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20/02/2016
IDENTIFICAÇÃO
Nome: JCJA
Sexo: masculino
Idade: 54 anos de idade
Raça: caucasiana
Estado civil: divorciado
Naturalidade e residência: natural de Rio Tinto e reside actualmente no Porto
Profissão: Desempregado (área de restauração)
MOTIVO DE INTERNAMENTO
Doente sexo masculino, com 54 anos, com história de um internamento prévio durante
15 dias no Magalhães Lemos e abandono total por desição própria do seguimento nas consultas
e da medicação. Após ter regressado de França há mais ou menos 3 anos, ficou desempregado,
esgotando as suas poupanças, viu-se obrigado a sair do apartamento onde morou durante 1 ano.
Ficou alojado num abrigo da AMI, mas teve de sair de lá, tendo ficado a viver debaixo da ponte
(desde há cerca de 2 meses antes do internamento). Antes de ser internado foi pedida, pelos
Serviços Sociais, a sua transferência para um Albergue. O doente refere que 1 h após a sua
chegada ao albergue foi chamada a polícia que o trouxe ao SU de psiquiatria do HSJ. À
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admissão no SU referia ideias delirantes de prejuizo e persecutórias, diz que se tratou de uma
armadilha para o internar, uma vez que estava sossegado debaixo da ponte e ao ser internado
deixou lá todos os seus pertences, que quando voltasse já teriam desaparecido "fui agredido pela
polícia...há muita gente envolvida, foi a minha gestora, a segurança social...”.
Não identifica nenhuma situação que tenha despoletado o seu internamento.
Ao EEM apresentava-se vigil, orientado no tempo e no espaço, colaborante mas
recusando-se a elaborar sobre o motivo pelo qual foi internado. Franco auto-discuido. Sem
afasia, agnosia ou apraxia, com discurso coerente mas pouco fluente, humor neutro, com
alguma apatia, anedonia e desinteresse no que o rodeava. No entanto, notei alguma hostilidade
perante o facto de estar a ser interrogado novamente sobre a causa do seu internamento “eu
estava no meu sítio e tiraram-me de lá sem eu pedir”.
Não foi possível averiguar sobre a veracidade das suas respostas, por vezes sem sentido.
Pensamento paranóide persecutório sem atividade alucinatória ou outros distúrbios da perceção.
Sem ideação auto- ou hetero-destrutiva, nem ideação suicida. Sem insight da sua doença e
ignora a necessidade de tratamento.
ANTECEDENTES PESSOAIS
Parto:
Assunto não abordado.
Desenvolvimento inicial e infância:
Não refere anomalias do crescimento e desenvolvimento psico-motor.
Percurso escolar e adolescência:
Tem completo o 8º ano de escolaridade.
História conjugal e sexual:
Divorciado há 7 anos não mantendo qualquer contacto com a ex-mulher.
História profissional:
Emigrou duas vezes para França durante 6 meses de cada vez para trabalhar na área da
restauração (no restaurante “Pedra Alta”) emprego arranjado pelo filho mais velho que está lá
emigrado. Regressou há 4 anos para Portugal, encontrando-se numa situação de desemprego até
hoje.
Atividades extra-laborais:
Quanto às suas ocupações de lazer, diz não ter muito tempo por estar sempre a fazer
diversos trabalhos na construção civil “não tenho tempo, estou sempre a trabalhar” sic. No
entanto refere trabalhar nas artes gráficas, jardinagem e construção. Diz que é um artista. À
pergunta “O que faz na área das artes gráficas?” responde: “Pinto quadros, não é isso que os
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artistas fazem? E faço esculturas.” Diz que faz jardinagem na via pública e em empresas
privadas, que o contratam para tal. Refere ainda que tem andado a requalificar as margens do rio
Douro, relvando-as e construindo lagos. Refere ainda que está a restaurar um castelo no
heroismo, utilizando para tal pedras, árvores e cimento à base de terra. Diz que é a Câmara que
o contrata e lhe arranja as ferramentas. Mostra-se esquivo quando lhe é pedido para explicar
como é contactado pela CMP e como é que faz para escolher as ferramentas que necessita. Diz
que as ferramentas aparecem. A CMP já sabe o que ele precisa. Mas ninguém lhe paga. Quando
confrontado com a impossibilidade de fazer as construções em causa com os materiais e
métodos que refere, mostra-se algo revoltado por estarmos a duvidar da sua arte, não
reconhecendo a falta de lógica do seu discurso. Diz que “Não vale a pena explicar-vos porque
vocês não percebem nada disto”.
História médica passada e doenças concomitantes:
- Antecedentes psiquiátricos: Nega acompanhamento atual em Consulta de
Psiquiatria. 1 internamento em 2012 no HML, que durou 1 mês e meio por episódio psicótico.
Teve alta orientado para consulta que posteriormente abandonou por iniciativa própria. Refere
abandono total da medicação por decisão própria.
- Outros antecedentes médico-cirúrgicos: Nódulo da parótida - acompanhado em
consulta de Cx Geral. Ausência de antecedentes transfusionais. Sem alergias alimentares ou
medicamentosas conhecidas.
- Cuidados de saúde habituais: Alimentação pouco cuidada “como o que me dão”.
Número de refeições por dia é variável. Consumo esporádico de álcool “quando tenho
dinheiro”. Fumador mas o consumo de tabaco depende do que encontra ou do que lhe dão. Já
fumou haxixe, mas considera-se consumidor esporádico
- Medicação habitual: Antes de ser internado não cumpria qualquer medicação.
Personalidade pré-mórbida:
Dificuldade em avaliar este parâmetro pela postura defensiva tomada durante a
entrevista.
ANTECEDENTES FAMILIARES
Tem dois filhos com cerca de 30 e 11 anos, com quem mantém muito pouco contacto.
Relações muito esporádicas com sobrinho e irmãos (refere que não é próximo da fámilia
“damo-nos bem mas só falamos quando são coisas muito importantes”). Quando perguntado se
a sua situação actual não era importante, o doente negou.
Nega antecedentes familiares de doenças crónicas (diabetes, hipertensão, dislipidemias)
e doenças cardiovasculares, pulmonares, renais, neoplásicas.
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ESTADO GERAL E EXAME PSÍQUICO
Observação inicial:
Doente atento e colaborante, sem fácies característico, pele hidratada e corada.
Distribuição e textura pilosa normais. Estado geral regular, com algumas queixas do foro
estomatológico, tendo realizado exondontia que terá melhorado as queixas álgicas. Biótipo
endomorfo. Presença de algumas escoriações e hematomas na face e xantelasmas peri-oculares.
Aspeto descuidado, sem asseio e com vestuário adequado. Idade aparente superior a idade real.
Exame psíquico:
- Postura e conduta: Permanece sentado durante a entrevista, mantendo uma postura e
atitude defensivas à entrevista médica.
- Estado de consciência e orientação: Doente vígil, consciente e orientado no tempo,
no espaço.
- Discurso: Colaborante mas recusando-se a elaborar sobre o motivo pelo qual foi
internado. Demonstrou algum desinteresse por algumas perguntas efetuadas, fugindo à
resposta, mesmo quando questionado diretamente. Conteúdo congruente com o estado
emocional. Sem afasia, agnosia ou apraxia, com discurso coerente mas pouco fluente.
- Humor: Humor neutro. Não manifesta ideação auto- ou hetero-destrutiva, nem
ideação suicida.
- Ideias delirantes, falsas interpretações ou distúrbios da perceção: Possível
iideação delirante de prejuizo e persecutório.
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Doente sexo masculino, de 54 anos, divorciado, a residir debaixo de uma ponte há dois
meses e anteriormente num albergue. Tem 2 filhos, recebe RSI e tem o 8º ano de escolaridade
completado. Internado através da UMPP de forma compulsiva no dia 29/01/2016, por quadro
psicótico.
Não identifica nenhuma situação que tenha despoletado o seu internamento. Revela
ideias delirantes persecutórias ao dizer que se tratou de uma armadilha para o internar, uma vez
que estava sossegado debaixo da ponte. Refere também algum tipo de pensamento megalómano
“se quiserem ver o meu dom agora vão ter de pagar...”.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
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comportamento abusivo. Apoiando este diagnóstico está o facto de as filhas referirem um
consumo abusivo de álcool previamente a este internamento. No entanto, não está reportado
nenhum comportamento abusivo de substâncias em nenhuma outra altura, nem no seu último
internamento. Contra este diagnóstico estão também os factos de actualmente o doente referir
um consumo esporádico da substância ilícita (haxixe) e de haver uma ausência de evolução
psicopatologica do doente
DIAGNÓSTICO DEFINITIVO
TRATAMENTO
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PROGNÓSTICO