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O Feminino e a
Psicanálise
de Freud a Lacan
Buda
(563 a.c – 483 a.c)
“A mulher é má, toda vez que tiver
ocasião a mulher pecará”

Péricles (495 a.c – 429 a.c)


Político Grego
“As mulheres, os escravos e os
estrangeiros não são cidadãos.”
•Eurípedes (485 a.c – 406 a.c)
Poeta Grego
“Os melhores adornos de uma mulher
são o silêncio e a modéstia”

Aristóteles (384a.c – 322 a.c)


Filósofo Grego
“A mulher é inferior ao homem, deve
pois obedecer”
São Paulo (03 – 66)
Apóstolo
"A mulher deve aprender em silêncio
com plena submissão”

Voltaire (1694 - 1778)


Escritor e Filósofo
“Uma mulher amavelmente estúpida é
uma bendição do céu”
•Hegel (1770 - 1831)
Filósofo
“A mulher deve ser dada educação, mas
não é adequado as mais elevadas.”

Oscar Wilde (1854 - 1900)


Escritor, dramaturgo
“Todas as mulheres acabam sendo
como suas mães. Isso é uma tragédia”
Ortega y Gasset (1883 - 1955)
Jornalista e Ativista
“A mulher parece resolvida em manter a espécie
dentro de limites medíocres a procurar que
nunca o homem seja semi-Deus”

Elias Canetti (1905 -1994)


Prêmio Nobel de Literatura
“Sua confusão era tal, que começou a piorar
mentalmente como uma mulher.”
Paul Julius Möbius (1853 - 1907)
Médico neurologista
Escreveu um best-seller da misoginia: "Sobre a
debilidade mental fisiológica das mulheres" (1903).

Livro que circulava nos meios científicos, que


justificava fisiologicamente práticas de dominação
social.

Fonte: Revista Cult - DOSSIÊ | PSICANÁLISE ENTRE FEMININOS E FEMINISMOS


Mulheres contidas pelo casamento;

Receio da cultura dessa que não tem nada a perder;

Restrições eróticas são para a mulher, não para homens;

Crime de adultério, apenas para mulheres.


Na fantasia masculina, essa que não tem nada a perder
o ameaça, chancelado pelo desejo dela.

A cultura recobre a partir da angustia masculina, com


uma série de valores estilísticos.
1960 - Liberdade feminina - criação da pílula
anticoncepcional

Conseguiu separar
maternidade, sexo e amor.

Mulheres tinham que buscar


um homem que atendesse esses
3 conjuntos.
Feminista, personalidade extremamente
forte, guerreira e visionária. Pediu para que
o médico pudesse ficar em silêncio para que
ela então pudesse falar.

Josef Breuer
Anna O. - "A cura pela fala" (1880 - 1882)
Neurose era causada por lembranças reprimidas, de
grande intensidade emocional.

Teoria da Sedução

Teoria da Fantasia

Aos poucos foi-se observando que a histeria não era


um distúrbio que acometia exclusivamente as
mulheres, mas nelas predominava.
Freud, reagiu veemente contra tais ideias da debilidade
mental das mulheres.

Ele era um liberal sem qualquer ambiguidade. Apoiou


causas políticas tais como a reforma da lei do divórcio,
legalização da homossexualidade e a descriminação do
aborto.

Posicionou-se firmemente a favor da admissão de


mulheres na psicanálise.
Fonte: Revista Cult - DOSSIÊ | PSICANÁLISE ENTRE FEMININOS E FEMINISMOS
Organicismo Teoria de Gênero

Masculino e feminino Construções sociais


("instinto") e culturais
Psicanálise
Bissexualidade
Cabe retomar a questão inicial e indicar que, desde o encontro de Freud
com as histéricas, o corpo feminino não pode mais ser pensado como
materialidade biológica, de algum modo, predefinida. O corpo mostra se
como uma construção singular articulada ao inconsciente; um testemunho
subjetivo da apropriação de um corpo, cujo uso aponta para um modo de
inscrição do feminino na cultura. Nesse sentido, ainda que os corpos
sejam designados a partir dos referentes biológicos - ou seja, que uma
criança ganhe seu nome a partir da aparência de seu órgão se xual, por
exemplo, e seja denominado como menino ou menina-, há uma
permeabilidade dos corpos à nomeação que permitirá modos de
subjetivação que podem vir a confirmar ou desviar-se do que foi
inicialmente afirmado. Dito de outro modo, um corpo feminino se faz para
além da presença de um dado órgão sexual ou da ausência do referente
anatômico masculino, embora necessariamente deva se haver com a
materialidade corporal. Um corpo se faz feminino.
Fonte: Revista Cult - DOSSIÊ | PSICANÁLISE ENTRE FEMININOS E FEMINISMOS
Referente Inscrição da
biológico Cultura
borda Exigências do
superego

Subjetivação que podem vir a


confirmar ou desviar-se do que foi
inicialmente afirmado.
A psicanálise é uma grande e
importante teoria da sexualidade
humana, precisamente porque toma o
gênero não como um dado natural, mas
como um processo de identificação.

Fonte: Revista Cult - DOSSIÊ | PSICANÁLISE ENTRE FEMININOS E FEMINISMOS


castração
Eu ideal Ideal do Eu

Oral Anal Fálica Latência Genital

ID ego superego
Criação do mãe
simbólico

Castração

Pai
Para Freud, a angústia de castração refere-se a um
medo inconsciente da perda do pênis originário
durante o estágio fálico do desenvolvimento
psicossexual e durando toda a vida. De acordo com
Freud, quando o menino torna-se consciente das
diferenças entre os órgãos genitais masculinos e
femininos, ele assume que o pênis do sexo feminino
foi removido criando-se uma angústia que seu pênis
será cortado por seu rival, a figura do pai, como
punição por desejar a figura da mãe.
Um termo técnico que é um símbolo daquilo que pode
preencher um falta.

O primeiro símbolo é o pênis pois é o que a criança vê


que falta na mãe (Maria Rita Kehl)

Lacan demarca bem que o falo tem uma função


constitutiva, pois introduz o sujeito em sua existência e
em sua posição sexual. Isso só pode ser apreendido,
diz ele, se o tomarmos como um significante
indispensável pelo qual o desejo do sujeito é
reconhecido como tal, quer seja homem ou mulher.
Para a mulher, não se trata propriamente da falta de
um órgão e sim a falta de um símbolo específico da
sexualidade feminina.
Freud negligencia inicialmente a figura materna. Apenas
reconhecerá em 1932.

Pai tem uma função simbólica de separar a menina da mãe


= estrutura como sujeito.
A partir do momento em que é marcada pela castração e pela
impossibilidade de continuar sendo ilusoriamente o falo para
a mãe, não tem mais lugar assegurado, como o menino tem
como suposto detentor do falo.

Não há significante do sexo feminino como o falo o é para o


sexo masculino.
Caso: a jovem homossexual - a jovem quer mostrar ao pai
como se deve amar uma mulher: amá-la pelo que ela não
tem.
Lacan retira sua primeira definição de amor - amar é dar o
que não se tem.
Em revisão ao caso Dora, Freud interpreta tendências
homossexuais de Dora com a Sra. K.
Lacan atribuía ao fato de uma mulher procurar junto a
outra mulher uma resposta para suas indagações femininas.
Na relação da mãe com a criança há sempre um terceiro
termo que a criança representa para ela: o falo

Criança encontra um lugar de ser. Ser o que satisfaz a mãe.


É nessa ânsia de ser que reside o motivo pelo qual a
criança de ambos os sexos dirige sua sexualidade ativa
para a mãe.

Pai: separa a menina da mãe


- Criança alienada a mãe; - Separação e estruturação psíquica
- S1: primeiro significante = sujeito s/ identificação;
da vida; - S2: pai traz significado ao primeiro
significante
S1 - significante S2 - afastar o
primordial sujeito do desejo
da mãe

- A não passagem ao
objeto- pai -causa uma - Implantação da função
devastação (ódio / simbólica;
enamoramento) - Liberta a criança de
continuar sendo o objeto de
desejo da mãe.
Na relação da mãe com a criança há sempre um terceiro
termo que a criança representa para ela: o falo

Criança encontra um lugar de ser. Ser o que satisfaz a mãe.


É nessa ânsia de ser que reside o motivo pelo qual a
criança de ambos os sexos dirige sua sexualidade ativa
para a mãe.
Você não é o
falo da sua
Mãe mãe... Sai dai!!!

Desejo
mortifero

Fonte: Lacan - O avesso da Psicanálise (1970)


Quando a mãe pode dar "o que não
tem", isto é, sua castração, ela indica
para a filha que encontrou uma forma
de lidar com essa difícil questão, a da
ausência de um significante para o
sexo feminino.

A melhor relação mãe-filha e quando


a mãe pode viver sua falha
constitutiva de forma serena e
criativa.
Retorna para a mãe em
busca de identificação.
Muitas mães não se apresentam às filhas como marcadas
pela falta; podem mesmo, ressentir-se destas pedirem-lhe
algo que elas não podem, não têm, para dar.

A dificuldade em aceitar a falta,


tanto a sua quanto a do Outro, da
qual se espera uma resposta para o
seu ser, está na origem de muitos
problemas na mulher.
No registro mais além do alcance das palavras é onde
se encontra tudo o que há de particular na sexualidade
feminina, o que explica por que a relação mãe-filha
guarda seu caráter especial.

Existe um
mais além
do falo!
Freud considera a menina um menino antes de
transformar em mulher.

Toda criança é sempre menino para a mãe, por


constituir um substituto fálico para ela.

1917: Freud faz uma equivalência pênis - bebê no


psiquismo feminino
A relação de uma mãe com
sua filha, guarda sempre
uma marca da sua relação
com a própria mãe.
O que é ser uma A mãe, para quem a
mulher?
experiência da falta de
definição feminina é uma
fonte de inquietude,
transmitirá essa inquietude
à sua filha.
Lacan, "A comédia de sexos": o homem pretende "ter" o falo
(que ninguém, na verdade, tem) e a mulher adota a
mascarada como forma de esconder sua falta de tê-lo.
Jogando sobre a sua falta, a mulher constroi uma
feminilidade possível.
Não existe A
relação
sexual!
A sexualidade humana não está
ligada à diferenciação dos sexos.
Não existe representação da
relação sexual no inconsciente.
A mascarada cria uma feminilidade possível. A definição de
mascarada como algo que esconde para melhor mostrar,
ilustra a divisão da mulher entre o que ela é e o que ela não é.

Esse mistério escondido na mascarada é do


qual a mulher depende para sustentar a sua
existência. Há uma identificação, assim
adquirida, que deve ser entendida como um
artifício usado pelas mulheres para chegar à
feminilidade: uma aparência jogada sobre a
sua falta.
"Ser mulher é, acima de tudo,
ser mulher na aparência: a
identidade feminina é
estabelecida em uma
estrutura de ficção."
Só a mãe que tiver encontrado seu lugar como mulher,
prestando-se aos jogos da mascarada e criando-se uma
identidade feminina, estará em condições de, além de
amar a filha, abrir-lhe o caminho para a criação de
uma identidade feminina para si própria.

Individualização e
separação da mãe.
Construção da sua própria
identidade

É do corpo da mãe que se desprende


inicialmente a imagem de um corpo de mulher
que pode sustentar o desejo de um homem.
A mãe, tanto quanto a filha, devem estar
dispostas a fazer o luto do que, no âmbito
da feminilidade, elas representaram uma
para a outra, e que as manteve tão ligadas
ao longo de anos. Todas as mães devem
fazer esse luto: à medida em que a filha
torna-se adulta, elas devem renunciar,
mais ou menos progressivamente, à relação
que elas tiveram com a mesma, na infância
e na adolescência. A filha, de sua parte,
também deverá fazer esse luto, da menina
que um dia foi para sua mãe.
"A grande pergunta que não foi nunca
respondida e que eu não fui capaz ainda de
responder, apesar de meus 30 anos de
pesquisa sobre a alma feminina, é - O que
quer uma mulher?"
O homem não pode ouvir, que ela queira
além do que ele pode dar.
"A pauta que anima
uma feminista branca
norte-americana é
muito distinta daquela
A mulher
que, por exemplo, é não
importante para existe!
mulheres negras
cariocas moradoras
de favela."
Fonte: Revista Cult

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