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Aluno(a): ___________________________________________________________________

Professor(a): Rodrigo Paes 2ª Série: _______ - Ensino Médio

Data: ____/____/ 2021 Disciplina: Literatura Título: A1 – Trimestre 3 Nota:

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INSTRUÇÕES:
1 – Confira toda a prova. Se observar qualquer irregularidade, fale com o fiscal.
2 – Preencher o cabeçalho.
3 – As respostas das questões que envolvem cálculos só terão validade com apresentação dos mesmos.
4 – Questões com rasura não serão aceitas.
5 – Fica proibido a utilização de corretivo, de qualquer anotação, o uso de relógios e aparelhos eletrônicos.

01. Leia o texto e em seguida responda.

TEXTO 1:
“A zoomorfização na Literatura, a despeito de qualquer outra característica estilística, sempre esteve
presente, no entanto, aparece principalmente nas obras com características realistas que, em contraponto
àquelas com aspectos mais românticos, têm o intento de retratar as mazelas da sociedade como espelho.
(...) Fez-se necessário uma Literatura condizente com o real e, para tanto, a zoomorfização de personagens
foi utilizada com maior ênfase. Paralelo ao Realismo, o Naturalismo é o momento em que mais se verifica
este fenômeno.”
Uesla Lima Soares, O Aninal Humano: Os paradigmas da zoomorfização social e sua representação literária, Anais do Festival
Literário de Paulo Afonso, 2017.
TEXTO 2:
“[O zoomorfismo] ocorre quando “o que é próprio do homem se estende ao animal e permite, por simetria,
que o que é próprio do animal se estenda ao homem.”
Antônio Cândido, De Cortiço a Cortiço, Novos Estudos CEBRAP, 1991.

Considere as seguintes afirmações:

I - A zoomorfização se opôs frontalmente às idealizações românticas, sendo uma característica exclusiva do


Naturalismo.
II - Segundo Antônio Cândido, não é possível haver distinção entre ser humano e animal. No sentido de que um cede
característica ao outro e vice-versa.
III - A definição de Antônio Cândido sobre zoomorfismo é construída por meio de um processo chamado quiasmo.

A respeito das afirmações, deve-se dizer que:

a) Somente a I está correta.


b) Somente a II está correta.
c) Somente a III está correta.
d) Somente I e II estão corretas.
e) Somente I e III estão corretas.

02. A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):

“Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e
mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora
de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças
esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se
os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém
sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
Os sinos da vizinhança começaram a badalar.
E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa.
O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e
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abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia
a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.
Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente,
sepultando a louca num montão de brasas.”
(Aluísio Azevedo. O cortiço)

Releia o fragmento de O cortiço, com especial atenção aos dois trechos a seguir:

“Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas
arrancadas pela dor e pelo desespero. (…)”
“E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que
se despejavam sobre as chamas.”

No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções literárias que configuram imagens plásticas no espírito do leitor,
Aluísio Azevedo apresenta características psicológicas de comportamento comunitário. Aponte a alternativa que
explicita o que os dois trechos têm em comum:

a) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e preocupação de poucos em relação à


tragédia comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no segundo trecho.
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se é
ajudado, no segundo trecho.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo
trecho.
e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos por
todos”, no segundo trecho.

03. Leia o fragmento da obra “O mulato” e em seguida responda o que se pede.

“Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de
francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um
modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como
poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir.
Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em
tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias.
— Mulato!
Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para
com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus
antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.”
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento).

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador
expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois:

a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça.


b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX.
c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres.
d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente.
e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros.

04. Sobre o Parnasianismo considere as afirmações e em seguida assinale a alternativa correta.

I - O Parnasianismo foi um movimento literário que se desenvolveu na França e espalhou-se pela Europa, tendo
inclusive influenciado a literatura brasileira. Teve seu auge durante o século XIX e coexistiu junto com o Realismo e
Naturalismo.
II - É um movimento essencialmente em verso e tem comprometimento estético, ressaltando o valor da “arte pela arte”.
III - O parnasianismo retorna à antiguidade clássica, com o foco maior na estética literária da época. A estrutura da
poesia era mais importante, muitas vezes, que o seu próprio conteúdo.
IV - A tríade parnasiana é formada por Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia, todos voltados aos
elementos essencialmente poéticos.

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a) Apenas I
b) Apenas a II
c) Apenas a I e III
d) Apenas a II e IV
e) Todas estão corretas.

05. Sobre as características do estilo parnasiano marque V para verdadeiro e F para falso.

( ) Estruturas Fixas: O uso de estrutura fixas para a composição das poesias também eram uma tendência bem
característica. O Soneto, composto por duas estrofes de quatro versos seguidos por duas estrofes de três versos, era o
mais usado.
( ) Metrificação: Existia um rigor quanto a quantidade de sílabas poéticas em casa verso. Precisavam ser iguais
em todos os versos e normalmente eram usado 10 ou 12.
( ) Exotismo e Mitologia: Estes temas eram valorizados pelos autores do movimento, principalmente a temática
greco-romana.
( ) Preciosismo: todo objeto da poesia deve se tornar único, precioso, por isso era usado palavras poucos
conhecidas e rimas ricas.
( ) Culto à forma: Os parnasianos eram focados na estética das poesias, não possuíam nenhum compromisso
que não fosse pela beleza da forma.

a) FFVVV
b) FVFFV
c) VVVFF
d) VVVVV
e) VVFFV

06. Sobre o Parnasianismo no Brasil marque V para verdadeiro e F para falso.

( ) O culto à arte da Antiguidade Clássica também é marcante neste movimento. Assim, a forma fixa apresentada
é a de sonetos tendo a métrica revelada por versos alexandrinos - que têm 12 sílabas - e os versos decassílabos
perfeitos. No Brasil essa mesma métrica é obedecida. A rima deve ser rica, rara e perfeita. Ou seja, há o endeusamento
da forma. Tudo isso contrapondo-se aos versos livres e brancos, tipicamente utilizados na virada do século XIX com a
escola literária modernista.
( ) A Poesia Parnasiana ainda incita a impessoalidade e a impassibilidade. O resultado ao abandono do
subjetivismo, considerado decadente, é uma poesia universalista, tendo como marca descrições objetivas e
impessoais.
( ) A Poesia Parnasiana reflete a reação na literatura poética às grandes transformações ocorridas ao fim do
século XIX e início do século XX. Essa mesma estética da perfeição inicia-se no ao fim da década de 1870.
( ) O modelo utilizado no Brasil tem relação direta com as causas sociais, sobretudo os problemas da escravidão
e a transição do sistema político nacional.
( ) A perfeição, contudo, não impõe a subjetividade. Ao contrário, a Poesia Parnasiana assume uma clara postura
anti-romântica. Há o culto à forma, uma objetividade temática que surge tendo a negação ao sentimentalismo típico e
claro do Romantismo.

a) VVVFF
b) FVFVF
c) FFVVV
d) VVFFV
e) FFFFV

07. Faça uma análise estrutural do poema “Via Láctea” de Olavo Bilac considerando a sua estrutura de metrificação e
em seguida diga qual a relação com as estruturas clássicas e a estética parnasiana no Brasil.

Ora, direis, ouvir estrelas, certo


Perdeste o senso; e eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite, enquanto


A via-láctea, como um pálio aberto
Cintila; e, ao vir do Sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto

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Direis agora: Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas

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08. Escolha uma das obras do escritor Aluísio de Azevedo e faça uma análise tanto da estrutura quanto das temáticas
que estão diretamente associadas com as obras “O cortiço” e “O mulato”.

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