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Segundo Freud “Sabemos menos sobre a vida sexual das meninas que
sobre a dos meninos. Mas não precisamos nos envergonhar dessa distinção;
afinal de contas, a vida sexual das mulheres adultas constitui em “continente
obscuro” para psicologia”, ou seja, Freud tinha plena convicção que até certo
ponto o desenvolvimento psicosexual entre meninos e meninas estava
direcionado na mesma direção e semelhança, entretanto na sexualidade infantil
da menina se tratando de seu desenvolvimento ocasionaria em um “continente
obscuro” para psicologia. Que a Mulher seja um enigma, Freud não é o primeiro
e nem será o ultimo a dizer isso, contudo ele surge com algumas questões a
serem respondidas. O que é uma mulher? Em que consiste a feminilidade?
Quais são os impasses específicos da sexualidade feminina? São temas
abordados por Sigmund Freud.
Nosso interesse consiste em nos deparar sobre o percurso freudiano no
que diz respeito à formulação do conceito de sexualidade feminina e do conceito
de feminilidade, buscando percorrer suas diferentes linhas de desenvolvimento
para, a partir daí, apontar que as mudanças aconteceram tanto para os homens,
quanto para as mulheres, entretanto não aconteceram da mesma maneira para
ambos, nem adquiriram a mesma significação. Vejamos que a sexualidade
feminina, ao longo da história foi moldada e marcada por muitas influências
históricas, obtendo vários conflitos, a situação do feminino na sociedade é
descrita por uma desigualdade e domínio social e sexual predominante por parte
do masculino.
Em sua investigação a respeito da sexualidade feminina, Freud se depara
com inúmeras dúvidas em relação ao complexo de Édipo feminino (O termo
Complexo de Édipo criado por Freud e inspirado na tragédia grega Édipo Rei
designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta com
relação aos seus pais, os homens são atraídos pela mãe, enquanto as mulheres
são atraídas pelo pai), já que a presença do pênis no menino e a ausência na
menina marcam a principal diferença do complexo de castração nos dois sexos.
Freud relata que o complexo de Édipo nos meninos surge pelo desejo sexual
pela mãe, a criança veja o pai como ameaça e deseja livrar-se dele, no entanto
busca indentificar-se com ele, já nas meninas nota uma maior complexidade,
onde a mesma sente vontade de ganhar um bebe do pai e como não conseguem,
se desiludam, toma o pai como objeto de amor e a mãe um objeto de ciúme.
Freud observa-se nas mulheres uma especial relação com a mãe, e
ressalta sua fixação do libido ( anseio ou desejo), que caracteriza a energia aos
instintos de vida nas fase oral, anal e fálica, onde se torna aproveitável a
harmonia entre mãe e filha. Contudo Freud argumenta que o complexo de Édipo
e derrubado pela ameaça da castração, Freud constatou que a criança ao
observar a mãe nua, ao invés de ver ali os órgãos sexuais da mulher, interpreta
a vagina como “falta” a mãe é vista como castrada. Portanto, os sexos
diferenciam-se segundo a percepção da presença ou ausência do pênis.
Assim, o sexo feminino acredita-se que já foi castrada pela falta do “membro” é
interpretado com sendo castrado e assim descartando a ameaça. “Enquanto nos
meninos, o complexo de Édipo e destruído pelo complexo de castração, nas
meninas ele se faz passível e é introduzido através do complexo de castração”,
ou seja, o complexo de castração ele inibi e limita a masculinidade e incentiva a
feminilidade.
No livro de Freud, três ensaios sobre a teoria sexual (1905), relatam a
mulher comparada ao homem, aparece como um ser “a-menos”, estigmatizada
pela ausência do pênis, como se fosse portadora de uma sexualidade inferior.
Por vezes, esta inferioridade assume no texto freudiano a dimensão e a
radicalidade. Pode-se dizer que a vida sexual da mulher reveste um caráter
inteiramente masculino. Somente quando a menina recalca a
sexualidade clitoriana masculina, é que existe para ela a possibilidade de ser
aceita no meio e vive e para sua própria existência na sociedade. Um outro efeito
surpreendente da inveja do pênis, ou da inferioridade do clitóris observado no
campo da psicanalise e tambem da biologia feminina é que as mulheres toleram
a masturbação de modo pior ao dos homens, onde em determinada situações as
mulheres lutam para evitar tal prazer, sendo que para os homens
essa reação seria uma via fácil sem nenhuma excitação, mas Freud ressalta em
seu livro ressalta que estas situações, mesmo em sua maioria
podem ocorrer algumas exceções não sendo uma regra, e que a masturbação
feminina esta mais afastada da natureza das mulheres que a dos
homens. Sigmund Freud descreve que este fator está ligado ao sentimento de
humilhação ligado á inveja do pênis, um lembrete de que, afinal de contas, esse
é um ponto no qual elas não podem competir com os meninos, e que assim seria
melhor para ela abandonar a idéia de fazê-lo.
4. CONCLUSÃO
Através da pesquisa realizada foi possível compreender de forma mais
clara que de acordo com as concepções Freudianas, as ocorrências que dão
início a sexualidade feminina e masculina e/ou que estimulam e influencias
estas, estão ligadas aos Complexos de Édipo e de Castração. Porém, estes
processos ocorrerem de forma diferenciada para meninos e meninas.
Embora o foco seja a sexualidade feminina, é relevante citar a experiência
pela qual, também (mesmo de forma diferente) os meninos passam neste
processo de formação de identidade sexual. Pois bem, para os indivíduos de
sexo masculino o complexo de castração ocorre mais tardiamente
(cronologicamente) e mesmo gerando um impacto de falta, de constatação de
que a menina não possui uma genital (pênis) igual a sua, inconscientemente o
mesmo, pensa que a menina possui sim um pênis pequeno (que não pode ser
visto) e que ainda irá crescer conforme a garota também cresça. Este
pensamento é imediatamente destruído quando o menino verifica que sua mão
embora adulta, também não possui o mesmo órgão que o seu, neste momento
o complexo de Édipo é destruído, pois, aquela admiração, aquela segurança,
outrora sentida pela mãe, acaba e dá lugar a uma visão da mãe apenas como
objeto sexual, porém, um desejo que não pode se realizar, pois, as ameaças de
castração (feitas pelos pais) diante das manifestações masturbatórias, inibem tal
comportamento. Para os meninos então se encerra o complexo de castração e
de Édipo também.
Já para as meninas essa fase de castração se dá antecipadamente a dos
meninos, nesta as meninas encerram o complexo de Édipo negativo, aquele em
que se volta contra a mãe, ao descobrir que a mesma não possui e também não
lhe deu um pênis. Neste instante, nasce na garota o complexo de Édipo positivo,
momento em que a mesma visualiza o pai como ser superior (por possuir um
pênis) e como aquele em que num primeiro momento poderá lhe conceder um
pênis e mais tarde um filho.
O tema sexualidade feminina ainda não é totalmente explicado (por
qualquer segmento teórico investigativo que seja), pois, até Freud que
anteriormente aos seus estudos e criação de suas teorias, enxergava o eu
feminino e o ser “mulher” como algo meramente habitual, constituindo-se apenas
dos fatos de ter nascido mulher, de conceber um filho, casar-se, cuidar dos filhos
e do marido; mudou suas convicções e concepções a respeito do assunto. Diante
deste cenário, trabalho evidencia o tabu que sempre foi este tema. Talvez de
fato, apenas ferramentas e metodologias psicanalíticas não sejam suficientes
para explicar um ser humano. As vivências e experiências históricas pelas quais
passaram o indivíduo mulher, a forma reprimida e opressora que sempre foi
dispensada a elas ao longo dos tempos e nas mais modernas das “civilizações”,
a discriminação por gostar, aceitar, expor seu corpo e de torná-lo um instrumento
para seu próprio prazer; (aliás, num passado recente, a mulher sentir prazer
sexual era um crime e em muitas sociedades e/ou “culturas” as mulheres têm
seus clitóris extraídos, pois o prazer feminino é considerado sujo, e imoral),
dentre outras passagens relativas a existência da mulher, juntamente com esse
atual momento da mulher e somado as grandes teorias concebidas e que ainda
estão por vir; talvez possa chegar a uma explicação e entendimento mais
fidedigno e aprofundado sobres as questões da sexualidade e do ser femenino.
5. REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. Sigmund Freud: o futuro de uma ilusão, o mal estar na
civilização e outros trabalhos 1927-1931. Rio de Janeiro: Imago Editora 1996,
1927-1931. 299 p.