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COLÉGIO PEDRO II - CAMPUS ENGENHO NOVO II

ATIVIDADES ASSÍNCRONAS ANO LETIVO 2020


MARÇO 2021 – PORTUGUÊS – ATIV VII (07)

TURMA:
PROF Ana Claudia e Mariana COORD.: Prof Juliana
____

NOME COMPLETO: NÚMERO:

INTRODUÇÃO À LITERATURA – continuação


GÊNERO DRAMÁTICO
A origem oficial do teatro remonta à Grécia Antiga. Durante as
celebrações ao deus Dioniso (deus do vinho, do transe e das
festas) eram feitas procissões e, ao final, apresentavam-se peças
de teatro de cunho religioso na mesma sala em que ficava a
estátua do festejado deus. Com o passar do tempo, a
religiosidade das peças foi dando espaço ao aspecto artístico e as
encenações ganharam tons nobres e sérios (tragédias gregas) ou
cotidianos e jocosos (comédias gregas). As apresentações se
transformaram em verdadeiros concursos muito disputados por
poetas gregos como Sófocles, Arístófanes, Eurípedes.
A tragédia foi a representação que mais se divulgou. São peças
que marcaram a arte em geral e principalmente o teatro e a
literatura do mundo ocidental. Aristóteles dizia que a tragédia
grega era a representação de sentimentos nobres, ao contrário
das comédias, que seriam a representação dos sentimentos
cotidianos, do ser humano comum. Sem concordar inteiramente
com isso, podemos considerar que, por meio da tragédia, os
espectadores podiam experimentar emoções como raiva,
frustração, grandes perdas, paixões. Após a encenação e a
vivência dessas emoções, o espectador sairia um tanto aliviado,
porque primeiro ele se identificou com os personagens, sofreu
suas emoções e então pôde sair da peça com essa catarse
realizada, voltando para sua vida diária.
Como não é possível tratar de muitas dessas histórias, vamos dar
prioridade a uma peça de Sófocles, um dos tragediógrafos que
ficou para a história. A peça se chama Édipo Rei e ainda é um
marco importante da cultura ocidental.

ÉDIPO REI
Sinopse
Atormentado por uma profecia, de que iria matar o pai e casar
com a própria mãe, Édipo tenta – inutilmente – fugir de seu
destino...

Explicação sobre o início da peça


A peça se inicia com Édipo, um estrangeiro já então na posição de
rei de Tebas, ouvindo o pedido do povo tebano: que encontre
uma forma de libertar sua população da Peste que assolou a
cidade. Na história, as pessoas acreditavam que as pestes eram
causadas por algum desagrado dos deuses contra o povo, como
se o povo tivesse de consertar algo que tivesse feito de errado e
só depois da resolução viria o alívio.
O mensageiro e cunhado de Édipo, Creonte, retorna da consulta
ao oráculo de Delfos (uma cidade onde ficava o oráculo; este era
uma espécie de ser adivinho a quem o povo recorria nas
angústias para tentar descobrir o que fazer). Creonte retorna com
a seguinte orientação do oráculo: era preciso fazer justiça contra
o assassino de Laio, o soberano que reinava antes da chegada de
Édipo àquelas terras. Após a justiça feita, então a cidade-país de
Tebas voltaria a ter paz. Segue-se a isso uma persistente e difícil
investigação de Édipo para descobrir o que aconteceu com Laio.

Vejamos dois episódios:


1)
ÉDIPO – A todo aquele dentre vós que souber sob o braço de
quem tombou Laio, o filho de Lábdaco, ordeno revelar-me tudo.
Se ele teme por si mesmo, que se livre sem glória da culpa que
lhe pesa: não sofrerá nenhuma violência e partirá daqui em
plena segurança. Se ele sabe ser outro o assassino – ou mesmo
um homem nascido noutra terra – que não guarde o silêncio, eu
lhe pagarei o preço de sua revelação, acrescido de minha
gratidão. Mas se quiserdes permanecer mudos, se um de vós,
temendo por um dos seus ou por si mesmo, furtar-se a meu
apelo, sabei nesse caso como pretendo agir. Seja quem for o
culpado, proíbo a todos, neste país onde tenho o trono e o poder,
que o recebam, que lhe falem, que o associem às preces e aos
sacrifícios, que lhe deem a menor gota de água lustral. Quero que
todos, ao contrário, o lancem para fora de suas casas, como a
imundície de nosso país. (...) Rogo aos céus que o criminoso (...)
tenha uma vida miserável; e, se porventura viesse a admiti-lo
conscientemente em meu lar, que eu sofra todos os castigos que
minhas impreçações lançaram sobre outros.

2)
Explicação sobre o segundo trecho:
Édipo se empenha fortemente na busca do assassino, mas não
imagina a dor do que será revelado por Tirésias, o ancião cego e
adivinho, convidado a depor.
TIRÉSIAS – Ai de mim! Como é terrível o saber, quando saber de
nada serve a quem o possui! Eu não o ignorava, mas havia
esquecido. Caso contrário, não teria vindo.
ÉDIPO – O que foi? E por que tamanha perturbação ao
pensamento de ter vindo?
TIRÉSIAS – Vai, deixa-me voltar para casa: assim teremos menos
dificuldade de suportar, eu a minha sina, tu, a tua.
ÉDIPO – Que dizes? Não é normal nem conforme ao amor que
deves a Tebas, tua mãe, recusar-lhe um oráculo.
TIRÉSIAS – Ah! É que te vejo não dizer aqui o que convém; e ,
como temo cometer também o mesmo erro...
(...)
ÉDIPO – Ó, maldade das maldades – pois és capaz de enfurecer
uma pedra - , então nada queres dizer, pretendes mostrar-te a tal
ponto insensível, obstinado?
TIRÉSIAS – Censuras minha furiosa obstinação; enquanto não
percebes a que habita em ti, e é a mim que a seguir condenas!
ÉDIPO – E quem não se enfureceria ao ouvir de tua boca palavras
que são afrontas a esta cidade?
TIRÉSIAS – As infelicidades virão sozinhas: pouco importa que eu
me cale e as queira te ocultar!
ÉDIPO – Mas, se elas devem vir, não convém que tu me digas?
TIRÉSIAS -Nada mais direi. Se quiseres, deixa teu despeito
mostrar o seu furor mais feroz.
ÉDIPO – Que assim seja! No furor em que me encontro, nada
ocultarei do que entrevejo. Saibas portanto que, para mim, foste
tu que tramaste o crime, foste tu que o cometeste, apenas não
foi teu braço que golpeou. Mas, se tivesses olhos, eu diria que
mesmo isso foste tu, somente tu que fizeste.
TIRÉSIAS – É mesmo? Então intimo-te, eu, a cumprir a ordem que
tu mesmo proclamaste, de não mais falar deste dia em diante a
quem quer que seja, nem a mim, nem a estas pessoas; pois fica
sabendo que és tu, és tu o criminoso que mancha este país.

As perguntas a seguir são um convite para pensar, não é


necessário responder por escrito.
- Segundo a fala de Tirésias, quem foi o assassino de Laio?
- Édipo tem como compreender essa fala no momento em que
Tirésias a pronuncia
- Nos dois trechos, há destaques em itálico. Qual a relação entre
essas partes?
- A estrutura narrativa dessa tragédia do gênero dramático segue
a estrutura padrão do gênero épico?

GÊNERO LÍRICO
Já tratamos do gênero lírico, por meio da análise de sonetos de
Luís de Camões. Também anotamos seus elementos além de
pensarmos na linguagem simbólica das figuras e nas funções
metalinguística e poética.
Para concluir, vejamos um trecho de poema em versos livres e
brancos da autora Stephanie Borges, uma das escritoras
expoentes da literatura brasileira na atualidade. O trecho é do
livro Talvez precisemos de um nome para isso e, além de fazer
parte da própria obra de S.Borges, também está contido em uma
coletânea sobre 29 escritoras de hoje, de Heloísa Buarque de
Holanda.
Para pensar:
- Que elementos confirmam que o texto de Stephanie Borges é
um poema? Quais os recursos utilizados para promover
expressividade no poema?

Para seguir com a atividade sobre gênero lírico e gênero


dramático, solicitamos que você faça o seguinte:

1)Pesquise a tragédia de Sófocles, Édipo Rei, e responda em um


parágrafo curto, no Fórum destinado a isso:
Qual a história da tragédia de Édipo Rei? Qual a espécie de
“moral da história” nessa tragédia?
2)Leia e estude os sonetos de Camões no arquivo anexado abaixo
do FÓRUM PERMANENTE. ESSA COLETÂNEA É SUA LEITURA DO
TRIMESTRE. Os sonetos serão mencionados em outros
momentos de nossa atividade com Literatura.

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