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Centro Universitário Celso Lisboa

PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA GERAL

CASOS CLÍNICOS

Diego da Silva Barros

Flávia Castilho

Larissa Abreu

Rio de Janeiro

2022
Prof.ª Sonia Maria de Carvalho Moura

1 ª Questão:

A) De acordo com o caso clínico abaixo que hipótese diagnóstica


encontramos neste caso: transtorno neurótico ou psicose? (1,0
ponto)
De acordo com o que foi analisado podemos identificar características
para uma possível hipótese diagnóstica de psicose.

B) Justifique seu diagnóstico utilizando os aportes teóricos estudados


da Psiquiatria clínica, no texto “Formas do adoecer psíquico” e o
ponto de vista da Psicanálise de acordo com os textos freudianos,
“Neurose e psicose” e “A perda da realidade na neurose e na
psicose”. (2,0 pontos)
É evidente a construção delirante de personagens, sons e alucinações
envolvendo seus vizinhos, já que o mesmo alega estar sendo um alvo
deles. Nessa análise observamos que o paciente se encontra num grau
severo de psicose, principalmente na presença da sua desconexão total
com a realidade e sua negação diante ao seu estado comprometido e
furioso ao ser levado para o hospital pelos policiais. É notória a presença
de embotamento volitivo, levando em consideração que as diferentes
áreas da vida social do indivíduo estão extremamente comprometidas.
Observa-se então que não existe consciência de morbidade, e sim uma
desorganização e desestruturação global da personalidade do indivíduo
com presença de desordem e desconexão do pensamento, da
linguagem e das ideias.

C) Que indicação terapêutica você sugeriria a este paciente? (1,0


ponto)
É indicado sob o ponto de vista psicanalítico que o paciente busque um
tratamento na área da psicanálise e também uma avaliação psiquiátrica
para sua condição referente a medicamento e, se for o caso, uma
possível internação, sendo levado em conta o seu histórico longo com
medicação e internação sem efeitos eficazes.
Caso clínico 1

Um homem solteiro e desempregado, de 44 anos, foi trazido à sala de


emergência pela polícia, por bater em uma mulher idosa de seu edifício. Ele
queixou-se de que a mulher em que batera era uma cadela e que ela e as
“outras” mereciam mais do que isso, pelo que faziam-no passar. O paciente
estivera continuamente enfermo desde os 22 anos. Durante o seu primeiro ano
de faculdade de direito, convenceu-se mais e mais que seus colegas se
divertiam as suas custas. Notou que tossiam ou espirravam sempre que ele
entrava em sua sala de aula. Quando uma garota com quem estava
namorando rompeu com ele, acreditou que ela fora substituída por uma sósia.
Chamou a polícia e pediu auxílio desta para solucionar o “rapto”. Seu
desempenho acadêmico declinou gradualmente, sendo solicitado a abandonar
a faculdade e buscar atendimento psiquiátrico. O paciente conseguiu emprego
como conselheiro de investimentos em um banco, que manteve por sete
meses. Entretanto, recebia um número cada vez maior de “sinais” dos colegas,
tornando-se, por isso, mais e mais desconfiado e retraído. Relatou que nessa
época começou, pela primeira vez, a ouvir vozes. Ele foi demitido e logo
hospitalizado pela primeira vez, aos 24 anos. Nunca mais trabalhou. Desde
então foi hospitalizado 12 vezes, sendo a internação mais longa de oito meses.
Entretanto, nos últimos cinco anos fora hospitalizado apenas uma vez, por três
semanas. Durante a hospitalização, recebeu várias drogas antipsicóticas.
Embora lhe fossem prescritos medicamentos para quando não estivesse
hospitalizado, geralmente parava a tomá-los logo após a alta. Além de almoçar
duas vezes ao ano com seu tio e seus contatos com os profissionais da saúde
mental, estava totalmente isolado, em termos sociais. Vivia sozinho e cuidava
de suas finanças, incluindo uma modesta herança. Lia o Wall Street Journal
diariamente. Ele mesmo cozinhava e limpava a casa. O paciente afirmava que
seu apartamento era o centro de um grande sistema de comunicações que
envolvia as três maiores redes de televisão, seus vizinhos e, aparentemente,
centenas de “atores” da vizinhança. Existiam câmeras secretas no seu
apartamento, que monitorava atentamente todas as suas atividades. Quando
assistia à televisão, muitas de suas ações menores (por ex. se levantar e ir ao
banheiro) eram logo comentadas diretamente, pelo apresentador. Sempre que
saia, os “atores” eram alertados para mantê-lo sob vigilância; todos, na rua
observavam. Seus vizinhos operavam duas “máquinas”. Uma delas era
responsável por todas as suas vozes, exceto a do “bufão”. Ele não tinha
certeza sobre quem controlava esta voz, que o visitava apenas ocasionalmente
e era muito engraçada. As outras vozes, que ouvia muitas vezes por dia, eram
geradas por estas máquinas, que, às vezes, ele supunha ser operado
diretamente pela vizinha a quem atacara. Por exemplo, quando revisava seus
investimentos, essas vozes “assediantes” lhe diziam, constantemente, que
ações deveria comprar. A outra máquina era chamada por ele de “a máquina
dos sonhos”, pois colocava sonhos eróticos em sua cabeça, geralmente, com
mulheres negras. Na entrevista, o paciente estava bem arrumado e seu
discurso era incoerente e objetivo. Seu afeto estava, no máximo, apenas
levemente embotado. Inicialmente, mostrou-se muito zangado por ser levado
ao hospital por policiais. Após várias semanas de tratamento com uma droga
antipsicótica que não controlou seus sintomas psicóticos, foi transferido para
uma instituição de internação a longo prazo, com planos para o arranjo de uma
situação de vida estruturada, para ele.

2 ª Questão:

A) De acordo com o caso clínico abaixo que hipótese diagnóstica


encontramos neste caso: transtorno neurótico ou psicose? (1,0
ponto)
De acordo com o caso podemos identificar transtorno neurótico.

B) Justifique seu diagnóstico utilizando os aportes teóricos estudados


da Psiquiatria clínica, no texto “Formas do adoecer psíquico” e o
ponto de vista da Psicanálise de acordo com os textos freudianos,
“Neurose e psicose” e “A perda da realidade na neurose e na
psicose”. (2,0 pontos)
Analisando o caso observamos um possível diagnóstico de transtorno
neurótico do tipo fobia de quadro agudo, decorrente de um trauma de
infância que tem como gatilho ameaças do seu pai. A paciente sente
grande mal-estar e medo de morrer, especificamente tendo o seu início
quando se aproxima o horário do seu pai chegar em casa.
Observamos também a presença notória de comorbidades como crises
de pânico, taquicardias, sudorese intensa, boca seca e bastante
agitação motora. A paciente se encontra totalmente ciente do seu estado
atual já que a mesma procura ajuda, não podendo descartar também
que a gravidade do caso pode estar trazendo também como
comorbidade alguns sintomas característicos de depressão. O
sofrimento psíquico da paciente com recalques da infância vem das
diversas vezes que a mesma passou com situações que envolviam o
alcoolismo constante do seu pai e também do histórico familiar sob
condições psicológicas. É possível que ela esteja desenvolvendo
sintomas depressivos, em virtude de estar a quinze dias sem sair de
casa, o que prolonga e testifica seu sofrimento, infelicidade e
insatisfação. Apesar da gravidade do caso não há necessidade de
internação.

C) Que indicação terapêutica você sugeriria a este paciente? (1,0


ponto)
É sugerido que a paciente faça acompanhamento terapêutico sob
psicoterapia ou psicanálise, colocando em ênfase que o estado atual da
paciente é mais recomendado para o tratamento na abordagem
cognitiva comportamental, já que por essa abordagem a paciente terá
mais espaço para falar sobre seus sentimentos em relação a si mesma.
E que também faça uma avaliação psiquiátrica para remédios que
controlem suas crises de pânico e sua forte ansiedade.

ENTREVISTA DE ANAMNESE

1) Identificação:

Nome: Maria José da Silva; Sexo: feminino; Data de nascimento: 31/08/1980;


Idade: 40 anos; Estado Civil: Casada; Cor: Parda; Nacionalidade: Brasileira;
Naturalidade: Rio de janeiro; Profissão: Professora do Ensino Fundamental I;
Formação: Nível Superior - Pedagogia; Religião: Evangélica; Endereço: Rua
das Couves, 001 – Bento Ribeiro – Rio de Janeiro – RJ.

2) Queixa Principal:

A paciente relata que tem medo de morrer e que não vai ao trabalho há 15
dias, por não conseguir sair de casa, pois a última vez que foi, assim que
entrou na sala de aula com seus alunos, sentiu um grande mal-estar e um
pavor que a deixou paralisada. Diz ter sentido vontade de fugir, sem saber de
quê e para onde, afirma que na ocasião sua boca ficou seca, o suor molhou a
roupa, o coração bateu descompassado e as mãos e pernas tremeram sem
parar, sem qualquer razão ou estímulo coerente. Por todo o mal-estar, tinha a
ideia convicta de que estava sofrendo infarto.

3) História da doença atual:

Declara que, há cerca de três meses, sofreu um abrupto assalto ao sair de sua
garagem com seu esposo, dizendo que os assaltantes foram extremamente
agressivos tentando acessar a casa, porém desistiram após observarem uma
grande movimentação na rua. Posteriormente ao assalto, teve três crises de
pânico, sendo a última dentro do supermercado. Sentiu falta de ar, palpitações,
tremores, sudorese intensa, chegando a pensar que iria morrer. Foi a
emergência do Hospital Salgado Filho, pensando se tratar de problemas
cardíacos, realizou alguns exames, tais como: eletrocardiograma, exame de
sangue e urina – todos com os resultados normais. Dessa forma, o médico que
a atendeu a encaminhou para avaliação com um psiquiatra. Paciente
apresentou-se com um discurso, onde demonstrou bastante ansiedade por não
lhe ter sido apresentado em seu atendimento na emergência nenhum
diagnóstico provável que justificasse os sintomas por ela sentido. Informa que
pediu licença em seu trabalho por não conseguir sair de casa.

4) História Psicoevolutiva:

Relata que, quando criança, sentia fortes dores gástricas e um mal-estar toda
vez que se aproximava o horário de seu pai voltar do trabalho, pois sabia que
ele chegaria bêbado e agressivo com sua mãe e com ela. Lembra que esses
sintomas a acompanharam durante toda a sua adolescência, porém, quando
procurava atendimento no hospital, não obtinha nenhum diagnóstico. Mesmo
com esse comportamento, denominado por ela de “restritivo” durante sua vida
adulta, não vinha apresentando as crises há alguns anos. Começou a trabalhar
durante sua adolescência, aos 16 anos, como explicadora em sua residência.
Trabalhou também em comércio durante um ano e aos 20, prestou concurso
para o cargo de Professora Municipal, função que exercia até entrar de licença.

5) História Familiar:

Sua família apresentava conflito religioso – pai espírita e mãe evangélica. Sua
mãe faleceu há um ano, aos 70 anos, em função de um infarto fulminante.
Relata que ela tinha diagnóstico de TAG (Transtorno de Ansiedade
Generalizada) e por essa razão fazia acompanhamento com psiquiatra e
psicólogo. Seu avô materno, sofria de doenças cardíacas e sua avó materna
faleceu decorrente de um câncer de mama. Descreve a mãe como sendo uma
pessoa submissa e extremamente religiosa. Seu pai tem 72 anos, é engenheiro
eletricista, atualmente aposentado, mas teve uma história de vida difícil.
Durante a época em que permaneceu por vários meses desempregado,
adquiriu o vício por bebida alcoólica, pois pensava que, por meio do álcool,
conseguiria diminuir sua frustração e lidar com a incapacidade de manter sua
família (SIC). Ele apresenta ainda, em seu histórico de doenças, hipertensão
arterial e diabetes tipo II, ambas controladas com medicamentos. Descreveu
seu pai como autoritário e agressivo, decorrente de problemas com seu vício.
Entretanto, a paciente declara que, apesar de todos os problemas, possui uma
boa relação com seu pai. Casada há cinco anos, conheceu seu esposo em sua
igreja e alega possuir uma relação extremamente amistosa com seu
companheiro, afirmando ainda ter uma vida sexual normal. Seu marido tem 45
anos, é Oficial da Aeronáutica, possui um temperamento dócil, compreensivo e
possui histórico de saúde normal. Ele cresceu dentro de uma família unida, em
que seus pais eram afetuosos e prósperos, podendo lhe proporcionar uma vida
feliz (SIC). Maria preocupa-se pelo fato de sentir-se totalmente dependente do
marido após ter vivenciado os fatos mencionados, não conseguindo realizar
suas tarefas diárias sozinha sem a presença de seu esposo. Diz sentir-se
insegura e ter medo de não conseguir fazê-las. Além disso sente que quando
ele não está por perto pode passar mal.

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