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20/02/2016
IDENTIFICAÇÃO
Nome: BAVSE
Sexo: masculino
Idade: 29 anos de idade
Raça: caucasiana
Estado civil: solteiro
Naturalidade e residência: natural de Miramar e reside actualmente em Valongo com a mãe e
irmão na casa de um homem de quem a sua mãe é cuidadora
Profissão: Desempregado (técnico de informática)
MOTIVO DE INTERNAMENTO
Doente sexo masculino, com 29 anos, com história de dois internamentos prévios desde
2014, no Magalhães Lemos. Desde então que abandonou a medicação por decisão própria e
eventualmente acabou por não comparecer às consultas de seguimento.
Na manhã do dia de internamento, o doente refere ter andado 28 km de biciclita (em
conversa com a mãe veio-se a saber que o mesmo terá feito isso vestido apenas de boxers).
Depois foi ter com os amigos e enquanto tomava café com eles, que “na verdade não querem
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saber de mim” (sic), recebeu um telefonema da mãe a pedir que voltasse para casa. Quando lá
chegou, deparou-se com a presença de dois agentes que o levaram à UMPP. À admissão no SU
diz ter falado com dois psiquiatras: o primeiro “tinha a mania que era bom mas na verdade era
um amador” (sic) e o segundo “um espanhol que me cumprimentou mas não lhe apertei a mão
porque tinha as mãos sujas....”(sic).
Diz que a polícia tem estado a vigiá-lo pelas suas publicações no facebook “foi lá a
polícia por causa das minhas publicações no facebook...as minhas ideias...deviamos ser todos
felizes, respeitar-nos a todos, brancos pretos, independentemento do sexo ou orientação
sexual...” (sic). Refere ser este o motivo do seu internamento.
Ao EEM apresentava-se vigil, orientado no tempo, espaço e pessoa, colaborante mas
opondo-se à abordagem de algumas temáticas "já respondi a isso tudo da outra vez que cá
estive" (sic).. Aspecto cuidado, notando-se que dá valor à aparência. Sem afasia, agnosia ou
apraxia, com discurso coerente e fluente. Alguma elação de humor, notei alguma irritabilidade
perante o facto de estar a ser interrogado novamente sobre certos assuntos, em particular aqueles
relacionados com as forças que o controlam no dia-a-dia, exteriores a Portugal. Dizia “Não
quero falar sobre isso… se quiserem saber vão ver meu FB… tenho duas páginas… toda a gente
pode ver… procurem por mim” (sic), levantava-se da cadeira onde estava sentado e depois
voltava pedindo desculpa pelo seu comportamento e que se quisessemos falar poderíamos falar
de tudo menos esses assuntos “não falo de coisas de lá de fora, eles são bons para mim” (sic).
Comportamento adequando, no entanto manteu alguma hiperfamiliariedade para connosco ao
longo da entrevista.
Não foi possível averiguar sobre a veracidade das suas respostas, no entanto algumas
das suas afirmações vão contra relatos médicos no seu processo clínico. Pensamento paranóide
persecutório “eles controlam o meu facebook” (sic) de teor de grandeza e místico (a certo ponto
da entrevista tira do bolso um saco que transporta consigo e que contém vários amuletos
representativos de várias religiões, incluindo um alho. Quando questionado acerca destes
amuletos refere que se destinam a protege-lo de “tudo e todos”. Diz fazer investigação por conta
própria e a coloca online por não confiar nas autoridades “Abram os olhos… Onde vocês
passaram já eu fui e vim três vezes” (sic).
ANTECEDENTES PESSOAIS
Parto:
Assunto não abordado.
Desenvolvimento inicial e infância:
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Foi criado pela mãe (doméstica, actualmente com 68 anos) e padrasto (empresário no
ramo da pastelaria). O pai suicidou-se quando o Bruno tinha 5 anos. Muito boa relação com o
padrasto, a quem chama pai “a minha infância foi complicada ... o meu pai de sangue era mau e
não gostava dele ... matou-se quando eu tinha 5 anos. Tive outro pai negro que foi bom para
mim, educou-me e viu-me crescer”
Tem 1 irmão de 33 anos, apesar de ter contacto com ele dão-se muito mal, pois refere
que “ele gasta todo o seu dinheiro em cocaína” (sic). Refere ter tido um irmão que terá morrido
novo. Sobre este diz que um dia estava a chorar no quarto e pediu um sinal, nesse instante um
rapaz muito parecido com o irmão e com o mesmo nome que ele, adicionou-o ao facebook.
Acha que ele é o seu irmão, mantém contacto com ele apenas através do facebook “falamos de
coisas muita superficiais porque eles vigiam-nos” (sic)
A família tinha uma boa situação socio-económica até há cerca de 7 anos, quando a mãe
e padrasto se separaram, por dívidas da empresa.O padrasto está actualmente em Angola.
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maniforme com heteroagressividade “a minha vizinha partiu o espelho do carro do meu
amigo...parti-lhe o carro todo com estas botas e furei-lhe os pneus com uma faca” (sic). Alta
com o diagnóstico de Psicose tóxica. O 2ºinternamento a 26/05/2015 também por um quadro
psicótico com comportamento de agressividade heterodirigida e agitação psicomotora.
- Outros antecedentes médico-cirúrgicos: Hérnia do buraco de winslow com necrose
intestinal. Re-internado por diescência anastmótica tendo ficado com ileostomia.
- Cuidados de saúde habituais: Fumador de 10-20 cigarros/dia negando consumo de
álcool. Abstinente do consumo de drogas: há 5 meses de haxixe e há 3 anos de cocaína. Exagera
no consumo de cafeína, bebe 8 a 10 cafés por dia.
- Medicação habitual: Antes de ser internado não cumpria qualquer medicação.
Personalidade pré-mórbida:
Dificuldade em avaliar este parâmetro, refere alterações do comportamento dos seus
amigos de Valongo para com ele, já desde antes do primeiro internamento. Não consegue
assinalar nenhuma alteração de postura da sua parte que justifique esta situação “eles tratam-me
como se fosse maluco ... têm inveja de mim, sempre tiveram” (sic).
ANTECEDENTES FAMILIARES
Reside e mantém contacto com a sua mãe (68 anos) e irmão (33). A família tinha uma
boa situação socio-económica até há cerca de 7 anos, quando a mãe e padrasto se separaram,
por dívidas da empresa.O padrasto está actualmente em Angola.
Observação inicial:
Doente atento e colaborante, sem fácies característico, pele hidratada e corada.
Distribuição e textura pilosa normais. Estado geral regular, sem algumas queixas. Biótipo
endomorfo. Aspeto cuidado, asseado e com vestuário adequado (mostra-se interessado na
roupa). Idade aparente igual a idade real.
Exame psíquico:
- Postura e conduta: Permanece sentado durante a entrevista, levantando-se algumas
vezes quando questionado sobre assuntos que não quer abordar. Volta por livre vontade ou
então após ser convencido.
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- Estado de consciência e orientação: Doente vígil, consciente e orientado no tempo,
no espaço.
- Discurso: Colaborante mas recusando-se a elaborar sobre certas temáticas. Conteúdo
congruente com o estado emocional. Sem afasia, agnosia ou apraxia, com discurso coerente,
fluente, expontâneo mas um pouco lentificado pela medicação.
- Humor: Humor neutro. Não manifesta ideação auto- ou hetero-destrutiva, nem
ideação suicida.
- Ideias delirantes, falsas interpretações ou distúrbios da perceção: Ideação delirante
de prejuizo e persecutório com conteúdo megalómano e místico “Lá fora é muito melhor, os
portugueses vendem-se por trocos e eu detesto isso … Em Angola andava de mercedes,
blindado, com bandeirinhas de diplomata … Eu lá fora sou diplomata” (sic).
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entanto manteu alguma hiperfamiliariedade para connosco ao longo da entrevista. Sem
atividade alucinatória ou outros distúrbios da perceção. Sem ideação auto- ou hetero-destrutiva,
nem ideação suicida. Sem insight da sua doença e ignora a necessidade de tratamento.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
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1. Hemograma, ionograma, função renal, transamínases e função tiroideia normais.
2. Pesquisa de DAU negativo para todos os tóxicos procurados
DIAGNÓSTICO DEFINITIVO
TRATAMENTO
PROGNÓSTICO
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Alguns estudos indicam que cerca de 47% dos doentes com esta patologia entram em
remissão ao fim de 5 anos, e um quarto destes tem um correto funcionamento social após 2 ou
mais anos. Devo salientar também o papel fundamental da família e amigos para o bom
prognóstico deste doente, deverá ser explicado a estes que quanto mais contacto com estes o
doente tenha melhor será o seu outcome.