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ESTÁGIO ESPECÍFICO II
O artigo lido trás que, desde Freud, o problema da mãe e da filha se inscreve
na psicanálise. No postulado freudiano, amor e ódio caracterizam a relação da
menina com a figura materna durante a estruturação inicial da sexualidade
feminina. Ao descrever os efeitos de uma fase pré-edípica na fêmea, nessa
fase, a menina aceita a mãe como objeto de amor e exibe uma sexualidade
inicialmente masculina.
A mãe é dotada de desejos sexuais tanto pela menina quanto pelo menino,
pois é ela que muitas vezes desperta as primeiras sensações prazerosas da
criança ao cuidar do bebê. Acredita-se que para o menino, é aí que estão as
raízes de seu complexo de Édipo - o amor pelo genitor do sexo oposto. Para a
garota, no entanto, isso não é verdade. Para que ela entre no complexo de
Édipo, seu arranjo amoroso deve passar por uma mudança - ou seja, deve
haver uma transição de amar sua mãe para amar seu pai.
O pai passa a ter um lugar para a menina, enquanto aquele que é o suposto
portador do falo e pode dar um filho como substituto fálico-simbólico. Assim, o
caminho para a feminilidade descrito na premissa freudiana passa pela
mudança do objeto de amor da mãe para o pai.
Para Lacan, o falo ainda é considerado o único significante da sexualização,
mas isso pressupõe que a mulher chegue à compreensão de que o outro
sexual não existe no nível inconsciente. "A mulher, isto só se pode escrever
barrando-se o A. Não há A mulher, artigo definido para designar o universal."
(LACAN, 1985[1972-1973], p. 98). Em outras palavras, não há significante para
a mulher que funda seu ser em termos de identificação, como podemos
encontrar do lado do homem. No entanto, isso traz consigo uma série de
dificuldades para ascender à posição feminina.
Para Brousse o sujeito observa na clínica que, embora a função paterna não
seja excluída, também não é apaziguadora, e o pai se coloca a serviço do
capricho materno. A impotência do pai é um traço característico. Não devemos
esquecer, porém, que a metáfora paterna sempre falha no sentido de não dar
pleno sentido ao desejo da mãe. O autor acrescenta que a desolação também
se refere ao modo particular como a linguagem se originou em um sujeito e
que, portanto, estabelece a referência ao Outro original. Denota o modo como
o sujeito foi nomeado por esse Outro, o signo do significante. Na clínica, ele
observa que essa emergência da linguagem muitas vezes assume a forma de
um insulto.