10/02/2023 14:09 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.

Psicopatologia Psicanalítica. O diagnóstico estrutural: Neurose e Psicose.

Aqui trabalharemos com dois artigos de Freud. Neurose e psicose de 1924 e A perda da realidade na
neurose e psicose também de 1924.

Freud em Neurose e psicose afirma que: “Em vinculação com uma sequencia de pensamento levantada
em outros campos, relativa à origem e prevenção das psicoses, ocorreu-me agora uma fórmula simples
que trata com aquilo que talvez seja a mais importante diferença genética entre uma neurose e uma
psicose: a neurose é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose é o desfecho
análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o ego e o mundo externo”.

“(...) Nossas análises demonstram todas que as neuroses transferenciais se originam de recuar-se o ego a
aceitar um poderoso impulso instintual do id ou a ajudá-lo a encontrar um escoador ou motor, ou de o ego
proibir àquele impulso o objeto a que visa. Em tal caso, o ego se defende contra o impulso instintual
mediante o mecanismo da repressão. O material reprimido luta contra esse destino. Cria para si próprio, ao
longo de caminhos sobre os quais o ego não tem poder, uma representação substitutiva (que se impõe ao
ego mediante uma conciliação) — o sintoma. O ego descobre a sua unidade ameaçada e prejudicada por
esse intruso e continua a lutar contra o sintoma, tal como desviou o impulso instintual original. Tudo isso
produz o quadro de uma neurose. Não é contradição que, empreendendo a repressão, no fundo o ego
esteja seguindo as ordens do superego, ordens que, por sua vez, se originam de influências do mundo
externo que encontraram representação no superego. Mantém-se o fato de que o ego tomou o partido
dessas forças, de que nele as exigências delas têm mais força que as exigências instintuais do id, e que o
ego é a força que põe a repressão em movimento contra a parte do id interessada e fortifica a repressão
por meio da anticatexia da resistência. O ego entrou em conflito com o id, a serviço do superego e da
realidade, e esse é o estado de coisas em toda neurose de transferência.”

No artigo intitulado “A perda da realidade na Neurose e na Psicose” Freud afirma que: Tanto a neurose
quanto a psicose são, pois, expressão de uma rebelião por parte do id contra o mundo externo, de sua
indisposição — ou, caso preferirem, de sua incapacidade — a adaptar-se às exigências da realidade.

A neurose e a psicose diferem uma da outra muito mais em sua primeira reação introdutória do que na
tentativa de reparação que a segue.

Por conseguinte, a diferença inicial assim se expressa no desfecho final: na neurose, um fragmento da
realidade é evitado por uma espécie de fuga, ao passo que na psicose, a fuga inicial é sucedida por uma
fase ativa de remodelamento; na neurose, a obediência inicial é sucedida por uma tentativa adiada de fuga.
Ou ainda, expresso de outro modo: a neurose não repudia a realidade, apenas a ignora; a psicose a
repudia e tenta substitui-la. Chamamos um comportamento de ‘normal’ ou ‘sadio’ se ele combina certas
características de ambas as reações — se repudia a realidade tão pouco quanto uma neurose, mas se
depois se esforça, como faz uma psicose, por efetuar uma alteração dessa realidade. Naturalmente, esse
comportamento conveniente e normal conduz à realidade do trabalho no mundo externo; ele não se detém,
como na psicose, em efetuar mudanças internas. Ele não é mais autoplástico, mas aloplástico.

Em uma psicose, a transformação da realidade é executada sobre os precipitados psíquicos de antigas

relações com ela — isto é, sobre os traços de memória, as ideias e os julgamentos anteriormente
derivados da realidade e através dos quais a realidade foi representada na mente. Essa relação, porém,
jamais foi uma relação fechada; era continuamente enriquecida e alterada por novas percepções. Assim, a
psicose também depara com a tarefa de conseguir para si própria percepções de um tipo que corresponda
à nova realidade, e isso muito radicalmente se efetua mediante a alucinação”.

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Portanto, tanto na neurose quanto na psicose interessa a questão não apenas relativa a uma perda da
realidade, mas também a um substituto para a realidade.

Se você compreendeu esse breve resumo responda:

Quanto ao texto Neurose e Psicose. Freud S. (1924), assinale a resposta correta.

P para Psicose e N para Neurose.

( ) muitas vezes o delírio encontra- se como remendo no lugar em que originalmente uma fenda apareceu
na relação do ego com o mundo externo.

( ) existe um conflito entre ego e superego

( ) o material reprimido luta contra a repressão e cria uma representação substituta, o sintoma

( ) um novo mundo é construído de acordo com os impulsos desejosos do id

( ) o ego segue as ordens s do superego, ordens que, por sua vez, se originam das influências do mundo
externo.

a) P–P–N–P–N

b) P–N–P–N-N

c) P – N – N – P– N

d) P – N– P – N – P

e) N– P – N – P– P

A alternativa correta é a C. Atente que se você compreendeu o mecanismo das neuroses e psicoses é
muito simples encontrar a alternativa correta.

Bibliografia:

FREUD, S. (1924) Neurose e Psicose. In: Edição Standard das Obras Completas. Rio de Janeiro: Ed.
Imago, 1965.

___________ (1924) A perda da realidade na neurose e na psicose. In: Edição Standard das Obras
Completas. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1965.

Exercício 1:

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As neuroses podem esquematizar-se, no plano de sua compreensãopsicopatológica, como um conflito

entre as demandas pulsionais do Id e as exigências do Superego,com um ego suficientemente forte para
suportar o conflito e tentar resolve-lo graças a seus mecanismos de defesa. Geralmente há uma repressão
dos conteúdos ligados ao Id, com a vitória aparente do Superego. Mas o retorno do reprimido é feito
através dos sintomas que, no entanto, permanecem suficientemente limitados, não impedindo o
funcionamento do Ego.

Os principais quadros patológicos considerados neuróticos e os mecanismos de defesa subjacente são:

I-Neurose Obsessiva: Deslocamento de afetos e formações reativas.

II-Histeria: Recalcamento.

III-Histeria de angústia (neurose fóbica): Projeção e Deslocamento.

IV-Neurose Obsessiva: Rejeição.

V-Psicose: Repressão.

Assinale a alternativa correta:

A)

I, II e V estão corretas.

B)

Apenas II está correta.

C)

Apenas III está correta.

D)

Apenas IV e V estão corretas.

E)

I, II e III estão corretas.

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Exercício 2:

As psicoses representam um distúrbio de personalidade muito mais profundo e grave do que as neuroses.

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É incorreto afirmar que nas psicoses:

A)

O Ego desliga-se da realidade, ficando prisioneiro do Id, em benefício do qual tenta reconstruir uma nova
realidade, por intermédio do delírio e das alucinações.

B)

Clinicamente, as psicoses, manifestam-se por distúrbios importantes do contato com a realidade externa,
distúrbio este desconhecido e percebido como vindo de fora, e não do próprio indivíduo, não havendo
pedido de auxílio.

C)

Individualiza-se por um tipo de relação objetal onde domina o controle do objeto, com ambivalência dos
sentimentos e investimento mágico do pensamento; nas defesas destacam-se o deslocamento dos afetos
de uma representação a outra.

D)

A natureza da angústia é de fragmentação.

E)

Ao vivenciar que seus pensamentos mais íntimos são imediatamente percebidos pelas pessoas, verifica-se
uma fusão com o mundo, um avançar terrível do mundo público sobre o privado, um extravasamento
involuntário da experiência pessoal e interior sobre o mundo circundante.

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Exercício 3:

Assinale a alternativa incorreta.

A)

Para Freud, nas psicoses o mundo exterior não é percebido ou a percepção dele não produz qualquer
efeito.

B)

Para Freud, a etiologia comum para as neuroses e psicoses é a frustração dos desejos. Aponta que o
efeito patogênico irá depender de considerações econômicas, ou seja, da magnitude das forças que estão
lutando entre si.
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C)

Na neurose o fragmento de realidade é ignorado e a tentativa de substituição da realidade desagradável

por outra que esteja mais de acordo com os desejos do indivíduo é possibilitada pela existência de um
mundo de fantasia.

D)

Na neurose a realidade é recusada – e o novo e imaginário mundo externo da psicose tenta colocar-se no
lugar da realidade externa.

E)

Os estudos das psicoses e do fetichismo, afecções que põem em causa principalmente às relações do Ego
com a realidade, levarão Freud a aprofundar os conceitos de clivagem do Ego e do mecanismo de recusa.

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Exercício 4:

Uma adolescente de 17 anos foi levada pelos pais para atendimento médico, pois estavam preocupados
com o seu comportamento. Nos últimos três meses vem se isolando progressivamente, fica no seu quarto,
pouco ou quase não responde as perguntas que lhe são feitas. Ri e fala sozinha, às vezes gesticulando
como estivesse falando com alguém. Pouco antes das manifestações acima descritas, chegava a falar de
“vozes” que faziam comentários sobre ela, e chegou mesmo a desconfiar de estarem colocando “veneno”
na sua comida. Antes desse período era uma pessoa comunicativa e com bom relacionamento social,
inclusive indo bem na escola. Esse quadro clínico é sugestivo de que doença? Quais os sintomas que a
confirmam?

A)

Esquizofrenia paranóide. Sintomas que a confirmam: alucinação auditiva e delírio de caráter persecutório.

B)

Esquizofrenia catatônica. Sintomas que a confirmam: alucinação auditiva, delírio de caráter persecutório,
diminuição da atividade motora.

C)

Esquizofrenia hebefrênica. Sintomas que a confirmam: alucinação auditiva, delírio de caráter persecutório,
autismo, isolamento afetivo progressivo com o meio ambiente.

D)

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Transtorno delirante crônico. Sintomas que o confirmam: atividade delirante e alucinatória, induzindo a um
isolamento que tende a se cronificar.

E)

Transtorno delirante crônico. Sintomas que o confirmam: alucinação auditiva e delírio de caráter
persecutório.

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Exercício 5:

Sra. R era uma dona de casa de 49 anos .Ela estava convencida de que era completamente inútil e estava
preocupada sobre como seu pai havia batido nela quando era pequena por ela ser uma “menina má”. Por
vezes a introjeção ruim do pai abusivo e odiado era absorvida na própria visão do paciente , e ela cortava
a si mesmo tanto como autopunição quanto como uma forma de atacar o objeto interno .Em outras vezes o
pai era sentido como objeto interno separado , como um severo superego , que a repreendia por ser ruim.
Nestes casos a Sra. R apresentava alucinações auditivas dizendo :” Você é má” e “ Você merece morrer “ .

Assinale a alternativa que mais se aproxima do diagnóstico manifestado pela Sra. R .

A)

Esquizofrenia paranóide.

B)

Transtorno delirante.

C)

Depressão psicótica.

D)

Esquizofrenia simples.

E)

Transtorno esquizofreniforme.

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Exercício 6:

J.foi trazido para internação no hospital contra sua vontade por dois irmãos e um amigo da família . Seus
acompanhantes relataram que J. estava extremamente agitado , falando muito rápido não conseguia
permanecer quieto em nenhum local , andando o tempo todo .Estes sintomas haviam aparecido há um
mês , manifestando comportamento inadequado , cantando canções maliciosas , dançando e fazendo
piadas obscenas .Dormia pouco , se dizia ser muito importante e que tinha conseguido muitas coisas na
vida. A maior parte do tempo seu humor era expansivo.

Atráves do caso descrito , qual sua hipótese diagnóstica ?

A)

Hipomania.

B)

Esquizofrenia catatônica.

C)

Distimia.

D)

Estupor depressivo.

E)

Mania com sintomas psicóticos.

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Exercício 7:

D. tem 23 anos , é solteira e mora em Araçatuba .Foi levada ao hospital psiquiátrico pela sua tia devido a
agressividade e pensamentos suicidas . Atacou sua mãe espancando –a violentamente .Após esse
episódio tivera acessos de agressividade e falava diversas vezes em se matar .D explicou que o ataque a
sua mãe foi instituído por uma força sobrenatural e uma voz reveladora. Essa voz lhe dizia que sua mãe
nunca a quisera , e inclusive iria tentar tirar-lhe a vida .Os sintomas positivos apresentados por D são :

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A)

Afeto embotado e diminuição de vontade.

B)

Delírio e alucinação.

C)

Dificuldade intelectual e delírio.

D)

Perda da critica.

E)

Distanciamento afetivo e empobrecimento da linguagem.

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Exercício 8:

Sobre os conceitos de neurose e psicose, assinale a alternativa errada.

A)

A escuta e a observação das pacientes histéricas fez com que Charcot, Freud, Janet, dentre outros
apontassem a existência de uma divisão no psiquismo, divisão que a Psicanálise e a Psiquiatria
reconhecerão posteriormente como o inconsciente.

B)

A CID 10 e o DSMV são manuais de classificação internacional dos transtornos mentais. Seu enfoque é
descritivo e pragmático e sua vocação é universalizante. Neurose e psicose são termos utilizados com
restrições nestes manuais.

C)

Conversão é um mecanismo utilizado na neurose histérica. Refere-se à localização e à simbolização no

corpo, de um conflito psíquico.

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D)

Projeção é um mecanismo utilizado na psicose. Refere-se ao retorno, pelo exterior, de uma representação
rejeitada.

E)

Talvez o mais característico das psicoses seja a perda do limite entre a realidade e a vida psíquica do
sujeito.

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