Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DRAMÁTICA
Tragédia
(Entra CREONTE)
CREONTE Vou dizer, pois, o que ouvi da boca do deus. O rei Apolo
ordena, expressamente, que purifiquemos esta terra da mancha que ela
mantém; que não a deixemos agravar-se até tornar-se incurável.
ÉDIPO Mas, por que meios devemos realizar essa purificação? De que
mancha se trata?
CREONTE Tendo sido morto o rei Laio, o deus agora exige que seja
punido o seu assassino, seja quem for.
ÉDIPO Que calamidade era essa, que vos impediu de investigar o que
se passara?
ÉDIPO Pelos deuses! Visto que sabes, não nos ocultes a verdade!
Todos nós, todos nós, de joelhos, te rogamos!
TIRÉSIAS Jamais causarei tamanha dor a ti, nem a mim! Por que me
interrogas em vão? De mim nada ouvirás!
ÉDIPO Quem não se irritaria, com efeito, ouvindo tais palavras, que
provam o quanto desprezas esta cidade!
ÉDIPO Pois bem! Mesmo irritado, como estou, nada ocultarei do que
penso! Sabe, pois, que, em minha opinião, tu foste cúmplice no crime,
talvez tenhas sido o mandante, embora não o tendo cometido por tuas
mãos. Se não fosse cego, a ti, somente, eu acusaria como autor do crime.
Ainda assim, Édipo não acredita que tenha sido culpado. Continua sua
investigação. Vendo confirmada pelo pastor que o acolheu em criança, e
reconhecendo nesta a própria história, Édipo sabe em seguida que Jocasta,
sua esposa e mãe, em desespero pelo reconhecimento, se enforca. Édipo,
em ato extremo, cega os próprios olhos.
ÉDIPO Foi Apoio! Sim, foi Apoio, meus amigos, o autor de meus
atrozes sofrimentos! Mas ninguém mais me arrancou os olhos; fui eu
mesmo! Desgraçado de mim! Para que ver, se já não poderia ver mais nada
que fosse agradável a meus olhos?
CORIFEU Teria sido razoável tua resolução, ó Édipo? Não sei dizer, na
verdade, se te seria preferível a morte, a viver na cegueira.
(Momento de silêncio).
A Comédia
A MUCAMA – Engraçado?
AMÉLIA – Pudera! Uma senhora honesta não deve sancionar com sua
presença a exibição de semelhantes peças: dá má ideia de si.
AMÉLIA – Não; é outra de igual nome, mas muito pior. Não podes
imaginar o que aquilo é! Eu estava a ver o momento em que, mesmo em
cena... Que horror! Nunca senti tanto fogo nas faces!...
HENRIQUE – Dize.
AMÉLIA – Uma imoralidade que não deve ser vista e nem ouvida por
uma senhora honesta.
Vejam mais uma vez que apenas por meio da troca de falas entre os
personagens pode-se quase descrevê-los, compreender como pensam e
agem, como se faziam os casamentos nesta classe, como viviam essas
pessoas. A economia do teatro ganha mais densidade quando a peça é
posta em cena, é claro, mas a competência do dramaturgo permite bem a
criação de imagens.
E o drama?
Nos degraus
HARRY: Mmmmm...?
HARRY: Nada.
HARRY: Mmmm...?
COLETTE: Você me ouviu. Eu disse que tem um... você poderia tirar
esse jornal da frente enquanto estou conversando com você? (HARRY olha,
retira o jornal)
HARRY: O quê?
COLETTE: Sim.
HARRY (retomando seu jornal): Mais razões ainda para não acreditar
na senhora Plaza.
HARRY: O quê? Eu estou consumindo meu jornal aqui, caso você não
tenha percebido.
COLETTE: Ela é uma mulher amável, HARRY, ela ama todas as coisas
viva, e além do mais ela adorava o tirano.
HARRY: Quem?
COLETTE: O pássaro.
COLETTE: Sim, é.
COLETTE: Não até você dizer o que você sabe sobre a morte desse
pássaro.
COLETTE: Lá fora...
COLETTE: Na escadaria.
(Pausa)
HARRY: Eu não...
COLETTE: Por que você não admite HARRY? Hein? HARRY? Está
envergonhado de si mesmo não está?... Por que é que você fez isso, por
quê? Primeiro foram os micos da praça, depois os coelhos, depois os
esquilos, agora o pássaro-tirano. Porque, HARRY? Eles não maltrataram
você, eles não... eles não incomodam você.
COLETTE: Nós?...
HARRY: Nah, nah, nah... Eu devia ir pra América e casar com alguma
garota lá, dizem que as garotas de lá são diferentes. Vocês aqui são
insignificantes. Uma merda de um Estorninho, fale direito! Aprenda a falar,
não é pássaro-tirano é Estorninho. Você é a senhora Plaza!!!
COLETTE: Sério?
HARRY: Pro diabo! Foi uma merda um estorninho preto, pelo amor de
Deus! Eu adoro aqueles pássaros.
COLETTE: Foram vários? Você ama...?
HARRY: Ótimo. Me dê agora meu suco. Por favor? Por favor? Por
favor? (ele bebe metade do suco, retoma o jornal) Meu Deus!
(Ela sai. Ele de repente imagina que o veneno possa estar em seu
suco, ele dá um salto colocando jogando o copo para longe dele. O suco
derrama na mesa. COLETTE rindo.)
COLETTE: Há! Você não pensou que eu... (ela ri, se descobre
conversando com um jornal. Chora e ri até a luz cair totalmente em
resistência)