cresceu em uma família judia
rica, que já negociava no comércio de grãos por duas gerações.
Anna Ó. foi o pseudônimo atribuído a Bertha Pappenheim, paciente de Breuer no que se
tornaria o famoso caso relatado no livro “Estudos sobre a histeria” (Freud & Breuer). Embora
existam estudiosos que comentam que o caso foi repassado para Freud, o que se sabe é que

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Breuer sozinho fez este atendimento (sem Freud). A informação é confirmada por Freud em
sua autobiografia. Apesar disso, o livro é uma colaboração entre Freud e Breuer, e os demais
casos da obra são atribuídos a Freud.
Bertha Pappenheim era judia e alemã, reconhecida por uma personalidade forte. Liderou
movimentos sociais de direitos humanos, civis e políticos em defesa das mulheres.
Quando tinha por volta de 20 anos, sofreu com a longa doença terminal do pai. Este fator se
somou às tensões da infância. Isso gerou um quadro denominado de histeria, com sintomas de
depressão, nervosismo, pensamentos suicidas, paralisia e contraturas musculares em partes
do corpo, perturbações visuais, entre outros sintomas. Este quadro praticamente a deixou
inválida.
Embora o tratamento conduzido por Breuer fosse da fase do método catártico e de técnicas da
hipnose, Freud considera este o primeiro caso de tratamento pela psicanálise. Isso porque este
tratamento (como outros dos “Estudos”) envolveram um crescente espaço de fala do paciente,
o que seria a tônica do método da associação livre, que surgiria anos depois. A própria Anna
O. (Bertha) chamou o tratamento de “cura pela fala”.
Desse modo, não era tanto uma doença quanto um sintoma. Nesse ponto, a compreensão
psicanalítica da histeria coincide com as visões das feministas para quem a histeria também
não é uma doença, mas uma defesa.
Com o tempo, a intuição de Freud resultou em uma teoria que vincula a histeria principalmente
a conflitos não resolvidos da primeira infância, principalmente com base na fantasia ou em
experiências incestuosas.
A teoria da psicanálise ainda não existia, e seu método estava apenas sendo testado pelo
paciente e pelo médico experimental. O meio de alcançar os paranormais inconscientes nesta
fase da história da psicanálise era a hipnose.
A filha dos Pappenheim foi naturalmente hipnotizada. Na segunda metade do dia, sua
consciência perdeu a intensidade, até que finalmente se diluiu tanto que Bertha caiu em uma
espécie de transe que chamou de “nuvens”.
Nesse estado “inconsciente”, ela descobriu a origem de seus sintomas. A situação era
urgente à medida que o paciente gradualmente parava de falar.
Breuer intuitivamente adivinhou que Bertha Pappenheim estava, portanto, se defendendo de
dizer algo essencial, e insistiu que ela superasse sua resistência. Como resultado desses
esforços, a fala voltou, mas na língua inglesa.
Mais tarde, Bertha também usou o francês e o italiano alternadamente, muitas vezes fazendo
traduções rápidas e simultâneas de suas declarações para duas ou três línguas estrangeiras
simultaneamente.
O pai de Bertha morreu em abril de 1881, o que piorou temporariamente seu estado. Mais
tarde, a doença de Bertha se alternou com estados normais, mas um conjunto de sintomas
persistiu até por volta de dezembro de 1881.
Mais tarde, Bertha recebeu tratamento em muitos sanatórios, até que em 1888, seis anos após
a rendição de Breuer, ela e sua mãe se mudaram definitivamente para Frankfurt. Ela estava
então com 29 anos.
Frankfurt foi uma nova etapa em sua vida. Ela começou publicando seus contos de fadas e
contos sobre o pseudônimo de Paul Berthold, e mais tarde também artigos e uma peça sobre a
situação social da mulher.

Complexo de Electra X Caso Anna Ó

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Conhecendo o mito de Electra, e depois de ter estudado o Caso Anna Ó, posso facilmente
perceber a ligação deste caso para o desenvolvimento e concepção desta fase psicossexual
das meninas. Onde Carl Gustav Jung, brilhantemente conseguiu analisar as fases que as
meninas passam.
Fica evidente que o caso da Anna Ó, é um Complexo de Electra não resolvido, que mais
tarde, com a doença do pai foi liberado e trouxe à tona todas os desejos e angustias
recalcadas.
Ao conseguir colocar para fora todos esses recalques, a paciente foi conseguindo ter uma vida
normal e conseguiu um grande destaque com o feminismo da sua época. E evidência graças a
este caso, a importância e forte atuação da Psicanálise (Cura pela Fala).

No consultório o Complexo de Electra fica evidenciado por estes sintomas:

Na Mulher:
 Necessidade de se colocar entre o pai e a mãe para afastá-los;
 Choro descontrolado quando o pai precisa sair de casa;
 Sentimentos de grande afeto em relação ao pai, podendo até verbalizar o desejo
de casar com ele um dia;
 Dificuldade em lidar com relacionamentos amorosos;
 Dificuldades em assumir responsabilidades;
 Projetar a figura paterna nos seus relacionamentos futuros ou até criar uma
relação conflituosa com a própria mãe.
 Ou seja, problemas (Emocionais, Relacionais e de Autoestima).
Esses sinais são normais e temporários, mas se persistirem após os 7 anos ou piorarem com o
tempo, é importante consultar um psicopediatra para confirmar o diagnóstico e, se necessário,
iniciar o tratamento.

No Homem:
 Afeto intenso pela mãe: A criança começa a idealizar e sentir um forte amor pela
mãe;
 Sentimentos negativos em relação ao pai: O pai é visto como um rival, e pode
haver ciúmes e até mesmo sentimento de ódio;
 Interesse pelo órgão sexual: Durante essa fase, a criança direciona sua
curiosidade para o seu próprio órgão genital;
 Ciúme excessivo quando os pais estão juntos: A criança percebe o pai como uma
ameaça ao seu relacionamento com a mãe;
 Atitudes agressivas em relação ao pai: O pai é visto como um obstáculo para o
desejo de estar próximo à mãe.
É importante ressaltar que essas características podem desaparecer naturalmente à medida
que a criança se desenvolve. Ela percebe que a mãe não corresponde aos seus sentimentos
da forma como gostaria, e começa a se comportar de maneira semelhante ao pai. Isso faz
parte do processo de identificação e amadurecimento emocional.
Quando o complexo de Édipo não é resolvido adequadamente, pode afetar o comportamento
na idade adulta.

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