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Rei Édipo

Sófocles

Rei Édipo é uma das mais importantes peças de teatro trágico Grego, escrita
pelo tragediógrafo Sófocles. Uma das sete obras completas de Sófocles que chegaram
até nós, Rei Édipo, segundo Aristóteles, representa o exemplo mais perfeito da
tragédia Grega. É focada nas ações de caráter elevado, através da representação da
vida e atos de Homens superiores. Nesta obra Sófocles aborda na perfeição impotência
do Homem perante o seu destino, assim como as consequêcias das suas ações que
levam a fins trágicos.

Laio, rei de Tebas e pai de Édipo, ao ouvir por um oráculo que iria ser morto por
seu filho e que este desposaria a própria mãe, ordena a morte de Édipo jogando-o de
um penhasco. O pastor, encarregue da tarefa, piedosamente decide entregar Édipo ao
rei de Corinto, Políbio, e sua esposa Mérope . Já em idade adulta, Édipo foi insultado
ao acusarem-no de ser um filho enjeitado, tendo, em seguida, ido ao templo de Delfos
à procura de respostas. Aí Apolo anunciou-lhe o destino trágico a que estava fadado e,
acreditando que Políbio e Mérope eram seus pais, decide fogir de Corinto.
Numa encruzilhada de três caminho, Édipo encontra uma comitiva real e, num
ato de impulsividade, mata o homem que, na verdade, era Laio, seu pai, comprindo
assim a primeira parte da profecia. Quando chega a Tebas, Édipo salva a cidade da
Esfinge desvendando o seu enigma. Como recompensa, é coroado rei da cidade e casa-
se com a rainha recém-viuva Jacasta, sua mãe.

A obra começa na cidade Tebas, diante do palácio do rei Édipo, onde uma
terrivel peste assola a cidade. O oráculo de Apolo é consultado e este diz que apenas
quando fosse encontrado o assasino de Laio, seria a cidade salva. O povo, que
idolatrava Édipo, pede ajuda ao seu rei- “Eia, Édipo! Tu, que és o mais sabio dos
homens, reanima esta infeliz cidade, e confirma tua glória” (p. 7)- e este, mostrando o
governante responsável que era, encarrega-se de encontrar o assasino e puní-lo- “E
não será por um estranho, mas no meu interesse que resolvo punir esse crime; quem
quer que haja sido o assassino do rei Laio, bem pode querer, por igual forma ferir-me
com a mesma audácia. Auxiliando-vos, portanto, eu sirvo a minha própria causa.”-.
Esta ultima parte representa uma passagem notável da tragédia, pois Édipo irá fazer
precisamente o contrário, sofrendo um fim trágico. Aqui Sófocles, como é habito nas
suas obras, usa uma ambiguidade trágica na fala de Édipo, anticipando um raciocínio
obscuro, através de uma falácia de duplo sentido.
Em seguida, o diálogo entre Édipo e Tirésias, o profeta cego da cidade de Tebas,
representa um momento de reflexão sobre a atitude de Édipo perante os
acontecimentos. A cena começa com a entrada desalenta de Tirésias, prenúncio
trágico, recusando-se, em seguida, a responder a Édipo sobre quem era o assasino de
Laio- “Ordena que eu seja reconduzido a casa, ó rei. Se me atenderes,melhor será
para ti, e par mim.” (p. 23) - Esta prenúncia trágica é complementada quando Tirésias
afirma que Édipo, persistente em saber a resposta, iria se arrenpender de tal
informação,- “ Este dia mesmo far-te-á sabedor de teu nascimento, e de tua morte!”
(p. 32) – pois iria descobrir, na mesma ocasião, os dois terríveis lances da sua trágica
existência – os acontecimentos verdadeiros do seu nascimento e as suas ações que lhe
conduziriam á sua queda.
A reflexão existente neste diálogo remete á forma (irónica) em que Édipo é
acusado de nao possuir introvisão sobre quem realmente é. Para isso Sófocles utiliza a
cegueira de Tirésias, que parece ser o único que realmente “vê” o que realmente é
verdade. Tirésias é a representação da sabedoria e, apesar de não pussuir uma visão
fisica, possuía uma visao interior, aquela que faltava a Édipo, acusando-o disso
mesmo.- “tu que tens os olhos abertos à luz, mas não enxergas teus males, ignorando
quem és, o lugar onde estás, e quem é aquela com quem vives.” (p. 30). No fim,
quando Édipo toma consciência de seus atos, ele mesmo arranca seus olhos, tornando-
se cego, e submete-se ao isolamento como forma de aceitar sua culpa e se redimir.
Este acontecimento é antecipado por Tirésias – “ Ele vê, mas tornar-se-á cego; é rico, e
acabará mendigando; seus passos o levarão à terra do exílio...” (p. 33).

Esta obra de Sófocles levanta questões sobre até que ponto somos senhores do
nosso destino, havendo um conflito, constante ao longo da obra, entre o destino-
imposto pelos Deuses, na qual nós, humanos, somos reféns- e o livre arbítrio. Ambos
conceitos parecem coexisitr, dependendo do ponto de vista de cada leitor. Ao
olharmos para o destino imposto pelos Deuses como sendo superior ao livre arbitro de
cada individuo, vemos uma impotencia Humana perante os acontecimentos, longe do
seu controlo. Ao considerar Édipo, vemos que, sabendo o seu destino, tentou ao
máximo evitar que a previsão do oráculo se cumprisse, mas as suas ações acabaram,
precisamente, por levá-lo ao seu encontro, tornando claro a superioridade da vontade
divina. Por outro lado, se considerarmos a vontade Humana superior, sendo o Homem
“senhor de si”, constatamos que Édipo foi, somente, o responsável pela sua desgraça.
Ao longo da obra observamos que ele mesmo criou a sua sina, podendo a ter evitado.
O maior exemplo disso acontece quando ele próprio jura castigar o assasino de Laio- “
E não será por um estranho, mas no meu interesse que resolvo punir esse crime” (p.
14).
É esta falha trágica que leva Édipo á sua desgraça. Esta falha parece estar
vincada nos seus traços psicológicos. É a sua impulsividade oscilante e orgulho
excessivo que o leva a matar Laio, e as suas próprias virtudes colabaram para o seu fim
trágico: é a sua inteligência que o leva a decifrar o enigma da esfinge e,
consequentemente, casar a sua mãe; as suas virtudes enquanto rei parecem também
ter um papel importante, quando Édipo, querendo salvar o seu povo, jura nao
descansar enquanto não encontrar e castigar o assasino de Laio.

As temáticas universais sobre o Homem fazem do Rei Édipo um classico


atemporal onde o Homem se descobre na obra, unindo valores sociais e familiares,
num mundo teocentrico regido pelos desejos dos Deuses.

Bibliografia:

 https://cdn.culturagenial.com/arquivos/edipo-rei.pdf
 https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdeteatro/1660617

Aluno: Tiago Andre Gonçalves Rocha

Docente: Ana Maria Tarrio

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